quarta-feira, 7 de maio de 2014

XVII – Mitologia dos Orixás: Xangô [123] [124]

Xangô
Reginaldo Prandi
Xangô é escolhido rei de Oió
Antes de se tornar rei de Oió, Xangô foi consultar o oráculo. O adivinho lhe disse que fizesse um sacrifício. Que oferecesse búzios, dois galos, duas galinhas e dois pombos. Xangô Afonjá devia oferecer também a roupa que estava usando e dar alguma coisa para seus parentes e amigos.
Ele assim o fez e todos se reuniram para comer e beber do sacrifício. Todos se fartaram e cantaram. Então se perguntou:
“Quem escolhemos para nosso rei?”
“Que tal o homem em cuja casa comemos e bebemos?”, alguém propôs.
“Quem senão Afonjá? Só pode ser Afonjá!”, aclamou a multidão em coro.
“Quem mais pode ser feito rei?”
“Só temos Afonjá!”, alguém propôs.
“Que seja Afonjá”, aclamou a multidão em coro.
E escolheram Afonjá e o fizeram rei de Oió.
E Xangô reinou em Oió.
[123]
Xangô é reconhecido como o orixá da justiça
Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites. O inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços. Xangô estava desesperado e enfurecido.
Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer. Xangô pediu ajuda a Orunmilá.
Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o oxé, bater com seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos.
A guerra perdida foi se transformando em vitória.
Xangô ganhou a guerra.
Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô.
A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos.
Através dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça.
[124]
Xangô torna-se rei de Cossô
Xangô é reconhecido por Aganju como seu filho legítimo
Xangô rouba Iansã de Ogum
Xangô ordena que primeiro saúdem seu irmão mais velho
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Leia também:
XVI – Mitologia dos Orixás: Euá [114] [115]

XVIII – Mitologia dos Orixás: Oiá - Iansã [163] [164] [177]

Reginaldo Prandi, paulista de Potirendaba e professor titular de sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de três dezenas de livros. Pela editora Hucitec publicou Os candomblés de São Paulo, pela Edusp, Um sopro do Espírito, e pela Cosac Naify, Os príncipes do destino. Dele, a Companhia das Letras publicou também Segredos guardados: orixás na alma brasileiraMorte nos búziosIfá, o AdivinhoXangô, o TrovãoOxumarê, o Arco-ÍrisContos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundoMinha querida assombraçãoJogo de escolhas e Feliz Aniversário.


Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás / Reginaldo Prandi; ilustrações de Pedro Rafael. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

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