sábado, 26 de março de 2022

histórias davóinha: Josino (I14j - uma fugição sem fim)

Josino: I - a aparição da vida



uma fugição sem fim
Ensaio 14jA – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar



A doidice e o desatino ditê ocê me abrasa toda, só as mão dumeu pretu amansa tamanha cobiça, milagres encostô toda no josino – dusdedo duspé inté a diantêra da cabeça, as coxa, os pelo, o ressalto crescendo na barriga, os bico arrebitado, a boca carnuda, o nariz achatado, usóio cicatrizando –, continuô segredando, isso diocê nimim é feitiço, só pode sê. Num tem otro jeito diquerê tanto ocê, Num sei sié feitiço, minha preta, só sei quiu apego com encanto num pode sê correntado, vive solto, num tem patrão,,. num tem como correntá curação. Num tem lei qui manda e desmanda pru curação, ela gemeu seu suspiro mais doce, Eu tenho crença nas virtude dotro fazê o amô voltá sê um pedaço da natureza impaciente e inconformado, Maisuqui fazê cuadô correntada em ocê mesmo, Pois eu digo quié um feitiço bão fugí mato pra dentro. Maisagora tenho otra prugunta pra ocê. Posso fazê, milagres subiu usóio inté vê usóio do josino, E ocê vai dêxa ela agarrada no gargalo, riu e pensô qui tava perto e longe da felicidade, Ocê sabe qui num vô guardá, Então, é só pruguntá, E ocê, já apaziguô o cansaço, Huuummm... dêxa eu pensá... essas brincadêra debochada precisa tê descanso, Ocê num cansa, E lá eu quero descanso, meu pretu, Tem veiz quié bão acalmá, respirá e assentá a esfregação, Eu preciso ocê me mexendo, me sacudindo pra espantá a dô, Fazendo assim a dô só desencosta e cochilá, Num importa se a dô volta – e sempre volta –, ocê assusta ela cuasua curagi, mexida e sacudida, Num é curagi, é amô, E fique ocê sabedô: tê amô correntado, é tê munta curagi!

Ocê tá chorando, ela pruguntô, as água quente do josino caia solta dusóio dusdois, salgava as ferida, apaziguava as sudade, meu pretu, um sopro num é só um sopro qui caba logo qui começô, as palavra saia da milagres dolorida, forçada pru frio da solidão e das perseguição, deitô as costa na pedra, Sopro qui se solta tá só querendo vivê as liberdade pelos mato, nas janela aberta dusentroncamento cruzado, ela sabe do risco disê fujona e cabá na pedra dura dos açoite ou na árvore dusenforcado, tem silêncio pra tudo do tempo qui num vai vivê, Josino, escuta eu, mais dia menos dia... mivô... quéi, tumbém?

Vai sê fugição sem fim.

Eu sei...

Uma vida desacomodada pelo tempo qui durá vivê.

Eu sei, desvirô da pedra e colocô a cabeça descansando no peito do josino, mas me diga: pra quem serve essa vida acomodada? Pra quem serve tê o peito marcado pelo suô da escravidão? Josino, óia praeu, alevantô usóio enquanto cariciava as coxa duseu amô, chicote num cansa, estala faminto. Num guento mais as gritaria da vida qui tropeça, cai, levanta e tropeça, geme e chora. Quero rí! Cantá! Quero sê tua, quero ocê meu... quando eu quisé dá e tê.

milagres continuava nua, a pedra continuava moiada

Num quero mais tê tudo examinado e medido, as mão e pé, usóio, boca, língua, denti. Chega! Num quero mais sê o bichinho na jaula. Vô lhe dizê da minha vontade: quero lhe colocá na boca a minha boca, ocê qué?

a moça preta qui num fica espantada, qui ninguém chora nem dá merecimento, faz aliviá a dô do chicote quando ri cua soltura da sua vontade, queria a brincadêra do amô, Quero a barriga crescendo da fome um dotro qui dura mais quia vontade, usdois parecia querê esfolá a pedra do banho cuô vai e vem das carne, as marca do josino e da milagres num ia mais saí da pedra, usispritu das mata fez o josino tá ali, tava feito, tava juntado espritu e corpo

eles sabia da fome da pedra

tumbém sabia quia vida minguada, infame de lanho e cicatriz, num ia desraizáa sem lutá, sem fecundá a terra com as água da vida, Tô cansada desse tanto de sentí falta. Exausta disê sempre assim: acordá sem tu, a rede vazia desse balanceio.

Não quero quêsse feitiço acabe.

Eu vô salvá ocê dudia qui chega. Tá escutando as cantoria do galo?

o nó apertô e folgô, e otra veiz, mais otra, e otra, inté qui desmanchô exausto




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é bão lê tumbém se quisé...

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histórias davóinha: Josino (I02j - a belezura na escuridão estrelada)
histórias davóinha: Josino (I03j - fada ruim)
histórias davóinha: Josino (I04j - quando vai mudá?)
histórias davóinha: Josino (I05j - o fogo nas gota do choro)
histórias davóinha: Josino (I06j - vai chegá das muié preta)
histórias davóinha: Josino (I07j - assopra a lua)
histórias davóinha: Josino (I08j - assopre as estrela, tumbém)
histórias davóinha: Josino (I09j - juro qui lhe mordo)
histórias davóinha: Josino (I10j - mel de Oxum)
histórias davóinha: Josino (I11j - o balanço da rede)
histórias davóinha: Josino (I12j - a lua se rindo)
histórias davóinha: Josino (I13j - Oxum chora)
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