mulheres descalças
boca fechada não erra
Ensaio 127Bo – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
A Mãezinha pode me alcançar um copo d’água?
Água benta, ela retruca sem munta força, é uma muié qui carrega as palavra escondida nas entranha da solidão mal-amada, mais num dá tempo do siô augusto respondê seu desabafo destravado – um desafogo contido e mimoso –, levanta e vai inté a janela oiá pra praça qui num esvazia, E logo, logo, vai ficar às escuras, volta passo a passo, murmurando, Desse jeito, quando a praça ficar às escuras acabam com o negro, Não acabam nada, vosmecê está muito cismática, Dá dó de ver os pés descalços, as feridas vivas. Só pode ser covardia tantos fazerem maldade em um só. A praça se encheu com os canalhas da Villa.
E a água, Mãezinha?
A pressa melhor faz...
os dois levô um susto com mais esse desafogo, o siô augusto achô mais meió mudá o rumo das palavra qui tava lhe voltando
Vosmecê estragou a Chiquinha, o siô dono de tudo na casa num esbugáiô usóio, falô sereno, liso, parecido com as poesia casta e decente qui encharca a vida sem surpresa, sem drama, é assim e pronto, num parecia catando as erva daninha pela casa, mais o contra-ataque tava ali, num fazia recuo, às veiz, num dá pra vê pruqui o capim dos disfarce é alto e o monstro da casa se faz de morto pra usá sapato novo
a mesma história de sempre, Vosmecê não soube educar a minha filha... a fera espreitando o capim, só uma boa surra vai lhe fazer admitir isso, um bêbado da violência num consegue se dá bem quando tá sereno, fica frôxo e impedido de se assanhá pra muié ou pra hôme, vou me subir em vosmecê! Duvida?
Eu não, a dona rosinha, mulata muntu bem disfarçada, voltô pra sua cadêra sem o copo d’água, se tem alguma coisa errada com a Chiquinha foi vosmecê, quase soltô as palavra qui ele merecia escutá, sentô no seu lugá do silêncio, e num disse mais nada, sabia as palavra qui podia saí da boca do marido, conhecia as marca delas forte e descontrolada nas carne do seu corpo
a sua chiquinha era mais uma cicatriz dessa brutalidade, o uso da força na suas carne, nunca entendeu pru qui ele precisava pegá com fúria e coação uqui ela tava disposta entregá
aceitava o próprio caladismo pruqui na boca fechada num entra as mosca nem sai a língua pegajosa qui gruda nas mosca, tinha pavô das mosca, mas num se danava com as barata
mais dia ou menos dia, ela sabia qui havia de decidí acabá com aquele caladismo, havia de chegá a hora de agarrá o destino e enfiá de volta na boca qui maltrata e se esconde atráis da máscara de marido, Boca fechada não erra, minha filha.
ela sabe duqui fala, nem o cautelismo exagerado com um qui otro comentário tem segurança segura, pode acontecê qui as palavra saída da comentarista cuidadosa num caí bem nos ouvido do siô gonzaga
Lá vem, vosmecê, parô as palavra e balançô a cabeça, parecia querendo organizá uqui ainda num saiu da cabeça, mais era só mais um costume pra atormentá dona rosinha, com essa mania de me acusar de mimar a menina... isso está beirando para os lados da teimosia.
pronto, ela sentiu o arrepiu e o rebuliço na cabeça do siô gonzaga, conhecia os aviso, as palavra azeda dele pareceu roucá como as carreta dos boi, isso qui ela num disse uqui tava no seus pensamento cuidadoso de mãe
as lição é duramente aprendida e num pode sê esquecida
histórias de avoinha: praça pública é lugar de vagabundo!
Ensaio 127B – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de vagabundo!!
Ensaio 127Bb – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de vagabundo!!!
Ensaio 127Bc – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de assombração!
Ensaio 127Bd – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: dono de gente
Ensaio 127Be – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: ele abre as portas do céu
Ensaio 127Bf – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: rainha silenciosa do lar
histórias de avoinha: um novo refúgio
Ensaio 127Bh – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: a dô dotro pode sê esquecida?
Ensaio 127Bi – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: Toque, minha filha.
Ensaio 127Bj – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: Onde está a gaiola do Venuto?
Ensaio 127Bk – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: Deus te abençoe, minha filha
Ensaio 127Bl – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: um corpo febrento e para sempre culpada
Ensaio 127Bm – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: a dança dos dedo
Ensaio 127Bn – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
Ensaio 128A – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
Ensaio 128B – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: o medo dos inferno
Ensaio 128C – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: Sinto-me tão só
Ensaio 127Bp – 2ª edição 1ª reimpressão
boca fechada não erra
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baitasar
A Mãezinha pode me alcançar um copo d’água?
Água benta, ela retruca sem munta força, é uma muié qui carrega as palavra escondida nas entranha da solidão mal-amada, mais num dá tempo do siô augusto respondê seu desabafo destravado – um desafogo contido e mimoso –, levanta e vai inté a janela oiá pra praça qui num esvazia, E logo, logo, vai ficar às escuras, volta passo a passo, murmurando, Desse jeito, quando a praça ficar às escuras acabam com o negro, Não acabam nada, vosmecê está muito cismática, Dá dó de ver os pés descalços, as feridas vivas. Só pode ser covardia tantos fazerem maldade em um só. A praça se encheu com os canalhas da Villa.
E a água, Mãezinha?
A pressa melhor faz...
os dois levô um susto com mais esse desafogo, o siô augusto achô mais meió mudá o rumo das palavra qui tava lhe voltando
Vosmecê estragou a Chiquinha, o siô dono de tudo na casa num esbugáiô usóio, falô sereno, liso, parecido com as poesia casta e decente qui encharca a vida sem surpresa, sem drama, é assim e pronto, num parecia catando as erva daninha pela casa, mais o contra-ataque tava ali, num fazia recuo, às veiz, num dá pra vê pruqui o capim dos disfarce é alto e o monstro da casa se faz de morto pra usá sapato novo
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Eu não, a dona rosinha, mulata muntu bem disfarçada, voltô pra sua cadêra sem o copo d’água, se tem alguma coisa errada com a Chiquinha foi vosmecê, quase soltô as palavra qui ele merecia escutá, sentô no seu lugá do silêncio, e num disse mais nada, sabia as palavra qui podia saí da boca do marido, conhecia as marca delas forte e descontrolada nas carne do seu corpo
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aceitava o próprio caladismo pruqui na boca fechada num entra as mosca nem sai a língua pegajosa qui gruda nas mosca, tinha pavô das mosca, mas num se danava com as barata
mais dia ou menos dia, ela sabia qui havia de decidí acabá com aquele caladismo, havia de chegá a hora de agarrá o destino e enfiá de volta na boca qui maltrata e se esconde atráis da máscara de marido, Boca fechada não erra, minha filha.
ela sabe duqui fala, nem o cautelismo exagerado com um qui otro comentário tem segurança segura, pode acontecê qui as palavra saída da comentarista cuidadosa num caí bem nos ouvido do siô gonzaga
Lá vem, vosmecê, parô as palavra e balançô a cabeça, parecia querendo organizá uqui ainda num saiu da cabeça, mais era só mais um costume pra atormentá dona rosinha, com essa mania de me acusar de mimar a menina... isso está beirando para os lados da teimosia.
pronto, ela sentiu o arrepiu e o rebuliço na cabeça do siô gonzaga, conhecia os aviso, as palavra azeda dele pareceu roucá como as carreta dos boi, isso qui ela num disse uqui tava no seus pensamento cuidadoso de mãe
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