segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: Memórias de duas jovens esposas (11)

 Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1


1
Estudos de Costumes 
- Cenas da Vida Privada



Memórias de duas jovens esposas





PRIMEIRA PARTE




XI – A SRA. DE L’ESTORADE À SRTA. DE CHAULIEU



Crampade


Tu e teu espanhol me fazeis tremer de medo, minha querida mimosa. Escrevo-te estas poucas linhas para pedir-te que o despeças. Tudo o que me dizes se refere ao caráter mais perigoso dessas pessoas que, nada tendo a perder, arriscam tudo. Esse homem não deve ser teu amante e não pode ser teu marido. Eu te escreverei mais detalhadamente sobre os acontecimentos secretos de meu casamento, mas somente quando não tiver mais a pesar-me sobre o coração as inquietações que a tua última carta me trouxe.





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Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.

Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.[1] Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).

Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava.[1] De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Balzac, Honoré de, 1799-1850. 
          A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac;                            orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São                  Paulo: Globo, 2012. 

          (A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1                    0.000 kb; ePUB 

1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série. 

12-13086                                                                               cdd-843 

Índices para catálogo sistemático: 
1. Romances: Literatura francesa 843

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[119] Gonçalvez de Córdoba: general espanhol (1445-1515), herói da Reconquista. 
[120]Cardeal Ximenez: Ximenez de Cisneros (1436-1517), arcebispo de Toledo. 

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[121] Recomeçar a Nova Heloísa de Rousseau: nesse romance, como é sabido, a heroína Júlia, aluna de SaintPreux, é seduzida pelo seu professor. 

[122] Clarissa Harlowe: o título de um romance em cartas do escritor inglês Richardson e, ao mesmo tempo, o nome da heroína. Perseguida pelos membros da própria família que, unicamente inspirados por interesses materiais, querem forçá-la a casar com um pretendente indigno, Clarissa deixa-se raptar por seu namorado Lovelace. Este, abusando da confiança da moça, leva-a a um prostíbulo e a viola, apesar da heroica resistência que ela lhe opõe. Clarissa morre, Lovelace é executado em duelo por um dos parentes de sua vítima. Eis o enredo dessa obra famosa, cuja publicação em fascículos (impressos aliás pelo próprio autor, que era tipógrafo) manteve todo o público inglês numa expectativa febril durante vários anos. Inúmeras leitoras escreveram ao autor para obter o perdão de Clarissa, mas Richardson, que chegara a considerar a sua heroína uma pessoa real, permaneceu inflexível: seguindo seus princípios de puritano, nunca pôde perdoar Clarissa por ter deixado a família, por antipática que fosse. O êxito da obra foi tamanho que o nome de Lovelace entrou na língua como sinônimo de sedutor. Em Memórias de duas jovens esposas, em que a influência de Clarissa Harlowe é manifesta, Balzac faz a esta última obra constantes alusões.



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