mulheres descalças
na solidão sozinha
Ensaio 127Bzt – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
a escuridão da noite inda num veio toda na villa, tem veiz qui chega e cai como se tivesse tomado um tombo, num dá tempo divê, otras veiz, vem mansa e calma, parece querê sê provada nas vista, espreitada nas camada dudia qui vai guardando inté se destampá sem alvoroço e sem urgência, oferecida pra guardá segredos e conchavos
a cerração do escuro inda num colocô dona rosinha deitada sozinha e oiando pru teto, escutando o alarde abafado na praça, enrolada nos silêncio da noite felpuda no quarto, uma muié desacompanhada, o rabo entre as perna e usóio encharcado
a vida naquela casa adoece
a falta de colo causa tanta tristeza, tanta coisa estranha desmancha as vontade da carne e assusta o gosto pra retorcê e se entrelaçá, num tem resposta pra dá, num tem resposta pra ensiná nem tem prugunta pra respondê
a vida segue fingida sem sê notada, sem sê escutada
tanta coisa dona rosinha tem guardada nas palavra qui num diz – tudo bem guardado –, nem a caridade da obrigação pra se deixá usá salva da solidão e das lembrança ruim qui tem duseu uso pelo siô augusto, sempre o mesmo jeito, num respira, num escuta, num fala – se usiô augusto fala, ele fala sozinho –, calado pra dona rosinha, fazendo uqui os pensamento dele cobiça cum teimosia, as coisa ruim dentro dusiô augusto se enfiava no desinteresse da dona rosinha e ameaçava, Dona Rosinha é mulher – e mulher casada! –, tem dono e deve obediência. Está escrito que foi feita da costela – um pedaço do homem que não deu certo. Não tem muito querer ou não querer. O gosto é do homem. E agradeça a todos os Santos que tem a mim que lhe cuida e abastece.
munta das lembrança ruim qui tem duseu uso pelo siô augusto é qui ele parecia usá sem gosto do uso, parecia conversá só dele pra ele mesmo, parecia tá notro lugá, as mão parecia qui alisava ele mesmo; e quieta ficava, como se doente fosse, se oiando desacompanhada inté se mexê pra se lavá, doída e lavada voltava pra ficá na solidão sozinha, quieta na paz morta-viva, sem dô, sem mágica
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é bão lê tumbém... sequizé:
histórias de avoinha: Sinto-me tão só
histórias de avoinha: um império invisível
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a vaga de marido
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: chegô no piano
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: Obrigada, Açunta!
histórias de avoinha: ôum velório de vida
histórias de avoinha: o feitiço das trança
histórias de avoinha: o siô ajeitado e as duas miúda
histórias de avoinha: Simão
mulheres descalças: é mansa...
mulheres descalças: Mas você devia!
mulheres descalças: Dez sacas, o amigo concorda?
mulheres descalças: café ralo e mandioca cuzida
mulheres descalças: o descuido da miúda
mulheres descalças: a traste
mulheres descalças: até quando
mulheres descalças: uma sombra silenciosa
mulheres descalças: a perigosa é ela
mulheres descalças: uma resposta deboche
mulheres descalças: gostar sem resistir
mulheres descalças: buraco do barranco
mulheres descalças: caridade é uma brisa morna
mulheres descalças: hipócrita, egoísta e cega d’ódio
mulheres descalças: a pulícia pública
mulheres descalças: a vida num é simples
mulheres descalças: na solidão sozinha
mulheres descalças: usdois contra cadum
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