segunda-feira, 26 de outubro de 2020

mulheres descalças: uma resposta deboche

mulheres descalças


uma resposta deboche 
Ensaio 127Bzm – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar



o siô augusto num gostava – mais tumbém num dizia nada – do modo como dona rosinha ficô falante e implicante – antes muda, sigilosa e bem-mandada –, então ele tava aprendendo desviá o assunto sem usá as mão quando achava mais prudente ou se tava cansado pra dá resposta qui achava mais apropriada e corretiva, A mãezinha relaxou os cuidados com ela mesma, Por causa do quê o paizinho diz assim, A mocidade termina – e tudo mais definha, eu sei –, mas dona Rosinha não precisava ter perdido a leveza arredondada da sua aparência apetitosa, O sinhô Augusto está debochando comigo, Não é isso, não. Só acho que a mãezinha precisa se salvar de ficar mais pesada, ela mais num quis escutá e virô pra praça, a crueldade na praça pública tava mais longe de chegá perto, lá na praça, num era com ela, podia fechá a janela e esquecê, fazê-de-conta qui num tava acontecendo, Já basta que não é branca pura. O cabelo não nega que é parda, sorte que a Chiquinha tem o cabelo escorrido e não precisa passar banha. Assim como vai não é bom, mais dia menos dias, vai estar se arrastando como essa Açunta, parô os pensamento no tempo de lembrá da purugunta qui ela soltô mais antes, achô qui tava no tempo de respondê, tava meió sabendo uqui dizê, meió sabendo como cutucá, mesmo sem a vara, A mãezinha ainda quer saber por que casei consigo, essa deve sê a intenção de guardá tanta comichão: machucá na hora certa da sua vontade, ela num disse nada e mais nada ia dizê, pelo menos, por agora, tava com muntu machucado pra defumá

o siô augusto num ia esperá resposta, inda mais depois qui viu abatimento na muié, tava pronto pra se anunciá, E que branca desgraçada casaria com o desgraçado da beirada do rio? Vosmecê teve mais do que merece. É só prestar atenção na praça e vai entender do que lhe salvei, é isso, só precisa acatar o bom remate que teve e agradecer a Deus que me colocou no seu caminho com moeda suficiente no bolso para lhe comprar, no modo divê dusiô augusto, dona rosinha é menos quia branca mais desgraçada da vida e precisa sê agradecida, uma resposta deboche qui debocha e machuca com a intenção de machucá, num deu um tapa nem deu soco, achô qui num precisô, sorriu da sua esperteza, ele se achava cada veiz meió



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é bão lê tumbém:

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histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
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histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: chegô no piano
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: Obrigada, Açunta!
histórias de avoinha: ôum velório de vida
histórias de avoinha: o feitiço das trança
histórias de avoinha: o siô ajeitado e as duas miúda
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mulheres descalças: é mansa...
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mulheres descalças: café ralo e mandioca cuzida
mulheres descalças: o descuido da miúda
mulheres descalças: a traste
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mulheres descalças: uma sombra silenciosa
mulheres descalças: a perigosa é ela
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