Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1
1
Estudos de Costumes
- Cenas da Vida Privada
Memórias de duas jovens esposas
PRIMEIRA PARTE
VII – LUÍSA DE CHAULIEU A RENATA DE MAUCOMBE
Janeiro de 1824
Como! Casada em breve? Isso é modo de tratar a gente? Ao cabo de um mês tu te comprometes com um homem, sem conhecê-lo, sem nada saber a seu respeito! Esse homem pode ser surdo; é possível sê-lo de tantos modos! Pode ser doentio, aborrecido, insuportável. Não estás vendo, Renata, o que querem fazer de ti? Tu lhe és necessária para continuar a gloriosa casa de l’Estorade, eis tudo. Vais tornar-te uma provinciana. São essas, acaso, as nossas mútuas promessas? Em teu lugar, eu preferiria ir passear pelas ilhas de Hyères [112] num caíque, até que um corsário argelino me raptasse e me vendesse ao grão-turco; tornar-me-ia sultana e depois qualquer dia validé, [113] poria o serralho de pernas para o ar, enquanto fosse moça e até quando velha. Sais de um convento para entrar em outro! Conheço-te, és pusilânime, vais entrar no matrimônio com a submissão de um cordeirinho. Eu te darei conselhos, virás a Paris, enlouqueceremos os homens e nos tornaremos rainhas. Teu marido, minha linda corça, pode, daqui a três anos, fazer-se eleger deputado. Hoje, sei o que é um deputado, eu te explicarei isso; saberás como manobrar essa máquina; poderás ficar em Paris e tornar-te, como diz minha mãe, uma mulher da moda. Oh! De modo nenhum eu te deixarei na tua casinha de campo!
VII – LUÍSA DE CHAULIEU A RENATA DE MAUCOMBE
Janeiro de 1824
Como! Casada em breve? Isso é modo de tratar a gente? Ao cabo de um mês tu te comprometes com um homem, sem conhecê-lo, sem nada saber a seu respeito! Esse homem pode ser surdo; é possível sê-lo de tantos modos! Pode ser doentio, aborrecido, insuportável. Não estás vendo, Renata, o que querem fazer de ti? Tu lhe és necessária para continuar a gloriosa casa de l’Estorade, eis tudo. Vais tornar-te uma provinciana. São essas, acaso, as nossas mútuas promessas? Em teu lugar, eu preferiria ir passear pelas ilhas de Hyères [112] num caíque, até que um corsário argelino me raptasse e me vendesse ao grão-turco; tornar-me-ia sultana e depois qualquer dia validé, [113] poria o serralho de pernas para o ar, enquanto fosse moça e até quando velha. Sais de um convento para entrar em outro! Conheço-te, és pusilânime, vais entrar no matrimônio com a submissão de um cordeirinho. Eu te darei conselhos, virás a Paris, enlouqueceremos os homens e nos tornaremos rainhas. Teu marido, minha linda corça, pode, daqui a três anos, fazer-se eleger deputado. Hoje, sei o que é um deputado, eu te explicarei isso; saberás como manobrar essa máquina; poderás ficar em Paris e tornar-te, como diz minha mãe, uma mulher da moda. Oh! De modo nenhum eu te deixarei na tua casinha de campo!
Segunda-feira
Faz quinze dias, querida, que vivo a vida mundana: uma noite, no Théâtre des Italiens, a outra na Grande Ópera, e daí sempre para os bailes. Ah! A sociedade é um deslumbramento. A música dos Italiens me encanta, e, enquanto minha alma nada num prazer divino, os binóculos se assestam sobre mim, sou admirada; mas com um único olhar faço baixarem os olhos do mais ousado rapaz. Vi nesses lugares moços encantadores; pois bem, nenhum me agradou, nenhum me causou a emoção que experimento ao ouvir García no seu magnífico dueto com Pellegrini, no Otelo. Meu Deus! Como esse Rossini deve ser ciumento para ter expressado tão bem o ciúme! Que grito d’alma o Il cor mi si divide! [114] Falo-te em grego, tu não ouviste García, mas bem sabes o quanto sou ciumenta! Que triste dramaturgo é Shakespeare! Otelo embriaga-se de glória, consegue vitórias, comanda, pavoneia-se, passeia, deixando Desdêmona no seu canto; e Desdêmona, vendo-o preferir, a ela, as estupidezes da vida pública, Desdêmona não se zanga? Essa donzela merece a morte. Que aquele a quem eu me dignar amar se lembre de fazer outra coisa mais do que amar-me! Eu sou pelas longas provas da antiga cavalaria. Considero muito impertinente e muito tolo esse labrego de jovem senhor que não gostou que sua soberana o mandasse buscar sua luva no meio dos leões: [115] ela lhe guardara, com certeza, alguma bela flor de amor, e ele a perdeu, depois de a ter merecido, o insolente! Mas estou tagarelando como se não tivesse grandes notícias a dar-te! Meu pai deve ir muito provavelmente representar o rei nosso senhor em Madri: digo nosso porque farei parte da embaixada. Minha mãe quer ficar aqui, e meu pai me levará para ter uma mulher junto dele.
Minha querida, achas tudo isso muito simples e não vês o que há aí de monstruoso: em quinze dias descobri o segredo da casa. Minha mãe acompanharia meu pai a Madri se ele quisesse levar o sr. de Canalis, na qualidade de secretário da embaixada; mas o rei é quem designa os secretários e o duque não ousa contrariá-lo, por ser ele muito absoluto, nem quer desgostar minha mãe; e esse grande político julga ter resolvido as dificuldades, deixando aqui a duquesa. O sr. de Canalis,[116] o grande poeta do dia, é o rapaz que cultiva a sociedade de minha mãe e que com ela estuda diplomacia, com certeza das três às cinco. A diplomacia deve ser uma bela coisa, pois ele é assíduo como um jogador na Bolsa. O duque de Rhétoré, nosso irmão mais velho, solene, frio e extravagante, seria esmagado pelo pai, em Madri, por isso fica em Paris. Miss Griffith, aliás, sabe que Afonso gosta de uma dançarina da Ópera. Como é possível amar pernas e piruetas? Nós notamos que meu irmão assiste às representações quando Túlia dança, aplaude os passos dessa criatura e depois sai. Creio que duas raparigas numa casa fazem mais estragos do que a peste. Quanto ao meu segundo irmão, está no seu regimento, ainda não o vi. E eis aí o motivo pelo qual estou destinada a ser a Antígona [117] de um embaixador de Sua Majestade. É possível que me case na Espanha e talvez a intenção de meu pai é a de me casar sem dote, absolutamente como te casam a este resto de guarda de honra. Meu pai propôs-me que o acompanhasse e ofereceu-me seu professor de espanhol.
— O senhor quer — disse-lhe eu — levar-me a contrair matrimônio na Espanha?
Por única resposta, honrou-me com um olhar sutil. De há alguns dias ele se diverte, arreliando-me ao almoço; estuda-me, e eu dissimulo; mas também, quer como pai, quer como embaixador, eu, in petto, mistifiquei-o cruelmente. Não é que ele me tomava por tola? Perguntava-me qual a minha opinião sobre tal rapaz e sobre algumas senhoritas com quem me havia encontrado em várias casas. Respondi-lhe com a mais estúpida discussão sobre a cor dos cabelos, sobre a diferença de estatura, sobre a fisionomia da gente moça. Meu pai mostrou-se desapontado por me achar tão tola e, interiormente, censurou-se por me haver interrogado.
— Entretanto, meu pai — acrescentei —, não disse o que realmente penso; minha mãe, ultimamente, deixou-me amedrontada com o temor de me tornar inconveniente, falando das minhas impressões.
— Em família — respondeu minha mãe — pode falar sem receio.
— Pois bem — repliquei —, os rapazes, até agora, me pareceram mais interessados do que interessantes, e mais preocupados consigo mesmos do que conosco; mas, para dizer a verdade, são muito pouco dissimulados; mudam subitamente a fisionomia que tinham tomado para nos falar e imaginam, com certeza, que não nos sabemos servir de nossos olhos. O homem que nos fala é o amante, o que não nos fala é o marido. Quanto às moças, são tão falsas que é impossível adivinhar-lhes o caráter por outro meio que não o de seu modo de dançar; só seu porte e seus movimentos é que não mentem. Assustou-me sobretudo a brutalidade da gente da alta roda. Quando se trata de cear, passam-se, guardadas as proporções, coisas que me dão uma imagem dos motins populares. A polidez mascara muito imperfeitamente o egoísmo geral. Eu imaginava a sociedade de outro modo. Há pouca consideração para com as mulheres, e talvez seja isso um resto das doutrinas de Bonaparte.
— Armanda tem feito progressos admiráveis — disse minha mãe.
— A senhora julgava, minha mãe, que eu continuaria sempre a perguntar-lhe se madame de Staël tinha morrido?
Meu pai sorriu e ergueu-se.
Sábado
Minha querida, não disse tudo. Eis o que te reservo. O amor que imaginávamos deve estar muitíssimo escondido, em parte alguma vi vestígios dele. Surpreendi, é verdade, alguns olhares rapidamente trocados nos salões, mas que tibieza! O nosso amor, aquele mundo de maravilhas, de belos sonhos, de realidades deliciosas, de prazeres e dores que se correspondem, aqueles sorrisos que iluminam a natureza, as palavras que encantam, aquela felicidade sempre dada, sempre recebida, aquelas tristezas causadas pelo afastamento e as alegrias prodigalizadas pela presença do ser amado!... De tudo isso, nada! Onde nascerão essas esplêndidas flores da alma? Quem mente? Nós, ou a sociedade? Já vi rapazes e homens às centenas, e nenhum me causou a menor emoção; se eles me tivessem testemunhado admiração e devotamento, se eles se tivessem batido, eu teria olhado para tudo com olhos insensíveis. O amor, querida, contém em si um fenômeno tão raro que se pode viver a vida inteira sem encontrar a criatura a quem a natureza conferiu o dom de nos fazer felizes. Essa reflexão é de arrepiar, porque, se a criatura é encontrada tarde, que dizes?
Meu pai sorriu e ergueu-se.
Sábado
Minha querida, não disse tudo. Eis o que te reservo. O amor que imaginávamos deve estar muitíssimo escondido, em parte alguma vi vestígios dele. Surpreendi, é verdade, alguns olhares rapidamente trocados nos salões, mas que tibieza! O nosso amor, aquele mundo de maravilhas, de belos sonhos, de realidades deliciosas, de prazeres e dores que se correspondem, aqueles sorrisos que iluminam a natureza, as palavras que encantam, aquela felicidade sempre dada, sempre recebida, aquelas tristezas causadas pelo afastamento e as alegrias prodigalizadas pela presença do ser amado!... De tudo isso, nada! Onde nascerão essas esplêndidas flores da alma? Quem mente? Nós, ou a sociedade? Já vi rapazes e homens às centenas, e nenhum me causou a menor emoção; se eles me tivessem testemunhado admiração e devotamento, se eles se tivessem batido, eu teria olhado para tudo com olhos insensíveis. O amor, querida, contém em si um fenômeno tão raro que se pode viver a vida inteira sem encontrar a criatura a quem a natureza conferiu o dom de nos fazer felizes. Essa reflexão é de arrepiar, porque, se a criatura é encontrada tarde, que dizes?
Faz alguns dias que começo a me apavorar com o nosso destino, a compreender por que tantas mulheres têm rostos entristecidos sob a camada de ruge que neles põem as falsas alegrias de uma festa. Casamo-nos ao acaso, e tu também te casas assim. Pensamentos em vendavais passaram-me pela alma. Ser amada todos os dias do mesmo modo e entretanto diversamente, ser tão amada após dez anos de felicidade, como no primeiro dia! Semelhante amor exige anos: é preciso ter-se feito desejar durante muito tempo, ter despertado inúmeras curiosidades e tê-las satisfeito, ter suscitado muitas simpatias e corresponder-lhes. Haverá então leis para as criações do coração como para as criações visíveis na natureza? Pode-se manter a alegria? Em que proporção deve o amor misturar suas lágrimas e seus prazeres? As frias combinações da vida fúnebre, igual, permanente do convento, pareceram-me então possíveis: ao passo que as riquezas, as magnificências, os prantos, as delícias, as festas, as alegrias, os prazeres do amor igual, partilhado, permitido, me pareceram o impossível. Não vejo lugar nesta cidade para as doçuras do amor, para os seus sagrados passeios sob as sombras das alamedas, em pleno luar, quando a lua faz cintilar as águas e quando a gente resiste aos rogos. Rica, jovem e bela, nada tenho a fazer senão amar, o amor pode tornar-se minha vida, minha única ocupação: ora, depois de três meses de idas e vindas com impaciente curiosidade, nada encontrei por entre esses olhares brilhantes, ávidos, despertos. Nenhuma voz me emocionou, nenhum olhar me iluminou esse mundo. Unicamente a música me encheu a alma, só ela foi para mim o que era a nossa amizade. Fiquei algumas vezes durante uma hora, à noite, na minha janela, olhando o jardim, chamando os acontecimentos, pedindo-os à fonte desconhecida de onde eles provêm. Outras vezes saí de carro, a passeio, apeando nos Champs-Élysées, imaginando que um homem, o que despertará minha alma entorpecida, chegaria, me seguiria, me contemplaria; mas nesses dias vi saltimbancos, vendedores de pão de mel e malabaristas, passantes apressados a caminho do trabalho, ou namorados que evitavam os olhares, e eu me sentia tentada a detê-los e dizer-lhes: “Vocês, que são felizes, digam-me: que é o amor?”. Mas guardava para mim esses loucos pensamentos, voltava para o carro e a mim mesma prometia ficar solteirona. O amor é, certamente, uma encarnação, e que condições não serão necessárias para que ela se realize! Não temos certeza de estar sempre perfeitamente de acordo com nós mesmos; que será então a dois? Só Deus pode resolver esse problema. Começo a crer que voltarei para o convento. Se permaneço na sociedade, farei coisas que se parecerão a tolices, pois é impossível aceitar o que vejo. Tudo fere a minha delicadeza, os hábitos de minha alma, ou os meus pensamentos secretos. Ah! Minha mãe é a mulher mais feliz do mundo, é adorada pelo seu pequeno Canalis. Meu anjo, invadem-me horríveis fantasias para saber o que se passa entre minha mãe e esse rapaz. Griffith, segundo disse, teve todas essas ideias; teve vontade de arranhar o rosto das mulheres felizes que via; difamou-as, despedaçou-as. Pelo que ela diz, a virtude consiste em enterrar todas essas selvajarias no fundo do coração. Que é, pois, o fundo do coração? Um depósito de tudo o que temos de ruim. Sintome muito humilhada por não ter encontrado um adorador. Sou uma moça por casar, mas tenho irmãos, uma família, pais suscetíveis. Ah! Se essa fosse a razão da reserva dos homens, eles seriam muito covardes. O papel de Chimène no Cid e o de Cid me encantam. [118] Que admirável peça teatral! Vamos, adeus.
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[112] As ilhas de Hyères são um pequeno arquipélago do Mediterrâneo perto da costa provençal, famoso pela beleza da paisagem e pelo clima agradável.
[113] Validé: Sultana-mãe.
[114] García: Manuel Victor García (1775-1832) e Pellegrini: Félix Pellegrini (1774-1832), cantores que desempenhavam papéis principais em Otelo, ópera de Rossini, Il cor mi si divide (em italiano): “O meu coração se parte”.
[115] O jovem senhor que não gostou que sua soberana o mandasse buscar sua luva no meio dos leões: essa história é um dos assuntos conhecidos do folclore universal. Uma dama, para experimentar o amor de um cavalheiro, joga sua luva branca numa jaula de leões. O cavalheiro arrisca a vida, retira a luva da jaula, mas depois dá uma bofetada na dama cruel (segundo outra variante, abandona-a simplesmente). Na Espanha, uma antiga tradição liga essa lenda ao nome de Manuel de León. Entre as numerosas obras de literatura que versam sobre o assunto, lembremos a balada Der Handschuh (A luva), de Schiller, e a comédia El Guante de Doña Blanca, de Lope de Vega.
[116]O sr. de Canalis, o grande poeta do dia: uma das personagens de A comédia humana que mais frequentemente encontramos. Deve parte da sua grande carreira e extraordinária ascensão social justamente à sua ligação com a sra. de Chaulieu. Desempenhará papel mais importante nos romances Modesta Mignon, Uma estreia na vida e O deputado de Arcis.
[117] Antígona: filha de Édipo, serviu de guia ao pai depois que este vazou os olhos.
[118] O papel de Chimène no Cid e o de Cid: na famosa peça de Corneille, essas duas personagens sentem-se atraídas uma pela outra por veemente paixão. Como, porém, por uma coincidência infeliz, Cid mata em duelo o pai de Chimène, esta heroicamente procura, por todos os meios, sufocar o próprio amor e exige ao rei o castigo do assassino. Contudo é o amor que acaba vencendo.
Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: Memórias de duas jovens esposas (4)
Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: Memórias de duas jovens esposas (5)
Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: Memórias de duas jovens esposas (6)
Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: Memórias de duas jovens esposas (8)
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Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.
Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.[1] Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).
Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava.[1] De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Balzac, Honoré de, 1799-1850.
A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac; orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São Paulo: Globo, 2012.
(A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1 0.000 kb; ePUB
1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série.
12-13086 cdd-843
Índices para catálogo sistemático:
1. Romances: Literatura francesa 843
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[113] Validé: Sultana-mãe.
[114] García: Manuel Victor García (1775-1832) e Pellegrini: Félix Pellegrini (1774-1832), cantores que desempenhavam papéis principais em Otelo, ópera de Rossini, Il cor mi si divide (em italiano): “O meu coração se parte”.
[115] O jovem senhor que não gostou que sua soberana o mandasse buscar sua luva no meio dos leões: essa história é um dos assuntos conhecidos do folclore universal. Uma dama, para experimentar o amor de um cavalheiro, joga sua luva branca numa jaula de leões. O cavalheiro arrisca a vida, retira a luva da jaula, mas depois dá uma bofetada na dama cruel (segundo outra variante, abandona-a simplesmente). Na Espanha, uma antiga tradição liga essa lenda ao nome de Manuel de León. Entre as numerosas obras de literatura que versam sobre o assunto, lembremos a balada Der Handschuh (A luva), de Schiller, e a comédia El Guante de Doña Blanca, de Lope de Vega.
[116]O sr. de Canalis, o grande poeta do dia: uma das personagens de A comédia humana que mais frequentemente encontramos. Deve parte da sua grande carreira e extraordinária ascensão social justamente à sua ligação com a sra. de Chaulieu. Desempenhará papel mais importante nos romances Modesta Mignon, Uma estreia na vida e O deputado de Arcis.
[117] Antígona: filha de Édipo, serviu de guia ao pai depois que este vazou os olhos.
[118] O papel de Chimène no Cid e o de Cid: na famosa peça de Corneille, essas duas personagens sentem-se atraídas uma pela outra por veemente paixão. Como, porém, por uma coincidência infeliz, Cid mata em duelo o pai de Chimène, esta heroicamente procura, por todos os meios, sufocar o próprio amor e exige ao rei o castigo do assassino. Contudo é o amor que acaba vencendo.
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Leia também:
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