sábado, 17 de junho de 2023

Memórias - 15 ordeña

No se puede hacer la revolucion sin las mujeres

Livro Um

baitasar

Memórias

15 – ordeña

sei apenas que papá parecia caminhar num vale verde con sus amadas mujeres quando colocava sus manos a produzirem leite, não falava, mas sus ojos saiam da escuridão e mudavam sua cor, ficavam violetados, a linha dos lábios caída arredondava em sorriso, os passos arrastados se tornavam saltitantes

instantes máximos de alegria com aqueles jatos brancos efêmeros e mornos

o ritual de papá antes da hora das leiteiras era siempre o mesmo: derramava o café do bule na sua latinha, tomava em dois goles e saia para o cercado, a calça dentro de las botas de borracha – as botas foram presentes del enano –, a camisa com mangas compridas e abotoadas do colarinho aos punhos ficava solta por fora das calças de brim rasgada, desgastada pelo roçar del tiempo, un viejo sombrero en la cabeza, a barba por fazer, as unhas siempre recortadas rente na carne dos dedos, roídas pelas serras dos dentes, lixadas el la tierra de cuktivo

ele chegava ao cercado antes dos serviços e cantoria dos galos, mucho se ha dito que papá cortava el sueño de los gallos, eles esperavam el viejo passar para soltarem sua cantoria matinal, roucos e afinados desafios à madrugada

verdade ou não, antes da sina assassina con papá, os machões de espora não tinham o costume da cantoria agrupada, cada um fazia sua cantoria quando lhe apetecia o seu costume com o sol, os sinais da natureza afetava cada um a seu modo

depois, o natural era papá caminhar para o cercado – a madrugada ainda derramada sobre la Montaña – enquanto Plantera e suas duas camaradas continuavam recolhidas no galpão, cada uma no seu quarto, as palhas pelo piso de tierra e a forragem em um cocho – vasilha feita num tronco  de madeira escavada –, em outro cocho ficava a água

quando ele chegava já não estavam mais deitadas

papá entrava em cada um dos aposentos, escovava e alisava as três sem pressa, catava carrapatos, ferimentos, algum sinal de descuido, dava atenção para que estivessem bem alimentadas e dispostas para os arretamentos de espremer e derramar

depois de agarrar da cerca o laço enfiado no pescoço da Tormenta, atava as pernas traseiras e o rabo da leiteira, puxava o banco no feitio do seu tamanho – siempre do mesmo lado da leiteira – e sentava, lavava e secava o úbere com água morna e um pano limpo, largava a bacia leiteira aos seus pés, cuspia nas mãos, esfregava uma na outra em aquecimento e iniciava o serviço da ordenha enquanto puxava assunto con la Tormenta, parecia saber que com uma boa conversa era mais fácil espremer o leite daquela geniosa

seguia sua rotina de ordenha todas as manhãs

descansava la cabeza no flanco da leiteira, segurava a primeira teta com a mão direita – a esquerda se agarrava logo depois –, estimulava o úbere e as tetas con sus manos, massageando toda sua extensão, uma a uma, concentrando-se na porção final

em seguida, apertava a parte superior da teta entre o polegar e o fura bolo, segurava firme com os dois dedos, descendo até o final da teta, o leite saia em jatos para dentro da bacia leiteira, soltava e voltava a espremer a parte superior da teta – repetia, repetia e repetia –, vez que outra, molhava os dedos no leite da bacia e voltava a espremer até esvaziar o úbere

esvaziada la Tormenta, derramava o leite da bacia no balde com tampa, desamarrava o laço nas pernas e no rabo da leiteira, levava a afeiçoada para o pasto, estava livre de mais obrigações para o dia

era a vez de la Pastora

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