quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

O Sol é para todos: 1ª Parte (5)

Harper Lee

O Sol é para todos


Para o sr. Lee e Alice, em retribuição ao amor e afeto


Os advogados, suponho, um dia foram crianças.
CHARLES LAMB



PRIMEIRA PARTE

5

Como eu esperava, eu o importunei tanto que Jem acabou concordando comigo e paramos com a brincadeira por um tempo, mas ele continuou dizendo que Atticus não tinha proibido nada e, portanto, podíamos continuar. E se papai proibisse, Jem tinha uma saída: mudaria os nomes dos personagens e assim não poderíamos ser acusados de nada.
Dill aceitou sem ressalvas esse plano de ação. Ele estava ficando um chato, sempre atrás de Jem. No início do verão, me pediu em casamento e logo esqueceu. Ele estabeleceu seus direitos sobre mim, dizia que eu era dele e que jamais ia gostar de outra garota, depois me deixou de lado. Bati nele duas vezes, mas não adiantou, só serviu para aproximá-lo ainda mais de Jem. Os dois passavam dias enfiados na casa da árvore, tramando e planejando, e só me chamavam quando precisavam de mais um personagem. Por um tempo, me recusei a participar das brincadeiras mais imprudentes deles e, correndo o risco de ser chamada de garotinha, passei quase todos os entardeceres do resto do verão sentada com a srta. Maudie Atkinson na varanda da casa dela.
Jem e eu sempre tivemos permissão para brincar à vontade no quintal da srta. Maudie, desde que ficássemos longe das azáleas, mas nossa relação com ela não estava muito definida. Até Jem e Dill me excluírem das brincadeiras, ela era apenas mais uma das mulheres do bairro, apesar de relativamente agradável.
Tínhamos um acordo tácito com ela: podíamos brincar no gramado e comer uvas desde que não subíssemos na parreira, além de podermos explorar o enorme terreno. Essas condições eram tão generosas que quase não falávamos com a srta. Maudie, tal a nossa preocupação em preservar o delicado equilíbrio da relação. Mas o comportamento de Jem e Dill fez com que eu me aproximasse dela.
A srta. Maudie não gostava da casa: ficar lá dentro era desperdício de tempo. Ela era viúva, uma camaleoa que de manhã cuidava dos canteiros de flores usando um velho chapéu de palha e um macacão masculino, mas após o banho das cinco da tarde ia para a varanda e reinava sobre a rua com uma beleza imponente.
Ela amava tudo o que a terra do Senhor produzia, até as ervas-daninhas. Com uma exceção: se encontrava uma folhinha de tiririca no jardim, ocorria uma cena semelhante à Segunda Batalha do Marne. Cobria a planta com um balde, depois a atacava por baixo com uma substância tão venenosa que, segundo dizia, nos mataria a todos se não saíssemos de perto.

— Por que a senhora não arranca o matinho, simplesmente? — perguntei, depois de presenciar o renhido ataque a um capim que não chegava a dez centímetros de altura.

— Arrancar, menina? Arrancar? — Ela arrancou o capim e apertou seu caule fino: grãos mínimos saltaram. — Ora, uma única tiririca pode acabar com um jardim inteiro. Olha aqui. Quando chega o outono, o capim seca e o vento espalha as sementes por todo o condado de Maycomb! — Pela expressão da srta. Maudie, dava para perceber que, para ela, aquilo era como uma das pragas do Antigo Testamento.

Ela usava uma linguagem vivaz para uma moradora de Maycomb. Chamava todos nós pelo nome e quando sorria mostrava dois minúsculos grampos de ouro nos caninos. Quando elogiei os grampos e disse que um dia gostaria de ter uns iguais, ela disse: “Olha só.” E com um estalar da língua, tirou a ponte móvel, um gesto cordial que cimentou a nossa amizade.
A bondade dela se estendia a Jem e Dill sempre que eles davam uma pausa nas atividades e nós três colhíamos as benesses de um talento que até então ignorávamos: a srta. Maudie fazia os melhores bolos da vizinhança. Depois que passamos a confiar nela, toda vez que fazia um bolo assava mais três bolos pequenos e chamava:

— Jem Finch, Scout Finch, Charles Baker Harris, venham!

Nossa presteza era sempre recompensada.
No verão, os entardeceres são longos e calmos; em geral, nós duas ficávamos sentadas em silêncio na varanda, vendo o céu passar de amarelo a rosa enquanto o sol se punha e os bandos de andorinhas sobrevoavam a vizinhança, sumindo atrás do telhado da escola.

— Srta. Maudie, a senhorita acha que Boo Radley ainda está vivo? — perguntei uma tarde.

— Ele se chama Arthur e está vivo — ela respondeu. Estava se balançando lentamente na grande cadeira de carvalho. — Sente o perfume das minhas mimosas? Parecem o hálito dos anjos esta tarde.

— É mesmo. Como a senhora sabe?

— Como eu sei o que, filha?

— Que B… que o sr. Arthur ainda está vivo?

— Que pergunta mórbida. Mas acho que o tema é mórbido. Sei que está vivo, Jean Louise, porque ainda não vi o corpo ser carregado num caixão.

— Vai ver que ele morreu e enfiaram o corpo na chaminé.

— De onde você tirou essa ideia?

— Foi o que Jem disse que achava que tinham feito.

— Ah... Jem está cada dia mais parecido com Jack Finch.

A srta. Maudie conhecia tio Jack, irmão de Atticus, desde criança. Eram quase da mesma idade e cresceram juntos em Finch’s Landing. Ela era filha de um dono de terras da região, o dr. Frank Buford, médico de profissão, mas obcecado por tudo o que a terra produzia, de forma que continuou pobre. O tio Jack restringia sua paixão pela terra a cuidar da jardineira em sua janela em Nashville e ficou rico. Nós o víamos todo Natal e todo ano ele perguntava para a srta. Maudie, aos berros do outro lado da rua, se ela queria se casar com ele. Ela então respondia, também aos berros:

— Fale um pouco mais alto, Jack Finch, para ver se te ouvem na agência do correio, porque eu ainda não ouvi direito!

Jem e eu achávamos que esse era um jeito estranho de pedir a mão de uma moça, mas tio Jack era um bocado estranho. Ele dizia que estava tentando tirá-la do sério, que havia quarenta anos tentava inutilmente, que era o último homem no mundo com quem ela pensaria em se casar mas a primeira pessoa que ela pensava em provocar, e a melhor defesa era levar na brincadeira, e nós entendíamos tudo aquilo muito bem.

— Arthur Radley apenas não sai de casa, só isso. Você não ficaria em casa, se não quisesse sair? — perguntou ela.

— Sim, mas eu gosto de sair. Por que ele não gosta?

Ela estreitou os olhos.

— Você conhece a história tão bem quanto eu.

— Mas eu nunca soube a razão. Ninguém nunca me contou a razão.

A srta. Maudie ajeitou a ponte móvel na boca.

— Você sabe que o velho sr. Radley é um batista lava-pés…

— A senhora também é, não?

— Sou, mas não tão radical, filha. Sou apenas batista.

— Todos os batistas não fazem o lava-pés?

— Fazemos. Em casa, na banheira.

— Mas nós não podemos comungar junto com vocês…

Aparentemente decidindo que era mais fácil definir os princípios da igreja batista do que a comunhão de todos os credos, ela disse:

— Os batistas ortodoxos acreditam que todo prazer é pecado. Sabia que, num sábado, uns batistas saíram do mato, passaram por aqui e me disseram que eu e minhas flores vamos para o inferno?

— As suas flores também?

— Exatamente. Iam queimar comigo no fogo do inferno. Eles achavam que eu ficava muito tempo aqui fora no jardim e pouco tempo em casa lendo a Bíblia.

Ao pensar na srta. Maudie queimando para sempre nas chamas do inferno protestante, minha confiança no Evangelho pregado do púlpito diminuiu. É verdade que ela tinha uma língua afiada e não ficava praticando o bem pela vizinhança como a srta. Stephanie Crawford. Mas enquanto ninguém com um pingo de bom senso confiava na srta. Stephanie, Jem e eu confiávamos muito na srta. Maudie. Ela nunca nos dedurou, nunca nos perseguiu nem teve qualquer interesse pela nossa vida pessoal. Era nossa amiga. Não dava para entender como uma pessoa tão razoável podia correr o risco de um castigo eterno.

— Isso não está certo, srta. Maudie. A senhorita é a melhor pessoa que eu conheço.

Ela sorriu.

— Obrigada, querida. O fato é que os batistas ortodoxos acham que as mulheres são, por definição, a encarnação do pecado. Levam a Bíblia ao pé da letra.

— Então é por isso que o sr. Arthur não sai de casa, para ficar longe das mulheres?

— Não faço ideia.

— Pois eu acho que não faz sentido. Na minha opinião, se ele quisesse muito ir para o céu, podia pelo menos ir até a varanda. Atticus diz que Deus ama as pessoas como cada um ama a si mesmo…

Ela parou de balançar e falou com uma voz mais dura:

— Você é muito jovem para entender isso, mas às vezes a Bíblia na mão de um determinado homem é pior do que uma garrafa de uísque na mão de… ah, do seu pai.

Fiquei pasma.

— Atticus não bebe uísque. Nunca tomou uma gota na vida. Quer dizer, ele disse que bebeu uma vez e não gostou.

Ela riu.

— Eu não estava falando do seu pai. O que eu quis dizer foi que, mesmo se Atticus Finch bebesse até cair, não seria tão cruel quanto alguns homens mesmo quando estão completamente sóbrios. Tem gente que… se preocupa tanto com o outro mundo que não sabe viver nesse aqui, basta olhar na rua e ver o resultado.

— A senhorita acha que é verdade tudo o que falam sobre B..., quer dizer, sobre o sr. Arthur?

— O que falam?

Contei.

— Isso é três quartos invenção dos pretos e um quarto invenção de Stephanie Crawford — disse ela, contrariada. — Uma vez, Stephanie chegou a me dizer que acordou no meio da noite e o viu olhando para ela pela janela. Então eu perguntei: “E o que você fez, Stephanie, chegou para o lado e deu espaço para ele na cama?” E isso calou a boca daquela mulher por algum tempo.

Aposto que sim. A voz da srta. Maudie já bastava para fazer qualquer um calar a boca.

— Não acredito nos boatos, filha — ela acrescentou. — Aquela é uma casa triste. Lembro-me de Arthur Radley quando menino. Sempre foi educado, não importava o que as pessoas dissessem sobre ele. Era o mais delicado que podia.

— A senhora acha que ele é maluco?

Ela balançou a cabeça.

— Se não era, deve ter ficado. Nunca sabemos como realmente vivem as pessoas. O que acontece por trás das portas fechadas, os segredos…

— Atticus nunca faz nada comigo e com Jem dentro de casa que não faça no jardim — comuniquei, achando que tinha a obrigação de defender meu pai.

— Minha querida, eu estava falando por falar, nem pensei no seu pai, mas já que você falou, vou dizer o seguinte: Atticus Finch é a mesma pessoa dentro e fora de casa. — Mudando de assunto, ela me perguntou:

— Quer levar para casa uma fatia de bolo que acabou de sair do forno?

Eu queria muito.


Na manhã seguinte, quando acordei, Jem e Dill estavam no maior papo no quintal. Fui até lá e eles me mandaram ir embora, como sempre.

— Não vou. Esse quintal é tão meu quanto seu, Jem Finch. Tenho o mesmo direito de brincar nele que você.

Dill e Jem conversaram um instante e concluíram:

— Se ficar, vai ter de fazer o que nós mandarmos — avisou Dill.

— Olha só quem de repente ficou todo importante e poderoso.

— Se não concordar em fazer o que mandarmos, não vamos contar nada — acrescentou Dill.

— Até parece que você cresceu vinte centímetros durante a noite! Tudo bem, então conta.

Jem disse, plácido:

— Vamos entregar um bilhete para Boo Radley.

— Mas como? — Eu estava tentando controlar o pavor súbito que foi crescendo dentro de mim. Não tinha problema a srta. Maudie falar em Boo, ela era adulta e estava segura na varanda dela. Mas conosco era diferente.

Jem ia simplesmente colocar o bilhete na ponta de uma vara de pescar e enfiar pela veneziana. Se alguém aparecesse, Dill tocaria um sinete avisando.
Dill levantou a mão direita, mostrando o sinete de prata que minha mãe usava para avisar que a comida estava pronta.

— Vou pela lateral da casa — acrescentou Jem. — Ontem, olhamos do outro lado da rua e vimos que tem uma veneziana meio solta. Acho que consigo ao menos colocar o bilhete no peitoril.

— Jem…

— Agora você sabe e não pode cair fora!

— Está bem, mas não quero vigiar. Jem, alguém…

— Vai vigiar sim, vai cuidar dos fundos do terreno enquanto Dill cuida da frente da casa, e se alguém aparecer, ele toca o sinete. Certo?

— Certo. O que vocês escreveram no bilhete?

Dill respondeu:

— Pedimos educadamente para ele aparecer de vez em quando e contar o que faz lá dentro… Dissemos que não vamos machucá-lo e que vamos comprar um sorvete para ele.

— Vocês estão malucos, ele vai matar a gente!

Dill ponderou:

— Foi ideia minha. Acho que, se ele sair e bater um papo com a gente, vai se sentir melhor.

— Como sabe que ele não se sente bem?

— Como você se sentiria se ficasse fechada em casa durante cem anos, comendo só gatos? Aposto que ele tem uma barba comprida até aqui…

— Como a do seu pai?

— Meu pai não usa barba, ele… — Dill parou, como se tentasse lembrar.

— Rá-rá, peguei você. Você falou que veio de trem e que seu pai tinha barba preta… — eu disse.

— Se quer saber, ele raspou a barba no verão passado! Isso mesmo, e tenho a carta para provar, ele mandou junto dois dólares para mim!

— Continue… Aposto que ele mandou até um uniforme da polícia montada! Ele nunca apareceu, não foi? Você diz cada mentira, garoto…

Dill Harris era capaz de contar as maiores mentiras que eu já tinha ouvido. Entre outras, ele tinha voado dezessete vezes em um avião do correio aéreo, tinha visitado a Nova Escócia, tinha visto um elefante e era neto do general brigadeiro Joe Wheeler, de quem herdou a espada.

— Quietos, vocês — mandou Jem. Ele se enfiou debaixo da casa e voltou com uma vara de bambu amarela. — Acham que essa vara alcança a janela?

— Quem teve coragem de subir lá e tocar na casa não precisa de uma vara de pescar — ponderei. — Por que você não bate na porta?

— Isso… é... diferente. Quantas vezes tenho de dizer? — retrucou Jem.

Dill tirou um pedaço de papel do bolso e entregou a Jem. Nós três seguimos com cautela até a velha casa. Dill ficou ao lado do poste, enquanto Jem e eu fomos pela lateral da casa. Segui atrás de Jem e parei onde podia ver a curva da rua.

— Está tudo vazio. Nem sombra de gente — avisei.

Jem olhou para Dill na calçada, que concordou com a cabeça.
Jem prendeu o bilhete na ponta da vara e passou-a por cima do pátio em direção à janela que tinha escolhido. Faltaram vários centímetros para a vara chegar à janela e Jem se esticou o máximo que pôde por cima da cerca. Ficou tanto tempo tentando, que larguei meu posto e fui até lá.

— Não consigo soltar o bilhete da vara — ele resmungou —, e quando consigo, ele não para na janela. Volte para o seu lugar, Scout.

Voltei, olhei a esquina, a rua estava vazia. De vez em quando, eu olhava de novo para Jem, que tentava pacientemente colocar o bilhete no peitoril. O papel voava para o chão e Jem o pescava até que me ocorreu que, se o bilhete chegasse às mãos de Boo Radley, ele não ia conseguir ler o que estava escrito. Eu estava olhando para a rua quando ouvi o sinete.
Endireitei os ombros e me virei, pronta para dar de cara com Boo Radley e seus caninos sangrentos. Em vez disso, vi Atticus diante de Dill, que tocava o sinete com toda a força.
Jem parecia tão abatido que não tive coragem de dizer que eu tinha avisado. Veio andando devagar, arrastando a vara pela calçada.

— Pare de tocar esse sinete — ordenou Atticus.

Dill segurou o badalo e, no silêncio que se seguiu, tive vontade de que ele voltasse a tocar. Atticus empurrou o chapéu para trás e pôs as mãos na cintura.

— Jem, o que você estava fazendo?

— Nada, pai.

— Não venha com essa. Conte.

— Eu estava… nós estávamos só querendo entregar uma coisa para o sr. Radley.

— O que era?

— Um bilhete, só isso.

— Deixe-me ver.

Jem estendeu um pedaço de papel sujo. Atticus pegou e começou a ler.

— Por que vocês querem que o Sr. Radley saia de casa?

Dill respondeu:

— Achamos que ele ia gostar de conhecer a gente… — E emudeceu quando Atticus olhou para ele.

— Filho — disse Atticus para Jem —, vou falar só uma vez: pare de atormentar esse homem. Isso vale para vocês dois também.

O que o sr. Radley fazia era problema dele. Se quisesse sair de casa, sairia. Se quisesse ficar lá dentro, tinha todo o direito de ficar, sem ser incomodado por crianças intrometidas, o que era uma maneira gentil de se referir a pestes como nós. O que acharíamos se Atticus entrasse no nosso quarto à noite sem bater? Na verdade, era isso que estávamos fazendo com o sr. Radley. Podíamos estranhar o comportamento dele, mas ele podia achar aquilo normal. Além disso, nunca nos ocorreu que a maneira civilizada de se comunicar com os outros era pela porta da frente e não por uma janela lateral? Para terminar: era para ficarmos longe daquela casa até sermos convidados para ir lá, não devíamos continuar com aquela brincadeira besta que ele tinha visto no outro dia, nem fazer troça de ninguém naquela rua ou naquela cidade…

— Não estávamos fazendo troça, nem rindo dele, só estávamos… — começou Jem.

— Então era isso que estavam fazendo, não era?

— Rindo dele?

— Não — disse Atticus —, expondo a história dele para todos da vizinhança.

Jem pareceu inchar um pouco.

— Eu não disse que estávamos fazendo isso! Eu não disse!

Atticus abriu um sorriso seco.

— Você acabou de dizer. Parem já com essa bobagem, todos vocês — ele mandou.

Jem ficou boquiaberto.

— Você quer ser advogado, não quer?

A boca do nosso pai estava estranhamente dura, como se ele estivesse tentando conter algo.
Jem percebeu que não adiantava discutir e calou-se. Quando Atticus entrou em casa para pegar a pasta que tinha esquecido de levar para o trabalho naquela manhã, Jem finalmente percebeu que tinha sido derrotado pelo truque de advogado mais antigo que existia. Esperou a uma boa distância da escada, viu Atticus sair de casa e rumar para a cidade. Quando não dava mais para nosso pai ouvir, berrou:

— Eu queria ser advogado, mas acho que desisti!


continua página 040...
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Leia também:

O Sol é para todos: 1ª Parte (5)
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Copyright © 1960 by Harper Lee, renovado em 1988 
Copyright da tradução © José Olympio
Título do original em inglês 
TO KILL A MOCKINGBIRD 

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Um dos romances mais adorados de todos os tempos, O sol é para todos conta a história de duas crianças no árido terreno sulista norte-americano da Grande Depressão no início dos anos 1930. Jem e Scout Fincher testemunham a ignorância e o preconceito em sua cidade, Maycomb – símbolo dos conservadores estados do sul dos EUA, empobrecidos pela crise econômica, agravante do clima de tensão social. A esperta e sensível Scout, narradora da trama, e Jem, seu irmão mais velho, são filhos do advogado Atticus Finch, encarregado de defender Tom Robinson, um homem negro acusado de estuprar uma jovem branca. Mas não é só nessa acusação e no julgamento de Robinson que os irmãos percebem o racismo do pequeno município do Alabama onde moram. Nos três anos em que se passa a narrativa, deparam-se com diversas situações em que negros e brancos se confrontam. Ao longo do livro, os dois irmãos e seu pequeno amigo de férias, Dill, passam por tensas aventuras, grandes surpresas e importantes descobertas. Nos episódios vividos ao lado de personagens cativantes, como Calpúrnia, Boo Radley e Dolphus Raymond, aprendem e ensinam sobre a empatia, a tolerância, o respeito ao próximo e a necessidade de se estar sempre aberto a novas idéias e perspectivas. O sol é para todos é o único livro de Harper Lee. Sucesso instantâneo de vendas nos EUA, que se tornou um grande best-seller mundial. Recebeu muitos prêmios desde sua publicação, em 1960, entre eles, o Pulitzer. Traduzido em 40 idiomas, vendeu mais de 30 milhões de exemplares em todo o mundo e, em 1962, foi levado às telas com Gregory Peck – ganhador do Oscar por sua interpretação de Atticus Finch – Brock Peters, Robert Duvall e outros. O Librarian Journal dos EUA deu sua maior honraria à história elegendo-a o melhor romance do século XX. Em 2006, uma pesquisa na Inglaterra colocou O sol é para todos no primeiro lugar da lista de livros mais importantes, seguido da Bíblia e de O senhor dos anéis, de J. R. R. Tokien. Também entrou para a lista da Time Magazine dos Cem Melhores Romances de Todos os Tempos.

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