segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: Memórias de duas jovens esposas (13)

 Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1


1
Estudos de Costumes 
- Cenas da Vida Privada



Memórias de duas jovens esposas





PRIMEIRA PARTE




XIII – A SRA. DE L’ESTORADE À SRTA. DE CHAULIEU



Crampade, fevereiro



Minha querida Luísa, antes de te escrever, tive de esperar; mas agora sei muita coisa, ou melhor, aprendi-as e devo dizê-las, para tua felicidade futura. Há tanta diferença entre uma moça solteira e uma mulher casada, que a moça não a pode conceber da mesma forma que a mulher não pode voltar a ser donzela. Preferi desposar Luís de l’Estorade a voltar para o convento. Isso é claro. Depois de ter compreendido que, se não casasse com Luís, eu voltaria para o convento, tive, na minha condição de moça, de me resignar. Resignada, pus-me a examinar a minha situação, a fim de tirar dela o melhor partido.

Primeiro que tudo, a gravidade dos compromissos encheu-me de terror. O casamento tem como objetivo a vida, ao passo que o amor visa apenas ao prazer; mas também o casamento subsiste, quando os prazeres já desapareceram e dá nascimento a interesses bem mais preciosos do que os do homem e da mulher que se unem. Por isso, talvez, para fazer um casamento feliz, não seja preciso mais do que essa amizade, que, em razão de sua doçura, cede em muitas imperfeições humanas. Nada se opunha a que eu tivesse amizade a Luís de l’Estorade. Bem decidida a não buscar no matrimônio os gozos do amor, nos quais tanto pensávamos e com tão perigosa exaltação, senti a mais suave tranquilidade no meu íntimo. “Se não me é dado o amor, por que não buscar a felicidade?”, disse comigo mesma. De resto, sou amada e me deixarei amar. Meu casamento não será uma servidão, e sim um domínio perpétuo. Que inconveniente esse estado de coisas pode oferecer a uma mulher que quer conservar-se senhora absoluta de si mesma?

Esse ponto tão grave, de ter o casamento sem o marido, foi regulado numa conversação entre mim e Luís, na qual ele me revelou a excelência de seu caráter e a doçura de sua alma. Minha mimosa, eu muito desejava permanecer nesta bela estação da esperança amorosa, que, não gerando o prazer, deixa à alma a sua virgindade. Nada conceder à lei, ao dever, depender apenas de si mesma e conservar o livre-arbítrio... que coisa nobre e suave! Esse contrato oposto ao das leis e ao próprio sacramento não podia ser fechado senão entre mim e Luís. Essa dificuldade, a primeira que se apresentava, foi a única que retardou a conclusão do meu matrimônio. Se, a princípio, eu estava resolvida a tudo para não voltar ao convento, é da nossa natureza pedir o mais, depois de ter obtido o menos, e, querido anjo, somos daquelas que querem tudo. Eu examinava meu Luís de soslaio e dizia comigo: “A desgraça o terá tornado bom ou mau?”. À força de estudar, acabei descobrindo que o seu amor ia até a paixão. Uma vez alcançada a situação de ídolo, ao vê-lo empalidecer e tremer ao menor olhar frio, compreendi que podia ousar tudo. Naturalmente levei-o longe dos pais, em passeios durante os quais interroguei com prudência o seu coração. Fi-lo falar, pedi-lhe que me referisse suas ideias, seus planos sobre o nosso futuro. Minhas perguntas revelavam tantas reflexões preconcebidas e atacavam com tanta precisão os pontos fracos dessa horrível vida a dois que Luís me confessou depois que estava apavorado de tão sábia virgindade. Eu ouvia suas respostas; ele enleava-se nelas como essas pessoas a quem o medo priva de todos os recursos; acabei vendo que o acaso me dava um adversário que me era tanto mais inferior por adivinhar o que tu tão orgulhosamente denominas minha grande alma. Malferido pela desgraça e pela miséria, ele se considerava pouco mais ou menos como liquidado e perdia-se em três horríveis temores. Primeiro, tem trinta e sete anos, e eu dezessete; não considerava portanto sem temor os vinte anos de diferença que há entre nós. Depois, está convencionado que eu sou muito bonita; e Luís, que partilha nossas opiniões a esse respeito, não deixava de ver com profunda dor quanto os sofrimentos lhe tinham gasto a mocidade. Finalmente ele me sentia, como mulher, muito superior a ele como homem. Desconfiando de si mesmo por essas três visíveis inferioridades, tinha receio de não fazer a minha felicidade e via-se aceito como um último recurso. Se não fosse a perspectiva do convento, eu não o desposaria, disse-me tristemente uma tarde.

— Isso é verdade — respondi-lhe gravemente.

Minha querida amiga, ele me causou a primeira grande emoção das que nos vêm dos homens. Feriu-me o coração ver duas lágrimas cair dos olhos.

— Luís — disse-lhe com voz consoladora —, depende de você fazer deste casamento de conveniências um casamento ao qual eu possa dar um completo consentimento. O que lhe vou pedir exige de você uma abnegação mais bela do que a pretensa escravidão de seu amor, se é sincero. Pode elevar-se até a amizade como eu a entendo? Na vida não se tem mais do que uma amizade, e eu quero ser a sua. A amizade é a união de duas almas iguais, ligadas por suas forças e, não obstante, independentes. Sejamos amigos e associados para juntos carregar a vida. Deixe-me a minha completa independência. Não lhe impeço que me inspire o amor que diz ter por mim: mas não quero ser sua mulher senão por minha livre e espontânea vontade. Inspire-me o desejo de lhe abandonar meu livre-arbítrio, e eu lho sacrificarei imediatamente. Por isso, não lhe proíbo insinuar paixão nessa amizade e de a turvar com a voz do amor; por minha vez farei tudo para que nossa afeição seja perfeita. Sobretudo, poupe-me os incômodos que causaria aos demais a situação bastante estranha em que nos veremos então. Não quero parecer nem caprichosa, nem hipocritamente virtuosa, porque não o sou, e julgo-o suficientemente homem de bem para lhe propor que conserve as aparências do casamento.

Querida, nunca vi um homem tão feliz como o ficou Luís com a minha proposta; seus olhos brilharam, o fogo da ventura secara-lhe as lágrimas.

— Veja — disse-lhe eu ao terminar — que nada há de estranho no que lhe peço. Essa condição decorre do meu imenso desejo de possuir sua estima. Se me obtivesse somente pelo casamento, gostaria de ver um dia seu amor coroado apenas pelas formalidades legais ou religiosas, e não por mim? Se, enquanto não o amo, mas obedecendo-lhe passivamente, como minha muito honrada mãe acaba de me recomendar, eu tivesse um filho, acredita que eu quereria a essa criança tanto como a uma outra que fosse filha de uma vontade comum? Embora não seja indispensável agradar tanto um ao outro, como entre amantes, há de convir que é necessário não desagradar. Pois bem, vamos ficar colocados numa situação perigosa: temos de viver no campo, não acha necessário que pensemos na instabilidade das paixões? Não lhe parece que pessoas bem equilibradas se devem premunir contra os infortúnios das variações?

Ele ficou estranhamente surpreendido ao me ver tão razoável e tão raciocinadora; mas fez-me uma promessa solene, depois da qual peguei-lhe a mão e apertei-a afetuosamente.

Casamo-nos no fim da semana. Com a certeza de conservar minha liberdade, mostrei muita alegria nos insípidos detalhes de todas as cerimônias: pude ser eu mesma, e é possível que tenha passado por uma comadre bastante deslavada, para empregar a expressão de Blois. Tomaram uma rapariga, encantada da situação nova e cheia de recursos em que eu soubera colocar, por uma mulher finória. Querida, por uma espécie de visão, eu entrevira todas as dificuldades de minha vida e queria, sinceramente, fazer a felicidade daquele homem. Ora, na solidão em que vivemos, se o mando não está nas mãos da mulher, o casamento se torna dentro em pouco insuportável, a mulher deve então ter as seduções de uma amante e as qualidades de uma esposa. Temperar os prazeres com a incerteza, não é esse o modo de prolongar a ilusão e perpetuar os gozos do amor-próprio, dos quais fazem questão todas as criaturas, e com muito acerto? O amor conjugal, como o concebo, reveste, assim, uma mulher de esperanças, torna-a soberana e lhe dá uma força inesgotável, um calor de vida que faz tudo florescer em torno dela. Quanto mais senhora de si mesma, mais certeza terá de tornar viáveis o amor e a felicidade. Mas exigi, principalmente, que nossas convenções íntimas fossem veladas pelo mais profundo mistério. O homem dominado pela mulher é, com justiça, coberto de ridículo. A influência da mulher deve ser absolutamente secreta: em nós, em tudo, a graça está no mistério. Se empreendo reerguer esse caráter deprimido, restituir seu brilho às qualidades que nele entrevi, quero que tudo pareça espontâneo em Luís. Tal é a tarefa suficientemente bela que me impus e que basta para a dignidade de uma mulher. Sinto-me quase orgulhosa por ter um segredo que dê interesse à minha vida, um plano ao qual submeterei meus esforços, e que só tu e Deus conhecerão.

Agora sinto-me quase feliz, e talvez que não o fosse completamente se não o pudesse confiar a uma alma querida, pois como dizê-lo a Luís? Minha felicidade o melindraria, foi preciso escondê-la. Ele é, minha querida, de uma delicadeza de mulher, como todos os homens que sofreram muito. Durante três meses, permanecemos como antes do casamento. Como bem deves imaginar, eu estudava uma porção de pequenos assuntos pessoais que interessam ao amor mais do que se pensa. Apesar de minha frieza, aquela alma encorajada se abriu; vi aquela fisionomia mudar de expressão e rejuvenescer. A elegância que introduzi na casa refletiu-se sobre sua pessoa. Insensivelmente acostumei-me a ele e fiz de Luís um outro eu. À força de o ver, descobri a correspondência de sua alma e de sua fisionomia. O animal a que chamamos marido, segundo tua expressão, desapareceu. Vi, em não sei que suave entardecer, um amante cujas palavras me iam diretamente à alma e em cujo braço eu me apoiava com prazer indizível. Enfim, para ser verdadeira contigo, como o seria com Deus, a quem não se pode enganar, estimulada talvez pelo modo religioso e admirável com o qual ele mantinha sua promessa, senti a curiosidade erguer-se em meu coração. Envergonhada comigo mesma, eu resisti ao meu impulso. Ai de mim! Quando se resiste somente por dignidade, o espírito logo acha meios de transigir. A festa, pois, foi secreta, como entre dois amantes, e secreta deverá permanecer entre nós. Quando te casares, aprovarás minha discrição. Entretanto quero que saibas que nada faltou de quanto exige o mais delicado amor, tampouco desse imprevisto que, de algum modo, é a glória desse momento: as misteriosas graças que nossas imaginações lhe pedem, o arrebatamento que desculpa, o consentimento arrancado, as voluptuosidades ideais muito tempo entrevistas e que nos subjugam a alma antes que nos entreguemos à realidade, tudo isso ali estava com suas formas encantadoras.

Confesso-te que, apesar dessas belas coisas, novamente estipulei meu livre-arbítrio, embora não te queira dizer todos os motivos. Serás tu, certamente, a única alma na qual derramarei esta semiconfidência. Mesmo pertencendo ao nosso marido, adorado ou não, creio que perderíamos muito se não ocultássemos nossos sentimentos e o juízo que fazemos do casamento. A única alegria que tive, e que foi celestial, provém da certeza de ter restituído a vida àquele pobre ser, antes de a dar a filhos. Luís recuperou sua mocidade, sua força, sua alegria. Não é mais o mesmo homem. Como uma fada, apaguei até mesmo a recordação das desgraças. Metamorfoseei Luís, tornou-se encantador. Tendo certeza de me agradar, ele exibe seu espírito e revela novas qualidades. Ser o princípio permanente da felicidade de um homem, quando esse homem o sabe, e junta gratidão ao amor — ah! querida — essa certeza desenvolve na alma uma força que ultrapassa a do mais integral amor. Essa força impetuosa e durável, una e variável, gera enfim a família, essa bela obra das mulheres e que agora concebo em toda a sua fecunda beleza. O velho pai não é mais avaro, dá cegamente tudo o que desejo. Os criados estão alegres, dir-se-ia que a felicidade de Luís irradia neste lar, onde reino pelo amor. O velho concordou com todos os melhoramentos, não quis ser mancha no meu luxo; para me ser agradável adotou os costumes, e, com os costumes, as maneiras do tempo presente. Temos cavalos ingleses, um cupê, uma caleça e um tílburi. Nossos criados têm um fardamento simples, porém elegante. Por isso tudo, somos tidos como pródigos. Emprego minha inteligência (não estou rindo) a dirigir a casa com economia, a proporcionar a maior soma de prazeres pelo menor custo possível. Já demonstrei a Luís a necessidade de abrir estradas, a fim de lhe conquistar a reputação de homem preocupado pelo bem da localidade. Obrigo-o a completar sua educação. Espero vê-lo, em breve, membro do conselho geral do seu departamento, por influência de minha família e da de sua mãe. Declarei-lhe peremptoriamente que era ambiciosa, que não me desgostava que seu pai continuasse a se preocupar com os nossos bens, a realizar economias, porque no que diz respeito a ele, queria-o inteiramente dedicado à política; se tivéssemos filhos, queria vê-los todos felizes e bem colocados no Estado; sob pena de perder minha estima e minha afeição, ele deveria fazer-se eleger deputado do departamento nas próximas eleições; minha família auxiliaria sua candidatura, e nós teríamos, então, o prazer de passar os invernos em Paris. Ah! Meu anjo, pelo ardor com que ele me obedeceu, vi quanto eu era amada. Enfim, ontem escreveu-me esta carta, de Marselha, aonde foi por algumas horas:

“Quando me permitiste amar-te, minha meiga Renata, acreditei na felicidade, mas hoje não mais lhe vejo o fim. O passado nada mais é do que uma vaga recordação, uma sombra necessária para fazer ressaltar o brilho de minha ventura. Quando estou perto de ti, o amor me exalta a tal ponto que me vejo impossibilitado de te exprimir toda a extensão do meu afeto: não posso senão admirar-te, adorar-te. Só longe de ti recupero a palavra. És perfeitamente bela, e de uma beleza tão grave, tão majestosa, que o tempo dificilmente poderá alterá-la, e, embora o amor entre esposos dependa menos da beleza do que dos sentimentos, que são em ti deliciosos, deixa-me dizer-te que essa certeza de te ver sempre bela me dá uma alegria que aumenta a cada olhar que te dirijo. A harmonia e a dignidade dos traços do teu rosto, no qual se revela tua alma sublime, têm não sei o quê de puro sob a firme coloração da tez. O brilho de teus olhos negros e o ousado desenho de tua fronte dizem quão elevadas são tuas virtudes, quanto é sólido teu convívio e resistente o teu coração às tempestades da vida se acaso sobreviessem. A nobreza é teu caráter distintivo; não tenho a pretensão de revelar-te, mas digo-te isso para que saibas que conheço o valor do tesouro que possuo. O pouco que me concederes será sempre para mim a felicidade, hoje, como daqui a muito tempo, porque sinto toda a grandeza que havia na nossa promessa de conservarmos um e outro toda a nossa liberdade. Jamais deveremos uma manifestação de ternura que não seja à nossa vontade. Seremos livres, apesar das estreitas correntes que nos unem. Terei tanto mais orgulho de te reconquistar assim, porque agora sei o valor que atribuis a essa conquista. Não poderás nunca falar ou respirar, agir, pensar, sem que eu admire cada vez mais a graça de teu corpo e a de tua alma. Há em ti não sei quê de divino, de sensato, de sedutor, que põe de acordo a reflexão, a honra, o prazer e a esperança, que dá, enfim, ao amor uma extensão mais ampla do que a da vida. Oh! Meu anjo, que o gênio do amor se me conserve fiel e que o futuro permaneça cheio dessa volúpia com cujo auxílio tudo embelezaste em torno de mim! Quando serás tu mãe para que eu te veja aplaudir a energia de tua vida, para que eu te ouça, com essa voz tão suave e com essas ideias tão finas, tão novas e tão curiosamente expostas, bendizer o amor que refrescou minha alma, retemperou minhas faculdades, que faz o meu orgulho e onde fui buscar, como uma fonte mágica, uma nova vida? Sim, serei tudo que queres que eu seja; tornar-me-ei um dos homens úteis do meu país e farei recair sobre ti essa glória, cujo princípio será tua satisfação.”

Eis, querida, como eu o formo. Esse estilo é de data recente; dentro de um ano, será melhor; Luís está no período das primeiras expansões. Eu o espero naquela sensação de felicidade igual e contínua que um casamento feliz deve proporcionar, quando, confiantes um no outro, e conhecendo-se bem, uma mulher e um homem encontram o segredo de variar o infinito, de dar encantos ao próprio fundamento da vida. Esse belo segredo das verdadeiras esposas, eu o entrevejo e quero possuí-lo. Como vês, ele se julga amado, o fátuo, como se não fosse meu marido. Por enquanto, porém, eu estou apenas nessa ligação material, que nos dá força para suportar muita coisa. Entretanto, Luís é amável, tem um caráter muito uniforme, realiza com simplicidade atos de que se vangloriaria a maior parte dos homens. Enfim, se não o amo, sinto-me muito capaz de lhe querer bem.

Eis, pois, meus cabelos negros, meus olhos negros, cujos cílios se abrem, segundo dizes, como venezianas, meu ar imperial e minha pessoa, elevados ao estado de poder soberano. Dentro de dez anos, querida, veremos se as duas não estaremos muito risonhas, muito felizes, nessa Paris de onde te trarei algumas vezes para o meu belo oásis da Provença. Oh! Luísa, não comprometas nosso belo futuro, de nós duas! Não faças as loucuras com que me ameaças. Eu desposo um velho rapaz, desposa tu um jovem ancião da Câmara dos pares. Tens razão nisso.






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Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.

Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.[1] Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).

Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava.[1] De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Balzac, Honoré de, 1799-1850. 
          A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac;                            orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São                  Paulo: Globo, 2012. 

          (A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1                    0.000 kb; ePUB 

1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série. 

12-13086                                                                               cdd-843 

Índices para catálogo sistemático: 
1. Romances: Literatura francesa 843

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