segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Histórias de avoinha: Josino - A vida cansa se ocê só reclamá 04B

Josino


A vida cansa se ocê só reclamá
Ensaio 04B – 2ª edição 1ª reimpressão



baitasar



Milagres oiava Josino indo, segurava o medo e o choro. Não era mais criança, mais continuava assombrada com os fantasma dos branco, eles ia e vinha atormentá com as suas louquice a desgraceira de vida dos preto. Não tinha jeito ou feitio de melhorá. Mais qui podia piorá tudo qui era preto sabia. Ela afirmô mais as vista pra não perdê de oiá o seu homem, oiô inté ele sê uma desaparição. Pediu proteção e resistência enquanto as água salgada escorria dos óio, moiava os pé e encharcava a terra

Oiá, a siazinha da ventania qui regenera ou faz desfigurá, esse é o momento da fartura das chuva forte e dos redemoinho, é o tempo do desassombro, o tempo de escutá as palavra do segredo, cuida de vigiá os assunto do Josino, inté ele voltá no meu caminho e ficá me amorando, nessas hora, a siazinha pode deixá os cuidado do Josino comigo.

Juntô as mão e levô elas inté os lábio e ficô assim, oiando e pedindo. Sabia qui tinha qui sê certeira nas coisa qui queria e podia querê. Oiá não podia tudo sozinha. Josino pediu qui queria fugí pra continuá resistindo firme com as raiz preta. Engravidando a terra com as preta. Fazê tê mais preto qui branco. Milagres respirô e suspirô uma vez, depois puxô o ar do fundo da mata inté abarrotá o peito com tudo qui era perfume, fez assopro na direção da estrada e pediu qui a siazinha da ventania levasse o aviso pro Josino

Sê cuida, meu preto. Sê cuida, não deixa o diabo comê o pão qui ocê amassa.

Depois voltô pras tarefa na casa grande.

As lembrança precisava fica amornando, mais os caminho não terminava. As distância parecia qui tinha encompridado. Naquela manhã, ela mais parava qui caminhava. Os óio alagava com os alvoroço qui tinha por dentro, então, ela parava pra desencharcá e descarregá do corpo as vontade de ficá amorando, inté qui ria dos pensamento qui tinha

É bem assim, pra terminá com as vontade e amordaçá o bem-querê, é só começá descarregá os bagaço do corpo nos refúgio das moita, depois vem a precisão de voltá pras tarefa na casa grande. As lembrança precisava ficá amornando, escondendo os caminhos qui não terminava. Milagres mais parava qui caminhava. Um pouco oiava otro pouco chorava. Os óio alagava os alvoroço qui tinha por dentro. Não tinha força nem vontade de chegá. De tanto em tanto, ela empacava pra desencharcá.

Os alarido dos preto na senzala já se confundia com as ordem dos trabaio. De longe já se escutava o jovem Capitão, a cada pouco, mais junto. Ele gritava as tarefa de cada um dos preto. Um negro qui se dava consideração de importância como bicho-do-mato. Acreditava no seu feitio de parecê branco sem sê. Entrava nos lugá qui fosse preciso pra fazê a coleta do preto fugidio. Um caçadô farejadô qui fungava o perfume dos preto. Era novo, mais já carregava nas mão as melhó busca e captura do siô Clemente. Um negro carreirista. Tinha o feitio pra rastreá, o faro pra acossá e o gosto pra acorrentá e se mostrá pro siô

Cadê, Gabriela... onde tá a escrava Gabriela, o carreirista caminhava pela estância perguntando, algum nêgo daqui viu a nêga Gabriela, uns qui otro oiava e sacudia a cabeça qui não sabia. E quem tinha conhecimento não ia respondê, quem é qui viu a nêga Gabriela?

Ela não dormiu nos grilhão.

É para o bem dela ser logo encontrada, continuava tentando convencê os preto qui era bão falá, não é nada, não é nada, não precisam ter medo, se não é nada o Capitão não precisa continuá a perguntá. Pro bem dos preto é qui não devia sê

Eu vô continuar perguntando até achar a nêga Gabriela, eu tô preocupado por causa de ocês.

Naquela noite, pelas conta da siá e da lua, ela tinha recebido semeadura. A mulhé qui os grito de chamado do Capitão procurava chegô devagá, não tinha vontade nenhuma de ligeireza, a pressa tava nos otro, ela tava com as perna mole num corpo qui carregava as calmaria e as alegria qui recebeu e deu. Não sabia o qui mais agradava, se dá pros mimo do Josino ou fazê ele recebê os mimo qui ela dava.

A mulhé qui vinha da pedra do amô chegava sem as vontade, elas inda tava por lá

Gostei de ficá com ocê, meu preto gostoso, ela sabia provocá o homem encantado pelo amô das palavra, pelo feitio como as mão tocaiava, as vista mostrava qui as vontade dela era verdadeira, a boca resmungava

Eu gosto de ocê, demais.

Eu sei, mais eu gosto mais de ocê qui ocê d’eu, gosto do seu feitio de gostá, ele tinha força pra lhe deitá em cima e fazê a semeadura no próprio gosto, mais, ainda bem, qui mais lhe dava gosto sê a sela da cavalgada, oiava as vista do Josino e perguntava, gosta assim, meu preto, faço do feitio qui me agrada e lhe deixa me saboreá com as vista, as mão, gosto de sentí ocê enfurnado do início inté o fim.

Adoro vê ocê montada, minha preta, as vista oiando... oiando... as parte qui fica escondida se mostrando... dançando.

As mão continuava agarrando os dois, um se aproveitô do otro inté antes dos barulho da noite silenciá. Amanhã tava se espreguiçando e o dia acordando. Os dois na pedra do amô não desatava o nó do otro inté o sol nascê.

Ela ia na direção dos grito, mais o gosto na boca não lhe deixava esquecê as mão do homem encantado. Desembaraçava as vista triste com o uso das mão. Tinha vontade de soluçá, derramá as vista inté alagá tudo naquele redó de lugá. Uma terra de trabucá sem tê proveito de nada. Nem da cantoria se podia aproveitá. O siô tinha proibido qualqué alegria.

Aquela noite, junto com o Josino na pedra do amô, os dois imaginô a imaginação do navio voadô levado pelos assopro de Oiá, ia longe das corrente de ferro com agarramento nos tornozelo. O navio tava desamarrado e balançava no embaciamento nuvioso. Mais era uma soltura de fingimento, eles não podia saí pra onde havia de querê. Foi a primeira vez qui Milagres sentiu as corrente sem vê e atinô qui só os preto podia entendê da precisão de tê um lugá de fugí. Parô, se oiô no rumo do Josino e pediu pra Oiá levá só mais esse pensamento da cabeça

Devia tê concordado com a pressa do meu preto. Agora, nem ocê nem eu sabe se vai brilhá de novo, juntô as mão e assoprô as palavra da cabeça. Ficô oiando inté o mato pará de balança. E voltô no caminho.

Tava mais perto pra escutá os grito do Capitão lhe chamando, não queria lhe respondê, mais se é assim qui é, assim qui vai sê, por agora, meu preto. E se ajeitô antes de respondê

Para de rezingá, Milagres. Assim, ocê tira a terra do sono. Fecha os óio e caminha com lindeza. A vida cansa se ocê só reclamá.

Não consigo, meu preto. Não consigo deixá de reclamá a parte qui me cabe, dessa vida amarguenta.

Os dois flutuava no barco da estrada larga das água, tão larga qui os óio não alcançava de vê o otro lado. A mesma estrada que carregô nas costa as história do pai e da mãe da terra. Ela não sabe se foi aparição da imaginação, mas jura qui viu o primeiro preto qui chegô acorrentado e foi fincado inté enraizá. E ali, moiado com as água da saudade, nasceu a árvore de todos os preto. Os fio e as fia perdeu as vista da terra do pai e da mãe, eles foi carregado no negreiro pra mais longe qui as vista e os perfume podia alcançá. E assim, por cada negreiro qui chegava, os preto enraizava mais otra árvore

Vamô plantá mais uma árvore, ela lhe convidô

Ocê qué de verdade, ele lhe respondeu com otra pergunta. Ela lhe oiô sem respondê, balançô a cabeça desanimada, os homem não cresce rápido, não importa qui cô eles carrega na pele da cobertura. Quando respondeu lhe deixô um aviso

E ocê não se atreva em afrouxá o nó.

Não se preocupe qui não vô lhe saí.

O divertimento era fazê o otro se derramá primeiro, dá podia sê melhó qui recebê

Apressa... apressa, meu preto. Não deixa eu sozinha nessa alegria... apressa... apressa, ele apressô o gosto de tê Milagres com o apetite comido. Empanturrada daquele regalo de tá dentro e fora, indo e voltando, apressa... apressa, minha preta, ela apressô a cobiça e lhe estreitô o caminho, mais na intenção de ficá pronta depois dele, vem me enraizá.

Ele desapressô. Não queria se despachá.

Ela lhe bateu na perna, não para... não para... derrama... derrama, inté qui ele caiu na tocaia e deramô as semente

To indo... to indo...

Assim... assim... é meió, ele apressô qui desatô a vida toda qui podia tê. Soltô um suspiro maió qui os lamento da mata. Ela afroxô a mão qui segurava as costa do homem e levô inté a boca dele, e pediu

Calma... calma, qui ainda não terminô. Continua, não para... continua... continua...

Ele levô as duas mão inté a garupa e firmô os dois num só corpo, estendidos de lado, a respiração pertinho

Continuo... continuo... mais ocê é maluca.

Assim, meu preto... continua, inté qui também desatô

Amô ocê, muié.

Eu sei qui ocê sabe.

É cisma qui os preto carrega da terra da mãe e do pai, por lá, quando o homem e a mulhé acha o feitio de fazê o amô provoca as lembrança da terra, eles finca as raiz da árvore chamada baobá. Uma árvore qui não se termina, assim como os preto, tem a vida enraizada na terra.

Milagres caminhô sonhando no sonho, inté qui chegô na distância de respondê, e perguntô

Quem é qui qué sabe?

Com feitio de atrevida ela parô na frente do Capitão, ali, no meio dos alarido e agitação na senzala. Não podia evitá aquele negro e branco, ele era hostil e provocadô. E amargurado. Ele não podia parecê branco, tudo qui ele queria sê, sabia qui tinha um pedaço do siô, mais aconteceu qui uma lasca não fez dele um branco inteiro, inda mais, se o naco do pai qui aparecia no fio era só o viço da verdura no ôio. E nem era nas duas vista, o otro ôio era na cô da natureza dele, tinha o vigô da tristeza dos preto. Dois mundo nas vista e a sanha do mundo todo no coração. O qui podia fazê o Capitão entendê melhó as pessoa, separava ele em dois. Fingia um desapego qui não sentia. Não conseguia encobrí sua lasca de alegramento quando o siô lhe tratava com entendimento do seu justo valô de caçadô de preto

Esse negro não foge da doença nem do sol, entra no mato com gosto. Nada lhe mete medo. Não tem aborrecimento, acho até que tem gosto de correr atrás dos negros fugitivos.

A escrava Grabiela sabia qui tava na frente do fio qui não era fio, mais qui queria se mostrá pro siô, qui era o pai qui não era o pai. Oiava os dois mundo qui ele carregava nas vista

A sinhá Casta quer saber de ocê.



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