sábado, 30 de setembro de 2023

Memórias - 25: um lugar de trabalho y muerte

No se puede hacer la revolucion sin las mujeres

Livro Um

baitasar

Memórias

25 – um lugar de trabalho y muerte

ainda escuto seus sussurros enquanto cantarolava cantigas para afastar las voces de la Montaña, Hija mía, no se puede vivir sin encantamientos, pero el encantamiento no puede debilitar la verdad.

aprendi, confesso que demorou, mas aprendi jamais desmerecer o duro esforço para sobreviver

sonhar sem esconder a própria realidade, desinventar as mentiras que nos fazem enfiadas em tocas escuras e imundas, medrosas e desistidas da própria vida

ela repetia que tinha direito a outra vida porque esta sua vida ela não reconhecia como a vida que queria, Un contrabando de vida, mí hija...

um lugar de trabalho e morte

seus lamentos denunciavam o desilusório con la montaña de maíz, Aquí, todas son asfixiadas y sofocadas hasta que se rompen el cuello.

os tempos sempre foram duros para las campesinas, o amor pela vida nunca foi deixado em paz, as moscas, os cachorros, as galinhas, os ratões e aquele sol ardente estão ali para lembrá-las da sua aparência redonda e vermelha de raiz e adubo

a poeira quente e cinza avisa quando o campo de reduz a escórias enquanto são feitos os preparos para o plantio, o jeito de cultivar en la Montaña é cortar, queimar, deixar la tierra desnuda no descanso e quando a vida sobrevive los hombres sobem para jogar o milho dentro das covas, é das cinzas que renasce a fertilidade das covas

mí hermana gostava do companheiro, ele a fez rir e se metia de um jeito que apetecia ficar arriada ao seu lado na esteira, una mujer desnuda como la tierra que sonhava viver longe da aguardente de milho e dos bailes suados no pátio

o suor de la Montaña promete apenas fumaça, cinza y muerte

O meu mundo é apenas de aparências, argumentava o menudo

¿Qué crees que se pasa por acá?

Encontrei um lugar com pessoas mais puras.

Simples... simples...

É mais que isso, são ingênuas e desconhecem a maldade.

¡Qué tonteria dices, sonos calaveras criaturas!

o cabo já estava em pé, parado na porta, mirava a trilha de águas sujas que escorregava entre cães, galinhas, crianças e velhos, precisava concordar com Blanca, ali não estavam seguros

ele desgrudou o ombro da porta e se virou para Blanca, a penumbra das velas escondia as claridades do madrugamento e a dor da sua descoberta, os olhos grudados um no outro, olhos tristes e desafiadores, caminhou até estar ajoelhado na frente daquela mujer avermelhada, sem pelos escondidos

Queres mesmo que me vá?

Sí... quién se queda acá tiene que escalar la montaña...

Sinto que este é o meu destino.

No... quizás sea mi destino imaginando cosas que podríamos hacer juntos si el tiempo no fuera nuestro enemigo. Me pregunto: ¿Por qué tú y yo ahora, después de tantos caminos cruzados... pero también después de algunas coincidencias que nos ha deparado la vida?

Não sei a resposta, minha Blanca amada. Mas sei que não consigo ficar longe de ti, não consigo nem pensar nesta possibilidade, isso dói demais.

Yo siento lo mismo. Estás plantado dentro de mí con raíces tan grandes que es imposible arrancarlas. Y la emoción que siento cuando estamos el uno con el otro en la esterilla es algo transcendente, maravilloso... las sensaciones se quedan y se acumulan, crecen, tienen el espacio del universo... como si la vida pudiera acabarse pero la energia se quedara aquí para siempre.

Ah! Eu não quero a impossibilidade de te amar assim por muito e muito tempo. Eu não queria perder esse tempo de viver contigo.

Yo tampoco. Me gustaría la oportunidad de estar contigo tantos momentos, pasear cogida de tu mano, sentarme en un banco de una plaza una tarde cualquiera, otro día soleado, mirarte a los ojos que me dicen: te quiero te quiero... sentir tu cabeza apoyada en mi hombro... estar acurrucada mirando la luna llena y el cielo estrellado... recibir flores, decirte cosas, abrazarte una y otra vez, mimarte, repetirte millones de veces: te quiero te quiero te quiero...

Te quero... te quero... também te quero...

Yo también, pero lejos de esta montaña de maíz.

o sol já requentava as costas, o vozerio de cantorias das mulheres caminhava entre as paredes e os invadia

No te olvides que tienes un jefe.

Não quero mais chefes em minha vida.

Pero tienes, y si te achar por acá todos vamos a sufrir juntos. Mi pueblo ya está sufriendo demasiado como para sufrir tambén por nosotros.

... me vou... então?

Vuleve cuando creas que debes.

os ratos em correria atravessam os sítios e as palhas, siempre correndo nervosos

não, mí hermana Blanca não queria mais aquela vida de luto permanente, injusta e carregada com os rastros da indiferença, vozes de colibri

sonhava com senhoras finas e delicadas

o seu homem se foi junto com o sol brotando de la tierra, subindo como manchas pelas paredes de barro, ela se amaldiçoou, ¡Imbécil, vive por él, calla y muere!

estava só na saudade e na solidão, lutando contra mosquitos que roubam para suas barrigas fartas o sangue de los campesinos

las mujeres têm os olhos cansados de olhar la Montaña acima, esperando angustiadas para verem seu homem descendo, até que caem de joelhos pedindo perdão por tudo de ruim que possam ter feito sem saber que era ruim, prometendo fazer só o que as deixam fazer, Senta aqui, cala, fala, responde, reza, abre as pernas, mergulhadas no suco extraído de todas nós, Esquece isso e mergulha o teu suco em mim.

os homens descem com os olhos cansados de olhar através de la tierra la Montaña de maíz, até que caem de joelhos agradecendo a própria vida miserável que continua, conformados com o que sempre tiveram, Todavía vivimos...

e assim, agachadas – aferrándose en sus piernas –, adormecem con sus ojos abiertos, resmungam e agradecem a volta de sus hombres, estão grudadas naquela terra como as suas pegadas

amamentam enrugadas enquanto os rastros vão de lá para cá, de lugar algum para nenhum, sin dejar jamás la tierra, sabem do seu calor e do seu frio, cuando la tierra cae enferma as sombras se vão sobre as próprias pisadas

a luz amarelona da vela iluminava o rosto de Blanca, frente a frente, naquele caco de espelho o lábio leporino aparecia rasgado mais que sempre, No me gusta las noches de verano.
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