No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Um
baitasar
Memórias
eu continuava olhando
aquelas iluminuras da lua como um mistério de amores e promessas estranhas,
sabia e não sabia o que acontecia enquanto olhava ese pequeño hombre
mergulhado no arroio de águas agitadas de mi hermana
cresci imaginando por
onde andaria o meu zé qualquer um, não importava que fosse outro qualquer josé,
sonhava com seu feitio puro e duro de apego, um trovão en la Montaña,
amontoado por cima do meu corpo de sonhos e vontades
a vida é o que é, o milho
é o que é, a banana é o que é, nós somos o que somos, as coisa não mudam contra
a vontade de de la Montaña, a poeira quente continua a queimar e se
enfiar em nossas gargantas como um punhal assassino, o ar que se respira é o ar
da escravidão e a escravidão é o que é, um monte de terra que afunda nossos
corpos, asfixia a imaginação das vontades até à morte
exatamente como nosso viejo
papá ficara antes do seu encontro com o próprio amolecimento e descolamento
das carnes do osso, o tempo de cada um sempre chega
papá
passava os dias deitado, as costas coladas na palha, a barriga para cima,
subindo e descendo, enchendo e murchando do ar que entrava e saia pela boca –
ele não se contentava mais com o ar que entrava pelas ventañas, rezingava
que eram furos mui pequeños –, os olhos fechados, não parecia mais se
incomodar com aquela imobilidade
Blanca
resmungava que os furos deviam estar menores por sua teimosia com a fumaça de
sus cigarrillos de paja, ele respondia sem pressa, Es la edad, hija mía.
depois dava de ombros,
como a dizer que o feito não poderia ser desfeito
el viejo bem
que tentava sentar, levantar, mas a aldeia, la Montaña, os cachorros, as
galinhas, os mestiços, tudo na sua visão girava girava e girava tanto que os
sonhos saiam de dentro da cabeça e retornavam pelos olhos, iam da garganta até
a boca vomitando as entranhas, sacudindo o corpo, estremecendo o roçado de
milho
a tontura e o destino lhe
carregaram da vida aos pouquinhos, definhando de fome até não reconhecer na dor
a própria fome, os delírios rodavam em sua cabeça e saiam anunciando o dia do
juízo final
a traição de todas as
traições não fora apenas a domesticação da candura e do corpo que os jesuítas
da companhia trouxeram para la Montaña, junto veio a crendice que tudo não se acaba um dia, mesmo contra à vontade do patrão de la Montaña de maíz ele voltaria
renovado por la muerte
titubeando, repetia e
repetia as mesmas palavras, noite e dia, Un inmenso portero mestizo no deja
pasar a los hombres y mujeres de lujo por la puerta prometida a los abandonados
y sufrientes, el paraíso de la vida eterna para los pobrecitos.
um mundo verde e
colorido, sem preconceitos ou desigualdades, um lugar sem luxos ou ganâncias,
um outro mundo sem farturas pedantes e vaidosas, sem a abastança da soberba
assim foi – dia após noite –, até que papá se finou em uma noite de estrelas brilhando e dançando, como se o universo estivesse abrindo seus braços para aquele hombre de maíz, um sobrevivente conformado de la Montaña, a sua hora en la naturalidad de la vejez
quis ser levado ao topo de
la Montaña enrolado em tecido simples e fino
sem choradeiras
cantorias, se assim o queriam
depois o silêncio de uma
cova de milho
pediu que Blanca colocasse grãos de milho em seus bolsos e mãos, para seu espírito florir, libertar-se daquela carne enfraquecida
assim sua reaparição estaria completa
Livro Um:
Memórias - 01: a lua cheia
Memórias - 02: a servidão natural
Memórias - 03: um negócio inesgotável
Memórias - 04: la sina de papá
Memórias - 09: ¡vaya hombre, no me dejes!Memórias - 11: a caverna dos espíritos amorososMemórias - 13: a Virgem do Rosário
Memórias - 14: palpitesMemórias - 18: ¡Estamos haciendo historia!
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