quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Amor escondido

Fagner




Amor escondido
Fagner


Quando se tem um amor escondido
Querendo aflorar
É se guardar um rio perdido
Que não encontra o mar
Mas brilha tanto cada sorriso
E brilha mais que o olhar
Quando o desejo é claro e preciso
Quem pode ocultar
Tento esquecer te digo baixinho
Não sei se vou voltar
Mas nada prende mais que um carinho
Já vou te procurar
Vai pensamento voa no vento
Vai bem depressa corre pra lá
Conta pra ela meu sofrimento
Diga pra me esperar
Se passo o dia sem seu carinho
Me sinto sufocar
Pássaro mudo longe do ninho
Sem força pra voar

Composição: Fagner / Abel Silva

Fagner e Zeca Baleiro
Dezembros


Dezembros
Fagner


Nunca mais a natureza da manhã
E a beleza no artifício da
cidade
Num edifício sem janelas,
desenhei os olhos dela
Entre vestígios de bala
e a luz da televisão
Os meus olhos tem a fome do horizonte
Sua face é um espelho sem promessas
Por dezembros atravesso
Oceanos e desertos
Vendo a morte assim tão perto
Minha vida em suas mãos
O trem se vai na noite sem estrelas
E o dia vem,nem eu nem trem
nem ela

Nunca mais a natureza nunca mais...

Composição: Fagner/Zeca Baleiro/Fausto Nilo

Fagner e Belchior
Aguapé




Aguapé

Belchior


Capineiro de meu pai
não me cortes meus cabelos.
Minha mãe me penteou;
minha madrasta me enterrou,
pelo figo da figueira
que o passarim beslicou.

"Caminheiro que passas pela estrada,
seguindo pelo rumo do sertão
quando vires a cruz abandonada,
deIxa-a em paz dormir na solidão".

"Que vale o ramo do alecrim cheiroso
que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
das borboletas, que, lá vão pousar.

Esta casa não tem lá fora;
a casa não tem lá dentro
três cadeiras de madeiras,
uma sala, a mesa ao centro.

Rio aberto, barco solto,
pau-d'arco florindo à porta,
sob o qual, ainda há pouco,
eu enterrei a filha morta.

Ad flumina babylonis, illic sedimus et flevimus,
sob o qual, ainda há pouco,
cum recordaremur Sion
eu enterrei a filha morta.
In salicibus terrae illius
suspendimus citharas nostras.
Aqui os mortos são bons,
Nam ílllic, qui abduxerunt nos, rogaverunt a novis cantica...
pois não atrapalham em nada;
et qui affligebant nos, laetitiam:
pois não comem o pão dos vivos,
"Cantate nobis
nem ocupam lugar na estrada...
ex canticis Sion!
"pois não comem o pão dos vivos,
Quomodo cantabimus canticum Domini
nem ocupam lugar na estrada.
In terra aliena?
Si oblitus erro tui, Ierusalem,
oblibioinni detur dextera mas!

Nada,
Nada, nada.
Nada, nada, nada.
Aqui não acontece nada, não.
Nada.
Nada, nada, nada.
Absolutamente nada....
E o aguapé, lá na lagoa,
sobre a água nada
e deixa a borda da cano
aperfumada.
É a chaminé à toa
de uma fábrica, montada
sob a água, que fabrica
este ar puro da alvorada.

Composição: Belchior / Raimundo Fagner (epigrafe) Castro Alves

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