terça-feira, 14 de julho de 2020

Grupo Corpo de Dança - Onqotô: Mortal Loucura

- Onqotô | 2005: Mortal Loucura


Grupo Corpo




Quer Deus que a quem está o cuidado dado
Pregue que a vida é emprestado estado
Quem não cuida de si, que é terra erra










Na oração, que desaterra a terra
Quer Deus que a quem está o cuidado dado
Pregue que a vida é emprestado estado
Mistérios mil que desenterra enterra

Quem não cuida de si, que é terra erra
Que o alto Rei, por afamado amado
É quem lhe assiste ao desvelado lado
Da morte ao ar não desaferra aferra

Quem do mundo a mortal loucura cura
A vontade de Deus sagrada agrada
Firmar-lhe a vida em atadura dura

O voz zelosa, que dobrada brada
Já sei que a flor da formosura, usura
Será no fim dessa jornada nada



Composição: Gregório de Matos / José Miguel Wisnik



coreografia: Rodrigo Pederneiras
música: Caetano Veloso e José Miguel Wisnik
cenografia e iluminação: Paulo Pederneiras
figurino: Freusa Zechmeister

Onqotô, em 2005, marcou as comemorações dos 30 anos de atividade do Grupo Corpo. Assinada por Caetano Veloso e José Miguel Wisnik, a trilha sonora tem como ponto de partida uma bem-humorada discussão sobre a “paternidade” do Universo. De um lado, estaria a teoria do Big-Bang, a grande explosão primordial, cuja expressão consagrada pela comunidade científica mundial parece atribuir à cultura anglo-saxônica dominante a criação do Universo; e, de outro, uma máxima espirituosa formulada pelo genial dramaturgo (e comentarista esportivo) Nelson Rodrigues sobre o clássico maior do futebol carioca, segundo a qual se poderia inferir que o Cosmos teria sido “concebido” sob o signo indelével da brasilidade: “O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada”.

Instrumentais ou com letra, os nove temas que compõem os 42 minutos de trilha estabelecem uma sucessão de diálogos rítmicos, melódicos e poéticos em torno das “cenas de origem” eleitas por seus criadores e do sentimento de desamparo inerente à condição humana.

Na coreografia criada por Rodrigo Pederneiras, verticalidade e horizontalidade, caos e ordenação, brusquidez e brandura, volume e escassez se contrapõem e se superpõem, em consonância (e, eventualmente, em dissonância) com a trilha musical, desvelando significados, melodias e ritmos que subjazem ao estímulo sonoro.

Urdida com tiras de borracha cor de grafite, a cenografia de Paulo Pederneiras funda um espaço cênico côncavo que sugere tanto um recorte do globo terrestre com seus meridianos quanto um oco, um buraco negro, o nada ou a anterioridade de tudo. Com todos os refletores fixados na estrutura metálica que sustenta a fileira de tiras, a luz projetada por Paulo Pederneiras imprime na cena uma iluminação que remete à dos estádios de futebol.

A figurinista Freusa Zechmeister transforma os bailarinos em uma massa anônima que se funde (e se confunde) com o espaço cênico, permitindo, deste modo, que coreografia e cenário exerçam plenamente sua tridimensionalidade.




Onqotô






Onqotô?
Onqotô?
Onqotô?
Onqotô?

Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Qemqosôqovô?)

Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Qemqosôqovô?)
Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Qemqosôqovô?)

Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Qemqosôqovô?)
Onqotô?
(Pronqovô?)
Onqotô?
(Qemqosôqovô?)

Pronqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Pronqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosôqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Pronqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Pronqovô?

Qemqosô?

Que não se arme e se indigne o céu sereno
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
(Qemqosô?)
(Onqotô?)
Contra um bicho da terra tão pequeno
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
(Qemqosô?)

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosô?
(Pronqovô?)

Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno
(Pronqovô?)
(Pronqovô?)
Contra um bicho da terra tão pequeno

Pronqovô?
Pronqovô?
(Onqotô?)
(Onqotô?)
Qemqosô?
(Pronqovô?)

É só isso
(Onqotô?)
Qemqosô?
(Pronqovô?)

Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosô?

(Pronqovô?)
Pronqovô?
(Onqotô?)
Pronqovô?
Pronqovô?
(Onqotô?)
Qemqosô?
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

Que não se arme e se indigne o céu sereno
(Qemqosô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Contra um bicho da terra tão pequeno
(Qemqosô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
(Pronqovô?)
(Pronqovô?)

Qemqosô?
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

É só isso
(Qemqosô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

Contra um bicho da terra tão pequeno
(Qemqosô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

Qemqosô?
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

Qemqosô?
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

É só isso
Pronqovô?
(Onqotô?)
Pronqovô?

Qemqosô?
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

Qemqosô?
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
É só isso

Pronqovô?
(Onqotô?)
Pronqovô?
(Onqotô?)
Que não se arme e se indigne o céu sereno
(Qemqosô?)
(Pronqovô?)
(Onqotô?)
Pronqovô?

É só isso

Onqotô?


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