sexta-feira, 28 de julho de 2017

Festival Chaplin - Tempos Modernos

Charlie Chaplin - Tempos Modernos (1936)






"... se o empregado se sente confortável em almoçar trabalhando por que a lei não permite?"

"...uma máquina que alimenta os operários ao mesmo tempo em que estes trabalham diminuindo, assim, o tempo despendido para o almoço... "









SINOPSE:

Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não tem mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.



FICHA TÉCNICA

Título Original: Modern Times
Ano: 1936
Gênero: Comédia Dramática
País: Estados Unidos.
Estrelas: Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Henry Bergman.
Roteiro e Direção: Charlie Chaplin


 Charles Chaplin
- Trabalhador


 Paulette Goddard
- Ellen Peterson


Henry Bergman ... Proprietário do Café
Stanley "Tiny" Sandford ... Big Bill
Chester Conklin ... Mecânico
Al Ernest Garcia ... Presidente da Electro Steel Corp.
Stanley Blystone ... Pai de Ellen Peterson
Richard Alexander ... colega de prisão
Cecil Reynolds ... Ministro
Mira McKinney ... esposa do Ministro
Murdock MacQuarrie ... J. Widdecombe Billows, inventor
Wilfred Lucas ... Funcionário
Edward LeSaint ... Sheriff Couler
Fred Malatesta ... garçom principal do Café
Sammy Stein ... operador de Turbina
Hank Mann ... ladrão com Big Bill
Louis Natheaux ... ladrão com Big Bill
Gloria DeHaven ... irmã de Ellen Peterson (não creditado)
Juana Sutton
Ted Oliver



......



Resumo


O Universo da Leitura


O filme Tempos Modernos de Charles Chaplin faz uma crítica contundente, sarcástica e irônica ao sistema capitalista de produção, sobretudo na passagem da sua fase industrial para a monopólica ou imperialista. Após a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra houve um crescente processo de urbanização e industrialização que culminaram com o aumento exacerbado da massa de trabalhadores desempregados, chamados por Marx de exército industrial de reserva, pois não tinha a quem vender a sua força de trabalho. Com efeito, as cidades foram inundadas por pessoas famintas, inanes e desesperadas por condições mínimas de sobrevivência.

No filme, Chaplin protagoniza o personagem Carlitos, um operário simples que se obriga a sujeitar-se as condições deploráveis de opressão e exploração impostas pelos industriais, donos dos meios de produção, portanto, dominantes do trabalho. Na fábrica onde trabalhava, percebe-se a implementação dos modelos de produção taylorista-fordista, os quais visam a racionalização, sistematização e o total controle do processo produtivo mediante a minimização do tempo de trabalho socialmente necessário e a maximização do tempo de trabalho excedente. Isto fica notório no momento em que é apresentado ao dono da fábrica de montagem uma máquina que alimenta os operários ao mesmo tempo em que estes trabalham diminuindo, assim, o tempo despendido para o almoço. Carlitos, assim como milhares de outros operários, era tratado apenas como um objeto de troca, um apêndice da máquina, uma mercadoria de baixo custo e valorização.

A fragmentação da produção, ou seja, a ampliação da divisão técnica do trabalho dentro das unidades fabris alienou física e psicologicamente os trabalhadores que, por sua vez, não mais dominam as etapas do processo produtivo, passando desta forma a desconhecer o fruto do seu trabalho e a fetichizá-lo como algo soberano de poder extremo capaz de dominá-lo e desvalorizá-lo.

O aperfeiçoamento e o desenvolvimento da produção, o acúmulo de lucros de forma cada vez mais ascendente e a valorização do capital são os objetivos visados pelos que exploram a força de trabalho, mesmo que para isso seja necessário submeter os trabalhadores a péssimas e insalubres condições de produção. Constantemente pressionado para produzir mais e mais através do aumento da velocidade da esteira, Carlitos não suporta tamanho constrangimento e desenvolve uma série de doenças mentais, como o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) causado pela repetição frenética de movimentos. Este momento do filme caracteriza-se como o conflito gerador de todos os outros acontecimentos.

Carlitos é internado num hospital psiquiátrico e ao sair é preso por ser confundido com um líder comunista. Na prisão impede uma fuga de penitenciários e é recompensado com a liberdade, porém o ingênuo e sofredor não fica feliz com a decisão, pois na prisão possuía um espaço para dormir, descansar e o que comer, diferentemente das ruas onde o trabalho era uma incerteza e a fome e a miséria uma realidade inevitável. A partir de então sua vida é marcada por episódios desagradáveis, como as prisões que se tornam frequentes e injustas. Conhece e se apaixona por uma pobre moça órfã de mãe e pai, a qual vive da vagabundagem e sujeita-se a roubar para alimentar suas irmãs famintas. Talentosa para a arte da dança é contratada para fazer shows em um restaurante onde conseguiu um emprego também para o seu mais recente amado. Carlitos atrapalhado para servir se revela um talentoso cantor. Porém, a jovem é foragida do poder estatal por ser menor de idade e considerada vagabunda. É forçada a ficar sob custódia do Estado, no entanto, foge com Carlitos para longe tentando reconstruir uma nova vida nas incertezas da emergente sociedade burguesa moderna.







Entrevista completa


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