sábado, 9 de dezembro de 2023

Saudade

Bastos Tigre


narração de Mundo Dos Poemas





Infeliz de quem vive sem saudade,
Do agridoce pungir alheio às penas,
Sem lembranças de amor e de amizade,
Hoje vivendo o dia de hoje, apenas.

Triste de ti, ancião, que te condenas
A mole insipidez da ancianidade
E não revives na memória as cenas
De prazer e de dor da mocidade!

Ter saudade é viver passadas vidas,
Percorrendo paragens preferidas,
Ouvindo vozes que se têm de cor.

Sonha-se... E em sonho, como por encanto,
A dor que nos doeu já não dói tanto,
Gozo que foi é gozo inda maior.



Poesia do autor brasileiro. Manuel Bastos Tigre (Recife, 12 de março de 1882 — Rio de Janeiro, 1 de agosto de 1957) foi um bibliotecário, jornalista, poeta, compositor, humorista e destacado publicitário brasileiro. Manuel Bastos Tigre, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre, nasceu em Recife, PE, em 12 de março de 1882, e faleceu no Rio de Janeiro, em 2 de agosto de 1957. Jornalista, poeta, humorista, compositor, bibliotecário e publicitário. Quando jovem, seu talento literário já era conhecido, compondo odes cívicas e sonetos humorísticos, nos quais mestres e colegas eram satirizados. Em 1906, no Rio de Janeiro, formou-se engenheiro civil, pela Escola Nacional de Engenharia. Começou a trabalhar como jornalista em 1902, colaborando na revista humorística Tagarela. Colaborou também nos principais órgãos da imprensa carioca como: A Noite, Gazeta de Notícias, A Rua,Careta, O Malho. Em 1906, escreveu a peça Maxixe, em parceria com Batista Coelho. No carnaval deste mesmo ano fez sucesso com a música “Vem cá mulata” em parceria com Arquimedes de Oliveira. No jornalCorreio da Manhã, sob o pseudônimo de Cyrano e Cia, escreveu diariamente na seção “Pingos e Respingos”. Durante 53 anos, escreveu neste jornal, fatos pitorescos sobre o dia a dia do Rio e acontecimentos políticos, sempre com humor sadio. Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais-SBAT, em 1917.


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