Mulheres
Eduardo Galeano
017.
A ESTAÇÃO
Achával vivia longe, a mais de uma hora de Buenos Aires. Não gostava de esticar a noite na cidade, porque era triste a madrugada solitária no trem.
Todas as manhãs Acha subia no trem das nove para ir trabalhar. Subia sempre no mesmo vagão e se sentava no mesmo lugar.
Na sua frente viajava uma mulher. Todos os dias, às nove e vinte e cinco, essa mulher descia por um minuto numa estação, sempre a mesma, onde um homem a esperava parado sempre no mesmo lugar. A mulher e o homem se abraçavam e se beijavam até que soava o sinal. Então ela se soltava e voltava ao trem.
Essa mulher se sentava em frente, mas Acha nunca ouviu sua voz.
Uma manhã ela não veio e às nove e vinte e cinco Acha viu, pela janela, o homem esperando na plataforma. Ela não veio nunca mais. Depois de uma semana, também o homem desapareceu.
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Galeano, Eduardo, 1940-
Mulheres / Eduardo Galeano; tradução de Eric Nepomuceno.
1. Ficção uruguaia- Crônicas. I. Título. II. Série._________________
Leia também:
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Sarau... Mulheres: A Estação (Eduardo Galeano)
pag 025...
El arte de dibujarte
En algún lecho del golfo de Corinto, una mujer contempla, a la luz del fuego, el perfil de su amante dormido.
En la pared, se refleja la sombra.
El amante, que yace a su lado, se irá. Al amanecer se irá a la guerra, se irá a la muerte. Y también la sombra, su compañera de viaje, se irá con él y con él morirá.
Es noche todavía. La mujer recoge un tizón entre las brasas y dibuja, en la pared, el contorno de la sombra.
Esos trazos no se irán.
No la abrazarán, y ella lo sabe. Pero no se irán.
pag 018...
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