Poesia Africana - 20
língua portuguesa
Homens, Mulheres e Crianças do campo
Fazendo sinal ao condutor, pedem boleia.
Nós descolonizámos o Land-Rover
Por isso o povo já não foge.
DESCOLONIZÁMOS o LAND-ROVER
Já não é carro cobrador de impostos
Nós descolonizámo-lo.
Já não é terror quando entra na povoação
Já não é Land-Rover do induna e do sipaio.
E velho e conhece todas as picadas que pisa.
É experiente este carro britânico
Seguro aliado do chicote explorador.
Mas nós descolonizámo-lo.
No matope e no areal
Sua tracção às quatro rodas
Garante chegada às machambas mais distantes
As cooperativas dos camponeses.
Entra na aldeia e no centro piloto
Ruge militante nas mãos seguras do condutor
Obedece fiel a todas as manobras
Mesmo incompleto por falta de peças.
— Descolonizámos o Land-Rover
Com nossos produtos
Comprámos o combustível que consome
Com nossa inteligência
Consertámos avarias que surgem
Com nossa luta
Transformámos em amigo este inimigo.
Nós, descolonizadores,
Libertámos o Land-Rover
Porque também ficou independente, afinal
Transformaram-se os objectivos que servia
E hoje é militante mecânico
Um desviado reeducado
Uma prostituta reconvertida em nossa companheira.
Descolonizámo-la e com ela casamos
E não haverá divórcio.
De Tete a Cabo Delgado
Do Niassa a Gaza
Da sede provincial ao círculo
Este jeep saúda quando passa
O caterpillar, seu irmão
Outro descolonizado fazedor de estradas
E cruza-se com o Berliet atarefado
Ex-pisador de minas
Eles aprenderam com a G3
Menina vanguardista na mudança de rumo
A primeira a saber e a gostar
A diferença antagónica
Entre a carícia libertadora das nossas mãos
E o aperto sufocante e opressor do inimigo que servia.
As mãos dos operários que o fabricam
São iguais às mãos dos operários da nossa terra.
Essas mãos inglesas que o criam
Um dia saberão que ajudaram a fazer a revolução
E vão levantar o punho fechado da solidariedade.
Ruge este militante nas picadas da Zambézia
Galga as difíceis estradas de Sofala
Passa pelos pomares de Manica
Pelo milho de Gaza
Pelas palmeiras de Inhambane
Na cidade do Maputo descansa.
Transporta pelo país os olhos dos estrangeiros amigos
Que querem conhecer de perto a nossa Revolução
— Descolonizámos uma arma do inimigo
Descolonizámos o Land-Rover!
Aquelas quatro rodas de um motor potente
Aquela cabine dos mecanismos de comando
Aquelas linhas da carroçaria irmanadas ao medo
Já não afugentam o povo:
Homens, Mulheres e Crianças do campo
Fazendo sinal ao condutor, pedem boleia.
Nós descolonizámos o Land-Rover
Por isso o povo já não foge.
_________________
Albino Fragoso Francisco Magaia (Lourenço Marques, 27 de Fevereiro de 1947-27 de Março de 2010) foi um jornalista, poeta e escritor moçambicano.
Na sua juventude, foi membro do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM).
Foi director do semanário Tempo e secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos.
Moçambique, uma cultura rica e uma história de vida sofrida
TV Brasil em 2010
Belezas naturais, um povo amigável, uma cultura rica, e uma história de vida sofrida... Assim é Moçambique. O Brasil vem dando atenção especial ao continente africano. Hoje (9/11), trinta e seis países da Africa têm projetos brasileiros de capacitação técnica. O repórter Adilson Mastellari, enviado especial que acompanha a visita do presidente a Maputo, capital moçambicana, conta uma parte dessa história.
língua portuguesa
Homens, Mulheres e Crianças do campo
Fazendo sinal ao condutor, pedem boleia.
Nós descolonizámos o Land-Rover
Por isso o povo já não foge.
DESCOLONIZÁMOS o LAND-ROVER
Já não é carro cobrador de impostos
Nós descolonizámo-lo.
Já não é terror quando entra na povoação
Já não é Land-Rover do induna e do sipaio.
E velho e conhece todas as picadas que pisa.
É experiente este carro britânico
Seguro aliado do chicote explorador.
Mas nós descolonizámo-lo.
No matope e no areal
Sua tracção às quatro rodas
Garante chegada às machambas mais distantes
As cooperativas dos camponeses.
Entra na aldeia e no centro piloto
Ruge militante nas mãos seguras do condutor
Obedece fiel a todas as manobras
Mesmo incompleto por falta de peças.
— Descolonizámos o Land-Rover
Com nossos produtos
Comprámos o combustível que consome
Com nossa inteligência
Consertámos avarias que surgem
Com nossa luta
Transformámos em amigo este inimigo.
Nós, descolonizadores,
Libertámos o Land-Rover
Porque também ficou independente, afinal
Transformaram-se os objectivos que servia
E hoje é militante mecânico
Um desviado reeducado
Uma prostituta reconvertida em nossa companheira.
Descolonizámo-la e com ela casamos
E não haverá divórcio.
De Tete a Cabo Delgado
Do Niassa a Gaza
Da sede provincial ao círculo
Este jeep saúda quando passa
O caterpillar, seu irmão
Outro descolonizado fazedor de estradas
E cruza-se com o Berliet atarefado
Ex-pisador de minas
Eles aprenderam com a G3
Menina vanguardista na mudança de rumo
A primeira a saber e a gostar
A diferença antagónica
Entre a carícia libertadora das nossas mãos
E o aperto sufocante e opressor do inimigo que servia.
As mãos dos operários que o fabricam
São iguais às mãos dos operários da nossa terra.
Essas mãos inglesas que o criam
Um dia saberão que ajudaram a fazer a revolução
E vão levantar o punho fechado da solidariedade.
Ruge este militante nas picadas da Zambézia
Galga as difíceis estradas de Sofala
Passa pelos pomares de Manica
Pelo milho de Gaza
Pelas palmeiras de Inhambane
Na cidade do Maputo descansa.
Transporta pelo país os olhos dos estrangeiros amigos
Que querem conhecer de perto a nossa Revolução
— Descolonizámos uma arma do inimigo
Descolonizámos o Land-Rover!
Aquelas quatro rodas de um motor potente
Aquela cabine dos mecanismos de comando
Aquelas linhas da carroçaria irmanadas ao medo
Já não afugentam o povo:
Homens, Mulheres e Crianças do campo
Fazendo sinal ao condutor, pedem boleia.
Nós descolonizámos o Land-Rover
Por isso o povo já não foge.
_________________
Albino Fragoso Francisco Magaia (Lourenço Marques, 27 de Fevereiro de 1947-27 de Março de 2010) foi um jornalista, poeta e escritor moçambicano.
Na sua juventude, foi membro do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM).
Foi director do semanário Tempo e secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos.
Moçambique, uma cultura rica e uma história de vida sofrida
TV Brasil em 2010
Belezas naturais, um povo amigável, uma cultura rica, e uma história de vida sofrida... Assim é Moçambique. O Brasil vem dando atenção especial ao continente africano. Hoje (9/11), trinta e seis países da Africa têm projetos brasileiros de capacitação técnica. O repórter Adilson Mastellari, enviado especial que acompanha a visita do presidente a Maputo, capital moçambicana, conta uma parte dessa história.
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