terça-feira, 27 de setembro de 2022

Dostoiévski - O Idiota: Primeira Parte (10.) - De repente um vozerio

O Idiota



Fiódor Dostoiévski


Tradução portuguesa por José Geraldo Vieira


Primeira Parte


10.


De repente um vozerio de muita gente na entrada. Os que restavam na sala de visitas tiveram a impressão de que muitas pessoas tinham subido e que outras ainda estavam na escada. Uma porção de vozes falando e exclamando ao mesmo tempo; e isso tanto em cima como lá embaixo; a porta do patamar evidentemente tinha sido escancarada. Que visitas seriam essas. E todos, na sala, se entreolharam. Gánia saiu apressadamente em direção à sala de jantar, onde diversos dos recém-chegados já se aglomeravam. E nisto gritou uma voz:

- Lá vem ele, o Judas! Como vai você, Gánia, seu tratante?

De onde estava, o príncipe ouviu e reconheceu de quem era essa voz.
Uma outra voz prorrompeu:

- Cá está ele! Cá está ele em pessoa!

O príncipe não teve a menor dúvida: a primeira voz era de Rogójin e a segunda era de Liébediev. Gánia estacou, petrificado, olhando para eles em silêncio; e apesar de parado na porta entre um cômodo e outro não conseguiu embargar a passagem de umas dez ou doze pessoas que acompanhavam Parfión Rogójin rumo à sala de jantar. Era um bando misturadíssimo, inconcebível, de gente ordinária. A maioria entrou conforme chegara, ainda com seus sobretudos e peles. Nenhum deles estava propriamente bêbado, mas vinham todos fazendo algazarra. Só mesmo assim em grupo é que poderiam ter a audácia de entrar, o que fizeram em bolo compacto. O próprio Rogójin conteve seu ímpeto à frente dos comparsas, malgrado seu ar resoluto. O rosto sombrio e façanhudo patenteava seu alvoroço. Depois de Liébediev apareceu Zaliójev, que arremessara a peliça sobre um móvel da saleta de entrada e ostentava sua decisão, assim com aquele cabelo revolto, e uma coragem de espalha-brasas. Seguiam-no outros dois indivíduos com o mesmo feitio, parecendo comerciantes, um homem com um capotão militar e o outro, gorducho. que entrou às gargalhadas. Depois um hércules espadaúdo, sombrio e silencioso, decerto porque confiava nos próprios punhos. Entrou também um estudante de Medicina, com um polaco mirrado que aderira ao bloco na rua, momentos antes. Duas mulheres quaisquer enfiaram os focinhos na porta do sobrado, mas não se aventuraram a entrar, mesmo porque Kólia lhes bateu com a porta nas fuças, correndo o ferrolho depois.

- Como vai a vidinha, Gánia? Hein, seu maroto?! Pela certa não esperava por Parfión Rogójin, hein? - tornou a falar Rogójin adiantando-se na direção da sala de visitas sem tirar os olhos de cima de Gánia. Mas, de súbito, deu com Nastássia Filíppovna lá dentro, sentada de frente para a sala de jantar. Ah! Nem por sonhos esperava dar com ela naquela casa; a prova foi que quando a viu, ficou tão atarantado que seu rosto se tornou lívido a ponto de os lábios tomarem uma coloração azul.

- Com que então é verdade? - disse isso bem devagar, inteiramente desconcertado; e até perdeu o modo insofrido com que entrara. - Então a coisa está liquidada mesmo?... Há... Você vai me pagar, e bem caro - rosnou, encarando Gánia com uma fúria repentina e incrível. - Há, há, vamos ver! Faltou-lhe o ar, quase não pôde dizer as últimas palavras. Como um autômato penetrou na sala de visitas, logo se detendo, porém, ao dar com Nina Aleksándrovna e Vária. Emoção e embaraço o sustiveram. Atrás dele entrou Liébediev, bêbado que nem se aguentava, e ainda assim o seguindo como sombra. Também transpuseram o portal o estudante, o brutamontes dos punhos e Zaliójev, este então fazendo mesuras a torto e a direito; por último se insinuou o homenzinho gorducho. A presença de senhoras os constrangeu; mas tal respeito momentâneo não significava grande garantia; bastava que os quisessem expulsar, que alguém levantasse a voz por qualquer motivo, para que logo aproveitassem para armar um charivari.

- Olá! O senhor também aqui, príncipe? - disse Rogójin ainda se espantando mais ao deparar com Míchkin. - E sempre com as polainas, hein? - respirou fundo, esqueceu-se logo do príncipe e tornou a olhar para Nastássia Filíppovna, dirigindo-se para ela como atraído por um imã. Ela também estava olhando com inquieta curiosidade para aquela malta de invasores.
Finalmente Gánia recuperou a presença de espírito.

- Permitam que lhes pergunte que significa isto? - disse com voz embargada, encarando com rosto severo os recém-chegados e se dirigindo principalmente a Rogójin. - Isto aqui não é uma cocheira, senhores. Minha mãe e minha irmã moram aqui.

- Estamos vendo perfeitamente que sua mãe e sua irmã estão aqui - respondeu Rogójin, por entre os dentes.

Liébediev sentiu que era chegada a hora de “colaborar”.

- Sim, claramente se vê que sua mãe e sua irmã estão aqui!

E o homenzarrão dos punhos compreendeu que a situação se ia azedando e se pôs a engrolar qualquer coisa, ele também.

- Mas, palavra de honra! - explodiu Gánia, erguendo a voz, sem se moderar. - Primeiramente peço a todos que se dirijam para a sala de jantar e que depois, lá, educadamente me digam...

- Imaginem, ele não sabe!... - goelou Rogójin, rilhando os dentes, zangado, sem arredar o passo. - Diga-me uma coisa, você conhece Rogójin?

- Certamente que já o encontrei em algum lugar, mas...
- Em algum lugar, hein? Há três meses, perdi, para você, no jogo, duzentos rublos que eram de meu pai. Ele até morreu sem descobrir isso. Você me distraía e Kniff me furtava!... E não está me reconhecendo mais, hein?

Ptítsin assistiu a isso. Quer você saber que espécie de homem você é? Se eu agora lhe mostrar três rublos, aqui do meu bolso, você engatinhará até a ilha Vassílievski. para os ganhar... E não pense que vim apenas com estas botas! Não! Arranjei uma bolada de dinheiro, irmão, posso comprar você inteiro com toda a tua gente. Posso arrematar você; se eu quiser. arremato tudo! - Rogójin excitava-se cada vez mais e a sua bebedeira se ia exteriorizando. - Vê lá, Nastássia Filíppovna, não me enxotes! Dize-me só uma coisa: vais te casar com ele, ou não? Foi uma pergunta feita em desespero, como apelando para uma divindade, mas com a coragem de um homem condenado à morte e que, portanto, nada tem de perder. E esperava a resposta, com mortal angústia.
Com altivez e expressão desdenhosa, Nastássia Filíppovna o examinou de alto a baixo; depois olhou de esguelha para Nina Aleksándrovna e Vária; daí fitou Gánia, e disse, mudando de tom:

- Certamente que não. Mas que foi que lhe aconteceu? E que lhe deu na cabeça para fazer uma pergunta destas? - falou devagar. de modo grave, e, pelo menos aparentemente, com certa surpresa.

- Não? Não! - exclamou Rogójin quase louco de júbilo. -Então não vais... Mas como é que me disseram? Hã? Nastássia Filíppovna, contaram-me que estavas comprometida com ele! Como se fosse possível! Bem lhes disse eu que era impossível! Se eu quiser, compro-o por cem rublos. Se eu lhe desse mil, três mil rublos para desistir, ele fugiria no próprio dia do casamento, deixando a noiva para mim. É ou não é verdade, Gánia, seu canalha? Você agarraria os três mil rublos, não é mesmo? Aqui está o dinheiro! Aqui o tem! Eu trouxe a bolada para facilitar a sua assinatura em uma renúncia categórica. Eu disse que o compraria, e o comprarei!

- Saia daqui, seu bêbado! - gritou Gánia que, depois de lívido, ficou vermelho. A esta explosão se seguiu uma outra, geral, pois todo o bando estava à espera apenas do sinal para a briga. Mas nisto, com solicitude, sibilantemente, Liébediev disse qualquer coisa ao ouvido de Rogójin.

- Tens razão, funcionário - respondeu Rogójin -, tens razão. alma de bêbado! Aqui vai, Nastássia Filíppovna - berrou, fitando-a, como um sujeito em delírio que da extrema timidez passa à maior audácia - aqui vai o dinheiro. Dezoito mil rublos! (E atirou sobre a mesa, diante dela, um maço de notas embrulhadas em papel branco amarrado com barbante.) Aqui vai! E ainda arranjei mais. que está para chegar.

Não se aventurou a dizer o que queria. Mas, arcado para ele. Liébediev sussurrava com um feitio atônito:

- Não, não, não!... Adivinhava-se que estava horrorizado ante a grandeza da soma, incitando o outro a tentar a sorte com uma quantia menor. - Não, irmão, você está doido! Não sabe como tem de ser o comportamento aqui. Pensa que sou maluco como você? - mas, dando com os olhos chamejantes de Nastássia Filíppovna, Rogójin parou, sobressaltado e se dominou. - Ai, ai, ai! Já fiz embrulhada; pra que o fui ouvir, Liébediev! - exclamou com certo vexame.

Mas, inesperadamente, Nastássia Filíppovna deu uma risada, olhando para a cara atônita de Rogójín.

- Dezoito mil rublos para mim? Não passarás nunca de um mujique! - acrescentou com uma familiaridade insolente, levantando-se do sofá, como para se ir embora. Gánia assistira à cena com o coração soterrado.

-Então - gritou Rogójin - quarenta mil! Quarenta, e não dezoito! Ptítsin e Biskúp prometeram arranjar-me, até às sete horas, quarenta mil! Dinheiro certo, ali!

O escândalo agravava-se, mas Nastássia Filíppovna, já de pé, continuava a rir, prolongando a cena de propósito. Nina Aleksándrovna e Vária também se tinham levantado e esperavam, em silencioso pasmo, até ver onde aquilo iria parar. Os olhos de Vária faiscavam e o efeito de tudo isso em Nina Aleksándrovna era pavorosamente cruel; tremia e estava a ponto de desfalecer.

- Então, se é assim, cem. Dar-te-ei cem mil rublos, hoje. Ptítsin, empresta-me isso, já está valendo, está feito!
- Você está maluco! - balbuciou, sem se fazer esperar, Ptítsin que se encaminhou para ele e o segurou. - Você está bêbado! Olhe que chamam a polícia! Onde é que você pensa que está?

- Está bêbado e quer se mostrar! - disse Nastássia Filíppovna, zombando dele.

- Não é ostentação, não! Arranjarei o dinheiro antes de anoitecer! Ptítsin, seu agiota, empreste-me isso, vamos! Peça os juros que quiser! Arranje-me cem mil rublos para esta noite! Quero mostrar que não vacilo diante de nada. - a excitação de Rogójin não tinha limites.

Foi então que, profundamente agitado, Ardalión Aleksándrovitch gritou com voz ameaçadora:

- Qual é o sentido disto? Vamos, diga! - e investia sobre Rogójin. A subitaneidade da explosão do velho, até então em completo silêncio, foi muito cômica. Houve gargalhadas.

- Olá... Quem temos nós aqui! - riu Rogójin. - Venha cá. seu barbaças, vamos embebedá-lo!

- Isso é nauseante - proferiu Kólia, chorando de vergonha.

- Não há ninguém que expulse esta mulher desavergonhada daqui para fora? - exclamou Vária, tremendo de pejo.
        
E Nastássia Filíppovna respondeu com uma alegria onde havia desprezo:

- Chamam-me de mulher desavergonhada! A mim que vim, pressurosa, convidá-los a todos para a minha recepção desta noite! Eis como sua irmã me trata, Gavríl Ardaliónovitch!

No primeiro instante Gánia ficou aniquilado ante a explosão da irmã, mas quando viu que Nastássia Filíppovna ia embora. investiu desatinado para Vária e a agarrou pelo braço, com fúria.

- Veja o que você foi fazer! - encarava-a como se a quisesse fulminar ali mesmo. Estava tão fora de si que não sabia o que estava fazendo.

- Que foi que eu fiz? Ora essa! E para onde me quer arrastar? Será para pedir perdão a ela por ter insultado mamãe e ter vindo aqui desgraçar nossa família, criatura vil!? - Vária gritou de novo. com ar impávido, desafiando o irmão.

Ficaram assim, um encarando o outro.
Gánia mantinha-a presa pelo braço; ela experimentou livrar-se duas vezes, até que, de repente, perdendo toda a compostura, cuspiu na cara do irmão.

- Que moça! Bravos! - exclamou Nastássia Filíppovna.
                                                             
- Ptístin, dou-lhe os meus parabéns!

Gánia viu tudo dançando diante dos seus olhos. E. completamente esquecido de si, arremeteu contra a irmã e teria acertado no rosto dela se uma outra mão estranha não agarrasse a sua. O príncipe estava entre ele e Vária.

- Não faça isso! Pare! - gritou, insistentemente; e era como se a sua violenta emoção sacudisse tudo.

- Atravessar-se-á você sempre no meu caminho? - berrou-lhe Gánia.

Soltou o braço de Vária e, louco de raiva, recuando, deu uma bofetada em Míchkin, com a mão que tinha ficado livre.

- Ah! - gritou Kólia, juntando as mãos. - Meu Deus!

Exclamações foram ouvidas de todos os lados. O príncipe ficou sem cor. Olhou Gánia bem de frente, com olhos de estranhíssima censura. Quis proferir qualquer coisa, mas os lábios tremeram e ficaram contraídos em uma espécie de sorriso inconsistente. Por fim pôde dizer, brandamente:

- Bem, em mim pode; mas nela, não consentirei.

Não se podendo dominar mais, saiu de perto de Gánia, foi para um canto, com o rosto escondido para a parede; e pouco depois balbuciou com voz entrecortada:

- Oh! Como o senhor se deve envergonhar do que fez!

Gánia ficou, de fato, totalmente esmagado. Kólia correu para o príncipe, abraçou-o e o beijou. Seguiram-no Vária, Ptítsin, Nina Aleksándrovna e o próprio Rogójin, ficando todos, inclusive o general, aglomerados em volta do príncipe.

- Não se incomodem! Não se incomodem! - murmurava Míchkin, em todas as direções, ainda com o mesmo sorriso forçado.

- Ele se arrependerá - garantiu Rogójin. - Você não se envergonha, Gánia, de ter insultado um... cordeiro.., destes? (Não conseguiu achar outra palavra.) Príncipe querido, deixe-os, despreze-os e venha comigo. Hei de mostrar-lhe que amigo Rogójin pode vir a ser.

Nastássia Filíppovna também ficara estupefata com a ação de Gánia e a resposta do príncipe. A sua face, de hábito pálida e melancólica, que parecia até ali só se ter animado em um papel de comediante, estava agora indiscutivelmente tomada por um sentimento novo. Todavia persistiu em esconder isso, conservando uma expressão sarcástica.

- Com certeza já vi o seu rosto, não me lembro onde – falava agora, de modo sério, subitamente se recordando da sua primeira pergunta.

- Não estais envergonhada? Seguramente não sois o que pretendeis ser agora! Não é possível - exclamava o príncipe com uma censura profunda e sincera.

Nastássia Filíppovna ficou perplexa, mas sorriu, para encobrir qualquer coisa. Olhou para Gánia, um tanto confusa, e se retirou da sala de estar; mas antes de chegar à porta voltou, e, com passo rápido, se aproximou de Nina Aleksándrovna; tomou-lhe a mão erguendo-a até os lábios.

- Efetivamente não sou o que pareço ser. Ele tem razão -sussurrou, enrubescendo fortemente.

Voltou-se de todo, saiu tão depressa que ninguém percebeu para que foi que ela reentrara; tudo quanto se notou foi que dissera qualquer coisa, muito baixo, a Nina Aleksándrovna, e que pareceu lhe ter beijado a mão. Só Vária, além de ver, também ouviu e a acompanhou com o olhar, assombrada.
Até vê-la sair, Gánia refez-se e saiu para ver Nastássia Filíppovna retirar-se. Só a alcançou escada abaixo.

- Não me acompanhe. Até logo. Venha esta noite, está ouvindo? Sem falta.

Ele voltou abstraído, preocupado. Uma cruel incerteza pesava sobre o seu coração. E mais amarga do que até então. A figura do príncipe também ainda o obcecava... E estava tão absorto que nem percebeu o bando de Rogójin passar ao seu lado, já no corredor, preparando-se para descer. Discutiam entre si, estabanadamente.
Rogójin caminhava ao lado de Ptítsin, conversando sobre negócio urgente. Ainda assim ao passar por Gánia lhe gritou:

- Você perdeu a partida!

E enquanto o outro descia, Gánia o olhava, inquieto.



continua página 106...

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