mulheres descalças
Onde está a gaiola do Venuto?
Ensaio 127Bk – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
a muriquinha começô a tocação pianística capenga, curação doído, vontade desmanchada, a tristeza de num tê gosto pra luta e o medo de descabê na própria casa; então, rezô, Sinhô tende piedade de nós. Cristo tende piedade de nós, assim se sentia mais aliviada, era o jeito dela conseguí de passá a luta pra alguém maió e mais forte, Sinhô tende piedade de nós... ela haverá de ter, O que estás resmungando, Chiquinha, A fé, paizinho, O que tem ela, Ela cura, Purgante, também. Toque, minha filha, apertava e afrôxava os dedo no piano, onde era rápido ficô lenta, depois corria os dedo inté voltá ao trote cadenciado da marcha chorosa e mansa, tava mais perto dali qui longe queria tá
Chiquinha, minha filha... vosmecê está irreconhecível!
Deixa de ser tão chorona...
o siô gonzaga oiô pra muié, uma mulata graúda, muntu bunita nos tempo de antes, os dois se pediu sossêgo, Calma...
usóio dos dois se encontrô e um pareceu vê notro uma otra muié, um otro hôme, qui foi jogado fora sem nehum cuidado, como os sonho de gente desimportante, gente qui num tem ninguém pra contá da vida qui num leva, num tem ninguém pra contá da vontade moída feito carne apodrecendo nos dia-a-dia enquanto luta pra sê viva com vida
O que está acontecendo, minha filha?
A mocinha está sentindo alguma coisa, a mãinha parecia mais cheia de culpa, mais num devia... no modo de vê do siô augusto, O destino de cada um é de cada um, a siá rosinha desconfiava qui podia sê diferente, Será que não tem como mexer, não dá para impedir ou desimpedir?
a muriquinha repetia qui num acreditava assim, se dizia aprontando o destino toda veiz qui sentava na bancada do piano; gostava de pensá qui tava no caminho pra sê a maió e meió pianística da villa, pelo menos, enquanto a música pudesse fazê algum sentido
Não... eu não estou sentindo nenhuma nada.
A minha filhinha amada nunca tocou assim... o que está acontecendo?
Não sei, paizinho...
a muriquinha pianística parecia estragada da vontade de tocá música, parecia tê atinado qui a sua vida num tava muntu diferente da vida do Venuto, nome qui deu pruseu cantadô amarelo do cativêro engradado pendurado na casa, aqui e ali
ela só queria o meió pru Venuto, num podia soltá ele da gaiola engradada, useu destino num era tá livre pra voá, mais preso pra vivê
conhecia mais do Venuto qui da mãinha ou do painho, Com certeza o Venuto iria morrer voando, por aí. Ele não sabe viver em liberdade, viu ele nascê do ovo, enquanto ele se preparava para saí do ninho não saia de perto, inté qui levô o Venuto pra sua nova casa, ele nunca voou, O Venuto não sabe que é um passarinho, tampouco, sabe que os passarinhos voam. Soltar o Venuto é o mesmo que matar ele de fome ou atropelado pela manada dos bois ou tropel dos cavalos, como se fosse uma galinha que não cresceu, oiô a sala, na sua volta, num viu a gaiola com o Venuto, aquele susto foi inesperado, um prego fincado vazio nas carne da parede, o medo foi fincado nas carne da chiquinha, Onde está a gaiola do Venuto, pruguntô uma e duas veiz, no meio da tercêra veiz, lembrô qui ele tava no seu quarto de menina, sentiu qui o alívio desmanchô as suas preocupação
nunca quis sê dona de nada pra num tê preocupação de tê alguma coisa, nunca quis tê gato ou cachorro, e tumbém num qué tê marido nem como ponto de retesamento da aflição nem como um arco-íris com sua beleza e atenção, qué tê somente a sua música, mais o Venuto entrô na sua vida e num quis desquerê do Venuto ou num pode evitá
num foi fácil lutá contra a vontade de sê dona do Venuto, recém-nascido
mais depois qui o desejo venceu a consciência da alma ficô fácil fazê os preparativo pra recebê o jovem passarinho, separá mãe e fiu num foi difícil, uqui a mãinha do Venuto tinha pra mimoseá o fiu era a liberdade de voá, a rosinha tinha pra oferecê o conforto e a segurança
chiquinha num ia lhe ensiná nem deixá voá, Mas isso vai lhe dar uma vida mais cumprida e segura... dentro da gaiola.
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Ensaio 127B – 2ª edição 1ª reimpressão
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baitasar
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Chiquinha, minha filha... vosmecê está irreconhecível!
Deixa de ser tão chorona...
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O que está acontecendo, minha filha?
A mocinha está sentindo alguma coisa, a mãinha parecia mais cheia de culpa, mais num devia... no modo de vê do siô augusto, O destino de cada um é de cada um, a siá rosinha desconfiava qui podia sê diferente, Será que não tem como mexer, não dá para impedir ou desimpedir?
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Não sei, paizinho...
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nunca quis sê dona de nada pra num tê preocupação de tê alguma coisa, nunca quis tê gato ou cachorro, e tumbém num qué tê marido nem como ponto de retesamento da aflição nem como um arco-íris com sua beleza e atenção, qué tê somente a sua música, mais o Venuto entrô na sua vida e num quis desquerê do Venuto ou num pode evitá
num foi fácil lutá contra a vontade de sê dona do Venuto, recém-nascido
mais depois qui o desejo venceu a consciência da alma ficô fácil fazê os preparativo pra recebê o jovem passarinho, separá mãe e fiu num foi difícil, uqui a mãinha do Venuto tinha pra mimoseá o fiu era a liberdade de voá, a rosinha tinha pra oferecê o conforto e a segurança
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