Victor Hugo - Os Miseráveis
Segunda Parte - Cosette
Livro Sétimo — Parêntesis
VII - Precauções que deve adotar-se na censura
A história e a filosofia têm deveres eternos, que são ao mesmo tempo deveres
simples; combater Caifás bispo, Draco juiz, Trimalquião legislador, Tibério imperador; é
uma coisa clara, direita e límpida, que não oferece escuridão nenhuma. O direito, porém,
de viver à parte, mesmo com os seus inconvenientes e abusos, quer ser provado e
poupado. O cenobitismo é um problema humano.
Quando se trata dos conventos, desses lugares de erro mas de inocência, de
desvairamentos mas de boa vontade, de ignorância mas de dedicação, de suplício mas
de martírio, é necessário quase sempre dizer sim ou não.
Um convento é uma contradição. Por fim, a salvação; por meio, o sacrifício. O
convento é supremo egoísmo com a abnegação suprema por resultado.
A divisa do monaquismo parece ser esta: abdicar para reinar.
No claustro sofre-se para gozar. Saca-se uma letra de câmbio sobre a morte,
descontando-se em escuridão terrestre a luz celeste. No claustro aceita-se o inferno
como adiantamento de herança sobre o paraíso.
A profissão de um frade ou de uma freira é um suicídio pago com a eternidade.
Parece-nos impróprio de semelhante assunto o gracejo, porque tudo nele é digno de
seriedade, tanto o bem como o mal.
Parece-nos impróprio de semelhante assunto o gracejo, porque tudo nele é digno de
seriedade, tanto o bem como o mal.continua na página 395...
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Victor-Marie Hugo (1802—1885) foi um novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.
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Segunda Parte
Os Miseráveis: Cosette, Livro Sétimo - VII - Precauções que deve adotar-se na censura
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Victor Hugo
OS MISERÁVEIS
Título original: Les Misérables (1862)
OS MISERÁVEIS
Título original: Les Misérables (1862)
Tradução: Francisco Ferreira da Silva Vieira
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