segunda-feira, 2 de março de 2020

Stendhal - O Vermelho e o Negro: Um ambicioso (XXX-1)

Livro I 

A verdade, a áspera verdade. 
Danton 


Capítulo XXX

UM AMBICIOSO




Não há mais senão uma só nobreza, é o título de duque; marquês é ridículo;à palavra duque todos voltam a cabeça. 

EDINBURGH REVIEW







O MARQUÊS DE LA MOLE recebeu o abade Pirard sem nenhuma daquelas pequenas cerimônias de grande senhor, tão polidas, mas tão impertinentes para quem as compreende. Teria sido tempo perdido, e o marquês era bastante esperto nos grandes negócios para ter tempo a perder. Nos últimos seis meses ele fazia manobras para que o rei e a nação aceitassem um certo ministério que, por reconhecimento, o faria duque.

O marquês vinha pedindo em vão, havia longos anos, a seu advogado de Besançon, um trabalho claro e preciso sobre seus processos no Franco-Condado. Mas como poderia o célebre advogado dar-lhe essas explicações, se ele próprio não os compreendia? O quadradinho de papel que o abade lhe entregou explicava tudo.

– Meu caro abade, disse-lhe o marquês, depois de ter expedido em menos de cinco minutos todas as fórmulas de polidez e de interrogação sobre assuntos pessoais, em meio à minha suposta prosperidade, falta-me tempo para ocupar-me seriamente de duas pequenas coisas não obstante muito importantes: minha família e meus negócios. Cuido em geral da fortuna de minha casa, posso levá-la longe; cuido de meus prazeres, e é o que deve vir antes de tudo, ao menos para mim, acrescentou, surpreendendo espanto nos olhos do abade Pirard. Embora homem ajuizado, o abade estava maravilhado de ver um velho falar tão francamente de seus prazeres.

O trabalho existe certamente em Paris, continuou o marquês, mas empoleirado no quinto andar; assim que me aproximo de um homem, ele se aloja no segundo e sua mulher marca uma recepção; por conseguinte, não há mais trabalho, só há esforços para ser ou parecer um homem de sociedade. Essa é a única preocupação a partir do momento em que se tem comida.

Para meus processos, falando diretamente, e mesmo para cada processo separadamente, tenho advogados que se matam de trabalhar; um deles morreu dos pulmões, anteontem. Mas, para meus assuntos em geral, acreditaria o senhor que há três anos desisti de encontrar um homem que, enquanto escreve para mim, pense um pouco seriamente no que faz? De resto, tudo isso é só um prefácio.

Estimo o senhor e, ousaria acrescentar, embora o veja pela primeira vez, gosto do senhor. Não quer ser meu secretário, com 8 mil francos de honorários ou até mesmo o dobro? Ainda ganharei com isso, garanto-lhe; e prometo-lhe conservar sua bela paróquia, para o dia em que não mais nos conviermos.

O abade recusou; mas, pelo final da conversa, o verdadeiro embaraço em que via o marquês sugeriu-lhe uma ideia.

– Deixei lá no meu seminário um pobre rapaz que, se não me engano, vai ser rudemente perseguido. Se ele fosse um simples religioso, já estaria in pace. Até agora esse jovem sabe apenas o latim e a Sagrada Escritura; mas não é impossível que um dia venha a mostrar grandes talentos, seja para a prédica, seja para a direção das almas. Ignoro o que fará; mas ele tem o fogo sagrado, pode ir longe. Eu contava oferecê-lo ao nosso bispo, se eventualmente algum tivesse um pouco da sua maneira de ver os homens e as coisas.

– De onde vem esse rapaz?, perguntou o marquês.

– Dizem-no filho de um carpinteiro das montanhas, mas parece-me mais o filho natural de algum homem rico. Vi-o receber um carta anônima, ou pseudônimo, com uma letra de câmbio de 500 francos.

– Ah! É Julien Sorel, disse o marquês.

– Como sabe o nome dele? perguntou o abade, espantado, e corando com sua pergunta. 


– É o que não lhe direi, respondeu o marquês.

– Pois bem!, retomou o abade, o senhor poderia fazer dele seu secretário; ele tem energia, inteligência; em suma, vale a pena tentar.

– Por que não?, disse o marquês; mas não será um homem que se deixaria subornar pelo chefe de polícia ou algum outro para ser espião em minha casa? Eis minha única objeção. Confortado pelas declarações favoráveis do abade Pirard, o marquês pegou uma nota de 1.000 francos:

– Envie esse viático a Julien Sorel; faça-o vir.

– Vê-se bem, disse o abade Pirard, que o senhor mora em Paris. Não conhece a tirania que pesa sobre nós, pobres provincianos, em particular sobre os padres não amigos dos jesuítas. Não deixarão Julien Sorel partir, inventarão os pretextos mais hábeis, dirão que está doente, que o correio extraviou as cartas etc. etc.

– Conseguirei um dia desses uma carta do ministro ao bispo, disse o marquês.

– Ia esquecendo uma precaução, disse o abade: esse jovem, embora humilde de nascimento, tem o coração altivo, não será de nenhuma utilidade exasperar seu orgulho; o senhor faria dele um estúpido.

– Isso me agrada, disse o marquês; farei dele o colega de meu filho, será o suficiente?

Algum tempo depois, Julien recebia uma carta com uma escrita desconhecida e selada de Châlons, nela encontrou uma ordem de pagamento por um comerciante de Besançon e o aviso de ir a Paris sem demora. Não re conheceu a assinatura da carta, mas, ao abri-la, estremeceu: uma folha de árvore caíra a seus pés; era o sinal combinado com o abade Pirard.

Menos de uma hora depois, Julien foi chamado à sede do bispado onde foi acolhido com uma bondade paterna. Citando Horácio, o monsenhor fez-lhe comentá rios elogiosos e hábeis sobre o alto destino que o aguardava em Paris, os quais, como agradecimento, esperavam explicações. Julien nada pôde dizer, a começar porque não sabia de nada, e o monsenhor teve ainda mais consideração por ele. Um dos padres da sede episcopal escreveu ao prefeito que se apressou em trazer ele próprio um passaporte assinado, mas no qual fora deixado em branco o nome do viajante.

Antes da meia-noite, Julien estava na casa de Fouqué, cujo espírito sensato ficou mais surpreso do que encantado com o futuro que parecia esperar seu amigo.

– Isso acabará te propiciando, disse esse eleitor liberal, um cargo no governo, que te obrigará a algum procedimento que será vilipendiado nos jornais. É por tua vergonha que terei notícias tuas. Lembra-te que, mesmo financeiramente falando, é melhor ganhar cem luíses num bom comércio de madeiras, do qual somos o dono, do que receber 4 mil francos de um governo, ainda que fosse o do rei Salomão.

Julien viu nisso apenas a pequenez de espírito de um homem da província. Finalmente, ele ia aparecer no palco dos grandes acontecimentos. A felicidade de ir a Paris, que ele imaginava povoada de pessoas de espírito, muito intrigantes, muito hipócritas, mas também polidas como o bispo de Besançon e o bispo de Agde, eclipsava tudo a seus olhos. Procurou mostrar ao amigo que se sentia privado de seu livre-arbítrio pela carta do abade Pirard. No dia seguinte por volta do meio-dia, chegou em Verrières como o mais feliz dos homens; esperava rever a sra. de Rênal. Foi primeiro à casa de seu protetor, o bom abade Chélan. Encontrou uma recepção severa.

– Acredita dever-me alguma obrigação?, disse o abade Chélan, sem responder à sua saudação. Almoçaremos juntos, enquanto se aluga um outro cavalo, e você deixará Verrières sem ver ninguém.

– Ouvir é obedecer, respondeu Julien, com uma cara de seminarista; e não se falou mais senão de teologia, e em latim.

Ele montou a cavalo, andou uma légua até avistar um bosque e, sem que ninguém o visse, nele penetrou. Quando o sol se pôs, mandou embora o cavalo. Mais tarde, entrou na casa de um camponês que consentiu vender-lhe uma escada e acompanhá-lo, transportando-a, até um pequeno bosque junto ao Passeio da Fidelidade, em Verrières.

– Sou um pobre recruta desertor... ou um contrabandista, disse o camponês ao ser dispensado, mas que importa! Minha escada foi bem paga, e também já passei por algumas aventuras na vida.

A noite estava muito escura. Por volta de uma da madrugada, Julien, com sua escada, entrou em Verrières. Logo chegou ao leito do regato que atravessa os magníficos jardins do sr. de Rênal, com uma profundidade de meio metro e contido entre dois muros. Julien os escalou facilmente com a escada. Como reagirão os cães de guarda, pensou? O problema era esse. Os cães latiram e avançaram em sua direção; mas, a um assobio, vieram fazer-lhe festas. Subindo então de terraço em terraço, embora todas as grades estivessem fechadas, foi-lhe fácil chegar até debaixo da janela do quarto de dormir da sra. de Rênal, que, do lado do jardim, eleva-se a menos de três metros do chão.

Havia nos postigos uma pequena abertura em forma de coração, que Julien conhecia bem. Para sua decepção, essa pequena abertura não estava iluminada pela luz interior de uma lamparina.

Ó Deus!, pensou; esta noite o quarto não está ocupado pela sra. de Rênal! Onde estará deitada? A família está em Verrières, pois encontrei os cães; mas, sem lamparina, posso deparar nesse quarto com o próprio sr. de Rênal ou um estranho, e então, que escândalo!

O mais prudente era retirar-se; essa solução horrorizou Julien. Se for um estranho, me safarei o mais rápido que puder, abandonando minha escada; mas se for ela, que recepção me espera? Ela está arrependida e tornou-se muito devota, não posso duvidar; mas, afinal, ainda tem alguma lembrança de mim, pois acaba de me escrever. Essa razão o decidiu.

Com o coração trêmulo, mas disposto a morrer ou a vê-la, lançou pedrinhas contra o postigo; nenhuma resposta. Apoiou sua escada ao lado da janela e golpeou ele mesmo o postigo, primeiro suavemente, depois com mais força. Ainda que esteja escuro, podem disparar-me um tiro de fuzil, pensou Julien. Essa ideia reduziu a louca empreitada a uma questão de bravura.

O quarto não está habitado esta noite, pensou, ou então, seja quem for que estiver deitado aí, está acordado agora. Assim, não há mais nada a fazer em relação a essa pessoa; devo somente procurar não ser ouvido pelos que dormem nos outros quartos.

Ele desceu, encostou a escada contra um dos postigos, tornou a subir e, passando a mão na abertura em for ma de coração, teve sorte de logo encontrar o gancho que fechava a janela. Puxou esse gancho; com uma alegria inexprimível sentiu que o postigo não estava mais retido e cedia a seu esforço. Devo abrir aos poucos e fazer reconhecer minha voz. Ele abriu o postigo o suficiente para passar a cabeça, repetindo em voz baixa: É um amigo.

Certificou-se, atento à escuta, de que nada perturbava o silêncio profundo do quarto. Mas constatou que não havia nenhuma lamparina, nem sequer meio apagada, sobre a lareira; era um mau sinal.

Cuidado com o tiro de fuzil! Ele refletiu um pouco; depois, com o dedo, ousou bater contra a vidraça: nenhuma resposta; bateu com mais força. Se eu quebrasse a vidraça, acabaria logo com isso. Ao bater com mais força, julgou entrever, em meio à escuridão, como uma sombra branca que atravessava o quarto. Por fim, não teve mais dúvida, viu uma sombra que parecia avançar com extrema lentidão. De repente, uma face apoiou-se à vidraça pela qual olhava.

Ele estremeceu e afastou-se um pouco. Mas a noite estava tão escura que, mesmo a essa distância, não pôde distinguir se era a sra. de Rênal. Ele temia um grito de alarme; ouviu os cães rosnando e dando voltas ao pé da escada. – Sou eu, repetiu bastante alto, um amigo. Nenhuma resposta. O fantasma branco desaparecera. Abra, por favor, preciso falar-lhe, estou muito infeliz!, e batia de forma a quebrar a vidraça.

Um ruído seco fez-se ouvir; o fecho da janela cedia; ele a empurrou e saltou depressa para o quarto.

O fantasma branco afastava-se; ele o pegou pelos braços; era uma mulher. Todas as suas ideias de coragem desapareceram. Se for ela, o que vai dizer? A um grito abafado, compreendeu que era a sra. de Rênal.

Ele a apertou nos braços; ela tremia e mal tinha forças para rechaçá-lo.

– Desgraçado! Que está fazendo?

Sua voz convulsiva mal podia articular essas palavras. Julien percebeu nelas a indignação mais verdadeira.

– Venho vê-la depois de catorze meses de uma cruel separação.

– Saia, deixe-me imediatamente. Ah! Sr. Chélan, por que me impediu de escrever-lhe? Eu teria evitado esse horror. Ela o repeliu com uma força realmente extraordinária. Arrependo-me de meu crime; o céu dignou-se iluminar-me, ela repetia com a voz entrecortada. Saia! Fuja!

– Depois de catorze meses de infelicidade, não a deixarei sem ter-lhe falado. Quero saber tudo o que você fez. Ah! Eu a amei muito para merecer essa confidência... Quero saber tudo.

Esse tom de autoridade influiu sobre o coração da sra. de Rênal, mesmo contra sua vontade.

Julien, que a mantinha enlaçada com paixão e resistia a seus esforços para soltar-se, parou de apertá-la nos braços. Esse movimento tranquilizou um pouco a sra. de Rênal.

– Vou retirar a escada, ele disse, para que ela não lhe comprometa se algum criado, despertado pelo ruído, fizer uma ronda.

– Ah! Saia, saia e não volte, ela disse com uma verdadeira cólera. Que me importam os homens? É Deus que vê esta cena terrível e que me punirá. Está abusando covardemente dos sentimentos que tive por você, mas que não tenho mais. Está me ouvindo, sr. Julien?

Ele retirava a escada muito lentamente para não fazer barulho.

– Teu marido está na cidade?, ele perguntou, não para contrariá-la, mas movido pelo antigo hábito.

– Não me fale assim, por favor, ou chamo meu marido. Já sou demasiado culpada de não tê-lo expulsado, não importa o que acontecesse. Sinto pena do senhor, ela disse, procurando ferir-lhe o orgulho que sabia tão irritável.


continua...




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ADVERTÊNCIA DO EDITOR

Esta obra estava prestes a ser publicada quando os grandes acontecimentos de julho [de 1830] vieram dar a todos os espíritos uma direção pouco favorável aos jogos da imaginação. Temos motivos para acreditar que as páginas seguintes foram escritas em 1827.


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Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (Grenoble, 23 de janeiro de 1783 — Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor francês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.


Órfão de mãe desde 1789, criou-se entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. A partir de 1796 foi aluno da Escola central de Grenoble e em 1799 conseguiu o primeiro prêmio de matemática. Viajou a Paris para ingressar na Escola Politécnica, mas adoeceu e não pôde se apresentar à prova de acesso. Graças a Pierre Daru, um parente longínquo que se converteria em seu protetor, começou a trabalhar no ministério de Guerra.

Enviado pelo exército como ajudante do general Michaud, em 1800 descobriu a Itália, país que tomou como sua pátria de escolha. Desenganado da vida militar, abandonou o exército em 1801. Entre os salões e teatros parisienses, sempre apaixonado de uma mulher diferente, começou (sem sucesso) a cultivar ambições literárias. Em precária situação econômica, Daru lhe conseguiu um novo posto como intendente militar em Brunswick, destino em que permaneceu entre 1806 e 1808. Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma, Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudônimo de Stendhal. O governo austríaco lhe acusou de apoiar o movimento independentista italiano, pelo que abandonou Milão em 1821, passou por Londres e se instalou de novo em Paris, quando terminou a perseguição aos aliados de Napoleão.

"Dandy" afamado, frequentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com as suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. Em 1822 publicou Sobre o amor, ensaio baseado em boa parte nas suas próprias experiências e no qual exprimia ideias bastante avançadas; destaca a sua teoria da cristalização, processo pelo que o espírito, adaptando a realidade aos seus desejos, cobre de perfeições o objeto do desejo.

Estabeleceu o seu renome de escritor graças à Vida de Rossini e às duas partes de seu Racine e Shakespeare, autêntico manifesto do romantismo. Depois de uma relação sentimental com a atriz Clémentine Curial, que durou até 1826, empreendeu novas viagens ao Reino Unido e Itália e redigiu a sua primeira novela, Armance. Em 1828, sem dinheiro nem sucesso literário, solicitou um posto na Biblioteca Real, que não lhe foi concedido; afundado numa péssima situação económica, a morte do conde de Daru, no ano seguinte, afetou-o particularmente. Superou este período difícil graças aos cargos de cônsul que obteve primeiro em Trieste e mais tarde em Civitavecchia, enquanto se entregava sem reservas à literatura.

Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O Vermelho e o Negro, uma crónica analítica da sociedade francesa na época da Restauração, na qual Stendhal representou as ambições da sua época e as contradições da emergente sociedade de classes, destacando sobretudo a análise psicológica das personagens e o estilo direto e objetivo da narração. Em 1839 publicou A Cartuxa de Parma, muito mais novelesca do que a sua obra anterior, que escreveu em apenas dois meses e que por sua espontaneidade constitui uma confissão poética extraordinariamente sincera, ainda que só tivesse recebido o elogio de Honoré de Balzac.

Ambas são novelas de aprendizagem e partilham rasgos românticos e realistas; nelas aparece um novo tipo de herói, tipicamente moderno, caracterizado pelo seu isolamento da sociedade e o seu confronto com as suas convenções e ideais, no que muito possivelmente se reflete em parte a personalidade do próprio Stendhal.

Outra importante obra de Stendhal é Napoleão, na qual o escritor narra momentos importantes da vida do grande general Bonaparte. Como o próprio Stendhal descreve no início deste livro, havia na época (1837) uma carência de registos referentes ao período da carreira militar de Napoleão, sobretudo a sua atuação nas várias batalhas na Itália. Dessa forma, e também porque Stendhal era um admirador incondicional do corso, a obra prioriza a emergência de Bonaparte no cenário militar, entre os anos de 1796 e 1797 nas batalhas italianas. Declarou, certa vez, que não considerava morrer na rua algo indigno e, curiosamente, faleceu de um ataque de apoplexia, na rua, sem concluir a sua última obra, Lamiel, que foi publicada muito depois da sua morte.

O reconhecimento da obra de Stendhal, como ele mesmo previu, só se iniciou cerca de cinquenta anos após sua morte, ocorrida em 1842, na cidade de Paris.



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Leia também:

Stendhal - O Vermelho e o Negro: O Primeiro Adjunto (XVII)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Um Rei em Verrières (XVIII)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Pensar faz sofrer (XIX)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: As Cartas Anônimas (XX)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Diálogo com um Mestre (XXI - 1)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Maneiras de Agir em 1830 (XXII - 1)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Maneiras de Agir em 1830 (XXII - 2)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Desgostos de um funcionário (XXIII -1)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Desgostos de um funcionário (XXIII -2)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Uma Capital (XXIV)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: O Seminário (XXV)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: O Mundo, Ou o Que Falta ao Rico (XXVI)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: A Primeira Promoção (XXIX - 1)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Um ambicioso (XXX - 1)
Stendhal - O Vermelho e o Negro: Um ambicioso (XXX - 2)

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