sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Histórias de avoinha: Josino - esse lugá precisa de nóis, mais nóis não precisa desse lugá 03B

Josino

esse lugá precisa de nóis, mais nóis não precisa desse lugá
Ensaio 03B – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar


Gabriela iniciô a feitura da mesa com os mantimento do café, tinha mais duas preta na sua ordem qui ia e vinha da cozinha. Os preto de serviço na casa grande usava os pé descalço. O siô não queria os pé preto com qualqué vestimenta, preferia eles livre e borbulhando silencioso pela casa

Já me chegam os lamentos da negrada nas lidas da estância, não quero ter que escutar essa negrada arrastando os pés na casa. Sinhá, acho que os carregamentos melhores estão indo para Pelotas ou ficando na capital do Império.

A siá Casta se desvirô e oiô o marido, gostava quando ele colocava na conversa os assunto de homem. Ele gostava, também

Vou lhe confessar, sinhazinha... fazia parada da falação e esperava ela aumentá no interesse, esse último lote é uma cambada de refugo. O siô Clemente largô o copo da aguardente na mesa e voltô a colocá as mão escondida nas costa. Deu uns passo na direção da pintura do seu pai. Ele afirmava sê a cópia exata das feição do véio. Afirmação qui ninguém tinha como confirmá. O pai e toda família foi morta pelos preto ajuntados com os cisplatino, lá pelas banda das charqueada pelotense. Em que pese ninguém tê noticioso de tal coisa, havia as notícia dada pelo siô Clemente, o único sobrevivido declarante presenciadô do qui mais ninguém viu, mais qui todo branco qui escutava aquela história creditava e cuidava de contá de novo, de novo e de novo. É mais fácil creditá nas coisa qui si qué creditá, qui escutá as otra verdade qui pode sê, o cismado tá decidido qui não credita e pronto. Ocê pode dizê o qui quisé, ele enfia a cabeça no traseiro da vaca e jura qui não tem lugá melhó. Essas pessoa não credita com os óio, elas usa só o nariz do coração alambicado, e se elas diz qui o ódio do coração é amô, elas vive amando odiá. A verdade qui tem é delas e se não fô assim, tá com quem inda não nasceu, só assim pra tê verdade qui não tá com elas

Não foi por falta de aviso, as vista da siá tava no marido enquanto ela lhe retrucava, quanto menor é a vossa vontade de pagar pelos negros, mais baldado o sinhô meu marido se arrisca em comprar, sorriu das palavra dita, cada dia mais parecida com o falecido conde.

O siô continuava em pé, oiando em silêncio, apreciando os rumo da conversa

Por que o sinhô meu marido está parado e me olhando nesse silêncio de aprovação, antes de respondê, ele sorriu, tava agradecido pela feição de concórdia entre os dois. Chegô sentí um avivamento nas virilha, foi coisa pouca e passageira, é verdade, mais um conforto de sabê qui as coisa ruim podia melhorá

Pois, na próxima compra de negros, vou levar vosmecê. O próximo lote vai obedecer as suas vontades de negociar, as vista de um chegô no otro, os dois tava sorrindo com o entendimento.

Primeiro, a toalha imaculada foi ajeitada na mesa com os cuidado de inspeção da Grabiela. As duas preta puxava pra lá e cá, oiava pra Grabiela e esperava. Arrumava de novo, e esperava. A mesa de madeira parecia tê o tamanho de dois altá, o tamanho da ambição do conde do Gravataí com a abundância dos fio qui queria tê, mais qui ficô só na siá Casta. A condessa terminô o serviço de nascimento da fia e se finô. Assim, a mesa não se encheu, continua esperando o uso completo. E não parece qui vai tê enchimento de criação tão cedo, mais se a siá Casta não tivesse desgosto de recebê o encadeamento dos fio renegado do siô Clemente... ia tê falta de lugá no altá.

Depois da toalha aprumada, veio os pão e as fruta. A Gabriela carregô as mistura, o queijo e o salame. No fim da carregação chegô o leite e o café recém feito. O siô Clemente convidô a siá Casta pro uso da mesa. Ela agradeceu com as vista e sentô, usô a beirada da cadeira oferecida pelo marido. As mão ficô no colo e as vista na mesa. Ele caminhô inté o otro lado do ofertório. Acomodô o seu lugá de costume. Oiava no otro lado da mesa a cópia do sogro. Agarrô o copo vazio da terceira medida

Negra, leva esse copo, e sem oiá os serviço na mesa, falô com desinteresse de sê ouvido pela escrava Grabiela

Sinhá Casta, deixo esses assuntos da lua em suas mãos. Agora, vou me preocupar com o Josino. Espero que o negro se resolva, oiô de trevés inté na direção da Grabiela, escondida nos afazê da mesa matinal. Ela sentiu arrepio do medo. Depois da pequena descontinuação da sua conversa, ele completô o aviso qui queria dá, ou arrumo outro jeito. O custo de liberar o Josino da obra santa tem muito preço. O padre é muito apegado na obra e o Josino é negro da confiança.

Pois mande outro no lugar dele, foi o dito pela siá e o pensado pela escrava, a preta quase disse o qui devia dizê, mais não disse. Os preto não tinha lugá nas conversa da casa grande, se queria conversá precisava esperá a volta pra cozinha ou o acabamento do dia na senzala

O viúvo da batina...

Por favor, sinhô meu marido, o chamativo da atenção do siô pela siá queria lhe fazê lembrá dos perigo de brincá com as coisa qui são séria, quando precisarmos das preces do sinhô padre, elas vão nos faltar.

Muito bem, sinhá Casta, desculpe o meu atrevimento, como lhe dizia, o padre faz questão do Josino, ele tem o braço forte, perna que não cansa, e mais importante, fica com a boca fechada. O que entra pelos olhos não sai pela boca. Trabalha como um cavalo e sem um gemido. Negro assim é escasso e raro. O preço do negro subiu para 350$000 mil-réis. Esse último lote ainda consegui comprar um que outro negro por 200$000 mil-réis: o valor aproximado de cento e cinquenta cavalos.

Sinhô meu marido, o Josino voltou para ficar pouco, a pergunta de sabê da siá era a vontade de sabê da escrava. O coração da preta tava de adiantamento, a aceleração e a urgência corria a mais qui a boca tentava se fechá. Só as mão treinada da escrava não tremia, mais o resto da mulhé parecia vara verde, as perna mal lhe deixava em pé

O negro mal chegou e já tem recado do viúvo ganancioso, o siô levantô e caminhô, mais desta vez as mão não tava acorrentada nas costa

Sinhozinho, não fale assim. O sinhô padre só deve querer saber quando o Josino há de voltar... o sinhô devia apreciar o seu café.

O padre sabe que o negro é de bom preço. Mas por aqui, na estância, me vale mais para fazer boas crias, siá Casta levô uma das mão na boca e baixô as vista, a gesticulação qui avisava do seu embaraço

Sinhozinho, não me fale assim, o siô Clemente parecia não lhe escutá

Vai cruzar com quem eu lhe mandar!

Sinhô meu marido sente à mesa. O café lhe espera.

Com atraso... com atraso, sinhá.

Siá Casta oiô Grabiela qui tava espetada no chão, esperando ordem da siá

Ocê pode voltar aos serviços na cozinha, mas fique com os ouvidos atentos, ela saiu sem nenhuma palavra dita, só podia escutá.

Tudo ou quase tudo pode não sê do feitio qui se pensa qui é ou se qué pensá qui é, Grabiela sabe qui o feitio da verdade qui é verdade não existe. A verdade fica do lado qui conta melhó a história pra sê contada. Então, a verdade qui fica é as história do mais forte. E os qui não pensa... credita e repete.

Sabê daquela conversa do siô e da siá na mesa do café deixô Josino na maió tristeza da preocupação, mais também lhe alertô pra falação qui precisava tê com sua Milagres. Ele não queria fazê fio escravo, mais pra fazê fio liberto era preciso fugí. Para Milagres interessava é tê o fio ou a fia, ela lhe contô qui tinha fé na semente dele germinando na sua terra fértil de mulhé

Não credito nas promessa do siô, ele tem querê pra forçá as suas cisma de branco, tem o ânimo e a força pra fazê existí as coisa qui qué pro bem dele.

Eu sei, Josino... eu sei, ela precisô suspirá pra modo de concordá, esse é o nosso tempo de vivê, mais pode sê qui o tempo dos fio seja otro.

Essa gente nem os farelo deixa escapá, eles tem mais gosto de botá fora qui deixá os preto se aproveitá, e isso é assim e não vai mudá, ela o desconhecia quando tava exaltado e deixava a brabeza saí da garganta

Mais aqui se tem mais amparo qui no mato, ele levô o dedo com doçura na boca da sua Milagres e lhe pediu pra ouví

O qui existe aqui, onde tá o proveito do trabalho, perguntô com os braço aberto, como se pudesse lhe mostrá toda a estância.

Ela balançô os ombro

Se os preto não vivê dentro das ordem do siô vai tê tronco, chibata e as corrente, e mais as tristeza com as dô das marca.

Josino abriu os braço e abraçô Milagres, juntô os lábio grosso pertinho dos óio da mulhé, esse lugá precisa de nóis, mais nóis não precisa desse lugá.

Com os primeiro siná do dia ele voltô pro erguimento das torre

Não tenho mais dia marcado pra voltá, minha preta, ela lhe colocô a mão na boca e pediu pra ele aquietá

Vê se não morre e volta, Josino. Já tô acostumada com ocê, acho qui é amô. Ocê precisa se cuidá.

Sô propriedade de dois siô, é muito cuidado pra tê.

Não vá passá dos limite e não se atormente. O seu desavançá nas torre santa é assunto pra sê tratado com siá Casta. Vô ajudá com as conta da lua dela.

Josino mostrô o sorriso quieto e desdentado.

E partiu.




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