quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Poemança Africana: Poesia de Combate (Moçambique) - 39a

Poemança Africana - 39a


língua portuguesa


Poetas moçambicanos, militantes da FRELIMO, como os demais engajado na luta armada de libertação nacional.



Atumbwidao


É NOSSO DEVER

É nosso dever recordar
Que temos direito à Liberdade
Como a têm os Povos longínquos
Assim como os da nossa vigilância

A natureza não destinou aos Moçambicanos . 
Permanecerem colonizados sem nenhum direito
A natureza não modificará as condições de vida
Sem o nosso esforço para tal

Os nossas bravos antepassados
Combateram a invasão colonialista
Em vários pontos do País
Dos extremos Sul ao Norte

Os nossos antepassados servem de exemplo
Nós vamos aprender com eles
Rejeitando as nossas concepções velhas
Concebendo espírito de patriota.



Damião Cosme



O GUERRILHEIRO

Ai vem ele todo armado e feroz
Aí vem o homem que Liberdade traz

Todo roto e sujo, mas com coração de ferro
O Guerrilheiro sorri e canta.

Ele não tem casa,

Mas ele,: «Eu trago Liberdade e Paz
Com esta arma na minha mão
Eu expulsei Salazar e a sua tropa”.

Eis uma manhã linda e suave
O Guerrilheiro levanta-se
O orvalho serve de água

As aves espantadas perguntam:
“Por que sofres tu assim, rapaz?”
O Guerrilheiro, sorri e canta
“Liberdade para todos eu trago”.



O GUERRILHEIRO EM MARCHA

Eu bem contente estou
Pois sou militante
Cheio de alegria estou
Porque sei o que via e mal sabia

Sou guerrilheiro
Vim do Povo
Não pelo estrangeiro
Sim, sempre pelo Povo

Missão gloriosa tenho
Longa história escrevo
Angústia durante a marcha não tenho
Porque um acto sagrado levo

Cinco séculos passaram
Muitos camaradas tombaram,
Resistiram até que as forças
Se lhes esgotaram

Pela fadiga não se renderam
«Antes morrer que viver na escravidão».



A. Rufino Tembe


IRMÃOS DE QUE ESPERAM

Irmãos! De que esperam?
Estão sempre passando dias . . .
E o português jamais se transformará,
Deveis lutar pela liberdade de Moçambique!

Irmãos! termina o dia...
A primeira estrela resplandece
Procurem o vosso caminho de liberdade,
Dirigi-vos por onde estão os outros.

Dirigi-vos por onde estão os outros...
Pegar na arma contra Salazar . . .
E só assim poderão amanhã,
Ver os vossos pais livres da opressão.

Para que os vossos pais . . .
Querendo dizer, o Povo,
Do qual viestes e para o qual voltareis
Pague-vos em alegria o que sofrestes por ele.

Lutai, que o inimigo está no vosso leito,
Preparando para dormir contente.
Dormireis tranquilamente
Se expulsardes o vagabundo Salazar.
Sofrestes desde há séculos
Com nenhum dia vazio,
Trabalhastes e ganhastes nada,
Fostes oprimidos dentro do vosso País.



Jackson


MOÇAMBIQUE CHOROU E CHORA

Moçambique chorou e chora
Boa que é, massacrada sem razão.
Não dando por isso os seus filhos,
Moçambique chorou e chora.

Chorou e chora Moçambique
Pelas riquezas que lhe usurpam
Sem os filhos as utilizarem,
Moçambique chorou e chora.

Moçambique chorou e chora
Os filhos ouviram e perguntaram
De que chora nossa mãe?
Moçambique chorando explicou

«Chorei e choro das riquezas
Que os colonos me arrancam
Que muito me serviria

Para vocês todos meus filhos.»

Os filhos de Moçambique decidiram
Afastar os ladrões que levam
As riquezas da sua mãe
Que a eles muito bem pertencem.

Agora Moçambique chora de alegria
Pelo trabalho dos seus filhos
Que é para ela para sempre

Ficar livre dos ladrões.



Mahasule


A LUTA ARMADA

Sangue Moçambicano se derrama
E vidas de combatentes se perdem
Sangue Moçambicano estruma a terra
Novas gerações Revolucionárias nascem

Qual o motivo da perda deste sangue?
E da opressão e massacre deste Povo forte?

Este sangue é perdido pela justeza
Massacrado e oprimido este Povo é
Por de Moçambique quererem sugar toda a riqueza.



Alfredo Manuel


VENCEREMOS

O Sol rompeu
O homem se levanta
Para ver o que se passa em sua volta

Pega a enxada para a machamba
Os produtos são-lhe roubados
Pega o anzol para a pesca
Os produtos são-lhe roubados
Por fim a ele é exigido o imposto e oprimido

Todo pensativo
Finalmente o homem descobre
De que vive preso
Ligado com fios chamados colonialismo

Decidido pôs-se a lutar energicamente
Para se libertar das garras
Para lançar fora essas garras
Que lhe prendem as mãos, pés e consciência
Esses piolhos que só vivem à custa do sangue
dos outros

O homem, firme, decidido, avança e diz:
Sairão, sairão, caso contrário
A luta não acaba até que morra.



MOÇAMBIQUE DIZ

De mim saíste, p'ra mim virás.
O teu ser, dependeu de mim,
A formação do teu corpo
Dependeu das minhas riquezas.

Alimento que te dei desde a tua infância
Até aos dias da tua-adolescência
Saiu do meu solo.

O sangue que te corre nas veias
São as águas dos rios que correm em mim
Elas são as minhas veias.

O teu pensar, é o meu desejo;
O teu combate é a minha alegria
É a minha futura Liberdade.

Para que eu seja livre, é preciso que te levantes
E derrames o teu sangue heroico, dia após dia.
Sê conforme as circunstâncias
Pois a riqueza depende do futuro.

Para que eu venha a ficar alegre
É preciso que tu não vaciles.
O meu existir é somente para ti,
Meu filho.

Não tem lugar em mim,
Só se te portares bem, eu em ti, vice-versa.




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POESIA DE COMBATE – 2ª. edição. [Maputo]: Departamento de Trabalho Ideológico do Partido – FRELIMO, 1979. 39 p. ilus. 14,5 x 21 cm. 10 000 exs.
Ex. bibl. Antonio Miranda. Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito.


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