quinta-feira, 5 de outubro de 2023

D. Quixote - Cervantes Vol 1 - 1ª Parte L3 Capitulo XXVI: Onde se prosseguem as finezas que de enamorado fez D. Quixote em Serra Morena.

D. Quixote de la Mancha

Miguel de Cervantes

Vol 1

O Engenhoso Fidalgo 
D. Quixote de la Mancha 
Miguel de Cervantes


PRIMEIRA PARTE

LIVRO TERCEIRO

CAPÍTULO XXVI

Onde se prosseguem as finezas que de enamorado fez D. Quixote em Serra Morena.


Voltando a contar o que fez o da Triste Figura depois que se viu só, diz a história que tanto como D. Quixote acabou de dar as cambalhotas nu da cinta para baixo, e da cinta para cima vestido, e reparou em que Sancho se tinha abalado sem querer esperar, a ver mais sandices, subiu à ponta duma alta penha, e ali tornou a discorrer sobre o que já outras muitas vezes havia cismado, sem nunca ter podido assentar em coisa certa; a saber: que seria melhor e mais cabido? se imitar a Roldão nas loucuras desaforadas que fez, ou a Amadis nas melancólicas.
Discursando entre si, dizia:

— Se Roldão foi tão valente e tão bom cavaleiro como todos dizem, que admira? se ele por último era encantado, e ninguém o podia matar, salvo metendo-lhe um alfinete grosso pela sola do pé, para o que já trazia à cautela sapatos com sete solas de ferro se bem que essas tretas não lhe valeram com Bernardo del Cárpio, que lhas entendeu, e o afogou entre os braços em Roncesvales. Mas, deixando nele de parte o que pertence à valentia, venhamos ao ponto de perder o juízo, pois é certo que o perdeu pelos sinais que na fonte achou, e pelas novas que lhe deu o pastor, de ter Angélica dormido mais de duas sestas com Medoro, um mourinho de cabelo encarapinhado, e pajem de Agramante; e, se ele acreditou ser aquilo verdade, e que a sua dama lhe tinha a ele feito agravo, não fez nada demais em endoidecer; mas eu como é que nas loucuras o posso imitar, se para elas não tenho iguais motivos? porque a minha Dulcinéia del Toboso atrevo-me a jurar que nunca em dias de sua vida viu mouro algum em seu trajo natural, e que se conserva ainda hoje como a mãe a deu à luz; pelo que lhe faria agravo manifesto, se, imaginando o contrário a seu respeito, me tornasse louco daquele gênero de loucura de Roldão o furioso. Por outra parte, vejo que Amadis de Gaula, sem perder o juízo, nem fazer loucuras, alcançou tamanha fama de enamorado como os que maior a tiveram, porque o que fez (conforme na sua história se refere) não foi mais do que por ver-se desdenhado da sua senhora Oriana, que lhe tinha mandado não aparecesse na sua presença enquanto ela não quisesse, retirou-se então à Penha Pobre em companhia dum ermitão, e ali se fartou de chorar, até que o céu lhe acudiu no meio da sua maior tristeza e desamparo. Ora se isto é verdade, como é, para que quero eu ter agora o trabalho de despir-me de todo, nem fazer ofensa a estas árvores que nenhum mal me fizeram? nem tenho razão para enturvar a água clara destes arroios que me hão-de dar de beber quando tiver sede. Viva a memória de Amadis! e imite-o D. Quixote de la Mancha em tudo que puder. Deste se dirá o que de outro se disse: que, se não perfez grandes coisas para acometê-las, morreu; e, se eu não sou despedido nem desdenhado da minha Dulcinéia, basta-me, como já está dito, o estar-me ausente dela. Eia pois! mãos à obra! acudi-me à lembrança coisas de Amadis, e ensinai-me por onde devo começar a imitá-lo; já sei que rezar foi o que ele mais praticou; assim o farei eu também.

A D. Quixote serviram-lhe de ramal de rosário uns bogalhos grandes de sobreiro enfiados de dez em dez mais pequenos, à guisa de Padre-Nossos.
O que muito o desassossegava era não achar por ali outro ermitão que o confessasse e o consolasse e assim se entrelinha passeando pelo pradozinho, gravando pelas cortiças do arvoredo e escrevendo na areia muitos versos, todos apropriados à sua tristeza, e alguns em honra e louvor de Dulcinéia; mas os que se puderam achar inteiros e que se pudessem ler depois que ali o encontraram, não foram senão estes, que em seguimento vão copiados:

Árvores, ervas, e plantas, 
que neste lugar estais, 
tão altas, verdes, e tantas, 
se co’o meu mal não folgais, 
ouvi minhas queixas santas. 
Tal dor não vos alvorote, 
embora de terror cheia, 
pois, por pagar-vos o escote, 
aqui chorou D. Quixote 
ausências de Dulcinéia 
   del Toboso. 

É aqui o lugar onde 
o adorador mais leal 
da sua amada se esconde; 
chegou a tamanho mal 
sem saber como ou por onde. 
Trá-lo amor ao estricote 
pela sua má raleia, 
e até encher um pipote 
aqui chorou D. Quixote 
ausência de Dulcinéia 
   del Toboso.

Procurando as aventuras 
entre as desabridas penhas, 
maldizendo entranhas duras, 
que entre fragas e entre brenhas 
acha o triste desventuras. 
Deu-lhe amor com seu chicote 
da mais áspera correia; 
tal lhe foi o esfusiote, 
que aqui chorou D. Quixote 
ausências de Dulcinéia 
   del Toboso.

Fez rir muito aos que tais versos ouviram o rabo-leva del Toboso posto ao nome de Dulcinéia, porque imaginaria D. Quixote, que, se, nomeando a Dulcinéia, não dissesse também del Toboso, deixaria a copla ininteligível, e essa foi realmente a razão que ele para isso teve, segundo ao depois confessou.
Muito mais trovas escreveu; porém, como já se disse, não se puderam tirar a limpo, nem inteiras, senão só estas três coplas.
Nisto, em suspirar, em chamar pelos Faunos e Silvanos daqueles bosques, pelas Ninfas dos rios, pela dolorosa e úmida Eco, que o escutassem, lhe respondessem e o consolassem, se entrelinha, e em procurar algumas ervas com que se sustentar enquanto não vinha Sancho, que, se assim como tardou três dias, tarda três semanas, a tal desfiguração chegara o Cavaleiro da Triste Figura, que nem a sua própria mãe por mais que escancarasse os olhos o conhecera.
Será bem deixarmo-lo por agora emaranhado em seus suspiros e versos, para contarmos o que a Sancho Pança aconteceu na sua embaixada. Foi o seguinte:
Saindo à estrada real, pôs-se à cata do caminho para Toboso. No dia seguinte chegou à venda em que lhe sucedera a desgraça da manta. Bispá-la e imaginar-se outra vez pelos ares aos boléus foi tudo um. Não quis entrar, posto serem horas de o poder e dever fazer, por serem as de jantar, e trazer desejo de provar coisa quente, pois muitos dias havia que só comia frio. 
Esta necessidade o obrigou a aproximar-se da taverna, indeciso contudo se entraria ou não. Estando naquilo, saíram de lá dois indivíduos, que logo o conheceram, e disse um para o outro:

— Diga-me, senhor licenciado, aquele de cavalo não é Sancho Pança, que disse a ama do nosso aventureiro ter saído por escudeiro com o seu senhor?

— É decerto — disse o licenciado — e aquele é o cavalo do nosso D. Quixote. 

Pudera não os conhecerem, se os dois eram nem mais nem menos o cura e o barbeiro do próprio lugar, os que fizeram a escolha e o auto-de-fé da livraria! Estes assim que de todo se certificaram de ser Sancho Pança e Rocinante, desejosos de saber de D. Quixote, se foram a ele, e o cura o chamou pelo seu nome, dizendo-lhe:

— Amigo Sancho Pança, onde fica o vosso amo?

Conheceu-os imediatamente Sancho, mas determinou encobrir-lhes o lugar onde o amo ficava, e de que modo; e assim lhes respondeu que seu amo ficava ocupado em certa parte e com certa coisa de muito interesse, que ele nem pelos dois olhos da cara descobriria.

— Deixe-se disso, Sancho Pança — disse o barbeiro; — se nos não diz onde ficou, cuidaremos, como já vamos cuidando, que o matastes e roubastes; e tanto mais, que vindes montado no seu cavalo; ou nos haveis de apresentar o dono do rocim, ou com a justiça vos heis-de haver. 

— Para mim — respondeu Sancho — vêm erradas as ameaças, que eu não sou homem que roube nem mate a ninguém; a cada um que o mate a sua má estrela, ou Nosso Senhor que o criou. Meu amo ficou a fazer penitência no meio desta montanha, muito por sua vontade. 

E logo correntemente e sem detença lhes contou como o deixara, as aventuras que lhe haviam sucedido, e como levava a carta à Senhora Dulcinéia del Toboso, que era a filha de Lourenço Corchuelo, de quem o amo estava enamorado até aos fígados.
Admirados ficaram os dois do que a Sancho Pança ouviram; e, ainda que já sabiam a loucura de D. Quixote e o gênero dela, sempre que a ouviam se maravilhavam como de coisa nova.
Pediram a Sancho que lhes mostrasse a carta que levava para a senhora Dulcinéia del Toboso.
Respondeu ele que ia escrita num livro de lembranças, e que era ordem de seu amo que a mandasse trasladar em papel no primeiro lugar aonde chegasse. Ao que volveu o cura que lha mostrasse, e ele mesmo a trasladaria com muito boa letra.
Meteu Sancho Pança a mão no bolso à procura do livrinho, mas não o achou nem o poderia achar, ainda que o buscasse até agora, porque tinha ficado em poder de D. Quixote, que se tinha esquecido de lhe entregar, como ele também se não lembrara de lhe pedir. Quando Sancho se inteirou de que não achava o livro, entrou-se a fazer amarelo como um defunto, e, tornando a apalpar todo o corpo muito à pressa, tornou a averiguar que não achava tal; e, sem mais nem mais, se foi com ambas as mãos às barbas e depenou metade delas; e logo à pressa, e sem intervalo, deu no rosto e nariz meia dúzia de punhadas, que foi o mesmo que abrir uma cascata de sangueira.
Vendo aquilo o cura e o barbeiro, perguntaram-lhe que desgraça tamanha lhe acontecera para se pôr naquele miserável estado.

— Que desgraça me sucedeu? — respondeu Sancho — sucedeu-me, que perdi, do pé para a mão, num instante, três burrinhos que era cada um como um castelo.

— Como foi isso? — exclamou o barbeiro.

— Perdi o livro de lembranças — respondeu Sancho — em que vinha a carta para Dulcinéia, e uma cédula assinada por meu amo, em que mandava que a sobrinha me desse três burricos, de quatro ou cinco que estavam em casa.

E com isto lhes contou a perda do ruço.
Consolou-o o cura, e lhe disse que, achando o fidalgo, ele lhe faria renovar a ordem; que tornasse a fazer a lembrança em papel, como era uso e costume, porque as que se faziam em livros de lembranças nunca se aceitavam nem cumpriam. Com isto se confortou Sancho, e disse que pouca freima lhe dava a ele a perda da carta para Dulcinéia, porque a sabia quase de memória, pelo que se poderia copiar aonde e quando se quisesse.

— Vá lá, Sancho, dizei-a — acudiu o barbeiro — a cópia depois se fará.

Esteve por um pouco Sancho Pança a coçar a cabeça para puxar à lembrança a carta; ora se punha sobre um pé, ora sobre outro, ora olhava para o chão, ora para o céu, e depois de ter roído metade da unha de um dedo, estando suspensos os ouvintes, disse após estiradíssima demora: 

— Valha-me Deus, senhor licenciado; se me lembra algum ponto da carta, o diabo que o leve já. Só me lembra, que no princípio dizia: Alta e soterrana senhora!

— Não havia de ser soterrana — disse o barbeiro — havia de dizer sobre-humana, ou soberana senhora.

— Tal qual — disse Sancho. — Depois, se bem me lembra — prosseguia — se bem me lembra: O chagado e falto de sono, e o ferido, beija a Vossa Mercê as mãos, ingrata e mui desconhecida formosa; e não sei que dizia de saúde e de enfermidade, que lhe enviava; e por aqui ia escorrendo, até que acabava em Vosso até à morte, o Cavaleiro da Triste Figura.

Não gostaram pouco os dois de verem a boa memória que tinha Sancho Pança, e louvaram-lha muito, e pediram-lhe que repetisse a carta mais duas vezes, para que eles igualmente de memória a tomassem, para a seu tempo se copiar.
Mais três vezes a repetiu Sancho, e outras tantas tornou a enfiar outros três mil disparates.
Da carta passou a relatar igualmente as coisas do amo; mas nem palavra que se referisse ao manteamento acontecido naquela venda em que recusava entrar. Disse também que o seu senhor, em ele lhe levando, como lhe havia de levar, boa resposta da sua senhora Dulcinéia del Toboso, se havia de pôr a caminho à procura de como se faria Imperador, ou pelo menos Monarca, que assim se tinha combinado entre ambos era coisa muito fácil, atendendo ao valor da sua pessoa e força do seu braço; e, chegando isso, o havia de casar a ele, que já a esse tempo seria viúvo com toda a certeza, e lhe havia de dar por mulher uma donzela da Imperatriz, herdeira de um rico e grande Estado de terra firme sem ilhas nem ilhos, que já disso não queria nada.
Tamanha era a serenidade com que Sancho engranzava tudo aquilo, limpando de quando em quando o nariz, e com tão pouco juízo, que os dois não cessavam de se admirar, considerando quão veemente fora o ataque de loucura de D. Quixote, pois tinha arrastado também consigo o juízo deste pobre homem. Não se quiseram cansar a tirá-lo do erro em que estava, por lhes parecer que, não indo nisso perigo para a consciência, melhor era deixarem-no lá na sua, e para eles também mais divertido ir-lhe desfrutando as tontarias. Disseram-lhe, pois, que rogasse a Deus pela saúde do fidalgo, pois era em realidade coisa muito fácil chegar pelo decurso do tempo a ser Imperador, ou pelo menos Arcebispo, ou outra dignidade equivalente. 
Ao que Sancho respondeu: 

— Senhores, se as coisas corressem por modo, que a meu amo se perdesse a vontade de ser Imperador, e antes quisesse a dignidade de Arcebispo, desejava eu agora saber que é o que costumam dar os Arcebispos andantes aos seus escudeiros.

— Costumam-lhes dar — respondeu o cura — algum benefício simples, ou de cura de almas, ou alguma sacristania de boa renda (afora o pé de altar, que se costuma avaliar no dobro).

— Para isto há de ser preciso — replicou Sancho — que o escudeiro não seja casado, e que saiba pelo menos ajudar à missa. Sendo assim, mal de mim, que sou casado, e não sei a primeira letra do A B C ! Que será de mim, se ao meu amo der na veneta ser Arcebispo e não Imperador, como é uso e costume dos cavaleiros andantes?

— Não vos mortifiqueis, amigo Sancho — disse o barbeiro — que nós rogaremos ao vosso amo, e lhe aconselharemos, chegando até a pôr lhe em caso de consciência que seja Imperador e não Arcebispo, porque até lhe é mais fácil, em razão de ser ele mais esforçado que estudante. 

 — Assim me tem parecido a mim — respondeu Sancho — mas posso dizer, sem mentir, que para tudo tem habilidade. O que eu por minha parte hei de fazer, é rogar a Nosso Senhor que o incline para a parte em que ele se aproveite mais a si, e a mim me faça melhores mercês.

— Falais como discreto — disse o cura — e obrareis como bom cristão; mas o que ao presente se deve fazer é diligenciar pôr vosso amo fora daquela escusada penitência em que nos dissestes o deixastes; e para combinarmos o que se há-de pôr em obra, e também para comermos, que já são horas, bom será que entremos na venda.

Respondeu Sancho que entrassem, que ele esperaria ali fora, e depois lhes diria a causa por que não entrava, nem lhe convinha entrar lá; mas que lhes pedia lhe mandassem vir para ali alguma coisa quente, e também cevada para o Rocinante. 
Entraram eles e o deixaram. Dali a pouco trouxe-lhe de comer o barbeiro.
Depois, tendo os dois ajustado bem o modo como haviam de conseguir o que desejavam, acudiu ao cura um pensamento muito conforme ao gosto de D. Quixote e ao que eles queriam. Disse ao barbeiro que a sua idéia era que ele se vestiria em trajo de donzela andante, e o barbeiro o melhor que pudesse em hábitos de seu escudeiro; e assim iriam aonde D. Quixote estava, fingindo ser ela uma donzela afligida e necessitada, e lhe pediria um dom que ele lhe não poderia recusar, como valoroso cavaleiro andante que era; e que o dom que tencionava pedir-lhe era que viesse com ela aonde o levasse, a reparar-lhe um agravo, que um descortês cavaleiro lhe havia feito; e igualmente lhe suplicava que lhe não mandasse tirar a máscara, nem lhe perguntasse nada dos seus particulares, antes de a ter vingado daquele mau cavaleiro; que tivesse por sem dúvida que D. Quixote estaria por tudo quanto nestes termos a donzela lhe pedisse, e deste modo o tirariam dali, e o levariam ao seu lugar, e lá se veria que remédio se poderia dar à sua estranha loucura.  

continua página 157...

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D. Quixote - Cervantes Vol 1 - Prólogo
D. Quixote - Cervantes Vol 1 - Ao Livro de D. Quixote de la Mancha
D. Quixote - Cervantes Vol 1 - 1ª Parte L1 Capitulo I
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D. Quixote - Cervantes Vol 1 - 1ª Parte L3 Capitulo XXVI
D. Quixote - Cervantes Vol 1 - 1ª Parte L3 Capitulo XXVII
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D. QUIXOTE 
VOL. I 
Cervantes 
D. Quixote de La Mancha — Primeira Parte 
(1605) 
Miguel de Cervantes [Saavedra] 
(1547-1616)
Tradução: 
Francisco Lopes de Azevedo Velho de Fonseca Barbosa Pinheiro Pereira e Sá Coelho (1809- 1876) Conde de Azevedo 
Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875) 
Visconde de Castilho
Edição 
eBooksBrasil www.ebooksbrasil.com 
Versão para eBook 
eBooksBrasil.com 
Fonte Digital 
Digitalização da edição em papel de Clássicos Jackson, Vol. VIII Inclusões das partes faltantes confrontadas com a edição em espanhol da eBooksBrasil.com 
(1999, 2005)
Copyright 
Autor: 1605, 2005 Miguel de Cervantes 
Tradução Francisco Lopes de Azevedo Velho de Fonseca Barbosa Pinheiro Pereira e Sá Coelho 
António Feliciano de Castilho 
Capa: Honoré-Victorin Daumier (1808-1879) 
Retrato de Cervantes: Eduardo Balaca (1840-1914) 
Edição: 2005 eBooksBrasil.com

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