domingo, 18 de setembro de 2022

Sarau... Mulheres: A Noite/1 (Eduardo Galeano)

Mulheres




Eduardo Galeano


013.


A NOITE/1



Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.





A NOITE/2



Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo.






A NOITE/3



Eles são dois por engano. A noite corrige.





A NOITE/4



Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua.
A lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.




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Galeano, Eduardo, 1940-
Mulheres / Eduardo Galeano; tradução de Eric Nepomuceno.
1. Ficção uruguaia- Crônicas. I. Título. II. Série.


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Voces de la noche



Voces de la noche En este amanecer del año 44 antes de Cristo, Calpurnia despertó llorando.

Ella había soñado que el marido, acribillado a puñaladas, agonizaba en sus brazos.

Y Calpurnia le contó el sueño, y llorando le rogó que se quedara en casa, porque afuera le esperaba el cementerio.

Pero el pontífice máximo, el dictador vitalicio, el divino guerrero, el dios invicto, no podía hacer caso al sueño de una mujer.

Julio César la apartó de un manotazo, y hacia el Senado de Roma caminó su muerte.
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