Machado de Assis
CAPÍTULO LXIX / Um grão de sandice
Este caso faz-me lembrar um doido que conheci. Chamava-se Romualdo e dizia ser Tamerlão. Era a sua grande e única mania, e tinha uma curiosa maneira de a explicar.
— Eu sou o ilustre Tamerlão, dizia ele. Outrora fui Romualdo, mas adoeci, e tomei tanto tártaro, tanto tártaro, tanto tártaro, tanto tártaro, que fiquei Tártaro, e até rei dos Tártaros. O tártaro tem a virtude de fazer Tártaros.
Pobre Romualdo! A gente ria da resposta, mas é provável que o leitor não se ria, e com razão; eu não lhe acho graça nenhuma. Ouvida, tinha algum chiste; mas assim contada, no papel, e a propósito de um vergalho recebido e transferido, força é confessar que é muito melhor voltar à casinha da Gamboa; deixemos os Romualdos e Prudêncios.
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Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis,
Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1994.
Publicado originalmente em folhetins, a partir de março de 1880, na Revista Brasileira.
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Leia também:
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LVII / Destino
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LVIII / Confidência
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LIX / Um encontro
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LX / O abraço
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXI / Um Projeto
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXII / O travesseiro
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXIII / Fujamos!
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo: LXIV / A transação
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXV / Olheiros e Escutas
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXVI / As pernas
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXVII / A casinha
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXVIII / O vergalho
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Capítulo LXX / Dona Plácida
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Prólogo e AO LEITOR
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Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis,
Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1994.
Publicado originalmente em folhetins, a partir de março de 1880, na Revista Brasileira.
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