Thomas Mann
A Montanha Mágica
Capítulo IV
Análise
Perturbaram-se os pensamentos de Hans Castorp, enquanto fitava as costas indolentes de Mme.. Chauchat. Cessando de ser pensamentos, transformaram-se em devaneios, nos quais penetrava como de longe o barítono arrastado do Dr. Krokowski, com os “r” brandos, pronunciados em surdina. Mas o silêncio que reinava na sala, a profunda atenção que parecia enfeitiçar a todos em redor, exerceram seus efeitos sobre ele e como que o despertaram da sua modorra. Olhou em torno de si... A seu lado achava-se o pianista de cabelos ralos, com a cabeça inclinada para trás, escutando de boca entreaberta e de braços cruzados. A Srta. Engelhart, a professora, sentada a alguma distância, tinha nos olhos uma expressão de avidez, e em ambas as faces manchas avermelhadas – fenômeno que se repetia nos rostos das demais senhoras que Hans Castorp observou. Notou-o nos semblantes da Srª. Salomon, ali, ao lado do Sr. Albin, e da mulher do cervejeiro, Srª. Magnus, aquela que perdia proteínas. Sobre a fisionomia da Srª. Stöhr, um pouco mais para trás, refletia-se um êxtase tão cheio de ignorância que até causava dó, enquanto a Srta. Levi, a da pele de marfim, recostando-se no espaldar, com os olhos semicerrados e as mãos espalmadas no regaço, pareceria uma defunta, não fosse o movimento de vaivém, forte e rítmico, do seu peito, o que lembrava a Hans Castorp uma figura de cera que ele vira tempos atrás num museu, e que tinha um mecanismo interior. Alguns pensionistas punham a mão em concha contra o ouvido, ou, pelo menos, fingiam esse gesto, ficando com a destra erguida em sua direção, como se a atenção os tivesse paralisado no meio do movimento. O Sr. Paravant, promotor público, um homem trigueiro de aparência sumamente robusta, até coçou a orelha com o dedo indicador, para fazer com que ouvisse melhor, e logo voltou a submetê-la à verborreia do Dr. Krokowski.
De que falava, afinal, o Dr. Krokowski? Que tema estava desenvolvendo? Hans Castorp
procurou concentrar seu espírito, a fim de apanhar o fio da palestra, porém não o conseguiu
imediatamente, visto não ter ouvido o princípio e ter perdido ainda outras passagens, depois, ao
refletir acerca das costas lassas de Mme.. Chauchat. Tratava-se de uma potência... daquela
potência... Numa palavra, tratava-se da potência do amor, “Liebe”. Claro! O assunto estava
indicado pelo título geral do ciclo de conferências, e de que mais poderia falar o Dr. Krokowski,
desde que esta era a sua especialidade? Verdade é que parecia um tanto estranho a Hans Castorp
assistir, assim subitamente, a uma preleção sobre o amor, já que os cursos que ele seguira antes
haviam-se ocupado apenas de assuntos como a transmissão de rodas denteadas nas construções
náuticas. Como se arranjava o conferencista para expor em pleno dia, a um público de
cavalheiros e senhoras, um assunto de natureza tão confidencial e espinhosa? O Dr. Krokowski
expunha-o num linguajar misto, entre poético e erudito, rigorosamente científico e, ao mesmo
tempo, vibrante como um hino. Esse tom despertava no jovem Hans Castorp a impressão de
uma certa falta de ordem, mas talvez fosse justamente ele o que esquentava as faces das damas e
fazia os senhores cocarem as orelhas. Em particular, o orador empregava o termo “Liebe” num
sentido levemente ambíguo, de modo que nunca ficava claro o que se devia pensar das suas
palavras, nem se elas se referiam a um sentimento piedoso ou a uma paixão carnal; vacilação que
produzia uma espécie de enjôo. Nunca na vida ouvira Hans Castorp pronunciar esse vocábulo
tantas vezes seguidas como nessa hora e nesse lugar, e ao refletir sobre esse fato, até achava que
ele próprio jamais se servira dessa palavra e nem a ouvira de boca estranha. Talvez estivesse
errado, mas, em todo caso, não lhe parecia que o vocábulo “Liebe” ganhasse com tanta repetição.
Pelo contrário, essa sílaba e meia, já em si um tanto escabrosa, com as consoantes lingual e labial,
e com a vogal balante no meio, acabou por se lhe tornar bastante repelente. Ligava-se a ela uma
representação parecida com leite aguado, qualquer coisa entre branco e azulado, tanto mais
insípida em comparação com todas as idéias vigorosas que o Dr. Krokowski estava apresentando
a seu respeito. Pois era evidente que, na forma que ele usava, podiam-se dizer coisas bem fortes
sem que o público saísse da sala. Absolutamente não se limitava a discutir, com uma espécie de
tato inebriante, assuntos comumente conhecidos, mas nos quais a maioria das pessoas prefere
não tocar. Destruía ilusões; implacavelmente fazia prevalecer o conhecimento; não deixava
espaço para a fé sentimental na dignidade dos cabelos prateados ou na pureza angélica da criança
tenra. Trazia, aliás, com a sobrecasaca, o mesmo tipo de colarinho amplo e as sandálias por cima
das meias cinzentas, o que dava uma impressão de idealismo e princípios firmes, se bem que
Hans Castorp se assustasse um pouco com esse aspecto. Valendo-se de livros e folhas soltas,
espalhadas sobre a mesa, documentava o Dr. Krokowski as suas exposições por meio de toda
espécie de paradigmas e anedotas, chegando até, às vezes, a recitar versos. Discursava acerca das
formas tenebrosas do amor e das variedades excêntricas, dolorosas e sinistras, da sua índole e da
sua onipotência. Entre todos os instintos existentes na natureza – disse ele – era o amor o mais
vacilante e o mais ameaçado, fundamentalmente propenso à aberração e à perversão fatal. Nesse
fato não havia nada de surpreendente, uma vez que esse impulso poderoso não era uma coisa
simples, senão que infinitamente composta por natureza. Por mais legítimo que ele parecesse no
seu conjunto, o que o compunha era justamente uma série de perversões. Mas, desde que
acertadamente – assim continuou o conferencista –, desde que com muita razão se negava que do
absurdo das partes fosse deduzido o absurdo do todo, era inevitável a conclusão que atribuía
parte daquela legitimidade do todo, senão toda ela, também à perversão que compunha esse todo.
Era isso uma exigência da lógica, da qual, segundo o orador, os ouvintes deviam compenetrar-se.
Havia resistências íntimas e corretivos psíquicos, instintos decentes e coordenadores, de um
caráter que o Dr. Krokowski quase se sentia tentado a qualificar de burguês, e sob o efeito
compensador e restritivo desses instintos as partes perversas eram fundidas num todo útil e
irrepreensível; processo freqüente e simpático, cujo resultado, porém (como o orador acrescentou
com certo desdém), não tinha nenhuma importância para o médico e o filósofo. Em outros
casos, entretanto, malograva o referido processo; não havia jeito de levá-lo a bom termo. E quem
– assim perguntou o Dr. Krokowski -seria capaz de dizer se esses últimos casos não eram os mais
nobres, os psicologicamente mais valiosos? Existia então uma tensão extraordinária, uma paixão
que ultrapassava as medidas habituais, burguesas, e essa tensão se fazia sentir entre os dois grupos
de forças que eram a necessidade de amor e os impulsos contrários, dentre os quais cumpria
mencionar a vergonha e o asco. Travada nos abismos da alma, essa luta impedia, nos ditos casos,
que os instintos extraviados chegassem a ser abrigados, protegidos e moralizados, daquele modo
que conduzia à harmonia usual e à vida erótica regular. E como terminava esse combate – pois
tratava-se de um combate – entre as potências da castidade e do amor? Terminava,
aparentemente, com a vitória da castidade. O medo, as conveniências, a repugnância pudica, o
trêmulo desejo de pureza – todos eles oprimiam o amor, mantinham-no agriIhoado, nas trevas,
davam acesso à consciência e à atividade, quando muito a uma parte, jamais, porém, ao todo
múltiplo e vigoroso das suas reivindicações confusas. No entanto, essa vitória da castidade não
era mais que aparente, não passava de uma vitória de Pirro, pois a potência do amor não se
deixava reprimir nem violentar, o amor oprimido não estava morto, não; vivia, continuava, nas
trevas, no mais profundo segredo, a almejar a sua realização, rompia o círculo mágico da
castidade e ressurgia, ainda que sob forma metamorfoseada, dificílima de reconhecer... E qual era,
afinal, a forma e a máscara que usava o amor vedado e oprimido na sua reaparição? Assim
perguntou o Dr. Krokowski, e deixou o seu olhar passar ao longo das filas, como se esperasse
seriamente uma resposta dos seus ouvintes. Ora, essa resposta teria de ser dada por ele mesmo,
que já dissera tantas outras coisas. Ninguém, exceto ele, sabia-a; mas ele não falharia, isso se
notava na sua expressão. Com os seus olhos ardentes, sua palidez de cera, sua barba negra, e as
sandálias de monge por cima das meias de lã cinzenta, parecia simbolizar, na sua própria pessoa,
aquela luta entre a castidade e a paixão de que acabava de falar. Ao menos era essa a impressão de
Hans Castorp, enquanto, como todos os demais, esperava com suma curiosidade ficar sabendo
sob que forma voltava o amor rechaçado. As mulheres mal se atreviam a respirar. O Promotor
Paravant mais uma vez cocou a orelha, para que, no instante decisivo, ela se tornasse aberta e
acolhedora. Eis o que disse o Dr. Krokowski:
– Sob a forma de doença. O sintoma da doença nada é senão a manifestação disfarçada
da potência do amor; e toda doença é apenas amor transformado.
Agora sabiam o segredo, se bem que nem todos fossem capazes de apreciá-lo
devidamente. Um suspiro percorreu a sala, e o Promotor Paravant meneou a cabeça num gesto
significativo de aprovação, enquanto o Dr. Krokowski prosseguia desenvolvendo a sua tese.
Hans Castorp, por sua vez, baixou a cabeça, a fim de refletir sobre o que ouvira e de perguntar-se
a si próprio se compreendera. Mas ele tinha pouca prática nesse tipo de exercícios mentais e, além
disso, pouca presença de espírito, devido àquele passeio infeliz. Assim, sua atenção distraía-se
facilmente, e de fato se concentrou logo nas costas de Mme.. Chauchat, que ele via à sua frente,
bem como no braço que se elevava e inclinava para trás, para que a mão, diante dos olhos de
Hans Castorp, sustentasse, de baixo, os cabelos em trança.
Era angustiante ter essa mão tão perto dos olhos. Quisesse ele ou não, tinha de olhá-la,
estudá-la com todos os defeitos e particularidades humanas que lhe eram inerentes, como se ela
estivesse sob uma lente. Não, não havia nada de aristocrático nessa curta mão de colegial, com as
unhas aparadas de qualquer jeito. Nem sequer se tinha certeza de que estivesse perfeitamente
limpa nos nós dos dedos, e a pele ao lado das unhas estava roída – a esse respeito não existia a
menor dúvida. Hans Castorp fez uma careta, e todavia os seus olhos continuaram fixos na mão
de Mme.. Chauchat. Passou-lhe pelo cérebro uma vaga e incompleta lembrança daquilo que
dissera o Dr. Krokowski sobre as resistências burguesas que se opunham ao amor... O braço era
mais belo, esse braço suavemente dobrado atrás da cabeça, e quase desnudo, já que a fazenda das
mangas, uma levíssima cambraia, era mais fina do que a da blusa, de maneira que apenas
propiciava uma espécie de vaporosa auréola ao braço, que sem ela talvez fosse menos gracioso.
Era ele ao mesmo tempo delicado, gordo e -segundo todas as probabilidades – frio ao tato. No
que lhe dizia respeito, absolutamente não entravam em ação as referidas resistências burguesas.
Hans Castorp sonhava, os olhos fitos no braço de Mme.. Chauchat. Como se vestiam
essas mulheres! Mostravam isso e aquilo da nuca e do peito; glorificavam os braços por meio de
gaze transparente... Agiam assim em todo o mundo para excitar o desejo ansioso dos homens.
Deus do Céu, que bela era a vida! Era bela justamente pela naturalidade com que as mulheres se
vestiam de um modo tão sedutor; pois isso era mesmo natural e de tal forma comum, tão
geralmente admitido, que a gente mal o notava e o tolerava inconscientemente, sem fazer grande
caso. Mas cumpria pensar nisso – ponderou Hans Castorp – para encontrar um genuíno prazer
na vida e não se esquecer que tal modo de trajar era uma instituição deliciosa e, no fundo, quase
feérica. Claro que havia uma finalidade definida no fato de as mulheres terem o direito de se
vestir dessa forma maravilhosa e mágica, sem que, com isso, infringissem as regras da decência:
tratava-se da próxima geração, da procriação da raça humana; sim, senhor! Mas quando a mulher
estava interiormente enferma, quando não era, de maneira alguma, apta para a maternidade – que
dizer então? Haveria ainda algum sentido no uso de mangas de gaze que despertassem a
curiosidade dos homens quanto a um corpo interiormente carcomido? Era evidente que isso era
absurdo e deveria ser considerado pouco correto e até mesmo proibido. Pois no interesse de um
homem por uma mulher enferma havia tão pouco sentido quanto... bem, quanto houvera naquele
interesse silencioso que Hans Castorp sentira por Pribislav Hippe. Essa comparação não deixava
de ser estúpida, e a reminiscência, um tanto penosa. Mas elas se haviam apresentado
espontaneamente, sem que ninguém as chamasse. De resto, os seus sonhos foram interrompidos
nesse ponto, sobretudo porque a sua atenção se sentiu novamente atraída pelo Dr. Krokowski,
cuja voz se elevara de forma impressionante. Realmente, lá atrás da mesinha estava ele, com os
braços abertos e a cabeça obliquamente inclinada, e apesar da sobrecasaca parecia-se com um
Cristo na cruz!
Patenteou-se que o Dr. Krokowski, pelo fim da sua conferência, fazia intensa propaganda
a favor da dissecação das almas, e com os braços abertos convidava todo mundo para vir a ele.
Vinde a mim todos os que estão aflitos e carregados de culpa, disse o orador, embora com outras
palavras. E não deixou nenhuma dúvida quanto à sua convicção conforme a qual todos, sem
exceção, estavam nessas condições. Falou ainda do sofrimento oculto, do pudor e da mágoa, e
dos efeitos benfazejos da análise; celebrou a iluminação do inconsciente, preconizou a
reconversão da doença em um sentimento consciente, exortou à confiança e prometeu a cura. A
seguir deixou cair os braços, ergueu a cabeça, juntou a papelada de que se servira durante a
conferência, apanhou a pilha com a mão esquerda, e apertando-a ao ombro direito, com um
gesto tipicamente professoral, afastou-se pelo corredor.
Todos se levantaram, empurrando as cadeiras para trás, e começaram a dirigir-se
lentamente para a mesma saída pela qual o doutor abandonara a sala. Era como se todos, num
movimento concêntrico, convergissem para ele, de todos os lados, hesitantes, involuntariamente,
e todavia numa unanimidade surda, como a multidão que seguia atrás do flautista de Hamelin.
Hans Castorp permaneceu parado no meio da torrente, agarrando com a mão o espaldar da sua
cadeira. “Estou aqui só de visita”, pensou. “Ando bem de saúde e, graças a Deus, essas coisas não
me dizem respeito. Quando se realizar a próxima conferência, já não estarei aqui...” Viu como
Mme.. Chauchat saía a passo arrastado, com a cabeça caída para a frente. “Será que ela também se
submete ao bisturi do analista?”, pensou, enquanto o seu coração se punha a martelar... Com isso,
nem notou que Joachim se aproximava dele através das cadeiras, de modo que estremeceu
nervosamente quando o primo lhe dirigiu a palavra.
– Você chegou no último instante – disse Joachim. – Foi muito longe? Que tal o passeio?
– Oh, bonzinho – respondeu Hans Castorp. – Caminhei bastante longe, sim senhor! Mas
devo confessar que o passeio me trouxe menos do que eu esperava. Talvez fosse prematuro ou
até prejudicial para mim. Por enquanto não farei outro.
Joachim não perguntou se a conferência lhe agradara ou não. Hans Castorp também não
emitiu a sua opinião sobre esse ponto. Como por acordo tácito, nem então nem depois aludiram
à conferência.
continua pág 085...
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Leia também:
Capítulo II
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Capítulo III
Capítulo IV
Análise
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
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