segunda-feira, 22 de junho de 2015

XXII – Mitologia dos Orixás: Ibejis [213] [214]

Ibejis


Reginaldo Prandi


Os Ibejis nascem de Oiá e são criados por Oxum


Oiá andava pelo mundo disfarçada de novilha. Um dia Oxóssi a viu sem a pele e se apaixonou. Casou-se com Oiá e escondeu a pele de novilha, para ela não fugir dele.

Oiá teve dezesseis filhos com Oxóssi.

Oxum, que era a primeira esposa de Oxóssi e que não tinha filhos, foi quem criou todos os filhos de Oiá. O primeiro a nascer chamou-se Togum.

Depois nasceram os gêmeos, os Ibejis, e depois deles, Idoú. Nasceu depois a menina Alabá, seguida do menino Odobé.

E depois os demais filhos de Oiá e Oxóssi.

Os meninos pareciam-se com o pai, as meninas, com a mãe. Oiá tinha os filhos que Oxum criava e assim viviam na casa de Oxóssi.

Um dia as duas mães se desentenderam. Oxum mostrou a Oiá onde estava sua pele. Oiá recuperou a pele de novilha, reassumiu sua forma animal e fugiu.


[213]




Os Ibejis são transformados numa estatueta

São filhos de Iemanjá os dois meninos gêmeos, os Ibejis.

Os Ibejis passavam o dia a brincar. Eram crianças e brincavam com Logum Edé e brincavam com Euá. Um dia, brincavam numa cachoeira e um deles se afogou.

O Ibeji que ficou começou a definhar, tão grandes eram sua tristeza e solidão, melancólico e sem interesse pela vida.

Foi então a Orunmilá e suplicou que Orunmilá trouxesse o irmão de volta. Que Orunmilá os reunisse de novo, para que brincassem juntos como antes.

Orunmilá não podia ou não queria fazer tal coisa, mas transformou a ambos em imagens de madeira e ordenou que ficassem juntos para sempre.

Nunca mais cresceriam, não se separariam. São dois gêmeos-meninos brincando eternamente, são crianças.

[214]



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Leia também:

XXI – Mitologia dos Orixás: Iá Mi Oxorongá [204]


XXIII – Mitologia dos Orixás: Iemanjá [220] [221]



Reginaldo Prandi, paulista de Potirendaba e professor titular de sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de três dezenas de livros. Pela editora Hucitec publicou Os candomblés de São Paulo, pela Edusp, Um sopro do Espírito, e pela Cosac Naify, Os príncipes do destino. Dele, a Companhia das Letras publicou também Segredos guardados: orixás na alma brasileira; Morte nos búzios; Ifá, o Adivinho; Xangô, o Trovão; Oxumarê, o Arco-Íris; Contos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundo; Minha querida assombração; Jogo de escolhas e Feliz Aniversário.



Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás / Reginaldo Prandi; ilustrações de Pedro Rafael. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

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