sábado, 6 de julho de 2019

histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança

mulheres descalças


Oh!... prugunta pra todas criança 
Ensaio 128B – 2ª edição 1ª reimpressão



baitasar





o povaréu qui ficava na volta da praça pública recuava ou avançava pra cada passo dos guardião das lei – servente usado na serventia de protegê as pessoa com balda ditê tudo no seu gosto –, bem assim, eles é os capanga qui cuida de fazê cumprí o manejo e o controle do pretu escravizado, e tumbém das pessoa qui tem os próprio escravizado na sua posse, mais num é aceito na confraria da fidalguia pruqui é das classe inferiô

o pretu enfiado na canga era próprio do seu dono, muntu antes de sê muriquinhu já era próprio pra sê usado do feitio e vontade do dono – era uqui dizia e segue dizendo as lei pra proteção da fidalguia, tudo na villa é feito pra num incomodá as balda da fidalguia 

na canga – ou liberto da canga – o pretu precisa esperá pra sabê se avança ou recua, assim tá sempre enfiado na canga das lei

Ei, tu! Enfiado na canga... tá pru céu qui é puro terra. 

Mais ando em pé!

oiô pru chão, seu céu de terra, e respondeu pras pegada no chão, Uqui tem eu, esperô a resposta qui demorava chegá inté qui virô o nariz pru lado, avistô o abicu curioso qui tava numa das ponta da canga, e tu, bem meió ia fazê qui sentá nessa desgraça de canga... 

Uqui bem meió ia eu fazê?

Bem meió, era ocê num fazê peso!

Bobice, eu num tô pesando. Nem nascido fui, mais posso lhe ajudá saí dessa gritaria. Fazê ela saí daí... de dentro de tu.

Como pode sê?

o abicu levantô e ficô em pé na canga, pulô dum lado pru outro pulo num pé só  antes de respondê

Escuta uqui vem acima de tudo e mais forte qui a gritaria, parô de pulá, colocô uma das mão acima das vista, tava trazendo as vista dos sonho de longe pra perto, e o alento chegô acima de tudo e toda gente, os atabaque crescendo a cada canto sagrado curimba


Constrói meu caminho de paz, 
Ogum; 
Destrói o ódio e rancor 
Ogum; 
Desfaz todo mal sobre mim 
Ogum; 
Eu te peço agô 
Ogum

no largo do pelôrinho, muriquinhu, tem o bem e o mal, gente de tudo qui é lugá: campo, água, cidade

os camaradinhu dos atabaqui adiando o juízo do fim

os dono de tudo insistindo com os navio negrêro engravidado dos pretu de angola

benguela 

aruanda

sem medo de quem ataca e atiça

sem medo das injustiça

sem medo de desobedecê

quanto mais apanha menos vai obedecê pruqui o mundo num tem dono e sê num tem dono num tem licença pra batê e matá
escuta, muriquinhu, presta atenção: as história existi pra sê contada e cantada, num esquece as história qui veio de longe

Mezu, menianur, memvéie menianur mezê meniamurgê, assim começava avoinha betsi dizê quando é chamada pra falá do começo de muntu longe da sua raça, e como grande viajante dava curioso detalhamento, Os abicu tá escutando, pruguntô avoinha betsi prus qui num nasceu, se num tá escutando para e escuta, se tá escutando chama outro abicu pra chamá outra qui vai avisá outro e outra, inté completá a roda do umbigo do mundo. Usqui num tá aqui é pruqui tá lá, e apontô prus rumo da villa, os abicu e as abicu da roda desviô a cabeça do prumo e oiô sobre a villa

a contação das história é o caldo refogado da vida prus abicu, depois da contação eles vai embrincando com usóio redondo e pretu bem arregalado, as boca aberta de tanta facerice, as maçã do rosto saliente, os cabelo duro e espetado esparramando abayomi e cantigas da roda, as canela fina e preta indo e vindo, cada história do umbigo do mundo continua nos abicu pretu e preta

Isso é bão! Isso é bão!

Conta... conta... as aventura duspretu e das preta muriquinha qui num veio pru mundo!

Ocêis tem a mania de escutá... eu tenho o gosto de soltá as palavra qui contagia de vida uqui tem vida, mais esqueceu da vida ou a vida se esqueceu.

Solta as palavra, avoinha...

os abicu na volta de avoinha num recuava nem avançava pra cada palavra qui se soltava da guardiã das vida das história contada, nehum deles, nehuma delas sabia dizê do prazê ditá ali, uns sentado, otras agachada, mais cadum qui tava num queria saí nem perdê nenhum suspiro ou gemido da contação de avoinha

contá as história num é só contá: primêro é preciso sonhá, depois é preciso respirá no balanço da batida dos sonho, vivê cada palavra qui se solta pra dançá nos vento da respiração qui sai das boca qui num se fecha

Então, se prepara com usóio bem aberto, a escutação bem atenta e a boca respirando: “Um hôme sensato num pode falá as coisa séria pra outro, deve se aconsêiá com as criança...”

Já começô as história?

Avoinha, chamô a abicu qui tava dotro lado da roda, seu totem é o mais forte de todos?

Oh!, muriquinha, ela começô respondê, os protetô num luta uns contra osotro: assim o totem Mvul (o antílope) é tão forte quanto o totem Nzox (o elefante).

Mais avoinha, eles dá proteção igual? Eles é tudo convidativo e forte?

Oh!, isso num é assim. O painho de toda raça, ocêis entende, protege bem mais, ele é o maió zelo com usfiu e asfia tudo.

E quem é esse painho da raça, quis sabê o abicu do cabelo raspado

Oh!, ocêis sabe muntu bem, vamô... é o mais véio de tudo!

E quem é esse mais véio de tudo, pruguntô a muriquinha qui num sentava nem agachava

Oh!, pru qui ocêis qué enganá avoinha? Os muriquinhu e as muriquinha, bem sabe, qui o mais véio de tudo é o painho crocodilo, Ngan.

Uau!

Ngan é – desde muntu tempo do início de tudo – o mais véio protetô da tribo. Ngan poderia comê todos outro.

E pru qui todas tribo num tem esse mesmo protetô, as palavra dos muriquinhu se juntô na mesma prugunta, Isso mesmo, avoinha... assim, todos seria muntu mais unido!

Oh!, isso num dá. Tudo qui é abicu tem a mesma cabeça, os mesmo pensamento? E uqui dá pra dizê das inteligência dos abicu? E as árvore das floresta é tudo do mesmo feitio? Tem as árvores com fruto bão de saboreá, otras num tem fruto de comê, mais é tudo árvore! Assim é os protetô das tribo, mais o da raça, aquele qui vem antes dusotro tudo, o Grande Painho, aquele qui é o mais zeloso com suas criança, o antepassado de tudo, o mais próximo de cadum, esse é... esse é...

Avoinha, quem é esse?

a prugunta feita pra avoinha era a mesma qui cada abicu tinha nos pensamento

Oh!, é Osusu, o Ngan-Esa.

Ele deixa rastro, Avoinha?

junto com cada Oh!, avoinha soltava o suspiro da paciência – aquela qui sabe, qui ensina sê cuidadosa com usqui qué sabê – ela aprendeu nas oficina da vida amansá a mania de querê contá mais qui a abelhudice

Uqui qué dizê Osusu?

Oh!, prugunta pras criança, abicu.

E onde tá... Ngan-Esa?

Oh!, prugunta pras criança. Vamô, pra todas criança. Elas gosta tanto de brincá... prugunta.





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