sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Histórias de avoinha: As Casa do Comércio na Villa 5

Ensaio 30B – 2ª edição 1ª reimpressão



baitasar




O siô da Hora acabô com a prosa do Joca, se deixava a falação seguí o rumo do gosto do homem lampião otros causo ia aparecê. O assunto daquela visita na Villa não era os acontecimento acontecido com o tio Biloca, mais o Joca aos grito de encorajamento na despedida, parecendo adivinhá qui o otro caminhava no rumo do próprio enterramento, lembrô otra das dita e desdita do tio Biloca

Não se preocupe com a tal reunião, sinhô Afonso da Hora, o que é da água a água leva!

E o que é da terra os vermes comem, o siô da Hora resmungô como um vivente qui dá uma mordidura sem tê gosto de mordê, arrependido do sabô desconsolado qui já ideava. O problema não era os causo do tio Biloca contado pelo Joca, mais a convocatória do estranho ajuntamento dos prócere da Villa. Fez mais um aceno de despedida e seguiu o caminho assobiando. Pensava meió assoprando uma qui otra cantiga qui lembrava de tê escutado da sua mãinha. Sabia qui ficava desamparado nos primeiro assopro, depois qui voltava as lembrança ele ficava confiado e encolhia a estrada com os pé assobiando.

Oiô no seu arredó. O escurecimento do dia continuava o seu caminho de morrê e nascê. Resolveu usá um atalho pra deixá o caminho mais vagaroso. Era mais curto de tamanho, mais ia tê mais tempo de prosa. Não tinha incomodo de saí e voltá nas rua da Villa, o seu salvo-conduto era a cô da pele. Nunca ia sê parado pra se explicá. Respirô mais fundo qui no seu hábito e sorriu, gostava da sua soltura sem os compromisso da fazenda. Vinha na Villa pra modo de se misturá. Gostava assim, saí da fazenda lhe deixava tê o meió dos dois mundo. Queria o meió dos dois mundo. Podia sê amoroso e cruel, queria sê preto e branco: vivê o meió dos dois mundo. Assobiava e resmungava

Gosto deste estranhamento malfeito e primitivo sobre o corpo das mulheres e dos homens negros, o cabelo, a boca, o nariz, a pele, o sexo; gosto da riqueza e da aparência da felicidade branca, a empunhadura do chicote, a porta da frente nas domingueiras do sinhô Padre: ser o dono das regras e do pecúlio... ter a última palavra, ele inté podia sujá as mão pra conseguí isso tudo, mais não ia mostrá elas suja. E se tivé qui jurá o siô da Hora jura pela alma da mãinha. Tratô de acalmá o espírito amoroso e carinhoso da mãe

Mãe, pode deixar. Não se preocupe, onde quer que a mãezinha esteja. Não sou cordeiro. Sei, sempre tem um imbecil querendo julgar sem compreender, retomô o caminho assobiando, queria sê amado pelos dois mundo, se não fosse pra tanto, podia sobrevivê sem esse amô, mais queria a fidelidade.

Antes, tinha qui acertá o lugá das graça com a nata da nobreza. Sabia qui não teve berço. Sentia pena de si mesmo, inté qui compreendeu qui precisava sê admirado, sê oiado com inveja. Tinha qui fazê as fera morrê de cobiça. Então, conquistô a cama da nobreza villeira: arrumô casório com siá Casta pra desenrolá os nó entre parecê e sê. Precisava fazê nascê um novo homem. Aprendeu aparentá qui era o qui não era. Foi a parte mais banal, quanto mais aparição falsa mais precisava se vendê .

Foi quando cometeu seu primeiro cochilo.

Pensô qui comprô siá Casta, enganô-se. Ela é qui lhe subornô com as pequena colina e as água do rio Gravatahy qui banhava as terra do seu pai. A siá não usô as suas própria terra nem o riacho fundo, uma sanga com vertente de água cristalina, ia lhe assanhá depois, pelo interesse de tê uma família. Como homem ele havia de tê vontade pelos dois. Ela pensava em lhe dominá, com um jeito ou com otro. A filha da nobreza mais pura daquele fim de mundo tinha mais garra afiada qui ele podia evitá.

Carregava no corpo o sangue das gente qui chegô no fim do mundo e viveu pra contá. Lugá duro e mais longe qui o longe. Os primeiro carregamento de barco foi se colocando onde queria e achava meió. Foi deles qui a siá Casta puxô seu agarramento com a terra. Preferia os boi, os cavalo e os preto, qui caminhá nos caminho da Villa. Ela vivia desafinada com as aparência.

Muito tempo antes do conhecimento qui veio tê do siô Afonso da Hora, ela saiu da fazenda do pai pra fazê estudo, sem tê querê ou bisbilhotice de conhecê otros lugá. Cumpriu o ordenamento pra gosto do pai e seu desgosto próprio

Minha filha, o seu pai sabe o que é melhor pra ocê. É preciso aprender mais que os homens destas terras jamais aprenderão. E não vai bastar.

O que preciso aprender o vento me ensina e o tempo trata de acalmar, retrucô como sempre fez, mais obedeceu o pai e se foi buscá os estudo do conhecimento com as palavra, o letramento dos pensamento.

Voltô antes qui o dia traçado pelo pai. Tava meió numas coisa e pió em otras tanta. Quando saiu, ela assustava os moço da fidalguia, no causo qui sabia mandá. E mandava mais qui homem. Assuntava de igual pra igual. Não parecia sê muié de obedecê calada. Nem queria assumí as serventia de sê menos qui um homem.

De novo, assustô os novilho da fidalguia. Assim qui colocô os pé no chão da Villa mostrô a beleza qui aprendeu de tê na rouparia, no caminhá e no falá. Tava mudada. Parecia qui tava. Ela tentava pelo amô qui tinha no pai. Inté aceitô o apelo do siô padre qui queria abrí um ateneu. Tentô uma e duas vez, mais desistiu. Explicô qui achava muita boniteza ensiná, mais não era esse o seu tino. O ateneu teve qui continuá sem a siá Casta

Sinhô Padre, não sinto nada com as crianças além de um formigamento de muita impaciência. Sei que me pareço com uma múmia, não paro de olhar o tic tac da parede. O tempo não passa. Quero estar em qualquer lugar, menos ali. Não gosto das crianças, o siô padre lhe oiô com mais pena qui entendimento, escutava mais não lhe ouvia. Quando tentô falá seus conselho ela não lhe deixô, sinto um desejo imenso de estar em outro lugar, ter uma outra vida. Não quero ensinar ninguém além dos cavalos, do gado e dos negros.

O siô padre aumentô a comiseração, ele sabia, como ninguém, dessa vontade de não sê o qui se é, repetia qui é preciso renová o cacoete de criá hábito, é preciso tê um costume e resistí

Minha filha, vamos rezar...

Não estou precisando rezar, sinhô Padre.

E o quê sinhá Casta vai fazer? Casar?

A moça oiô o siô padre, ele usava vestido, mais as vestimenta não fazia dele uma muié, não entendia; pelo menos, ele não acreditava na má influência do vento qui subia no vestido e acariciava as perna. Queria repetí qui não tinha culpa de não querê ensiná, não conseguia dizê nem deixá de sentí culpa. Um não atinava com o aborrecimento do otro. E só a paciência não bastava

Viver não é simples, sinhô Padre. A vida na cabaña de cavalos e negros é mais simples, só é preciso saber encilhar e mandar. Eles só precisam aprender a obedecer. Não sofrem com a gula nem com a avareza. Não precisam ter preocupação em ter a última palavra em qualquer discussão.

Minha filha, vamos rezar.

A fúria e a vontade de terem o que não podem ter se tira com o cipó de couro. Mas a preguiça e a luxúria dos negros nem com reza braba, sinhô Padre.

Minha filha!

É verdade, sinhô Padre. Coloque-se no meu lugar, é preciso mandar o tempo todo, se ocê não mandar eles não fazem nada, passam o dia jogados pelas sombras e moitas. E à noite, o siô já foi na senzala em noite de cantoria? É quando tem vez a luxúria daqueles corpos negros como carvão, dançam e requebram, coisas que jamais faremos.

Minha filha, vamos rezar.

Ela ajoeiô cheia de culpa. A culpa é mais forte qui o vento e luta com o tempo. A mocinha mais inteligente e bonita da Villa queria tá com o pai. Ficá no lugá da mãe. Descobriu qui ia casá sem tê vontade de casá. Aprendeu inté o uso do tabaco. O seu gosto tava em sê o meió fio qui o seu pai podia tê feito. Ela não ia morrê como a mãe. Não ia abandoná o pai. Não queria tá com nenhum homem, queria tá com o pai.

Pensava qui só tinha uma virtude: sê fia, mais não queria se mostrá uma fia doce e burra. Tinha a brabeza e a vontade de um fio. Encenava. Suas mentira não importava pra ninguém, somente pra ela e o pai. Dois grão de terra na Terra.

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