sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Edgar Allan Poe - Contos: Aventuras de Arthur Gordon Pym: 7 — Plano de Libertação

Edgar Allan Poe - Contos




Aventuras de Arthur Gordon Pym 
Título original: Narrative of A. G. Pym 
Publicado em 1837





7 — Plano de Libertação





10 de julho. — Foi interpelado um brigue vindo do Rio de Janeiro com destino a Norfolk. Tempo encoberto com brisa de Leste. Neste dia, morreu Hartman Rogers; desde o dia 8 que era tomado por espasmos, depois de ter bebido um copo de grogue. Este homem pertencia ao grupo do cozinheiro e era nele que Peters depositava mais confiança. Este disse a Augusto estar convencido que o imediato o tinha envenenado e que, se não tivesse cuidado, lhe aconteceria o mesmo. Assim, apenas restavam do seu grupo, ele próprio, Jones e o cozinheiro, enquanto do outro lado eram cinco. Tinha falado a Jones do seu projeto de tirar o comando ao imediato, mas, como a ideia foi recebida com frieza, absteve-se de insistir ou de dizer uma palavra que fosse ao cozinheiro. Foi-lhe muito útil a sua prudência, pois, à tarde, o cozinheiro exprimiu a intenção de se passar para o lado do imediato, o que acabou por fazer. Entretanto, Jones aproveitava todas as ocasiões para interpelar Peters, dizendo-lhe que ia informar o imediato do seu plano. Não havia, portanto, tempo a perder e Peters manifestou a sua resolução de tentar tomar conta do navio, desde que Augusto o quisesse ajudar. O meu amigo assegurou-lhe imediatamente toda a sua boa vontade em participar num plano concebido com aquele fim e, pensando que a ocasião era favorável, revelou-lhe a minha presença a bordo.

O mestiço, se ficou admirado, não ficou menos contente, porque já não podia contar de maneira nenhuma com Jones, o qual considerava vendido ao grupo do imediato. Desceram imediatamente. Augusto chamou-me pelo nome e, em breve, travava conhecimento com Peters. Ficou combinado que tentaríamos retomar o navio na primeira boa ocasião que surgisse e que afastaríamos completamente Jones dos nossos planos. No caso de termos êxito, faríamos o brigue entrar no primeiro porto que aparecesse, para o entregarmos às autoridades. Peters, devido à traição dos seus, via-se obrigado a desistir da sua viagem ao Pacífico — expedição que não se podia fazer sem uma tripulação — e contava com a absolvição por demência, pois jurou-nos solenemente que só a loucura o tinha levado a participar na revolta, ou com o perdão, no caso de ser declarado culpado, graças à minha intervenção e à de Augusto. As nossas deliberações foram interrompidas por um grito: « Todos às velas!» e Peters e Augusto correram para a coberta.

Como de costume, quase todos os homens estavam bêbados e, antes de as velas estarem devidamente recolhidas, uma violenta rajada tinha atirado o navio de lado. Entretanto, o navio conseguiu endireitar-se, mas tinha metido muita água. Mal tudo tinha sido reparado, quando nova rabanada atingiu o navio, logo seguida de outra e ainda de outra, mas sem causar avarias. Tudo indicava que se aproximava uma tempestade. Com efeito, ela não se fez esperar e o vento começou a soprar de Norte e de Oeste. Tudo foi amarrado o melhor possível e pusemo-nos, como de costume, à capa, só com um traquete de rizes curtos. Com a aproximação da noite, o vento ainda se tornou mais furioso e o mar ficou excecionalmente encapelado. Então, Peters regressou ao castelo da proa com Augusto e recomeçamos as nossas deliberações. Chegamos à conclusão que a ocasião que se apresentava era a mais favorável para pôr o nosso plano em execução, atendendo a que ninguém contaria com uma tentativa daquele gênero em semelhante conjuntura. Como o brigue estava à capa, quase sem velas, não havia necessidade de fazer qualquer manobra até ao regresso do bom tempo e, se tivéssemos êxito na nossa tentativa, poderíamos libertar um ou mesmo dois homens para nos ajudarem a conduzir o navio até um porto. A principal dificuldade estava na desigualdade das nossas forças. Nós éramos apenas três, enquanto os outros eram nove. Além disso, todas as armas existentes a bordo estavam em poder deles, exceto um par de pistolas que Peters trazia escondidas e uma grande faca de marinheiro que trazia sempre à cintura. Aliás, alguns indícios levavam-nos a recear que o imediato suspeitava de qualquer coisa, pelo menos em relação a Peters, e que apenas aguardava uma boa ocasião para se desembaraçar dele. Assim, por exemplo, não se encontrava nenhum machado nem bimbarra nos seus sítios habituais. Era evidente que o que estávamos resolvidos a levar a cabo não podia esperar mais tempo, mas a desigualdade das nossas forças obrigava-nos a agir com a maior prudência.

Peters ofereceu-se para subir à coberta e entabular uma conversa com o homem de vigia (Allen), até ter oportunidade de o lançar à água sem dificuldade e sem fazer barulho. A seguir, eu e Augusto subiríamos para tentarmos apoderar-nos de quaisquer armas na coberta; por fim correríamos, os três para a escada da proa, antes de alguém esboçar qualquer resistência. Opus-me a este plano, porque não acreditava que o imediato, um homem astucioso e esperto em tudo, embora supersticioso, fosse tipo para se deixar surpreender daquela maneira. O simples facto de haver um homem de guarda na coberta, era uma prova suficiente de que o imediato estava de sobreaviso, pois não é costume, a não ser a bordo de navios onde a disciplina é rigorosamente observada, pôr um homem de guarda na coberta, quando o navio está à capa, durante uma tempestade.

Como escrevo especialmente, para pessoas que nunca navegaram, talvez seja útil explicar a situação exata de um navio em tais circunstâncias. Estar à capa e pôr-se à capa são manobras às quais se recorre por motivos diferentes e que se efetuam de várias maneiras. Se o navio está a todo o pano a manobra faz-se habitualmente, colocando uma parte do velame de maneira que o vento, ao bater nas duas partes se equilibre, mantendo assim o navio parado. Mas aqui trata-se de um navio à capa durante uma tempestade. Quando um navio corre a favor do vento com grande ondulação acontecem, por vezes, grandes avarias em consequência das ondas que batem na ré e, às vezes, também devido às violentas guinadas na proa.

Neste caso, não se recorre a este meio, exceto em caso de absoluta necessidade. Quando um navio está a meter água, deixa-se seguir a favor do vento, mesmo com o mar agitado, porque, se estivesse à capa, fatigaria muito as juntas que acabariam por abrir, enquanto que a favor do vento de ré o esforço é menor.

Os navios põem-se à capa, durante uma tempestade, de várias maneiras, conforme a sua construção. Alguns aguentam-se muito bem com um traquete, que é, segundo creio, a vela utilizada mais vulgarmente. Os grandes navios com mastreação redonda têm velas especiais, as quais se chamam velas de estai. Mas, às vezes, apenas é utilizado o cutelo, outras o cutelo e o traquete, outras ainda o traquete e dois rizes, além das velas da ré. Pode acontecer que os velachos deem melhor resultado do que qualquer outro tipo de vela. O Grampus punha-se normalmente à capa com um traquete e dois rizes.

Para se pôr à capa, coloca-se o navio de maneira que o vento encha a vela, quando esta está desfraldada, isto é, que atravesse o navio em diagonal. Feito isto, a proa fica inclinada alguns graus para o lado donde sopra o vento e, naturalmente recebe o choque da onda do lado donde sopra o vento. Nestas circunstâncias, um bom navio pode suportar uma grande tempestade sem deixar entrar uma gota de água e sem que a tripulação tenha necessidade de se ocupar dele. É hábito prender-se o leme, mas é uma manobra inútil, porque o leme não tem ação sobre um navio à capa, fazendo-se isto apenas por causa do barulho irritante que o leme faz quando está livre. Porém, seria melhor deixar o leme livre, em vez de o amarrar solidamente, pois pode ser arrancado por grandes vagas, se não lhe deixarem uma folga suficiente. Enquanto a vela aguentar, um navio bem construído pode manter a posição e enfrentar todas as ondas, como se fosse dotado de vida e de razão. No entanto, se a violência do vento rasga a vela, infelicidade que só acontece num verdadeiro furacão, então corre perigo eminente. Neste caso, o navio inclina-se devido à força do vento e, enfrentando o mar de lado, fica completamente à sua mercê. O único recurso é navegar a favor do vento até poder ser colocada outra vela. Há ainda navios que se põem à capa sem qualquer espécie de vela, mas estes têm muito mais a recear das ondas violentas.

Mas já chega de divagações. O imediato não tinha por hábito deixar um homem de sentinela na coberta, quando punham o barco à capa numa tempestade. Ora, havia lá um agora e, mais ainda, os machados e as bimbarras tinham desaparecido, o que demonstrava claramente que a tripulação estava alerta e não se deixaria surpreender da forma proposta por Peters. No entanto, era preciso tomar uma decisão e o mais depressa possível, pois não havia dúvida que Peters, uma vez que suspeitavam dele, seria sacrificado, na primeira oportunidade que surgisse, mas se não surgisse, seria provocada assim que houvesse uma aberta.

Augusto sugeriu então que, se Peters conseguisse tirar, sob qualquer pretexto, o monte de correntes que estavam em cima do alçapão da cabine, nós talvez pudéssemos cair sobre eles de surpresa, atravessando o porão, mas um pouco de reflexão convenceu-nos que o navio balouçava demasiado para permitir uma empresa deste gênero.

Felizmente, lembrei-me de agir sobre os terrores supersticiosos e os remorsos do imediato. Lembram-se que um dos tripulantes morrera de manhã, depois de ter passado dois dias com convulsões por ter bebido um pouco de água com álcool. Peters tinha-nos transmitido as suas suspeitas de que o homem tinha sido envenenado pelo imediato, acrescentando que tinha razões muito fortes para o acreditar, as quais nunca lhe conseguimos arrancar. Deixamo-nos convencer facilmente pelas suas suspeitas e resolvemos agir de acordo com elas.

Rogers tinha morrido por volta das onze da manhã, no meio de violentas convulsões e, pouco depois, o seu corpo oferecia um dos espetáculos mais repugnantes de que eu me lembro ter visto. O estômago tinha inchado desmesuradamente, como o de um náufrago que permaneceu várias semanas debaixo de água. As mãos tinham sofrido a mesma transformação e o rosto, enrugado, engelhado e branco como a cal, tinha duas ou três manchas de um vermelho ardente, semelhantes às que são provocadas pela erisipela. Uma dessas manchas estendia-se em diagonal através do rosto e cobria completamente um dos olhos, como se fosse uma venda de veludo vermelho. Neste estado horrendo, o corpo tinha sido levado para a coberta, por volta do meio dia, para ser lançado ao mar, quando o imediato, dando-lhe uma olhadela (via-o então pela primeira vez), talvez levado pelos remorsos do seu crime, ou simplesmente horrorizado por aquele espetáculo terrível, ordenou aos homens que o cosessem à maca e lhe dessem a sepultura tradicional dos marinheiros. Depois de ter dado as suas ordens, tornou a descer como que para evitar o espetáculo da sua vítima. Enquanto se faziam os preparativos para lhe obedecer, a tempestade aumentou furiosamente e, de momento, aquela tarefa foi posta de parte. O cadáver, abandonado, começou a flutuar nos embornais de bombordo, onde ainda se encontrava na ocasião a que me refiro, revolvendo-se a cada investida violenta das ondas sobre o brigue.

Preparado o nosso plano, dispusemo-nos a executá-lo o mais depressa possível. Peters subiu à coberta e, tal como esperava, deparou imediatamente com Allen, que se encontrava no castelo da proa, mais para espreitar do que para outra coisa. Mas a sorte do miserável foi decidida rápida e silenciosamente, pois Peters, aproximando-se dele com um olhar indiferente, como que para lhe falar, agarrou-o pelo pescoço e atirou-o por cima da amurada antes que ele pudesse soltar um gemido. Então chamou-nos e nós subimos. A nossa primeira preocupação foi procurar por toda a parte quaisquer armas, avançando com muita precaução, porque era impossível permanecer na coberta um só instante sem nos agarrarmos a qualquer coisa, já que o navio era fustigado por ondas violentas. No entanto, era preciso agir com rapidez, porque o imediato devia subir a qualquer momento para bombear, pois era evidente que o navio estava a meter muita água. Depois de muito esquadrinharmos, apenas encontramos as duas alavancas da bomba, ficando uma para mim e outra para Augusto. Após as termos escondido, tiramos a camisa ao cadáver que lançamos borda fora. Peters e eu descemos, deixando Augusto de sentinela na coberta, precisamente no lugar de Allen, mas de costas voltadas para a escada do camarote, de forma que, se algum dos tripulantes subisse, pensasse que se tratava do homem de sentinela.

Assim que desci, comecei a disfarçar-me de maneira a parecer o cadáver de Rogers. A camisa que lhe tínhamos tirado ia ajudar-nos muito, porque era de um modelo e características muito especiais que a tornavam facilmente reconhecível. Tratava-se de uma espécie de blusa que o defunto usava por cima das outras roupas, em tecido azul com largas riscas brancas. Depois de a ter vestido, arranjei um estômago postiço para imitar a horrível deformidade do cadáver inchado, o que fiz com algumas mantas que meti debaixo da roupa, sendo o efeito perfeito. Dei às mãos um aspeto semelhante utilizando um par de mitenes de lã branca que enchemos com todos os trapos que apanhamos à mão. Então, Peters pintou-me o rosto, esfregando-o primeiro Com giz e depois manchando-o com sangue que arranjou fazendo um golpe num dos seus dedos. A grande mancha vermelha através do olho não foi esquecida, e devia ter um aspeto repugnante.




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Edgar Allan Poe (nascido Edgar Poe; Boston, Massachusetts, Estados Unidos, 19 de Janeiro de 1809 — Baltimore, Maryland, Estados Unidos, 7 de Outubro de 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense, integrante do movimento romântico estadunidense. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos e é geralmente considerado o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito por sua contribuição ao emergente gênero de ficção científica. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido por tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difíceis.

Ele nasceu como Edgar Poe, em Boston, Massachusetts; quando jovem, ficou órfão de mãe, que morreu pouco depois de seu pai abandonar a família. Poe foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, de Richmond, Virginia, mas nunca foi formalmente adotado. Ele frequentou a Universidade da Virgínia por um semestre, passando a maior parte do tempo entre bebidas e mulheres. Nesse período, teve uma séria discussão com seu pai adotivo e fugiu de casa para se alistar nas forças armadas, onde serviu durante dois anos antes de ser dispensado. Depois de falhar como cadete em West Point, deixou a sua família adotiva. Sua carreira começou humildemente com a publicação de uma coleção anônima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827).

Poe mudou seu foco para a prosa e passou os próximos anos trabalhando para revistas e jornais, tornando-se conhecido por seu próprio estilo de crítica literária. Seu trabalho o obrigou a se mudar para diversas cidades, incluindo Baltimore, Filadélfia e Nova Iorque. Em Baltimore, casou-se com Virginia Clemm, sua prima de 13 anos de idade. Em 1845, Poe publicou seu poema The Raven, foi um sucesso instantâneo. Sua esposa morreu de tuberculose dois anos após a publicação. Ele começou a planejar a criação de seu próprio jornal, The Penn (posteriormente renomeado para The Stylus), porém, em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos, morreu antes que pudesse ser produzido. A causa de sua morte é desconhecida e foi por diversas vezes atribuída ao álcool, congestão cerebral, cólera, drogas, doenças cardiovasculares, raiva, suicídio, tuberculose entre outros agentes.

Poe e suas obras influenciaram a literatura nos Estados Unidos e ao redor do mundo, bem como em campos especializados, tais como a cosmologia e a criptografia. Poe e seu trabalho aparecem ao longo da cultura popular na literatura, música, filmes e televisão. Várias de suas casas são dedicadas como museus atualmente.


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Edgar Allan Poe

CONTOS

Originalmente publicados entre 1831 e 1849 



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