Ensaio 34
baitasar
Não
pude vencê eu mesma, ficava com um pé lá, na ventania, outro cá, na calmaria,
querendo os feitiços da caixinha das música com o Capitão, e os encantamento do
avô pra modo de cria os dois moleque e a sapeca da Ana
— A avó sofreu da miragem, eu sei como é,
tenho alucinação com a professora da geografia, tem vez que tá onde não tá,
outra vez, não tá onde parece que tá, e na vez que tá onde parece que tá... eu
não tô. A miragem parece que nunca se junta com a vontade.
É
mais fácil vivê sem o conforto da comida que vivê sem os dente, eles dão tapeação
de boniteza, depois que se vão cai os cabelo e fica a vontade de fazê o mundo
girá do contrário. A avó tava perdida na dúvida, queria o colo do
enfeitiçamento e o regaço do conforto, tinha dois dono e duas vida, até que a
sua tia Vanda enraizô e não queria desfazê o feito. Tive que escolhê um pai:
fiquei com o que já tinha da certeza. Com o zelo nasce o recolhimento, um dia a
avó vai sê assoprada da vida, não sobra nada além das história que se há de
conta com aparência da verdade ou engano da mentira, isso não muda, as história
tem cô, mais a maldade fica embaciada pela cabeça do vento
— A avó tá de falação pra lá e cá, pra dá
no jeito de não dizê que o avô não é o pai da tia?
Tô
dizendo que pode sê e pode não sê, mais de todo jeito ele ficô de pai de toda
cria que ma pariu, tinha os direito e os fato. Parecia que me fazia prenha pra
me assegurá por aqui, sabia que eu não desistia de nenhum
— E a tia sabia?
Nessa
altura dos sentimento, filho é o criado e pai é o que criô, tem coisa que é
como é, o jeito conserta o defeito. O neinho olha a avó com olho de
estranhamento
— Não sabia dessa avó...
Ninguém
conhece ninguém, lá na fundeza da escuridão tudo é sozinho, se arriscá um palpite
nem o próprio se conhece, parece até uma inutilidade ocê vivê e o outro não ou
ocê não vivê e o outro não, mais alguém sempre há de vivê
— A avó vai querer os bolinho frito?
Nunca
recusei de fazê os bolinho, o neinho sabe modo do quê? Era o que a avó e o atravessado
comia com café preto, forte e sem doçura. Toda vez que fazia, tava mais perto
da latência. Na cama não conversava nenhuma prosa, só tinha palavra de desatino
que provocava a vontade da gula, era quando os dois se ria da vida, arrancava
os pecado e semeava na cama, sem as crença e os medo, sem os gemido da
superstição, desaprendido dos queixume, era quando a avó desejava o que tinha.
Depois, era a vez dos bolinho frito. O Capitão gostava que a avó fizesse
cantoria do Cartola e do Noel, pena que a avó foi tê conhecimento do menino
Lupi depois do sumiço do atrevido. Gostava de podê vê o sorriso do atentado
enquanto o azeite dorava os bolinho e a avó cantasse o menino da Vingança, esse
era um eita eita... neinho arretado de bão, Ocê sabe o que é tê um amô, meu
senhô...
— ...
...
tê loucura por uma mulhé
e
depois encontra esse amô, meu senhô
nos
braço de um tipo qualqué
— ...
Tinha
certeza que depois me convidava pra sentá, pegava na mão da avó, tirava o
aventá da avó e colocava dobradinho na cadeira sem estofado. A avó ficava
vestida só com uns arrepio. Não desgrudava os olho da avó, era um tempo que a
avó gostava de sê vista sem disfarce de roupa. Depois, muito tempo depois, essa
ideia dava na avó muita preguiça...
— É?
...
como se fosse uma história cumprida que não se queria começá, isso tudo puxava
muito da memória, chega num dia que nem tem mais da curiosidade do jeito que
se termina. Os dois conversava, o café preto, os bolinho, aos pouco, pra modo de não assuntá, a avó
sentia que as lembrança fazia entrada no sangue e reencarnava a borboleta, mais
tarde, mais forte, voltava a sê eu mesma, outra vez dona de dois mundo,
buscando a mesma vida, em silêncio
— A avó ainda quer os bolinho frito?
Na
mesa, as caneca de barro, um pequeno empurrãozinho e chega o tabuleiro com os
bolinho frito. Coloco um na boca e dou risada, a quentura é da fervura do
sangue, do tabuleiro da carne viva, das coisas fora das vista, um leve aperto
dos dedo faz a soltura dos castelo no ar. Inda sinto o cheiro da sua boca
quente e desavergonhada. Sentava com as costa no estofado encarando as suas
vista. O atravessado levantava e vinha sentá no meu lado, enfiava o braço
atravessado nos braço da avó e ajeitava a cara grande no ombro da avó, sentia
um grande amargo na boca, Minha preta, tem vez que não consigo fazê a vontade
se encontra com o corpo, Hoje, parece que o meu amô tá com o excesso da
tristeza
— A avó tá com a voz quente e macia.
É
a voz das lembrança boa
— A avó pode dizê como encontrou esse
amor?
Não
foi a avó que encontrô... foi ele que encontrô a avó.
Disse
que vinha de modo a cumprí pedido do avô do avô: achá a nêga Laetitia e dizê
que fez tudo pra voltá, a correnteza da escravidão foi
mais forte e não deixô, mais ali tava ele de volta... não tava mais a caminho, tinha chegado.
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Leia também:
Ensaio 33 - A avó é um pedaço do acontecido
Ensaio 35 - O lugá de respeito dos preto
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