No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Dois
baitasar
Memórias
as curvas do tempo, na
metade do dia, eram as mesmas faces tecidas dia após dia, naquela tapeçaria de
costumes e tradição
Como foi sua manhã,
querida?, ¡Mamá!
A comida está pronta?, Sempre a mesma comida, mamá...
ela faz de conta que
não ouve
tem as respostas
decoradas, mas se nega a ficar refém daquela rotina que enfeita cortinas, mesas
e cadeiras, o lugar das visitas, filhos são visitas
querem a casa
impecavelmente arrumada com cheiro tentador da comida pairando no ar, os passos
da entrada trazem consigo uma energia contagiante e sorrisos, é verdade
a casa se enche com vida,
risadas ecoam pelos corredores, histórias e memórias são compartilhadas, fotografias nas paredes parecem paralisar o tempo, trazem agitação e juventude, promessas de novas aventuras
lembranças preciosas
do futuro
a mesa posta é um
convite à partilha daqueles laços intrincados e indecifráveis, encontros
preciosos com abraços de afeto e prometimentos, um cotidiano para celebrar aquela
chama
pequenas coisas que
se repetiam todos os dias, enfiavam suas raízes devoradoras nas suas carnes,
mesmo quando essas pequenas coisas não eram reconhecidas não retiravam seu
prazer, a emoção de se surpreender com seu orgulho de mãe e esposa, a dimensão da maternidade
no entanto, passa se vendo sem conseguir enxergar além da negação do que ela mesma estava se
fazendo, encoberta pela submissão, insatisfação e os truques dos pequenos
silêncios, dores apertadas e miúdas, humores e sorrisos moldados em gesso
branco e higiene
Misma... sin
noticias..., respondia sem excitação, nada
claramente identificável da mulher dentro dela mesma, parecia querer esconder
que eles a interessavam, mas deveriam notar sua importância em suas vidas, uma exibição dramática sem novidades, muito menos, resultados práticos
hábitos são costumes
que na presença do tempo se transformam em necessidades que o corpo se nega a
abandonar, deixar de lado e seguir em frente
são carcaças de
ataque e defesa, subterfúgios da sobrevivência, Siempre há sido así...
sentia o conforto
adaptado nesse papel que lhe foi desenhado desde antes de ser concebida, a
submissão consentida não está perdida
uma mulher retalhada
por pequenas proibições só mostra o que é sensato, decente, cômodo e tolerado,
sente-se mal quando não cumpre com suas obrigações daquele cotidiano não desejado espontaneamente
aos poucos murchando
sem se perceber murchando, apesar dos sorrisos e promessas
conto à dona Manuela que existe uma mulher corajosa chamada La Leporina, ela vive en un pequeño
pueblo de la Montaña de maíz y plátanos
um lugar onde as
mulheres eram ensinadas desde cedo a serem submissas e obedientes aos homens
la Leporina,
no entanto, sempre questionou essa tradição, ela sonhava e lutava para viver em um
mundo onde as mulheres são livres e respeitadas
um dia, o líder da vila decidiu impor a prática da mutilação da submissão, onde as mulheres seriam
forçadas a passar por um ritual doloroso para mostrar que estavam dispostas a
obedecer cegamente aos homens
la Leporina se recusou aceitar isso, determinada a encontrar um jeito de se libertar dessa
submissão até então, um destino cruel
conheceu outras
mulheres corajosas, e juntas compartilharam suas histórias, decidiram
que era hora de tomar uma atitude
la Leporina liderou essas mulheres em uma jornada para desafiar aquelas crenças opressivas,
se tornou uma líder de um exército de mulheres
viajaram de aldeia
em aldeia, contando suas histórias, ensinando as mulheres a se defenderem,
elas mostraram que a verdadeira força não vinha da submissão, mas sim da coragem
e da união
com o tempo, a
mensagem delas começou a se espalhar, e as mulheres em todas as aldeias se
uniram para desafiar as normas que não respeitam as mulheres
finalmente, a pressão
foi tanta que o líder da aldeia revogou a prática da mutilação da submissão, e
as mulheres foram libertadas daquela imposição terrível
aquelas mulheres
provaram que juntas podiam superar qualquer obstáculo e mudar o curso das suas
vidas, inspirando outras mulheres a se levantarem contra a opressão dos homens
¡No existe tal mundo, jovencita! No podemos escapar de la
realidad, vivimos en una cueva desde que nacemos, encadenadas, de cara a las
paredes sin poder movernos, sin poder ver la luz del sol. Este es el único
mundo que conocemos, un mundo de sombras y fuegos.
acredito que o início desta invencionice da submissão das
mulheres vem com a fantasia da mulher
pensada a partir de uma adão qualquer, tudo merda, tudo prisão, um pesadelo de
dor e morte
Mas, dona
Manuela...
¡Basta de historias!
Dona Manuela, la Leporina diz que não somos uma cópia
imperfeita dos homens, não somos cópia de ninguém, essa ignorância é o engano
que nos aprisiona e submete...
dona Manuela ergueu a mão para me interromper
¡Cállate, jovencita! O tendré que echarte de esta casa...
somos do mesmo barro, mas modeladas à gosto dos homens pela
exaustão do tempo, costumes e tradições, com milhares de amostras deixadas pelo
caminho, educadas para acreditar em uma versão limitada e distorcida da
realidade, vivendo sem questionar ideias parciais que favorecem somente uma
narrativa: o homem é mais forte, mais inteligente e protetor
assim, aos poucos, murchamos sem nos perceber murchando
é só procurar bem, iremos encontrar essas molduras entalhadas
nas pedras, nossa evolução é um jogo de tentativas, muitos erros,
desaparecimentos e mortas pelo ódio dos homens
não fomos baldadas de olhos fechados, numa adivinhação de cabra-cega em sete dias, esse discurso da costela do tal adão deu muito certo para os
homens, perceberam o paraíso que se escondia atrás do jogo da argila, costela e
maçã
um mundo que não existe nos a pressionar num mundo que existe
e claro, minha querida amiga, isso é parte da mentira que ao
homem foi assoprada: a dica de correr, à mulher que não foi avisada restou ser
comida
desde então, estamos emprenhando enquanto o homem faz de
conta que não é com ele as providências sensíveis da vida
garimpamos as ambições dos filhos e abastecemos as vontades
de atenção das filhas, mas não temos as respostas, ¿Soy
feliz?, ¿y cómo sabemos cuándo somos felices?, ¿quién sabe?, ¿el reloj
despertador?, ¿la felicidad es una buena comida?
as perguntas que nos
fazemos terminam com a determinação de aprontar camas e agarrar roupas
espalhadas pelo chão, Haga que su servício...
despia o uniforme da
sobrevivência e ficava nua das fortes vontades, ela se sentia espalhada por
todos os cantos e esquinas da casa
derramada entre
frestas e arestas
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Livro Um:
Memórias - 01: a lua cheia
Memórias - 35: não lembro das despedidas
Livro Dois:
Memórias - 01: Don Juan Pietro Gonçalves Lara
Memórias - 02: fatos e mentiras
Memórias - 03: siempre ha sido así
Memórias - 04: ¡Hijo-de-puta!
Memórias - 05: El hombre es así
Memórias - 06: rusgas e rezingas, rastros do aprendizado
Memórias - 07: minha querida amiga
Memórias - 08: a liberdade de não sentir medo
Memórias - 09: a lenda da fonte mágica
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