domingo, 9 de outubro de 2022

Espera-me

Espera-me 

| Poema de Konstantin Simonov 
com narração de Mundo Dos Poemas



Poesia e poema d0 autor russo Konstantin Mikhailovich Simonov, nascido Kirill Mikhailovich Simonov foi um autor soviético, poeta de guerra, dramaturgo e correspondente em tempo de guerra, ficou famoso pelo seu poema de 1941 "Wait for Me". O primeiro dos poemas de Simonov foi publicado em 1936 nas revistas Young Guard e Outubro. Depois de completar a escolaridade no Instituto de Literatura Maxim Gorky em 1938, Simonov entrou no Instituto de História, Filosofia e Literatura de Moscovo. O seu tempo ali foi interrompido quando foi enviado como correspondente de guerra para cobrir a Batalha de Khalkhin Gol de Maio-Setembro de 1939 na Mongólia. A primeira peça de Simonov, A História de Um Amor, foi escrita em 1940, e apresentada em palco no Memorial Lenin Komsomol Theater em Leningrado. Escreveu a sua segunda peça, A Lad from Our Town, em 1941. Nesse mesmo ano, ficou impressionado pela resistência soviética neste local, durante a qual 39 tanques alemães foram destruídos num dia, e descreveu este episódio na trilogia The Living and the Dead. No início da Segunda Guerra Mundial, Simonov recebeu um emprego no jornal oficial do exército Krasnaya Zvezda. Simonov subiu nas fileiras do exército, tornando-se comissário sénior do batalhão em 1942, tenente-coronel em 1943, e coronel após a guerra. Durante os anos da guerra, escreveu as peças de teatro "O Povo Russo, Espera por Mim, Assim Será", o pequeno romance Dias e Noites, e dois livros de poemas, Contigo e Sem Ti e Guerra. O seu poema "Wait for Me", sobre um soldado na guerra a pedir à sua amada para esperar pelo seu regresso, continua a ser um dos poemas mais conhecidos da literatura russa. O poema foi dirigido à sua futura esposa, a atriz Valentina Serova. Muitos dos seus poemas para Valentina foram incluídos no livro With You and Without You. Como correspondente de guerra, Simonov serviu na Roménia, Bulgária, Jugoslávia, Polónia, e Alemanha, onde esteve presente na Batalha de Berlim.







Espera-me. Até quando, não sei.
Um dia, voltarei.

Espera-me pelas manhãs vazias,
nas tardes longas e nas noites frias,
e, outra vez, quando o calor voltar.
Aí, nunca deixes de me esperar!

Espera-me, ainda que, aos portais,
as minhas cartas já não cheguem mais.
Ainda que o Ontem seja esquecido
e o Amanhã já não tiver sentido.

Espera-me depois que, no meu lar,
todos se cansem de me esperar.
Até que o meu cachorro e o meu jardim
não mais estejam a esperar por mim!

Espera-me. Até quando, não sei.
Um dia, voltarei.

Não dês ouvidos nunca, por favor,
àqueles que te dizem que o amor
não poderá os mortos reviver
e que é chegado o tempo de esquecer.

Espera-me, ainda que os meus pais
acreditem que eu não existo mais.
Deixa que o meu irmão e o meu amigo
lembrem que, um dia, brincaram comigo
e, sentados em frente da lareira,
suponham que acabou a brincadeira…

Deixa-os beberem seus vinhos amargos
e, magoados, sombrios, em gestos largos,
falarem de Heroísmo ou de Glória,
erguendo vivas à minha memória.
Espera-me tranquila, sem sofrer.
Não te sentes, também, para beber!

Espera-me. Até quando, não sei.
Um dia, voltarei.

Esperando-me, tu serás mais forte;
sendo esperado, eu vencerei a morte.
Sei que aqueles que não me esperaram
– que gastaram o amor e não amaram –
suspirando, talvez digam de mim:

“Pobre soldado! Foi melhor assim!”

esses, que nada sabem esperar,
não poderão jamais imaginar
que das chamas eternas me salvaste
simplesmente porque me esperaste!

Só nós dois sabemos o sentido
de alguém poder morrer sem ter morrido!
Foi porque tu, puríssima criança,
tu me esperaste além da esperança,
para aquilo que eu fui e ainda sou,
como nunca, ninguém, me esperou!


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