A Montanha Mágica
Capítulo VI
Mais alguém
.
continuando...
Os quatro andavam numa fila irregular, lado a lado, onde o caminho o permitia; mas
quando se encontravam com outros transeuntes, Settembrini, que formava a ala direita, tinha de
descer da calçada, e às vezes se interrompia por um instante o alinhamento, porque um ou outro
dentre eles ficava atrás ou dava um passo para o lado ora Hans Castorp, que caminhava entre o
humanista e Joachim, ora Naphta, na extremidade esquerda. Naphta soltou uma breve risada,
com voz sobre a qual o resfriado exercia um efeito de surdina, e que ao falar recordava o som de
um prato rachado em que se bate com o nó do dedo. Apontando com a cabeça para o italiano,
disse com um sotaque arrastado:
– Ouçam só o voltairiano, o racionalista. Elogia a natureza, porque mesmo nas condições
mais fecundas ela não nos perturba com brumas místicas, mas conserva uma secura clássica.
Como se diz umidade em latim?
– O humor – exclamou Settembrini por cima do ombro esquerdo –, o humor na
concepção que o nosso professor tem da natureza, consiste no seguinte: à maneira de Santa
Catarina de Siena, ele pensa nas chagas de Cristo, ao ver prímulas vermelhas.
Naphta retrucou:
– Isto seria antes engenhoso do que humorístico. Mas, pelo menos assim se confere
espírito à natureza, e ela carece dele.
– A natureza – tornou Settembrini, em voz abafada, já não falando por cima do ombro,
senão em direção ao chão – absolutamente não necessita de espírito. Ela própria é espírito.
– O senhor não se aborrece com o seu monismo?
– Ah, então confessa que é por amor à distração que o senhor divide o mundo em dois
campos adversários e separa Deus e a natureza?
– Acho interessante que o senhor fale de amor à distração para designar aquilo que tenho
em mente, quando digo “paixão” e “espírito”.
– Imaginem que o mesmo homem que usa palavras tão retumbantes para necessidades
tão frívolas, às vezes me censura a retórica.
– O senhor insiste em afirmar que o espírito significa frivolidade. Mas ele não tem culpa
de ser dualista por natureza. O dualismo, a antítese, é o princípio motor, o princípio passional,
dialético e espirituoso. Ver o mundo dividido em dois campos adversários isto é espírito. Todo
monismo é fastidioso. Solet Aristoteles quaerere pugnam.
– Aristóteles? Aristóteles transferiu a realidade das idéias gerais para dentro dos
indivíduos. Isso é panteísmo.
– Errado! Se o senhor concede caráter substancial aos indivíduos, se procura distanciar do
geral a essência das coisas e dar a ela um lugar no fenômeno individual como os bons
aristotélicos Tomás e Boaventura então dissolve toda união entre o mundo e a ideia suprema; ele
ficará fora do divino, e Deus é transcendental. Isto, meu senhor, é Idade Média clássica.
– Idade Média clássica! Acho deliciosa essa combinação de palavras.
– O senhor me desculpe, mas admito o conceito do clássico onde ele cabe, que dizer:
cada vez que uma ideia alcança o seu ponto culminante. A Antiguidade nem sempre era clássica.
Verifico no senhor uma antipatia contra... o movimento livre das categorias, contra o absoluto.
Também não quer o espírito absoluto. O que quer é que o espírito seja sinônimo de progresso
democrático.
– Espero que estejamos de acordo quanto à convicção de que o espírito, por mais
absoluto que seja, nunca deve tornar-se o advogado da reação.
– Ele é, porém, sempre o advogado da liberdade.
– Por que disse “porém”? A liberdade é a lei do amor humano, e não o niilismo e a
maldade.
– Que evidentemente lhe causam medo.
Settembrini levantou a mão acima da cabeça. A discussão ficou em suspenso. Os olhos de
Joachim passaram, perplexos, de um para outro interlocutor, ao passo que Hans Castorp, com as
sobrancelhas alçadas, cravava o olhar no chão. Naphta falara de um modo cortante e apodítico,
se bem que fosse ele quem se empenhara em prol da liberdade mais ampla. A sua maneira de
contradizer, com os lábios crispados, e de comprimir imediatamente depois a boca, era
sobremodo desagradável. Settembrini ora lhe resistira com respostas joviais, ora pronunciara as
suas réplicas com um belo fervor, por exemplo quando exigira a unidade de certas concepções
básicas. Agora, enquanto Naphta permanecia calado, começou o italiano a dar aos primos
explicações a respeito da existência desse desconhecido, compreendendo a necessidade de alguns
esclarecimentos que eles deviam experimentar depois de toda aquela disputa com Naphta. Este o
deixou falar sem ligar importância ao assunto. O Sr. Naphta – explicou Settembrini, realçando, à
maneira italiana, com a maior ênfase, a situação da pessoa por ele apresentada – era professor de
línguas antigas nos últimos anos dos cursos do Fredericianum. Fazia cinco anos que seu estado
de saúde o obrigara a morar ali e a convencer-se de que ele necessitava de uma permanência
muito prolongada. Por isso abandonara o sanatório e estabelecera-se numa residência particular,
justamente na casa do alfaiate Lukacek. O ensino secundário do lugar fora bastante inteligente
para assegurar-se o concurso desse exímio latinista, ex-aluno de um seminário, como Settembrini
se expressava um tanto vagamente. E o Sr. Naphta conferia grande brilho a esse
estabelecimento... Numa palavra, o humanista elogiava muito o feioso Naphta, posto que este
acabasse de travar com ele uma espécie de contenda abstrata e que essa discussão rixenta
estivesse a ponto de reiniciar-se.
Com efeito, Settembrini passou nesse momento a dar ao Sr. Naphta explicações acerca
dos primos. Nisso lembrou-se de que já antes lhe falara a respeito deles. Aquele era, pois, o
jovem engenheiro “das três semanas”, no qual o Dr. Behrens encontrara um lugar úmido – disse
ele – e ali se achava a esperança da organização do exército prussiano, o Tenente Ziemssen. Falou
então da impaciência de Joachim e dos seus projetos de partida, acrescentando que,
indubitavelmente, se julgaria mal o engenheiro se não se lhe atribuísse o mesmo desejo ardente de
voltar ao seu trabalho. Naphta fez uma careta e disse:
– Os senhores têm um patrono eloquente. Longe de mim pôr em dúvida a fidelidade da
interpretação que ele acaba de dar aos seus pensamentos e desejos. Trabalho, sempre o trabalho!
Esperem um pouco, logo começará a me tratar de inimigo da humanidade, “inimicus humanae
naturae”, se eu me atrever a evocar tempos em que aquela clarinada não teria produzido o
costumeiro efeito. Houve épocas em que o oposto do seu ideal era infinitamente mais estimado.
Bernardo de Clairvaux, por exemplo, ensinava uma hierarquia da perfeição bem diferente daquela
com que sonha o Sr. Lodovico. Querem conhecê-la? A categoria mais baixa achava-se no
“moinho”; a segunda, no “campo”, e a terceira, a mais louvável – tape os ouvidos, Settembrini! –
no “leito do repouso”. O moinho é o símbolo da vida terrena, e me parece bem escolhido como
tal. O campo designa a alma do homem leigo, que é amanhada pelo sacerdote e pelo diretor
espiritual. Essa categoria já é mais digna. No leito, porém...
– Basta! Já sabemos disso! – gritou Settembrini. – meus senhores, agora ele vai lhes
explicar as finalidades e o uso da cama.
– Eu ignorava que o senhor era tão inocente, Sr. Lodovico. Quem viu como pisca o olho
às moças... Onde está a sua ingenuidade pagã? A cama é o lugar da coabitação do amante com a
amada, e como símbolo significa o isolamento contemplativo do mundo e da criatura, para os
efeitos da união com Deus. – Arre! Andate, andate! – exclamou o italiano, quase chorando. Todos se riram. Mas
Settembrini acrescentou com gravidade:
– Ah, não, senhor! Eu sou europeu, sou do Ocidente. A sua hierarquia é puramente
oriental. O Oriente abomina toda espécie de atividade. Lao-tsé ensina que o ócio é mais
proveitoso do que qualquer outra coisa existente entre o céu e a terra. Se todos os homens
cessassem de agir, haveria na terra a mais perfeita calma e felicidade. É essa a união de que fala o
senhor.
– Não diga! E a mística ocidental? E o quietismo que conta com Fénelon entre os seus
adeptos e doutrina que toda ação representa um erro, já que a veleidade de ser ativo ofende a
Deus, o único que deve agir? Cito as proposições de Molinos. Tenho a impressão de que a
possibilidade espiritual de encontrar a salvação no repouso se acha universalmente difundida
entre os homens.
Nesse ponto, Hans Castorp interveio. Com a coragem que confere a singeleza,
intrometeu-se na discussão, dizendo, enquanto seus olhos fitavam o vazio:
– Contemplação, isolamento. Essas coisas têm o seu valor. Tudo isso soa razoável. Nós,
aqui em cima, vivemos num isolamento bastante intenso, indiscutivelmente. A cinco mil pés de
altura, achamo-nos deitados nas nossas espreguiçadeiras extraordinariamente cômodas; os nossos
olhares abaixam-se sobre o mundo e as criaturas, e então nos ocorre toda espécie de ideias. A
dizer verdade, e pensando bem, a cama, ou melhor, a espreguiçadeira me fez progredir bastante
nos últimos dez meses e me proporcionou mais ideias do que o moinho, na planície, no curso de
todos os anos passados. Isso não se pode negar.
Settembrini encarou-o com os olhos negros onde assomava um brilho melancólico. –
Engenheiro! – disse em voz opressa. – Engenheiro! – E pegando Hans Castorp pelo braço
reteve-o um momento, como se quisesse falar com ele em particular, nas costas dos outros.
– Quantas vezes não lhe disse que uma pessoa deve saber quem é e pensar do modo que
lhe convém? Não obstante todas as proposições, cabem ao homem ocidental a razão, a análise, a
ação e o progresso, não a cama onde se espreguiça o monge.
Naphta, que ouvira as palavras do italiano, disse, voltando-se para trás:
– O monge! Aos monges deve-se a cultura do solo europeu. Graças a eles, a Alemanha, a
França e a Itália deixaram de estar cobertas de mato virgem e de pântanos e nos fornecem trigo,
frutas e vinho. Os monges, meu caro senhor, trabalharam, e trabalharam bastante...
– Ebbè, pois então!
– Perdão! O trabalho do religioso não tinha a sua finalidade em si, quer dizer, não era
nenhum narcótico, nem tampouco se empenhava em fazer progredir o mundo ou em obter
vantagens comerciais. Era um exercício puramente ascético, uma parte de disciplina expiatória,
um meio para conseguir a salvação. Proporcionava uma proteção contra a carne e servia para
exterminar a sensualidade. Seu caráter – permita que eu saliente isso – absolutamente não era
social. Era o mais imaculado egoísmo religioso.
– Fico-lhe muito grato pelos esclarecimentos que me deu e folgo em ver que a bênção do
trabalho se impõe até contra a vontade do homem.
– Sim, senhor, contra a intenção dele. Nesse ponto, descobrimos nada menos que a
diferença entre o útil e o humano.
– Descubro antes de tudo, e com indignação, que o senhor volta a dividir o mundo em
dois princípios.
– Lastimo ter incorrido no seu desagrado, mas é preciso separar e classificar as coisas e
manter a ideia do Homo Dei livre de elementos impuros. Os bancos e o ofício dos cambistas são
uma invenção de vocês, os italianos; que Deus lhes perdoe! Mas os ingleses inventaram a
sociologia econômica, e isso o gênio do homem nunca lhes poderá perdoar.
– Ora, o gênio da humanidade inspirou também os grandes economistas daquelas ilhas...
O senhor queria dizer alguma coisa, engenheiro?
Hans Castorp afirmou que não, mas pôs-se a falar, sem embargo, e tanto Naphta como
Settembrini escutaram-no com certa curiosidade.
– Acho, Sr. Naphta, que o senhor deve simpatizar com a profissão do meu primo e
aprovar a pressa que ele tem de exercê-la novamente... Quanto a mim, sou civil cem por cento, e
meu primo censura-me isso frequentemente. Nem sequer fiz o serviço militar e sou inteiramente
adepto da paz. De vez em quando tenho até chegado a pensar que eu poderia facilmente tornar
me sacerdote. Pergunte a meu primo se não lhe falei às vezes nesse sentido. Mas, abstraindo
minhas inclinações pessoais – talvez nem seja precisamente necessário abstrai-las por completo –,
tenho muita compreensão e simpatia pela classe militar. Esse ofício tem de fato um lado
barbaramente sério, um lado “ascético”, com a sua licença – o senhor empregou esse termo há
poucos instantes –, e o soldado deve sempre estar preparado para entrar em contato com a
morte... com a qual, em última análise, também o sacerdócio tem que lidar; de que mais se
ocupariam senão disso? Daí provém a bienséance da classe militar, e a hierarquia, a obediência, e o
pundonor espanhol, se me permitem essa .expressão. Nesse caso é indiferente se alguém usa o
colarinho engomado da farda ou uma golilha. Isso vem a dar no mesmo, no “ascetismo”, como o
senhor o definiu com tanta precisão... Não sei se consegui formular as idéias que...
– Como não – confirmou Naphta, lançando um olhar em direção a Settembrini, que fazia
girar a bengala e contemplava o céu.
– E por isso penso eu – continuou Hans Castorp – que as inclinações de meu primo
Ziemssen deveriam ser simpáticas ao senhor, segundo tudo quanto acaba de dizer. Não me refiro
“ao trono e ao altar” e a outros binômios desse gênero, por meio dos quais certa gente, pessoas
exclusivamente ordeiras, bem-intencionadas e nada mais, costumam justificar a solidariedade.
Mas quero dizer que o trabalho da classe militar, isto é, o serviço – “serviço” é bem o termo
adequado nesse caso –, é realizado sem nenhum interesse em vantagens comerciais e não tem
nenhuma relação com a “sociologia econômica”, da qual falou o senhor. Por isso, os ingleses têm
muito poucos soldados, alguns para a Índia, alguns em casa, para os desfiles...
– Não adianta continuar, engenheiro – interrompeu-o Settembrini. – A existência militar – digo isto sem a mínima intenção de contrariar o nosso amigo, o tenente – é insustentável do
ponto de vista espiritual, por ser meramente formal, sem conteúdo próprio. O protótipo do
soldado é o lansquenete, o mercenário que se alista tanto por esta como por aquela causa. Numa
palavra, houve os soldados da Contra-Reforma espanhola, os soldados dos exércitos da Grande
Revolução, os napoleônicos, os garibaldinos, os prussianos. Vamos falar novamente no soldado
quando eu souber por que causa ele se bate.
– Mas o fato de que se bate – replicou Naphta – permanece uma peculiaridade evidente
da sua classe. Nisso temos que concordar. É possível que ela não seja suficiente para tornar essa
classe “sustentável do ponto de vista espiritual”, no sentido que o senhor dá a essas palavras, mas
coloca-a numa esfera que escapa por completo à concepção positiva que o burguês tem da vida.
– Aquilo que o senhor acha por bem qualificar de “concepção positiva do burguês” –
retrucou o Sr. Settembrini, da borda dos lábios, entesando as comissuras da boca sob o bigode
ondulante, enquanto o pescoço fazia um estranho movimento de parafuso, como para escapar
oblíqua e bruscamente do colarinho –, o que o senhor assim qualifica estará sempre disposto a
defender de todas as formas possíveis as ideias da razão e da moral e a sua influência legítima
sobre as almas jovens e vacilantes.
Fez-se silêncio. Os jovens olhavam diante de si, perplexos. Depois de ter dado alguns
passos, disse Settembrini, cuja cabeça e pescoço tinham voltado à posição normal:
– Não se admirem. Esse senhor e eu temos frequentes discussões, mas tudo se passa
amigavelmente e sobre o fundamento de muitas ideias comuns.
Fazia bem ouvir isso. Era um modo de falar cavalheiresco e humano, da parte do Sr.
Settembrini. Mas Joachim, igualmente cheio de boas intenções e empenhado em dar à conversa
um cunho inofensivo, disse como que coagido por alguma coisa mais forte do que a sua vontade:
– Falávamos casualmente da guerra, meu primo e eu, enquanto íamos atrás dos senhores.
– Foi o que ouvi – respondeu Naphta. – Apanhei essa palavra e me voltei. Estavam
tratando de política? Examinavam a situação mundial?
– Qual nada! – riu-se Hans Castorp. – Como chegaríamos a fazer isso? A profissão de
meu primo impede-o de se preocupar com a política, e eu renuncio espontaneamente a discuti-la,
porque nada entendo dela. Desde que estou aqui não abri um único jornal...
continua pág 247...
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Leia também:
Capítulo II
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Da pia batismal e dos dois aspectos do avô
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Mais alguém (b)
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
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