domingo, 18 de janeiro de 2015

Jogo de Angola

Clara Nunes



Num tempo em que o negro chegava fechado em gaiola nasceu o jogo de Angola







Jogo de Angola
Clara Nunes


No tempo em que o negro chegava fechado em gaiola,
Nasceu no Brasil,
Quilombo e quilombola,
E todo dia, negro fugia, juntando a corriola.

De estalo de açoite de ponta de faca,
E zunido de bala,
Negro voltava pra Angola,
No meio da senzala.

E ao som do tambor primitivo
Berimbau mharakê e viola,
Negro gritava "Abre ala"
Vai ter jogo de Angola.

Perna de briga,
Camara...

Perna de briga,
Olê...

Ferro de fura,
Camara...

Ferro de fura,
Olê...

Arma de atira,
Camara...

Arma de atira,
Olê... Olê...

Dança guerreira,
Corpo do negro é de mola,
Na capoeira...
Negro embola e disembola...
E a dança que era uma dança para o dono da terra,
Virou a principal defesa do negro na guerra,
Pelo que se chamou libertação,
E por toda força coragem, rebeldia,
Louvado será tudo dia,
Esse povo cantar e lembrar o Jogo de Angola,
Na escravidão do Brasil.

Perna de briga,
Camara...

Perna de briga,
Olê...

Ferro de fura,
Camara...

Ferro de fura,
Olê...

Arma de atira,
Camara...

Arma de atira,
Olê... Olê...

No tempo em que o negro chegava fechado em gaiola,
Nasceu no Brasil,
Quilombo e quilombola,
E todo dia, negro fugia, juntando a corriola.

De estalo de açoite de ponta de faca,
E zunido de bala,
Negro voltava pra Angola,
No meio da senzala.

E ao som do tambor primitivo
Berimbau mharakê e viola,
Negro gritava "Abre ala"
Vai ter jogo de Angola.

Perna de briga,
Camara...

Perna de briga,
Olê...

Ferro de fura,
Camara...

Ferro de fura,
Olê...

Arma de atira,
Camara...

Arma de atira,
Olê... Olê...


Composição: Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro





Mãe África - Paulo César Pinheiro & Sivuca

Clara Nunes






Mãe África
Clara Nunes


No sertão, mãe que me criou
Leite seu nunca ma serviu
Preta Bá foi que amamentou
Filho meu, filho do meu filho

No sertão, mãe preta me ensinou
Tudo aqui nós que construiu
Filho meu, tu tem sangue Nagô
Como tem todo esse Brasil

Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá
Lelê ô lelê ô lelê ô lalá

Oiê, dos meus irmãos de Angola África
Oiê, do tempo do quilombo África
Oiê, pra Moçambique-Congo África
Oiê, para a nação bangu África

Pelo bastão de Xangô
E o caxangá de Oxalá
Filho Brasil pede a bênção Mãe África
Pelo bastão de Xangô
E o caxangá de Oxalá
Filho Brasil pede a bênção Mãe África


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