parábolas de uma professora
civismo cínico
Ensaio 006A – 3ª.ed
baitasar e paulus e marko e kamilá
ofélia não parece querer sair do seu civismo cínico e torpor natural, zombaria e indiferença marcam suas ideias – e ela as tem, e sabe o que fazer com sua falta de compromisso e ignorância com o conhecimento da realidade no lugar onde está, por exemplo, detesta a escola pública com seus alunos que chama de famintos, desbocados e indisciplinados, ou simplesmente, a educação pública lhe é indiferente, Qual a utilidade de ensinar além de ler, escrever, somar e subtrair, em quê a famosa fórmula de báskara vai servir ao pedreiro, faxineira, zelador de condomínio, lixeiro, guardinha da rua, cozinheira? Nada! Só atrapalha a vida deles porque quanto mais instrução menos querem trabalhar! Isso é fato, Camila. Essa gente precisa de emprego. Precisam trabalhar! Chega desse Enem, que volte o vestibular! Estamos nos afogando em universidades e não acho uma faxineira! Só os melhores preparados nas universidades: nossos filhos. Outra coisa que ia esquecendo, não somos racistas, as pessoas boas da Villa não são racistas. Chega de vitimismo! E a escravidão na Villa foi amena, o negro quase não sentiu. O problema é o negro que só quer jogar bola, alguns fazem isso muito bem, ou bater tambor, também são ótimos nisso, mas não servem para consertar nada além de requebrar aquelas bundas maravilhosas, meu Deus! São lindas! A minha metade má sente muita vontade de sair requebrando junto, mas também é só o que me falta: virar mulata e pacifista, desculpe, passista! A vida dessa gente um pouco quem escreve é Deus, o outro pouco é a preguiça. É preciso virtude para não acabar escravo. Ah, sou a favor do casamento gay, quem tem que aceitar, ou não, é a bichinha que foi pedida em casamento. Eu sou aquela que respeita, mas, por favor, sem beijinhos e mãos dadas em público, né? O modo de vocês não é normal. Mas tudo bem, cada um com seu porão de coisas estranhas. Só acho que não precisam ficar se refrescando nos parques e cinemas, no shopping tá um nojo, o erro está em fazer isso, por aí. Os cubanos não são médicos! Ela é feia, sim! E o Lula é ladrão!
ela trama suas palavras com um pequeno e frio sorriso, não morre de amor por ensinar, muito menos, tem paixão em aprender, mas é professora em uma destas escolas públicas que detesta, vai seguir se enganando com o humor rouco da sua voz e olhar sem esperança, sem jardim, sem flores e com suas absurdas certezas, Camila, os sonhos até podem ser para todos, mas nem todos são capazes ou merecem os sonhos que sonham. Na verdade, quase ninguém merece. Você consegue entender? Estamos obrigadas a ensinar gente feia, desdentada, mal vestida, ignorante, gente que não sabe o que pode ou não sonhar, e não sabe ser gente. Coitados, essa gente não tem exemplos confiáveis. O pai abandonou a mulher e os filhos. Eu sei, eu sei, mas eu não sou mãe nem pai substituta de ninguém. A família educa e eu ensino. As mães que eduquem seus filhos. Agora, acho que esses políticos de merda vão baixar para quatorze anos. Não quer estudar, então vai trabalhar, fazer alguma coisa de útil. Eu com a idade dessas crianças já ajudava em casa, lavava a louça do almoço – a louça da janta ficava por conta da mamãe – e limpava a casa toda enquanto mamãe lavava a roupa no tanque, isso mesmo, tanque no inverno e verão. E não fiquei traumatizada ou infeliz, acho que nem mamãe. Ajudava estender a roupa no varal: camisas e blusas presas no arame pelas costuras do sovaco, assim evitava as marcas nas camisas e blusas. As roupas sem marcas não precisam ser passadas a ferro. Tinha o maior cuidado recolhendo as roupas do varal. Dobrava uma por uma. E não me caiu as mãos. Aprendi que tudo se economiza. Odiava, mas sempre fiz. Cuidava dos meus irmãos... duas pestinhas. Papai nunca deixou faltar comida na nossa mesa. Não tínhamos fartura, mas fome jamais. Ele saia cedo, a casa toda dormindo. Ele e sua marmita de guisado, arroz e feijão. Papai foi um boia fria. Quando voltava já estávamos dormindo, foi assim, por muitos anos, segunda à sábado. No domingo, ele e a mamãe dormiam até o meio-dia. Eu cuidava dos pestinhas até eles levantarem. E eu estou aqui, não estou? Isso só mudou quando papai foi demitido. Tempos difíceis, mas não faltou comida na mesa. Todas as semanas, durante os anos que o papai ficou desempregado, o vô e a vó faziam um pequeno rancho que o papai ia buscar. Chegava com as três sacolas carregadas na bicicleta, os olhos para sempre tristes. Roubou um enxada – ele dizia que achou, E achado não é roubado, minha filha. –, a tesoura de aparar grama pediu emprestada, a vassoura pegou no quintal de casa, e saiu pelas ruas da Villa oferecendo-se com jardineiro. Vovô já tinha sido papeleiro. Quase sempre as pessoas respondiam através do vidro da janela das casas, apenas um balanço negativo da cabeça. A maioria tinha medo de abrir a janela. Saia cedo e voltava tarde. Foi quando começou a beber. A vida ficou mais difícil.
ofélia virou-se para mim, continuo calada, nos olhamos e não sentimos nada uma da outra, a vida da ofélia não foi diferente da minha, mas somos tão diferentes e nunca seremos aliadas
a camila me socorre, ela está sempre pronta para a tarefa do conflito
Sim, Ofélia. É nossa tarefa educar o cidadão e a cidadã que nossa sociedade precisa.
E o que a Villa precisa, Camila?
nesse tempo de acirramentos insanos, nossa tarefa é organizar o conflito da ação dialógica porque o diálogo não pode excluir o conflito, numa sociedade de classes toda educação é classista e querer um diálogo doce e ingênuo é manter os oprimidos como cordeiros no altar dos sacrifícios
olho para camila, e sei, eu sei a resposta, quase posso antecipar suas palavras
Ofélia, não sei se você vai entender... eu espero que sim...
sem um diálogo crítico e libertador é como gemer sem ninguém por perto, não tem sentido, só você sofre, é desnecessário gemer para você mesma, se você não conseguir sair da prisão dentro de você mesma para se escutar, ninguém mais escuta, mas enfim, você continua gemendo, é o que você consegue fazer
Uau, não vejo a hora de banhar-me em tanta sabedoria...
dialogar nunca é fácil, é mais seguro e cômodo conversar, a conversa pode ser mais animada, ou não, mas raramente considera que o outro irá rejeitar suas palavras maravilhosas e divertidas, e se acontecer, não tem importância porque elas serão esquecidas ao virar à esquina; no diálogo, as palavras não são jogadas aleatórias, estão comprometidas com a vida histórica, existiu antes e pretende seguir existindo, lúcida e profundamente
Então, vejamos se me faço entender. É nossa tarefa histórica conscientizar e lutar contra a ordem de classes, arruinar essas conversas que escondem a luta de classes imposta pelo protagonismo do macho branco, dono de tudo. As disparidades sócio econômicas, o antagonismo, os interesses dissimulados da classe dominante, o civismo cínico e a crueldade são os subprodutos que sufocam todas as formas de viver diferente.
ela sabe que é assim, mas não ousa tratar do assunto com seriedade, não sente nenhum arrepio pelo corpo, e se sente, ignora porque não vai desistir da sensação de se manter na sua zona de conforto dos conteúdos programáticos, o medo modela sua vida, seu modelo de vida é a ordem já estabelecida enquanto não se sente perdendo mais que suporta perder
Então, não precisamos mais de médicos, engenheiros, advogados, professoras...
o mesmo papo-furado que a vida e a educação não se misturam e que quando estamos envolvidas com a educação não estamos envolvidas com a vida, como se estivéssemos envolvidas com a vida só quando cortamos a grama ou varremos a calçada, eu digo que é preciso varrer a calçada, mas é preciso ensinar nossas crianças a ler com mais amorosidade e respeito, a vida agradece, não precisa ser no mesmo tempo, mas de muitos jeitos diferentes
Sim, precisamos... mas também precisamos uma educação que não se perca na contemplação acima das lutas contra as desigualdades nem no ideal da ciência e da técnica.
Tudo a seu tempo, Camila.
E qual é o tempo, Ofélia? Você mesma argumentou que precisamos de médicos, advogados, engenheiros e professoras. E nem se deu conta que o seu discurso reforça que existe o mundo do homem e o mundo da mulher. Percebe?
Você é mais uma destas feministas? O feminismo e o machismo estão estragando tudo.
Sim, o feminismo está estragando esse silêncio cínico, cúmplice e covarde sobre a violência contra as mulheres, mulheres pobres, mulheres pretas, mulheres pretas e pobres, mulheres indígenas. E vamos continuar denunciando essas e todas as outras violências contra a vida.
então, quem quer se comprometer? quem quer agir e refletir além dos seus conteúdos? quem se reconhece no mundo e como se reconhece? você se reconhece capaz não apenas de sobreviver, mas de transformar e transgredir os limites impostos pelo dono de tudo?
parábolas: ensaio 006A / civismo cínico
parábolas: ensaio 007A / o compromisso
civismo cínico
Ensaio 006A – 3ª.ed
baitasar e paulus e marko e kamilá
ofélia não parece querer sair do seu civismo cínico e torpor natural, zombaria e indiferença marcam suas ideias – e ela as tem, e sabe o que fazer com sua falta de compromisso e ignorância com o conhecimento da realidade no lugar onde está, por exemplo, detesta a escola pública com seus alunos que chama de famintos, desbocados e indisciplinados, ou simplesmente, a educação pública lhe é indiferente, Qual a utilidade de ensinar além de ler, escrever, somar e subtrair, em quê a famosa fórmula de báskara vai servir ao pedreiro, faxineira, zelador de condomínio, lixeiro, guardinha da rua, cozinheira? Nada! Só atrapalha a vida deles porque quanto mais instrução menos querem trabalhar! Isso é fato, Camila. Essa gente precisa de emprego. Precisam trabalhar! Chega desse Enem, que volte o vestibular! Estamos nos afogando em universidades e não acho uma faxineira! Só os melhores preparados nas universidades: nossos filhos. Outra coisa que ia esquecendo, não somos racistas, as pessoas boas da Villa não são racistas. Chega de vitimismo! E a escravidão na Villa foi amena, o negro quase não sentiu. O problema é o negro que só quer jogar bola, alguns fazem isso muito bem, ou bater tambor, também são ótimos nisso, mas não servem para consertar nada além de requebrar aquelas bundas maravilhosas, meu Deus! São lindas! A minha metade má sente muita vontade de sair requebrando junto, mas também é só o que me falta: virar mulata e pacifista, desculpe, passista! A vida dessa gente um pouco quem escreve é Deus, o outro pouco é a preguiça. É preciso virtude para não acabar escravo. Ah, sou a favor do casamento gay, quem tem que aceitar, ou não, é a bichinha que foi pedida em casamento. Eu sou aquela que respeita, mas, por favor, sem beijinhos e mãos dadas em público, né? O modo de vocês não é normal. Mas tudo bem, cada um com seu porão de coisas estranhas. Só acho que não precisam ficar se refrescando nos parques e cinemas, no shopping tá um nojo, o erro está em fazer isso, por aí. Os cubanos não são médicos! Ela é feia, sim! E o Lula é ladrão!
ela trama suas palavras com um pequeno e frio sorriso, não morre de amor por ensinar, muito menos, tem paixão em aprender, mas é professora em uma destas escolas públicas que detesta, vai seguir se enganando com o humor rouco da sua voz e olhar sem esperança, sem jardim, sem flores e com suas absurdas certezas, Camila, os sonhos até podem ser para todos, mas nem todos são capazes ou merecem os sonhos que sonham. Na verdade, quase ninguém merece. Você consegue entender? Estamos obrigadas a ensinar gente feia, desdentada, mal vestida, ignorante, gente que não sabe o que pode ou não sonhar, e não sabe ser gente. Coitados, essa gente não tem exemplos confiáveis. O pai abandonou a mulher e os filhos. Eu sei, eu sei, mas eu não sou mãe nem pai substituta de ninguém. A família educa e eu ensino. As mães que eduquem seus filhos. Agora, acho que esses políticos de merda vão baixar para quatorze anos. Não quer estudar, então vai trabalhar, fazer alguma coisa de útil. Eu com a idade dessas crianças já ajudava em casa, lavava a louça do almoço – a louça da janta ficava por conta da mamãe – e limpava a casa toda enquanto mamãe lavava a roupa no tanque, isso mesmo, tanque no inverno e verão. E não fiquei traumatizada ou infeliz, acho que nem mamãe. Ajudava estender a roupa no varal: camisas e blusas presas no arame pelas costuras do sovaco, assim evitava as marcas nas camisas e blusas. As roupas sem marcas não precisam ser passadas a ferro. Tinha o maior cuidado recolhendo as roupas do varal. Dobrava uma por uma. E não me caiu as mãos. Aprendi que tudo se economiza. Odiava, mas sempre fiz. Cuidava dos meus irmãos... duas pestinhas. Papai nunca deixou faltar comida na nossa mesa. Não tínhamos fartura, mas fome jamais. Ele saia cedo, a casa toda dormindo. Ele e sua marmita de guisado, arroz e feijão. Papai foi um boia fria. Quando voltava já estávamos dormindo, foi assim, por muitos anos, segunda à sábado. No domingo, ele e a mamãe dormiam até o meio-dia. Eu cuidava dos pestinhas até eles levantarem. E eu estou aqui, não estou? Isso só mudou quando papai foi demitido. Tempos difíceis, mas não faltou comida na mesa. Todas as semanas, durante os anos que o papai ficou desempregado, o vô e a vó faziam um pequeno rancho que o papai ia buscar. Chegava com as três sacolas carregadas na bicicleta, os olhos para sempre tristes. Roubou um enxada – ele dizia que achou, E achado não é roubado, minha filha. –, a tesoura de aparar grama pediu emprestada, a vassoura pegou no quintal de casa, e saiu pelas ruas da Villa oferecendo-se com jardineiro. Vovô já tinha sido papeleiro. Quase sempre as pessoas respondiam através do vidro da janela das casas, apenas um balanço negativo da cabeça. A maioria tinha medo de abrir a janela. Saia cedo e voltava tarde. Foi quando começou a beber. A vida ficou mais difícil.
ofélia virou-se para mim, continuo calada, nos olhamos e não sentimos nada uma da outra, a vida da ofélia não foi diferente da minha, mas somos tão diferentes e nunca seremos aliadas
a camila me socorre, ela está sempre pronta para a tarefa do conflito
Sim, Ofélia. É nossa tarefa educar o cidadão e a cidadã que nossa sociedade precisa.
E o que a Villa precisa, Camila?
nesse tempo de acirramentos insanos, nossa tarefa é organizar o conflito da ação dialógica porque o diálogo não pode excluir o conflito, numa sociedade de classes toda educação é classista e querer um diálogo doce e ingênuo é manter os oprimidos como cordeiros no altar dos sacrifícios
olho para camila, e sei, eu sei a resposta, quase posso antecipar suas palavras
Ofélia, não sei se você vai entender... eu espero que sim...
sem um diálogo crítico e libertador é como gemer sem ninguém por perto, não tem sentido, só você sofre, é desnecessário gemer para você mesma, se você não conseguir sair da prisão dentro de você mesma para se escutar, ninguém mais escuta, mas enfim, você continua gemendo, é o que você consegue fazer
Uau, não vejo a hora de banhar-me em tanta sabedoria...
dialogar nunca é fácil, é mais seguro e cômodo conversar, a conversa pode ser mais animada, ou não, mas raramente considera que o outro irá rejeitar suas palavras maravilhosas e divertidas, e se acontecer, não tem importância porque elas serão esquecidas ao virar à esquina; no diálogo, as palavras não são jogadas aleatórias, estão comprometidas com a vida histórica, existiu antes e pretende seguir existindo, lúcida e profundamente
Então, vejamos se me faço entender. É nossa tarefa histórica conscientizar e lutar contra a ordem de classes, arruinar essas conversas que escondem a luta de classes imposta pelo protagonismo do macho branco, dono de tudo. As disparidades sócio econômicas, o antagonismo, os interesses dissimulados da classe dominante, o civismo cínico e a crueldade são os subprodutos que sufocam todas as formas de viver diferente.
ela sabe que é assim, mas não ousa tratar do assunto com seriedade, não sente nenhum arrepio pelo corpo, e se sente, ignora porque não vai desistir da sensação de se manter na sua zona de conforto dos conteúdos programáticos, o medo modela sua vida, seu modelo de vida é a ordem já estabelecida enquanto não se sente perdendo mais que suporta perder
Então, não precisamos mais de médicos, engenheiros, advogados, professoras...
o mesmo papo-furado que a vida e a educação não se misturam e que quando estamos envolvidas com a educação não estamos envolvidas com a vida, como se estivéssemos envolvidas com a vida só quando cortamos a grama ou varremos a calçada, eu digo que é preciso varrer a calçada, mas é preciso ensinar nossas crianças a ler com mais amorosidade e respeito, a vida agradece, não precisa ser no mesmo tempo, mas de muitos jeitos diferentes
Sim, precisamos... mas também precisamos uma educação que não se perca na contemplação acima das lutas contra as desigualdades nem no ideal da ciência e da técnica.
Tudo a seu tempo, Camila.
E qual é o tempo, Ofélia? Você mesma argumentou que precisamos de médicos, advogados, engenheiros e professoras. E nem se deu conta que o seu discurso reforça que existe o mundo do homem e o mundo da mulher. Percebe?
Você é mais uma destas feministas? O feminismo e o machismo estão estragando tudo.
Sim, o feminismo está estragando esse silêncio cínico, cúmplice e covarde sobre a violência contra as mulheres, mulheres pobres, mulheres pretas, mulheres pretas e pobres, mulheres indígenas. E vamos continuar denunciando essas e todas as outras violências contra a vida.
então, quem quer se comprometer? quem quer agir e refletir além dos seus conteúdos? quem se reconhece no mundo e como se reconhece? você se reconhece capaz não apenas de sobreviver, mas de transformar e transgredir os limites impostos pelo dono de tudo?
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leia também:
parábolas: ensaio 001A / Camarada, Ofélia!
parábolas: ensaio 002A / o coração livre para voar
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