quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Los Poetas del Amor... José Asunción Silva (Colombia)

 Los Poetas del Amor (75)



e sentir seus lábios se aninhando em sua boca
e percorrer seu corpo, e em sua luxúria louca
beijar todas as suas dobras cheias de cheiros quentes
e as pontas rosadas e rígidas de seus seios;
se nos abraços loucos, ardentes e profundos
você agonizar sonhar com prazer em seus braços,
por aquele de quem és todas as alegrias,
Oh doce garota pálida, diga, você resistiria? ...

uma noite
uma noite cheia de perfumes, murmúrios e de música voando,
Uma noite
em que ardiam na sombra nupcial úmida, os fantásticos vagalumes,
ao meu lado, lentamente, contra mim ajustada, toda, muda e pálida
como se um pressentimento de amarguras infinitas,
até o fundo mais secreto de tuas fibras te agitara

esta noite
sozinho, a alma
cheio da infinita amargura e agonias de tua morte,
separado de você, pela sombra, pelo tempo e distância,
pelo infinito negro,
onde nossa voz não alcança,
sozinho e mudo
Eu andei ao longo do caminho
e latidos de cães podiam ser ouvidos na lua,
para a lua pálida
e o grito
das rãs,
Senti frio, era o frio que tinha no quarto

e sua sombra delgada e ágil
fina e lânguida,
como naquela tarde quente de primavera morta,
como naquela tarde cheia de perfumes, 
Oh, as sombras que se buscam e se juntam nas
[noites de escuridão e lágrimas! ...






NOCTURNO


Oh dulce niña pálida, que como un montón de oro
de tu inocencia cándida conservas el tesoro;
a quien los más audaces, en locos devaneos
jamás se han acercado con carnales deseos;
tú, que adivinar dejas inocencias extrañas
en tus ojos velados por sedosas pestañas,
y en cuyos dulces labios -abiertos sólo al rezo-
jamás se habrá posado ni la sombra de un beso...
Dime quedo, en secreto, al oído, muy paso,
con esa voz que tiene suavidades de raso:
si entrevieras en sueños a aquél con quien tú sueñas
tras las horas de baile rápidas y risueñas,
y sintieras sus labios anidarse en tu boca
y recorrer tu cuerpo, y en su lascivia loca
besar todos sus pliegues de tibio aroma llenos
y las rígidas puntas rosadas de tus senos;
si en los locos, ardientes y profundos abrazos
agonizar soñaras de placer en sus brazos,
por aquel de quien eres todas las alegrías,
¡oh dulce niña pálida!, di, ¿te resistirías?...





POETA, DI PASO


Poeta!, di paso
los furtivos besos!...

¡La sombra! ¡Los recuerdos! La luna no vertía
allí ni un solo rayo... Temblabas y eras mía
Temblabas y eras mía bajo el follaje espeso,
una errante luciérnaga alumbró nuestro beso,
el contacto furtivo de tus labios de seda...
La selva negra y mística fue la alcoba sombría...
En aquel sitio el musgo tiene olor de reseda...
Filtró luz por las ramas cual si llegara el día,
entre las nieblas pálidas la luna aparecía...

Poeta, di paso
los íntimos besos!

¡Ah, de las noches dulces me acuerdo todavía!
En señorial alcoba, do la tapicería
amortiguaba el ruido con sus hilos espesos
desnuda tú en mis brazos fueron míos tus besos;
tu cuerpo de veinte años entre la roja seda,
tus cabellos dorados y tu melancolía
tus frescuras de virgen y tu olor de reseda...
Apenas alumbraba la lámpara sombría
los desteñidos hilos de la tapicería.


Poeta, di paso
el último beso!

¡Ah, de la noche trágica me acuerdo todavía!
El ataúd heráldico en el salón yacía,
mi oído fatigado por vigilias y excesos,
sintió como a distancia los monótonos rezos!
Tú, música, yerta y pálida entre la negra seda,
la llama de los cirios temblaba y se movía,
perfumaba la atmósfera un olor de reseda,
un crucifijo pálido los brazos extendía
y estaba helada y cárdena tu boca que fue mía!






UNA NOCHE


Una noche
una noche toda llena de perfumes, de murmullos y de música de älas,
Una noche
en que ardían en la sombra nupcial y húmeda, las luciérnagas fantásticas,
a mi lado, lentamente, contra mí ceñida, toda,
muda y pálida
como si un presentimiento de amarguras infinitas,
hasta el fondo más secreto de tus fibras te agitara,
por la senda que atraviesa la llanura florecida
caminabas,
y la luna llena
por los cielos azulosos, infinitos y profundos esparcía su luz blanca,
y tu sombra
fina y lángida
y mi sombra
por los rayos de la luna proyectada
sobre las arenas tristes
de la senda se juntaban.
Y eran una
y eran una
y eran una sola sombra larga!
y eran una sola sombra larga!
y eran una sola sombra larga!

Esta noche
solo, el alma
llena de las infinitas amarguras y agonías de tu muerte,
separado de ti misma, por la sombra, por el tiempo y la distancia,
por el infinito negro,
donde nuestra voz no alcanza,
solo y mudo
por la senda caminaba,
y se oían los ladridos de los perros a la luna,
a la luna pálida
y el chillido
de las ranas,
sentí frío, era el frío que tenían en la alcoba
tus mejillas y tus sienes y tus manos adoradas,
entre las blancuras níveas
de las mortüorias sábanas!
Era el frío del sepulcro, era el frío de la muerte,
Era el frío de la nada...

Y mi sombra
por los rayos de la luna proyectada,
iba sola,
iba sola
¡iba sola por la estepa solitaria!
Y tu sombra esbelta y ágil
fina y lánguida,
como en esa noche tibia de la muerta primavera,
como en esa noche llena de perfumes, de
[murmullos y de músicas de alas,
se acercó y marchó con ella,
se acercó y marchó con ella,
se acercó y marchó con ella... ¡Oh las sombras enlazadas!
¡Oh las sombras que se buscan y se juntan en las
[noches de negruras y de lágrimas!...





Una Noche (Nocturno III)
José Asunción Silva 
(Declamación por Julio César Vásquez H.)









________________
José Asunción Silva - (Colombia, 1865-1896)

Com exceção de algumas breves passagens pelo exterior - na Europa (Paris, Suíça e Londres) e na Venezuela, como secretário da Legislação de seu país em Caracas - a vida de Silva passa no ambiente fechado e nada estimulante de Bogotá de seus anos. Não neurótico, mas desajustado e inconformista, sua existência foi marcada por fracassos e frustrações: ruínas contínuas em seus empreendimentos comerciais, nos quais ele tem que atuar para salvar os negócios da família; a morte da sua querida irmã Elvira (a quem é dedicado o famoso “Nocturno”), o naufrágio de um navio em que viajava, o regresso da Venezuela, e onde perdeu “o melhor do meu trabalho”; a hostilidade de uma sociedade estreita ("José Presunción", como o chamavam) que o obriga, por modéstia e arrogância, a quase esconder sua vocação literária. Tudo isso, trabalhando com um espírito altamente sensível, culminou em seu suicídio precoce - antes dos 31 anos - sem que seu gênio poético tivesse amadurecido plenamente. Embora algumas de suas composições fossem muito populares mesmo em vida, ele publicou pouco; e a primeira edição da sua obra poética, parcial e altamente adulterada, é póstuma, de 1908 (feita em Barcelona, ​​com fervoroso prólogo do seu grande admirador Miguel de Unamuno).

De seu breve trabalho em prosa, vale destacar o cultivo de transposições artísticas - onde ele tenta expressar as nuances do claro-escuro e da cor boca a boca -, de uma prática tão fecunda na literatura modernista posterior. Ele se aventurou na narrativa: De sobremesa, escrito na forma de um diário íntimo, mais do que um romance, é um livro que deve ser lido como o testemunho atormentado, mas impecável daquele "angustiado final de século", como seu autor justamente qualificou ali. Em suas páginas, de grande interesse para penetrar na visão de mundo de Silva, estão as reações conflitantes, e as contradições esperadas, de um protagonista que sofre com os inúmeros problemas - de todos os tipos: artísticos, morais, religiosos e até políticos - que aquele tempo de crise despertou o espírito do homem fin de siècle americano.

A sua produção poética preservada, não abundante, passou a ser agrupada em três núcleos muito distintos: O livro dos versos, o mais distinto dessa produção - o melhor Silva -, que ele próprio encomendou e intitulou; Gotas amargas, um conjunto que parece ter sempre estado destinado a ser mantido inédito; e Versos vários, uma miscelânea do resto de sua obra. Entre as diferentes opções estéticas que convergem e se cruzam no período modernista, este poeta colombiano dificilmente parece tocado pelo parnasismo e menos ainda pela preciosidade estrangeira que tanto proliferou no início da década de 1890 (leia sua satírica "Sinfonia da cor morango com leite "). Pelo contrário, o seu temperamento poético, as suas leituras e preferências - sobretudo Poe, Bécquer, o Martí de Ismaelillo (presente no seu poema "Mariposas"), e outros que serão mencionados mais tarde - fazem de Silva o poeta da sua geração que mais intuitivamente, e ao mesmo tempo com maior lucidez crítica, entra no reino do simbolismo. José Fernámdez, seu alter ego em De sobremesa, define sua poesia como "a tentativa medíocre de dizer em nossa língua as sensações doentias e os sentimentos complicados que Baudelaire e Rossetti, Verlaine e Swinburne expressaram em sua própria língua de maneira perfeita" (definição e folha de pagamento que incluem algumas notas decadentistas, inseparáveis ​​do simbolismo em seus primórdios, e que também revelam o conhecimento de Silva de alguns nomes capitais em outro dos ismos que se manifestam em sua obra: o pré-Radaelismo. Ou propõe, mais especificamente, algo em si de cunho simbolista mas que a modernidade vai acentuar porque exige literalmente a participação ativa de um leitor-colaborador: “É que não quero dizer mas sugerir (o grifo é seu) e para que se ocorrer alguma sugestão, o leitor deve ser um artista." Como os simbolistas, e como todos os modernistas que os seguiram, ele professou um respeito sagrado pelo exercício da poesia: para ele, ele dirá, o verso é um vaso sagrado ("Ars"); e até exibiu, em dísticos alexandrinos de dicção e intencionalidade caracteristicamente modernistas, uma poética (de nervosismo e nova arte) que resume a natureza nova e sincrética desse modo de sensibilidade e expressividade, mas com uma ênfase clara no encobrimento e na sugestão típicos do simbolismo ("Um poema").

E é no clima da estética simbólica, com seu gosto pela expressão misteriosa, vaga, sugestiva e musicalidade cadenciada, que se inscrevem seus momentos poéticos mais intensos, tingidos de profunda vibração elegíaca. Esses momentos aparecem tematicamente dominados pela obsessão do tempo, da memória e da morte, e retornam simbolicamente em uma aura condicionada de véus e sombras. São as suas conhecidas elegias pessoais "Poeta, passei ..." e "Nocturno" (Uma noite ...). Ou as elegias de âmbito universal: o não menos impressionante e contraponto, devido à sutil irrupção da ironia, "Dia dos Mortos" , que é um excelente exercício de polimetria. E à fusão do seu romantismo essencial e da sua capacidade já simbolista de purificação poética, é possível atribuir também duas das vontades de Silva: refúgio nas coisas frágeis e nas coisas velhas, embelezadas e dignificadas pelo tempo ("La voz de las coisas "," Velhice "); e o retorno ao mundo ideal de pureza que só ocorre na infância ("Infancia", "Los maderos de San Juan").

E ao lado de tudo isso - ou melhor, no reverso -, o outro lado. Recortados contra um fundo tão elegíaco (nada: a única verdade), os esforços e ações dos homens, vistos de forma realista, são gestos dignos apenas de serem desenhados em inversão paródica e em linhas sarcásticas ou caricaturais. E então surge a sátira: Gotas margas, onde as presenças são muito diferentes: Heine, Bartrina, Campoamor. De valor poético certamente muito inferior, esses textos não deixam de ter um significado histórico relevante: por um lado, porque foram escritos no seio da era modernista e, assim, comprovam a carga contraditória de possibilidades que ela permitia (além de refletir fielmente o profundo cepticismo do autor); e de outro, porque avançam, na opinião compartilhável de Eduardo Camacho Guizado, toda a poderosa corrente de antipoesia que nosso século conhecerá.

De todos os poetas modernistas, Silva é aquele que, pelas vicissitudes dos seus manuscritos e as consequentes irregularidades das primeiras publicações, apresenta os maiores problemas e dificuldades textuais. Na reprodução de seus poemas, seguiu-se a leitura proposta pelo crítico recentemente citado Camacho Guizado e por Gustavo Mejía, na cuidadosa edição que ambos fizeram da Obra Completa de Silva.



Nocturno






Más Allá
O que aconteceu com José Asunción Silva? Ele realmente cometeu suicídio ou foi uma conspiração?






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