sexta-feira, 26 de abril de 2019

O Segundo Sexo - 42. Fatos e Mitos: A mãe, a noiva fiel, a esposa paciente

Simone de Beauvoir



42. Fatos e Mitos


Terceira Parte
Os Mitos

CAPITULO I


V




A mãe, a noiva fiel, a esposa paciente 




Essa severidade selvagem perde-se à proporção que diminuem as superstições e que o medo se dissipa. Mas, nos campos, olham com desconfiança as ciganas sem Deus nem lar. A mulher que exerce livremente o comércio de seus encantos — aventureira, vamp, mulher fatal — permanece um tipo inquietante. Na mulher má dos filmes de Hollywood sobrevive a imagem de Circe. Mulheres foram queimadas como feiticeiras simplesmente porque eram belas. E na pudica hostilidade das virtudes provincianas, contra as mulheres de maus costumes, perpetua-se um velho terror.

São esses perigos que, para um homem aventureiro, fazem da mulher um jogo cativante. Renunciando a seus direitos de marido, recusando-se a apoiar-se nas leis sociais, ele tentará vencê-la em combate singular. Tenta anexar a mulher a si mesmo até em suas resistências; persegue-a nessa liberdade pela qual lhe escapa. Em vão. Não se parcela a liberdade: a mulher livre sê-lo-á amiúde contra o homem. Mesmo a Bela Adormecida no bosque pode despertar com desprazer, pode não reconhecer em quem a acorda um Príncipe Encantado, pode não sorrir. É precisamente o caso do Cidadão Kane cuja protegida se apresenta como uma oprimida e cuja generosidade se revela como vontade de poder e de tirania. A mulher do herói escuta a narrativa das façanhas com indiferença, a Musa com que sonha o poeta boceja ouvindo-lhe os versos. A amazona pode recusar, entediada, a luta como pode também sair dela vitoriosa. As romanas da decadência, muitas norte-americanas de hoje, impõem aos homens seus caprichos e leis. Onde está a Cinderela? O homem desejava dar e eis que a mulher toma. Não se trata mais de jogar e sim de se defender. A partir do momento em que se torna livre, a mulher não tem outro destino senão aquele que ela cria livremente. A relação entre os dois sexos é, então, uma relação de luta. Tornando-se uma semelhante para o homem, apresenta-se como tão temível quanto no tempo em que era para ele a Natureza estranha. A fêmea nutriz, devotada, paciente, converte-se em animal ávido e devorador. A mulher má mergulha suas raízes na Terra, na Vida; mas a Terra é um fosso, a vida um impiedoso combate: o mito da abelha diligente, da mãe galinha é substituído pelo do inseto devorador, do louva-a-deus, da aranha; a fêmea não é mais a que alimenta os filhotes e sim a que come o macho; o óvulo não é mais o celeiro de abundância e sim uma armadilha de matéria inerte em que o espermatozoide, castrado, se afoga; a matriz, esse antro quente, calmo e seguro, torna-se um polvo sugador, planta carnívora, abismo de trevas convulsivas; habita-o uma serpente que engole insaciavelmente as forças do macho. Uma idêntica dialética faz do objeto erótico uma perigosa feiticeira, da escrava uma traidora, de Cinderela uma ogra e transforma toda mulher em inimiga; é o preço que paga o homem por se ter afirmado, com má-fé, como o único essencial. 

Entretanto, esse rosto inimigo não é tampouco a imagem definitiva da mulher. O maniqueísmo introduz-se no seio da espécie feminina. Pitágoras assimilava o princípio bom ao homem e o mau à mulher. Os homens tentaram dominar o mal anexando a mulher; conseguiram-no parcialmente; mas assim como foi o cristianismo, com suas ideias de redenção e de salvação, que deu seu pleno sentido à palavra danação, é ante a mulher santificada que a mulher má assume todo seu relevo. Durante a "querela das mulheres", que se prolonga da Idade Média aos nossos dias, certos homens só querem conhecer a mulher abençoada com que sonham, outros a mulher maldita que lhes desmente os sonhos. Mas, em verdade, se o homem pode tudo encontrar na mulher, é porque ela ao mesmo tempo tem essas duas faces. Ela representa de maneira carnal e viva todos os valores e anti-valores pelos quais a vida adquire um sentido. Eis nitidamente separados o Bem e o Mal que se opõem sob os traços da Mãe devotada e da Amante pérfida; na velha balada inglesa Randall my son um jovem cavaleiro vem morrer nos braços da mãe, envenenado pela amante. La Glu de Richepin, com mais patetismo e mau gosto, trata do mesmo tema. A angélica Michaela opõe-se à pérfida Carmen. A mãe, a noiva fiel, a esposa paciente oferecem-se para pensar os ferimentos abertos no coração dos homens pelas vamps e mandrágoras. Entre esses pólos, claramente fixados, uma multidão de figuras ambíguas irão definir-se, lamentáveis, detestáveis, pecadoras, vítimas, coquetes, fracas, angélicas, demoníacas. Com isso, numerosas condutas e sentimentos solicitam o homem e o enriquecem.

Essa própria complexidade da mulher encanta-o: eis uma maravilha doméstica com que pode deslumbrar-se com pouco dispêndio. É ela anjo ou demônio? A incerteza transforma-a em esfinge. É sob essa égide que uma das casas de tolerância mais célebres de Paris se apresentava. Na grande época da Feminilidade, no tempo dos corpetes, de Paul Bourget, de Henrí Bataille, do french-cancan, o tema da Esfinge surge sem cessar nas comédias, poesias e canções: "Quem és? De onde vens, Esfinge estranha?" E ainda não se acabou de sonhar com o mistério feminino e de discuti-lo. É para salvaguardar esse mistério que durante muito tempo os homens suplicaram às mulheres que não abandonassem as saias longas, as anáguas, os véus, as luvas compridas, as botinas altas; tudo o que acentua no Outro a diferença torna-o mais desejável, porquanto é do Outro como tal que o homem quer apropriar-se. Vê-se Alain-Fournier censurar às inglesas, em suas cartas, o shake-hand masculino. É a reserva pudica das francesas que o perturba. É preciso que a mulher permaneça secreta, desconhecida, para que se possa adorá-la como uma princesa longínqua; não parece que Fournier tenha sido particularmente deferente para com as mulheres, mas todo o maravilhoso da infância, da juventude, toda a nostalgia dos paraísos perdidos, foi numa mulher que ele encarnou, uma mulher cuja principal virtude era parecer inacessível. Traçou de Yvonne de Galais uma imagem branca e dourada. Mas os homens amam até os defeitos das mulheres quando criam mistério. "Uma mulher deve ter caprichos", dizia com autoridade um homem a uma mulher bem comportada. O capricho é imprevisível, empresta à mulher a graça da água ondulante; a mentira enfeita-a com reflexos fascinantes; o coquetismo, a perversidade dão-lhe um perfume capitoso. Esquiva, incompreendida, dúplice, assim é que ela mulher se presta aos desejos contraditórios do homem; ela é a Maya das inumeráveis metamorfoses. É um lugar-comum representar a Esfinge sob o aspecto de uma jovem; a virgindade é um dos segredos que os homens acham mais perturbadores, e sobretudo quanto mais libertinos são; a pureza da jovem autoriza a esperança de todas as licenças e não se sabe que perversidades se dissimulam sob sua inocência. Próxima ainda do animal e da planta, já dócil aos ritos sociais, ela não é nem criança nem adulta; sua feminilidade tímida não inspira o medo e sim uma inquietação temperada. Compreende-se que seja uma das imagens privilegiadas do mistério feminino. Entretanto, como a "verdadeira moça" se perde, seu culto tornou-se algo obsoleto. Em compensação, a figura de prostituta que, numa peça de êxito triunfal, Gantillon atribuiu a Maya, conservou muito de seu prestígio. É esse um dos tipos femininos mais plásticos, o que melhor permite o grande jogo dos vícios e das virtudes. Para o puritano timorato, ela encarna o mal, a vergonha, a doença, a danação; inspira pavor e repugnância; não pertence a nenhum homem, mas se empresta a todos e vive desse comércio, e assim readquire a independência temível das luxuriosas deusas-mães primitivas e encarna a Feminilidade que a sociedade masculina não santificou, que permanece impregnada de forças maléficas. No ato sexual, o macho não pode imaginar que a possui, só ele é entregue aos demônios da carne; é uma humilhação, uma mácula que sentem particularmente os anglo-saxões a cujos olhos a carne é mais ou menos maldita. Em compensação, um homem a quem a carne não choca apreciará na prostituta a sua afirmação generosa e crua; nela verá a exaltação da feminilidade que nenhuma moral tornou insípida; encontrará no corpo dela essas virtudes mágicas que outrora aparentavam a mulher aos astros e ao mar; um Miller, dormindo com uma prostituta, imagina sondar os próprios abismos da vida, da morte, do cosmo; une-se a Deus no fundo das trevas úmidas de uma vagina acolhedora. Por ser ela uma espécie de pária à margem de um mundo hipocritamente moral, pode-se considerar a "mulher perdida" como a contestação de todas as virtudes oficiais; sua indignidade aparenta-a às santas autênticas, pois o que foi aviltado será exaltado. Cristo olhou com bondade Maria Madalena; o pecado abre mais facilmente as portas do céu do que uma virtude hipócrita. Assim é que aos pés de Sônia, Raskolnikoff sacrifica o arrogante orgulho masculino que o levou ao crime; ele exasperou com o assassínio essa vontade de separação que existe em todo homem; resignada, abandonada por todos, é uma humilde prostituta que melhor pode receber a confissão de sua abdicação (1). A expressão "mulher perdida" provoca ecos perturbadores; muitos homens sonham com se perder; não é tão fácil e não se consegue sem dificuldades atingir o Mal numa forma positiva e mesmo o demoníaco apavora-se com crimes excessivos. Pois a mulher permite celebrar sem grandes riscos missas negras em que Satã é evocado sem ser especificamente convidado; ela está à margem do mundo masculino: os atos que lhe dizem respeito, na verdade, não acarretam conseqüências; ela é, entretanto, um ser humano e pode-se, através dela, realizar sombrias revoltas contra as leis humanas. De Musset e Georges Bataille a devassidão de hedionda e fascinante fisionomia está na frequentação das prostitutas. É com mulheres que Sade e Sacher Masoch satisfazem os desejos que os obcecam; seus discípulos


(1) Marcel Schwob expõe poeticamente esse mito no Livre de Monelle. "Falar-te-ei das humildes prostitutas e saberás o começo. . . Sabes, elas dão um grito de compaixão e nos acariciam a mão com sua descarnada mão. Só elas nos compreendem quando somos muito desgraçados; choram conosco e consolam-nos... Nenhuma delas, sabes, pode ficar conosco. Sentir-se-iam demasiado tristes e têm vergonha de ficar quando paramos de chorar, não ousam olhar-nos. Elas nos ensinam a lição que lhes cabe ensinar e se vão. Elas vêm através da chuva e do frio beijar-nos a fronte e enxugar-nos as lágrimas e as horríveis trevas as recuperam. . . Não se deve pensar no que puderam fazer dentro das trevas".


e a maioria dos homens que têm "vícios" a satisfazer dirigem-se mais comumente às prostitutas. São entre todas as mulheres as mais submissas aos homens e que no entanto, mais lhe escapam; é o que as predispõem a assumir tão múltiplas significações. Entretanto, não há nenhuma figura feminina — virgem, mãe, esposa, irmã, serva, amante, virtude arisca, sorridente odalisca — que não seja suscetível de resumir assim as instáveis aspirações dos homens.

Cabe à psicologia — e particularmente à psicanálise — descobrir por que um indivíduo se apega mais especialmente a tal ou qual aspecto do mito de faces inumeráveis; e por que é em tal ou qual mulher que o encarna. Mas o mito está implicado em todos os complexos, obsessões, psicoses. Muitas neuroses, em particular, têm sua causa numa vertigem do proibido; este só pode apresentar-se se os tabus foram previamente constituídos. Uma pressão social exterior é insuficiente para lhes explicar a presença; na realidade, as proibições sociais não são unicamente convenções; têm — entre outras significações — um sentido ontológico que cada indivíduo sente singularmente. A título de exemplo, é interessante examinar o "complexo de Édipo"; consideram-no muito frequentemente como produzido por uma luta entre as tendências instintivas e as imposições sociais; mas é antes de tudo um conflito interior do próprio sujeito. O apego do filho ao seio materno é primeiramente o apego à Vida em sua forma imediata, em sua generalidade e em sua imanência; a recusa à desmama é a recusa ao abandono a que o indivíduo é condenado desde que se separe do Todo; é a partir de então, e na medida em que se individualiza e se separa ainda mais, que se pode qualificar como "sexual" o gosto que conserva pela carne materna doravante destacada da sua. Sua sensualidade mediatiza-se então, torna-se transcendência para um objeto exterior. Porém, quanto mais depressa e mais decididamente a criança se afirma como sujeito, mais o liame carnal que contesta sua autonomia ser-lhe-á pesado. Ele foge, então, às carícias; a autoridade exercida pela mãe, os direitos que ela possui sobre êle, sua própria presença, por vezes, inspiram-lhe uma espécie de vergonha. Parece-lhe principalmente embaraçoso, obsceno, descobri-la como carne e evita pensar no corpo dela. No horror que experimenta em relação ao pai, ao segundo marido ou ao amante, há menos ciúme do que escândalo; lembrar-lhe que a mãe é um ser de carne, é lembrar-lhe o próprio nascimento, acontecimento que com todas as suas forças ele repudia; no mínimo, deseja dar-lhe a majestade de um grande fenômeno cósmico; é preciso que sua mãe resuma a Natureza que está em todos os indivíduos sem pertencer a nenhum; detesta que ela se torne presa, não porque — como se pretende amiúde — queira ele próprio possuí-la, mas porque quer que ela exista para além de toda posse: ela não deve ter as dimensões mesquinhas da esposa ou da amante. Entretanto, quando no momento da adolescência sua sexualidade se viriliza, ocorre o corpo da mãe o perturbar; mas é porque apreende nela a feminilidade em geral; e muitas vezes, o desejo despertado pela vista de uma coxa, de um seio, extingue-se logo que o rapaz compreende ser essa a carne materna. Há numerosos casos de perversão, porquanto, sendo a adolescência a idade do desnorteamento, é também a da perversão em que a repugnância suscita o sacrilégio, em que do proibido nasce a tentação. Mas não se deve crer que inicialmente o filho deseja ingenuamente dormir com a mãe e que proibições exteriores se interponham e o oprimam; ao contrário, é por causa da proibição que se constituiu no coração do indivíduo que o desejo nasce. Essa proibição é que é a reação mais normal, mais generalizada. Mas, ainda aí, ela não provém de uma imposição social mascarando desejos instintivos. O respeito é antes a sublimação de uma repugnância original; o jovem recusa-se a encarar a mãe como carnal; transfigura-a, assimila-a a uma das imagens puras de mulher santificada que a sociedade lhe propõe. Desse modo, contribui para fortalecer a figura ideal da Mãe que virá em socorro da geração seguinte. Mas se ela tem tamanha força é porque é chamada por uma dialética individual. E como cada mulher é habitada pela essência geral da Mulher, logo da Mãe, é certo que a atitude em relação à Mãe repercutirá nas relações com a esposa e as amantes; porém menos simplesmente do que muitas vezes se imagina. O adolescente que concreta e sensualmente desejou a mãe pode ter desejado nela a mulher em geral: e o ardor de seu temperamento se aplacará com qualquer mulher; não se acha votado a nostalgias incestuosas (2). Inversamente, um jovem que tenha pela mãe uma terna veneração, porém platônica, pode desejar que em qualquer caso a mulher participe da pureza materna.


(2) O exemplo de Stendhal é claro. 


Conhece-se bastante a importância da sexualidade, consequentemente da sexualidade feminina nas condutas tanto patológicas como normais. Acontece que outros objetos sejam feminiliza dos; sendo a mulher em grande parte uma invenção do homem, ele a pode inventar através de um corpo masculino: na pederastia a divisão dos sexos é mantida. Mas comumente é em seres femininos que a Mulher é procurada, É por ela, através do que nela há de pior e de melhor, que o homem faz a aprendizagem da felicidade, do sofrimento, do vício, da virtude, do desejo, da renúncia, do devotamento, da tirania, que faz a aprendizagem de si mesmo; ela é o jogo e a aventura, mas também a provação; é o triunfo da vitória e o, mais áspero, do malogro superado; é a vertigem da perda, o fascínio da danação, da morte. Há todo um mundo de significações que só existem pela mulher; ela é a substância das ações e dos sentimentos dos homens, a encarnação de todos os valores que solicitam libertação. Compreende-se que, embora condenado aos mais cruéis desmentidos, o homem não deseje renunciar a um sonho no qual todos os seus sonhos estão envolvidos.

Eis, portanto, porque a mulher tem um duplo e decepcionante aspecto: ela é tudo a que o homem aspira e tudo o que não alcança. Ela é a sábia mediadora entre a Natureza propícia e o homem: é a tentação da Natureza indomada contra toda sabedoria. Do bem ao mal, ela encarna carnalmente todos os valores morais e seus contrários; é a substância da ação e o que se lhe opõe, o domínio do homem sobre o mundo e seu malogro; como tal, é a fonte de toda reflexão do homem sobre a própria existência e de toda expressão que possa dar-lhe; entretanto, ela se esforça por desviá-lo de si mesmo, por fazê-lo soçobrar no silêncio e na morte. Serva e companheira, ele espera que ela seja também seu público e juiz, que ela o confirme em seu ser; mas ela contesta-o com sua indiferença, e até com seus sarcasmos e risos. Ele projeta nela o que deseja e o que teme, o que ama e o que detesta. E se é tão difícil dizer algo a respeito é porque o homem se procura inteiramente nela e ela é Tudo. Só que ela é Tudo à maneira do inessencial: é todo o Outro. Enquanto outro, ela é também outra e não ela mesma, outra e não o que dela é esperado. Sendo tudo, ela nunca é isso justamente que deveria ser; ela é perpétua decepção, a própria decepção da existência que não consegue nunca se atingir nem se reconciliar com a totalidade dos existentes.




continua...
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O SEGUNDO SEXO
SIMONE DE BEAUVOIR

Entendendo o eterno feminino como um homólogo da alma negra, epítetos que representam o desejo da casta dominadora de manter em "seu lugar", isto é, no lugar de vassalagem que escolheu para eles, mulher e negro, Simone de Beauvoir, despojada de qualquer preconceito, elaborou um dos mais lúcidos e interessantes estudos sobre a condição feminina. Para ela a opressão se expressa nos elogios às virtudes do bom negro, de alma inconsciente, infantil e alegre, do negro resignado, como na louvação da mulher realmente mulher, isto é, frívola, pueril, irresponsável, submetida ao homem.

Todavia, não esquece Simone de Beauvoir que a mulher é escrava de sua própria situação: não tem passado, não tem história, nem religião própria. Um negro fanático pode desejar uma humanidade inteiramente negra, destruindo o resto com uma explosão atômica. Mas a mulher mesmo em sonho não pode exterminar os homens. O laço que a une a seus opressores não é comparável a nenhum outro. A divisão dos sexos é, com efeito, um dado biológico e não um momento da história humana.

Assim, à luz da moral existencialista, da luta pela liberdade individual, Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo, agora em 4.a edição no Brasil, considera os meios de um ser humano se realizar dentro da condição feminina. Revela os caminhos que lhe são abertos, a independência, a superação das circunstâncias que restringem a sua liberdade.


4.a EDIÇÃO - 1970
Tradução
SÉRGIO MILLIET
Capa
FERNANDO LEMOS
DIFUSÃO EUROPÉIA DO LIVRO
Título do original:
LE DEUXIÊME SEXE
LES FAITS ET LES MYTHES



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Segundo Sexo é um livro escrito por Simone de Beauvoir, publicado em 1949 e uma das obras mais celebradas e importantes para o movimento feminista. O pensamento de Beauvoir analisa a situação da mulher na sociedade.

No Brasil, foi publicado em dois volumes. “Fatos e mitos” é o volume 1, e faz uma reflexão sobre mitos e fatos que condicionam a situação da mulher na sociedade. “A experiência vivida” é o volume 2, e analisa a condição feminina nas esferas sexual, psicológica, social e política.



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O Segundo Sexo - 39. Fatos e Mitos: A Mãe

O Segundo Sexo - 40. Fatos e Mitos: A Alma e a Ideia

O Segundo Sexo - 41. Fatos e Mitos: ... a expressão "ter uma mulher"...

O Segundo Sexo - 43. Fatos e Mitos: Montherlant ou o Pão do Nojo



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