A Montanha Mágica
Capítulo VI
Mais alguém
.
Dias longos – os mais longos, objetivamente falando, com referência ao número das suas
horas de sol; pois a extensão astronômica era incapaz de influir sobre a pouca duração do dia
avulso tanto como dos dias em geral, na sua fuga monótona. O equinócio da primavera já se
passara havia três meses. Chegara o solstício de verão. Mas o ano natural ali em cima seguia o
calendário com certa relutância. Somente nesses dias a primavera começara a impor-se
definitivamente, uma primavera ainda livre de todo o peso do verão, aromática, transparente e
leve, com um azul de esplendor argentino e com uma abundância infantil de cores na floração
dos prados.
Nas encostas, Hans Castorp encontrava as mesmas flores das quais Joachim, na sua
amabilidade, lhe pusera no quarto alguns exemplares, então os últimos, para lhe dar as boas
vindas: aquilégias e campânulas. Isto significava que o ciclo do ano estava a ponto de se fechar
sobre si. Mas quantas variedades da vida orgânica não tinha brotado do solo, por entre a nova
esmeraldina das vertentes e das pradarias: estrelas, cálices, campanas e outras formas menos
regulares, enchendo com o seu perfume seco o ar abrasado pelo sol! Assomavam lícnides alpinas
e amores-perfeitos selvagens em enormes quantidades, bem-me-queres, margaridas, prímulas
amarelas e vermelhas – tudo muito maior e mais lindo do que Hans Castorp conhecia da planície,
se é que ali prestara atenção à flora. Também se viam soldanelas balouçando as campanazinhas
providas de pestanas, soldanelas azuis, purpúreas e rosadas, especialidade da região.
O jovem ia colhendo essas flores graciosas; levava ramalhetes ao sanatório, e isso numa
intenção muito séria; não o fazia apenas para adornar o quarto, senão para se dedicar, como se
propusera, a estudos rigorosamente científicos. Adquirira alguns apetrechos florísticos, um
manual de botânica geral, uma pazinha de tamanho adequado para desenterrar as plantas, um
herbário e uma lupa forte. Com isso se punha a trabalhar na sacada, já em trajes de verão, num
dos ternos que trouxera consigo quando da sua chegada, o que também evidenciava que o ano
em breve completaria o giro.
Havia flores frescas em diversos jarros sobre tudo que era mesa no interior do quarto,
bem como na mesinha com a lâmpada, que se achava ao lado da excelente espreguiçadeira. Flores
meio murchas, já um tanto débeis, mas ainda cheias de seiva, encontravam-se espalhadas pelo
parapeito e pelo chão da sacada, enquanto outras, cuidadosamente desdobradas, iam sendo
comprimidas por grandes pedras colocadas sobre duas folhas de mata-borrão, que lhes absorviam
a umidade, para que Hans Castorp pudesse classificar os preparados ressequidos e achatados no
seu álbum, onde os fixava com tiras de papel gomado. O jovem estava deitado, com os joelhos
erguidos, uma perna sobre a outra, enquanto o manual aberto lhe repousava sobre o peito, com o
dorso para cima, formando uma espécie de cumeeira. Mantinha o vidro espesso e polido da lupa
entre os ingênuos olhos azuis e uma flor, cuja corola removera parcialmente com o canivete, a
fim de poder melhor examinar o tálamo. Grandemente aumentado pela lente, o objeto parecia
intumescer, assumindo extravagantes formas carnosas. Ali estavam as anteras a derramar da
extremidade dos filamentos o pólen amarelo! Sobre o ovário eriçava-se o estilete canelado, e por
meio de um corte longitudinal era possível ver o canalzinho por onde os grãos e os utrículos do
pólen, boiando numa secreção açucarada, eram arrastados até a cavidade do gineceu. Hans
Castorp contava, conferia e comparava; fazia estudos a respeito da estrutura e da posição das
pétalas do cálice e da corola, tanto dos órgãos masculinos como femininos; confrontava aquilo
que via com gravuras científicas e esquemáticas; verificava com satisfação a exatidão científica na
estrutura das plantas que conhecia; passava, então, a determinar, com a ajuda de Lineu, aquelas
cujos nomes ignorava, quanto à seção, ao grupo, à ordem, à série, à família e à espécie. Como
dispusesse de muito tempo, conseguiu realizar alguns progressos na sistemática botânica, à base
da morfologia comparativa. Abaixo da planta seca colada na página do herbário, escrevia numa
bela caligrafia o nome latino que a ciência humanística galantemente lhe outorgara; a seguir
acrescentava as peculiaridades características. Por fim mostrou tudo ao honrado Joachim, que
ficou surpreso.
À noite, Hans Castorp contemplava os astros. Apossara-se dele o interesse pelo
transcurso do ano, posto que já tivesse assistido na terra a mais de vinte voltas em torno do sol,
sem nunca se importar com essas coisas. Se nós mesmos involuntariamente nos servimos de
termos como “equinócio da primavera”, fizemo-lo em conformidade com a maneira de pensar
do nosso herói, levando em conta as suas ocupações presentes. Pois dessa espécie eram os termini
que nos últimos tempos ele gostava de empregar, novamente pasmando o primo pelos seus
conhecimentos especializados.
– Agora o Sol se acha a ponto de entrar no signo de Câncer – disse, por exemplo, durante
um passeio. – Você sabia disso? É o primeiro signo de verão do zodíaco; compreende? Depois, o
Sol passará por Leão e por Virgem, em direção ao ponto do outono, um dos pontos equinociais,
aonde chegará em fins de setembro, quando a sua posição voltará a coincidir com o equador do
céu, como ocorreu recentemente em março, com a entrada do Sol no signo de Áries.
– Isso me escapou – respondeu Joachim, um tanto carrancudo. – Que sabedoria é essa?
Signo de Áries? Zodíaco?
– Sim, senhor, o zodíaco, o círculo dos signos. As velhíssimas constelações: Escorpião,
Sagitário, Capricórnio, etc. Não é possível não se interessar por isso. Há doze signos, como até
você deve saber. Três para cada estação, os ascendentes e os descendentes, a órbita das
constelações que o Sol perfaz. Acho isso grandioso! Imagine que os encontraram pintados no
teto de um templo egípcio; era até um templo de Afrodite, nas proximidades de Tebas. Os
caldeus também os conheciam; os caldeus, sabe? Aquele velho povo de magos, de origem árabe e
semítica, sumamente versado em astrologia e em profecias. Também eles já estudaram o cinturão
celeste, por onde se movimentam os planetas, e subdividiram-no nesses doze signos, os
dodecatemoria, tais como nos foram transmitidos. É notável! Isso é a humanidade!
– Agora você já diz “humanidade”, como Settembrini.
– Sim, como ele, ou talvez de modo um pouco diferente. A gente deve aceitá-la assim
como ela é, e de qualquer maneira trata-se de uma coisa impressionante. Penso nos caldeus com
grande simpatia, quando fico deitado, olhando os planetas que eles também já conheciam.
Verdade é que não conheciam todos. Urano foi descoberto só recentemente, por meio do
telescópio, faz cento e vinte anos.
– Recentemente?
– Pois, sim, é o que chamo “recentemente”, em comparação com os três mil anos
decorridos desde a época deles. Mas quando estou na minha cadeira, contemplando os planetas,
esses três mil anos, por sua vez, transformam-se em “recentemente”, e eu me recordo
intimamente dos caldeus, que também os viram e pensaram à sua maneira a respeito deles. E isso
é a humanidade.
– Muito bem. Você está revolvendo ideias grandiosas no seu cérebro.
– Você diz “grandiosas” e eu as chamo “íntimas”. Depende do ponto de vista... Mas,
quando o Sol entrar no signo de Libra, daqui a três meses, aproximadamente, os dias voltarão a
ser mais curtos, de forma que o dia e a noite serão iguais. E mais tarde continuarão diminuindo,
até a época do Natal, como você sabe. Mas não se esqueça de que os dias aumentarão
novamente, enquanto o Sol passar pelos signos de inverno, Capricórnio, Aquário, Peixes, pois o
ponto da primavera torna então a aproximar-se, como já o fez três mil vezes desde os tempos dos
caldeus, e os dias prosseguirão aumentando, até daqui a um ano, quando chegar de novo o
princípio do verão.
– Claro!
– Nada de claro! Em realidade, isso não passa de uma ilusão. Durante o inverno,
aumentam os dias, e quando chega o mais longo, em 21 de junho, com o início do verão, já
começa a descida, voltam a diminuir, enquanto nos encaminhamos para o inverno. Isso lhe
pareceu “claro”, mas quem faz abstração dessa tal “clareza” passa por momentos de angústia e
pavor e sente necessidade de agarrar-se em qualquer coisa firme. É como se algum espírito
brincalhão tivesse disposto o mundo de tal forma que ao princípio do inverno começasse em
realidade a primavera, e ao início do verão, o outono... Você tem a impressão de que lhe pregam
uma peça, de que o fazem girar, mostrando-lhe a perspectiva de um ponto onde se dará meia
volta. Falar-se em voltas, quando se anda num círculo! Ora, o círculo consta de um sem-número
de pontos em que se muda de direção. As voltas não podem ser medidas. Não há rumo que
persista, e a eternidade não é uma linha reta, mas um carrossel.
– Pare com isso!
– Festejos de solstício! – exclamou Hans Castorp. – Solstício de verão! Fogueiras acesas
nas montanhas e cirandas dançadas de mãos dadas ao redor das labaredas erguidas! Nunca vi isso,
mas ouvi dizer que é assim que fazem os homens primitivos, quando celebram a primeira noite
de verão, com a qual se inicia o outono, essa hora meridiana e esse ponto culminante do ano,
donde, então, parte a descida. Dançam, giram e exultam. De que exultam, na sua primitividade?
Você é capaz de compreendê-los? Por que sentem essa alegria desenfreada? Será porque o
caminho começa a descer, em direção às trevas, ou talvez porque subiram até esse momento e
agora se acham em cima, no ponto da inflexão inevitável, que é a noite da plenitude do verão, o
apogeu, mesclado de depressão e altivez? Chamo as coisas pelo seu nome, com as palavras que
me ocorrem. É uma presunção melancólica ou uma melancolia presumida o que faz os homens
primitivos exultar e dançar em torno das chamas. Agem assim por puro desespero, se você me
permite essa expressão, em homenagem ao círculo falaz e à eternidade sem rumo duradouro, na
qual tudo se repete.
– Não permito nada – resmungou Joachim. – Por favor, não me meta nessa história! São
assuntos meio estrambólicos esses com que você se ocupa à noite, durante o repouso.
– Pois é. Não quero negar que você emprega o seu tempo de um modo mais vantajoso,
quando estuda a sua gramática russa. Em breve dominará perfeitamente esse idioma. Olhe, rapaz,
isso será muito útil para você, se um dia houver uma guerra, o que queira Deus não aconteça!
– Queira Deus não aconteça? Você fala como um civil. A guerra é necessária. Sem
guerras, o mundo apodreceria dentro de pouco tempo, como disse Moltke.
– Bem, parece que ele tem tendência para isso – replicou Hans Castorp. Estava a ponto
de falar novamente dos caldeus, que também haviam feito guerras e conquistado a Babilônia, se
bem que fossem semitas e quase judeus. Mas, nesse momento, os primos repararam em dois
senhores que, caminhando à sua frente, tinham sido interrompidos na sua conversa pelo som da
voz de Hans Castorp e se voltavam para olhá-los.
Passou-se isso na rua principal, entre a estância balneária e o Hotel Belvedere, durante o
caminho de regresso à “aldeia”. O vale estendia-se engalanado, num vestido de cores suaves,
claras e alegres. O ar era delicioso. Uma sinfonia de prazenteiros aromas de flores campestres
enchia a atmosfera pura, seca, impregnada de um sol luzidio.
Reconheceram Lodovico Settembrini, ao lado de um desconhecido. Parecia, porém, que
o italiano, por sua vez, não os avistara ou não desejava encontrar-se com eles, pois desviou
rapidamente o olhar e, gesticulando, absorveu-se na palestra com o companheiro; até se esforçou
por avançar mais depressa. Mas, quando os primos, passando à direita dele, o saudaram com uma
mesura humorística, fingiu surpresa enorme e extremamente agradável, exclamando “Sapristi!” e
“Vejam só!”. No entanto, procurou dessa vez retardar o passo, para que os primos pudessem
passar e distanciar-se, o que eles não compreenderam, ou melhor: não notaram, porque não
viram nenhuma razão para isso. Sinceramente satisfeitos pelo reencontro depois de uma longa
separação, detiveram-se a seu lado e apertaram-lhe a mão, informando-se sobre o seu estado de
saúde e olhando, numa expectativa cortês, para o companheiro dele. Assim o forçaram a fazer o
que, evidentemente, preferia evitar, mas o que se afigurava aos jovens a coisa mais natural e mais
indicada do mundo, isto é, apresentá-los ao estranho. Fê-lo, finalmente, com uns gestos amáveis e
com palavras joviais, quando o grupo já estava a ponto de se pôr em movimento, de maneira que
os apertos de mão cruzaram-se diante do seu peito.
O desconhecido, que tinha aproximadamente a idade de Settembrini, era, como ficaram
sabendo, o vizinho dele, o outro inquilino do alfaiate Lukacek. Segundo entenderam os jovens,
chamava-se Naphta. Era um homem pequeno, magro, escanhoado e de uma fealdade tão
chocante que quase merecia ser qualificada de corrosiva; causou espanto aos primos. Tudo nele
parecia cortante: o nariz adunco que dominava o rosto, a boca de lábios, finos e comprimidos, as
grossas lentes dos óculos de aros leves, atrás dos quais apontavam os olhos de um cinzento claro,
até mesmo o silêncio que o homem guardava, e que fazia supor que também a sua maneira de
falar seria incisiva e lógica. Não usava chapéu, como era costume ali, e andava sem sobretudo;
suas roupas eram, aliás, muito bem-feitas: um terno de flanela azul-escuro com listras brancas, de
corte elegante, não exageradamente moderno, como verificaram os relances críticos e mundanos
dos primos, que se encontraram com um olhar do pequeno Sr. Naphta, igualmente examinador,
mas mais rápido e mais penetrante, que lhes deslizou pelos corpos. Não soubesse Lodovico
Settembrini usar com tanta graça e dignidade o paletó hirsuto e as calças de tecido xadrez, sua
pessoa teria destoado desfavoravelmente da aparência distinta dos seus companheiros. Tal não se
dava, porém, de maneira alguma, porque as calças tinham sido passadas havia pouco, de modo
que à primeira vista pareciam quase novas – obra de seu senhorio, como supuseram os primos.
Se o feioso Naphta, pela qualidade e pela elegância mundana das suas roupas, achava-se mais
próximo dos primos do que de seu vizinho, aproximavam-no deste e distanciavam-no dos jovens
não somente a sua idade mais avançada, como também outra coisa que facilmente se deduzia da
tez dos quatro homens: a dos primos era avermelhada e trigueira pelo efeito do sol, ao passo que
a de Settembrini e de Naphta era pálida. No decorrer do inverno, o bronze do rosto de Joachim
assumira um matiz ainda mais escuro, e o semblante de Hans Castorp luzia, rosado, sob a
cabeleira loura. A ação dos raios, entretanto, não exercera efeito algum sobre a palidez latina do
Sr. Settembrini, que formava um conjunto nobre com o bigode negro. E a pele do seu
companheiro, embora de cabelos louros – eram de um louro cinzento, metálico e desbotado, e
ele usava-os penteados para trás, alisados, desnudando a testa fugidia –, mostrava igualmente o
tom baço e esbranquiçado das raças morenas. Dois dos quatro levavam bengala: Hans Castorp e
Settembrini; Joachim não a apreciava, por razões militares, e Naphta, depois de apresentado,
voltara imediatamente ajuntar as mãos atrás das costas. Eram mãos pequenas e delicadas, tais
quais os pés, em harmonia com a sua estrutura. O fato de ele estar constipado e o modo débil,
ineficaz como tossia, não causavam espécie.
Aquele ligeiro quê de perplexidade ou de agastamento que Settembrini mostrara ao ver os
jovens foi vencido por ele com grande elegância. O italiano exibiu um humor radiante e
acompanhou a apresentação de toda sorte de chistes. Designou, por exemplo, o Sr. Naphta como
princeps scholasticorum. Afirmou que a alegria “campeava magnificamente na sala do seu peito”,
como dizia Aretino; e isso era devido à primavera, a primavera que lhe enchia o coração. Os
senhores sabiam – continuou – que ele tinha muita coisa que objetar ao mundo dali de cima e que
já desabafara frequentemente. Mas, glória a essa primavera alpina, que pelo menos
passageiramente o reconciliava com todos os horrores dessa esfera! Nela não havia nada de tudo
quanto a primavera da planície tinha de perturbador e de excitante. Nada de efervescência nas
profundidades, nada de brumas carregadas de eletricidade! Só clareza, secura, aprazimento e graça
austera! Isso harmonizava com seu gosto, era superbe.
continua pág 243...
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Leia também:
Capítulo II
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Mais alguém (a)
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
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