mulheres descalças
chegô no piano
Ensaio 127Bv – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
os dois seguia desencostado e parecia qui assim ia sê sempre, deitada pra durumí abandonada, usóio acordado pra zaranzá pra lá e cá, sem febre e sem vontade de se curá
os pecado da carne ia continuá na quietação do ânimo, ausência de guerra na mudez, só nos pensamento – único lugá sem gabação, sem rebaixamento, sem incomodação, lugá seguro de brincá –, os peito inchando na indiferença e com paciência resfriando os pano da cama, a vozeria qui faz o curação ficá divertido, interessado, manso, cuidadoso e jeitoso se perdendo no toque de recolhê pru sossego qui num fala, num faz confusão
descuidado e desapegado das paixão da vida o curação fica aborrecido, briguento, desarrumado, descuidado e deselegante
só fica no curação desarrumado da vida as vaidade da teimosia sem entendimento, num é bão vivê assim tão desmemoriado dos caminho quentinho dos pano da cama
as erva, as planta e os chá tem a sua serventia, mais num tem cura maió qui a cura pelas mão, pela voz adocicada do amô e os usóio abarrotado da rijura do tesão
às veiz, ocê fica tão sozinha qui inté faz sentido se confortá com as própria mão – muda e com medo –, é um alívio de munta validade, mais é bão tê cuidado pra num tropeçá no desdém e se acomodá com o descaso entediado das mão, se deixá elas fica muntu interessada de ajudá
o curação precisa bem mais qui as própria mão, ele precisa das mão qui brinca como se estivesse escrevendo poesia, flutuando os dedo pelos rio e as curva dos monte, desenhando pequenos desenho nas virilha, queimando, afogando e se desculpando com mais desenho e verso com a língua
o curação com poesia serve a pele do corpo pras mão qui canta enquanto as parede sobe e desce exausta, feliz e abraçada
Ela gosta mais do piano do que se preparar para agarrar um marido, esse foi otro susto com as palavra solta da sua rosinha
num pode evitá a cara espantada qui fez pra sua muié, oiava pra ela sentada naquele vazio de boneca de pano, O que ela quer mais? Não lava roupa, não lava louça e tem um negra para mandar... vive solta pela casa. Meu Deus, o que essa mulher quer mais?
e pela primêra veiz, quase se pruguntô – mais foi coisa de duração pouca – se a dona rosinha algum dia quis sê uma esposa como deve sê uma esposa de verdade
mais num se pruguntô, quando se tem medo da resposta e falta valentia é bão num pruguntá, É melhor deixar tudo sereno, parô aqui com a compaixão e subiu a presunção de querê parecê mais duqui tem sido a sua vida toda, o siô augusto num retrucô dona rosinha, no seu modo divê, a sua dona de casa precisava um qui otro ajuste qui ele num tava interessado em fazê logo
a mãezinha sentiu o gosto doce do desacato
em legítima defesa avançô empunhando as arma das palavra, Foi o Paizinho que colocou esse gosto na menina, ele voltô ficá de boca aberta, num tava acostumado tê tanta conversa com dona rosinha – e com dona rosinha falando –, o tempo ajuda acostumá e desacostumá com as coisa boa, e tumbém as coisa ruim
no caso dos dois, é tão pouca conversa mole qui eles num tem muntu acerto de conta – ela cuida da casa, ele cuida de tudo –, entre os dois num teve o costume de jogá conversa fora um com otro, e como já num teve o costume da conversa, desde o começo dos entendimento de comprá e sê vendida – num teve namoro, num teve pedido, só um recibo de compra e venda –, o siô augusto num vê necessidade ditê uqui nunca foi preciso tê
pra dona rosinha foi uma mudança mole, lenta e avantajada qui ficô com mais gosto quando arredondô da barriga e o siô augusto comprô a antônia pra uso na casa – uma preta já feita e acostumada pra serví, pronta pra uso e qui num disputava em formosura as graça e os capricho na cama do siô augusto –, foi quando passô de propriedade pra uso e fruto do marido pra uma meió adequação, dona de pretu, É assim mesmo, a vida tira e a vida dá. O melhor remédio é agradecer à Deus Nosso Senhor pela sua misericórdia e aproveitar as oportunidades.
e quanto mais tempo foi se passando e mais longe eles foi ficando do começo silencioso mais o muro das palavra num dita foi subindo
o siô augusto num tava entendendo nada daquela novidade, dona rosinha falando em voz alta, sendo indelicada, sem remorso pela ofensa solta, empurrando as palavra nos seus ouvido, E agora isso, a parasita destravando as palavras, destapando o pensamento fraco dela. Esse não é um comportamento digno de elogio. Eu conheço o roteiro dessa história, depois do arrependimento virá solicitar compaixão e me propor o duelo da reconciliação nos panos da cama. Estou surpreso com a Dona Rosinha, ela parecia sempre estar mais dormindo do que viva. Não abria os olhos nem quando lhe forçava as intimidades do homem na sua mulher. Parece que a parasita dorminhoca acordou falando.
num sabia dizê pruqui isso lhe dava um prazê ressentido, uma comichão nas vontade da virilha, tudo tem seu preço, mais tumbém fez ele se acordá prum perigo qui num chegava sê uma ameaça, dona rosinha tava falando além do próprio costume, isso podia dá impressão de arrogância, indício de ingratidão
virô as costa, A dona Rosinha está brincando com a própria vida. Tem coisa que um homem não pode deixar passar.
num ia deixá aparecê pra muié a desorientação qui tava, cambaleô inté o piano sem vontade de caminhá, foi o jeito qui encontrô pra se afastá das novidade de num tê as palavra pra revidá e encerrá aquele assunto como dono de tudo, precisava resistí, Afinal, a minha filhinha gostar de música não pode ser empecilho para arranjar um bom marido. Gostar de música é coisa de mulher bem educada. Calma, Augusto, calma. Ainda não chegou o tempo do poste mijar no cachorro e, se depender de mim, nunca vai chegar.
por enquanto ia resistí sem muntu grito, o copo ainda num tava cheio, bastava fechá a cara e mostrá o azedume dusóio, era uma arte rude e muda duseu jeito de dizê, Não quero! Não é possível! Não posso! Não sei! Vai à merda! Foda-se!
os dois tinha uma vida de sombra sem risada qui inté podia tê apetite, mais ele num sabia vê, e assim, ele vivia o drama de durumí cusóio aberto
a vida sem gosto num cria nem se encanta, só destrói, fecha os braço e num abraça nem ela mesma
chegô no piano
____________________
histórias de avoinha: Toque, minha filha.
histórias de avoinha: Onde está a gaiola do Venuto?
histórias de avoinha: Deus te abençoe, minha filha
histórias de avoinha: um corpo febrento e para sempre culpada
histórias de avoinha: a dança dos dedo
histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
histórias de avoinha: um império invisível
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a vaga de marido
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
chegô no piano
Ensaio 127Bv – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
os dois seguia desencostado e parecia qui assim ia sê sempre, deitada pra durumí abandonada, usóio acordado pra zaranzá pra lá e cá, sem febre e sem vontade de se curá
os pecado da carne ia continuá na quietação do ânimo, ausência de guerra na mudez, só nos pensamento – único lugá sem gabação, sem rebaixamento, sem incomodação, lugá seguro de brincá –, os peito inchando na indiferença e com paciência resfriando os pano da cama, a vozeria qui faz o curação ficá divertido, interessado, manso, cuidadoso e jeitoso se perdendo no toque de recolhê pru sossego qui num fala, num faz confusão
descuidado e desapegado das paixão da vida o curação fica aborrecido, briguento, desarrumado, descuidado e deselegante
só fica no curação desarrumado da vida as vaidade da teimosia sem entendimento, num é bão vivê assim tão desmemoriado dos caminho quentinho dos pano da cama
as erva, as planta e os chá tem a sua serventia, mais num tem cura maió qui a cura pelas mão, pela voz adocicada do amô e os usóio abarrotado da rijura do tesão
às veiz, ocê fica tão sozinha qui inté faz sentido se confortá com as própria mão – muda e com medo –, é um alívio de munta validade, mais é bão tê cuidado pra num tropeçá no desdém e se acomodá com o descaso entediado das mão, se deixá elas fica muntu interessada de ajudá
o curação precisa bem mais qui as própria mão, ele precisa das mão qui brinca como se estivesse escrevendo poesia, flutuando os dedo pelos rio e as curva dos monte, desenhando pequenos desenho nas virilha, queimando, afogando e se desculpando com mais desenho e verso com a língua
o curação com poesia serve a pele do corpo pras mão qui canta enquanto as parede sobe e desce exausta, feliz e abraçada
Ela gosta mais do piano do que se preparar para agarrar um marido, esse foi otro susto com as palavra solta da sua rosinha
num pode evitá a cara espantada qui fez pra sua muié, oiava pra ela sentada naquele vazio de boneca de pano, O que ela quer mais? Não lava roupa, não lava louça e tem um negra para mandar... vive solta pela casa. Meu Deus, o que essa mulher quer mais?
e pela primêra veiz, quase se pruguntô – mais foi coisa de duração pouca – se a dona rosinha algum dia quis sê uma esposa como deve sê uma esposa de verdade
mais num se pruguntô, quando se tem medo da resposta e falta valentia é bão num pruguntá, É melhor deixar tudo sereno, parô aqui com a compaixão e subiu a presunção de querê parecê mais duqui tem sido a sua vida toda, o siô augusto num retrucô dona rosinha, no seu modo divê, a sua dona de casa precisava um qui otro ajuste qui ele num tava interessado em fazê logo
a mãezinha sentiu o gosto doce do desacato
em legítima defesa avançô empunhando as arma das palavra, Foi o Paizinho que colocou esse gosto na menina, ele voltô ficá de boca aberta, num tava acostumado tê tanta conversa com dona rosinha – e com dona rosinha falando –, o tempo ajuda acostumá e desacostumá com as coisa boa, e tumbém as coisa ruim
no caso dos dois, é tão pouca conversa mole qui eles num tem muntu acerto de conta – ela cuida da casa, ele cuida de tudo –, entre os dois num teve o costume de jogá conversa fora um com otro, e como já num teve o costume da conversa, desde o começo dos entendimento de comprá e sê vendida – num teve namoro, num teve pedido, só um recibo de compra e venda –, o siô augusto num vê necessidade ditê uqui nunca foi preciso tê
pra dona rosinha foi uma mudança mole, lenta e avantajada qui ficô com mais gosto quando arredondô da barriga e o siô augusto comprô a antônia pra uso na casa – uma preta já feita e acostumada pra serví, pronta pra uso e qui num disputava em formosura as graça e os capricho na cama do siô augusto –, foi quando passô de propriedade pra uso e fruto do marido pra uma meió adequação, dona de pretu, É assim mesmo, a vida tira e a vida dá. O melhor remédio é agradecer à Deus Nosso Senhor pela sua misericórdia e aproveitar as oportunidades.
e quanto mais tempo foi se passando e mais longe eles foi ficando do começo silencioso mais o muro das palavra num dita foi subindo
o siô augusto num tava entendendo nada daquela novidade, dona rosinha falando em voz alta, sendo indelicada, sem remorso pela ofensa solta, empurrando as palavra nos seus ouvido, E agora isso, a parasita destravando as palavras, destapando o pensamento fraco dela. Esse não é um comportamento digno de elogio. Eu conheço o roteiro dessa história, depois do arrependimento virá solicitar compaixão e me propor o duelo da reconciliação nos panos da cama. Estou surpreso com a Dona Rosinha, ela parecia sempre estar mais dormindo do que viva. Não abria os olhos nem quando lhe forçava as intimidades do homem na sua mulher. Parece que a parasita dorminhoca acordou falando.
num sabia dizê pruqui isso lhe dava um prazê ressentido, uma comichão nas vontade da virilha, tudo tem seu preço, mais tumbém fez ele se acordá prum perigo qui num chegava sê uma ameaça, dona rosinha tava falando além do próprio costume, isso podia dá impressão de arrogância, indício de ingratidão
virô as costa, A dona Rosinha está brincando com a própria vida. Tem coisa que um homem não pode deixar passar.
num ia deixá aparecê pra muié a desorientação qui tava, cambaleô inté o piano sem vontade de caminhá, foi o jeito qui encontrô pra se afastá das novidade de num tê as palavra pra revidá e encerrá aquele assunto como dono de tudo, precisava resistí, Afinal, a minha filhinha gostar de música não pode ser empecilho para arranjar um bom marido. Gostar de música é coisa de mulher bem educada. Calma, Augusto, calma. Ainda não chegou o tempo do poste mijar no cachorro e, se depender de mim, nunca vai chegar.
por enquanto ia resistí sem muntu grito, o copo ainda num tava cheio, bastava fechá a cara e mostrá o azedume dusóio, era uma arte rude e muda duseu jeito de dizê, Não quero! Não é possível! Não posso! Não sei! Vai à merda! Foda-se!
os dois tinha uma vida de sombra sem risada qui inté podia tê apetite, mais ele num sabia vê, e assim, ele vivia o drama de durumí cusóio aberto
a vida sem gosto num cria nem se encanta, só destrói, fecha os braço e num abraça nem ela mesma
chegô no piano
____________________
Leia também:
histórias de avoinha: Toque, minha filha.
histórias de avoinha: Onde está a gaiola do Venuto?
histórias de avoinha: Deus te abençoe, minha filha
histórias de avoinha: um corpo febrento e para sempre culpada
histórias de avoinha: a dança dos dedo
histórias de avoinha: os pé e as bota de garrão
histórias de avoinha: Oh!... prugunta pra todas criança
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
Nenhum comentário:
Postar um comentário