quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Gabriel G Márquez - O Amor nos Tempos de Cólera: Em agosto desse ano

O Amor nos Tempos de Cólera

Gabriel García Márquez


continuando...

      Em agosto desse ano, uma nova guerra civil das tantas que assolavam o país há mais de meio século ameaçou generalizar-se, e o governo impôs a lei marcial e o toque de recolher às seis da tarde nos estados do litoral caribe. Embora já houvessem ocorrido alguns distúrbios e a tropa cometesse toda espécie de abusos a título de escarmento, Florentino Ariza continuava tão confuso que não se inteirava da condição do mundo, e uma patrulha militar o surpreendeu certa madrugada perturbando a castidade dos mortos com suas provocações de amor. Escapou por milagre de uma exclusão sumária acusado de ser um espião que mandava mensagem em clave de sol aos navios liberais que esquadrinhavam as águas vizinhas.

 — Que espião porra nenhuma — disse Florentino Ariza — eu não passo de um pobre apaixonado.

     Dormiu três noites acorrentado pelos tornozelos nos calabouços da guarnição local. Mas quando o soltaram se sentiu lesado pela brevidade do cativeiro, e mesmo nos tempos da sua velhice, quando outras tantas guerras se embaralhavam em sua memória, continuava achando que era o único homem da cidade, talvez do país, que arrastara grilhões de cinco libras por uma causa de amor.
      Iam completar-se dois anos de correios frenéticos quando Florentino Ariza, em carta de um só parágrafo, fez a Fermina Daza a proposta formal de casamento. Nos seis meses anteriores lhe havia enviado várias vezes uma camélia branca, mas ela a devolvia na carta seguinte, para que ele não duvidasse de que estava disposta a continuar escrevendo mas sem a gravidade de um compromisso. A verdade é que sempre encarara as idas e vindas da camélia como uma travessura de amor, e nunca pensara em encará-las como uma encruzilhada do destino. Mas quando chegou a proposta formal se sentiu lanhada pelo primeiro arranhão da morte. Num medo pânico, desabafou com tia Escolástica, que enfrentou a confidencia com a valentia e a lucidez que não tivera aos vinte anos quando se viu forçada a decidir sua própria sorte.

— Responda a ele que sim — disse. — Ainda que você esteja morrendo de medo, ainda que depois se arrependa, porque seja como for você se arrependerá a vida inteira se disser a ele que não.

      Mesmo assim, Fermina Daza se sentia tão confusa que pediu um prazo para pensar. Pediu primeiro um mês, depois outro e outro, e quando se completou o quarto mês sem resposta voltou a receber a camélia branca, mas não sozinha no envelope como das outras vezes, e sim com a notificação peremptória de que era a última: ou agora ou nunca. Então foi Florentino Ariza quem viu a cara da morte, nessa mesma tarde, quando recebeu um envelope com uma tira de papel arrancada da margem de um caderno de escola, com uma resposta escrita a lápis numa linha só: Está bem, me caso com o senhor se me promete que não me fará comer berinjela.
      Florentino Ariza não estava preparado para essa resposta, mas sua mãe estava. Desde que ele falara pela primeira vez na intenção de se casar, seis meses antes, Trânsito Ariza iniciara gestões para alugar toda a casa, que até então compartilhava com duas famílias mais. Era uma construção civil do século XVII, de dois blocos, onde funcionava o Monopólio do Tabaco sob o domínio espanhol, e cujos proprietários arruinados tinham tido que alugar aos pedaços por falta de recursos para mantê-la. Tinha uma seção que dava para a rua, onde se faziam as vendas do tabaco, outra no fundo de um pátio de pedras onde estivera a fábrica, e uma cavalariça muito grande que os inquilinos atuais usavam em comum para lavar roupa e estendê-la na corda. Trânsito Ariza ocupava a primeira parte, que era a mais útil e mais conservada, embora fosse também a menor. Na antiga sala de vendas ficava o armarinho, com um portão para a rua, e ao lado o antigo depósito, onde dormia Trânsito Ariza e cuja única ventilação era uma clara bóia. O cômodo de trás da loja era a metade da sala, dividida com um biombo de madeira. Havia ali uma mesa e quatro cadeiras que serviam ao mesmo tempo para se comer e escrever, e ali Florentino Ariza dependurava a rede quando o despontar do dia não o surpreendia escrevendo. Era um espaço bom para os dois, mas insuficiente para qualquer pessoa mais, menos ainda para uma senhorita do Colégio da Apresentação da Santíssima Virgem, cujo pai restaurara até deixá-la como nova uma casa em escombros, enquanto famílias de sete títulos iam para a cama com o pavor de que o teto de suas mansões lhes desabasse na cabeça enquanto dormiam. De maneira que Trânsito Ariza conseguira que o proprietário lhe permitisse ocupar também a galeria do pátio, com a condição de que ela mantivesse a casa em bom estado por cinco anos.
      Tinha recursos para isso. Além da renda real do armarinho e das fiações hemostáticas, que lhe teriam bastado para a vida modesta, multiplicara as poupanças emprestando-as a uma clientela de novos pobres envergonhados que aceitavam seus juros excessivos em troca de sua discrição. Senhoras com ares de rainha desciam das carruagens no portão do armarinho, sem governantas nem criados incômodos, e fingindo comprar rendas da Holanda e debruns de passamanaria empenhavam entre dois soluços os últimos ouropéis de seu paraíso perdido. Trânsito Ariza as tirava de apuros com tanta consideração por sua estirpe que muitas iam embora mais gratas pelos cumprimentos que pelos proventos. Em menos de dez anos conhecia como suas as joias tantas vezes resgatadas e de novo empenhadas com lágrimas, e os ganhos convertidos em ouro de lei estavam enterrados numa botija debaixo da cama quando o filho tomou a decisão de se casar. Então fez as contas e descobriu que não só podia fazer o negócio de manter de pé a casa alheia durante cinco anos como ainda que, com igual astúcia e um pouco mais de sorte, podia talvez comprá-la antes de morrer para os doze netos que desejava ter. Florentino Ariza, por sua parte, fora nomeado primeiro ajudante do telégrafo, em caráter interino, e Lotário Thugut queria deixá-lo como chefe do escritório quando partisse para dirigir a Escola de Telegrafia e Magnetismo, prevista para o ano seguinte.
     Desta forma, o lado prático do casamento estava resolvido, mas Trânsito Ariza achou prudentes duas condições finais. A primeira, averiguar quem era na realidade Lorenzo Daza, cujo sotaque não deixava nenhuma dúvida sobre sua origem, mas de cuja identidade e de cujos meios de vida ninguém tinha informação certa. A segunda, que o noivado fosse longo, para que os noivos se conhecessem a fundo pelo trato pessoal, e que se mantivesse a mais estrita reserva até que ambos se sentissem muito seguros de seus afetos. Sugeriu que esperassem até o final da guerra. Florentino Ariza concordou com o segredo absoluto, tanto pelas razões de sua mãe como pelo hermetismo próprio de seu caráter. Concordou também com a demora do noivado, mas o término da guerra lhe pareceu irreal, pois em mais de meio século de vida independente não tivera o país nem um dia de paz civil.

— Vamos ficar velhos esperando — disse.

     Seu padrinho o homeopata, que participava por casualidade da conversação, não achava que as guerras fossem um inconveniente. Achava que não passavam de pendências de pobres jungidos como bois pelos senhores da terra, contra soldados descalços jungidos pelo governo.

— A guerra está na montanha —disse — Desde que eu sou eu, nas cidades não nos matam com tiros, e sim com decretos.

     De qualquer maneira, os pormenores do noivado se resolveram nas cartas da semana seguinte. Fermina Daza, aconselhada pela tia Escolástica, aceitou o prazo de dois anos e a reserva absoluta, e sugeriu que Florentino Ariza lhe pedisse a mão quando ela terminasse a escola secundária nas férias de Natal. No momento próprio se poriam de acordo sobre o modo de formalizar o compromisso segundo o grau de aceitação que ela houvesse conseguido do pai. Enquanto isso, continuaram a se escrever com o mesmo ardor e a mesma frequência, mas sem os sobressaltos de antes, e as cartas foram derivando para um tom familiar que já parecia de esposos. Nada lhes perturbava os sonhos.
     A vida de Florentino Ariza tinha mudado. O amor correspondido lhe havia dado uma segurança e uma força que não conhecera antes, e foi tão eficiente no trabalho que Lotário Thugut conseguiu sem esforços que o nomeassem seu substituto oficial. Nessas alturas, o projeto da Escola de Telegrafia e Magnetismo tinha malogrado, e o alemão consagrava seu tempo livre à única coisa que na realidade lhe agradava, que era ir ao porto tocar acordeão e tomar cerveja com os marinheiros, e tudo acabava no hotel suspeito. Transcorreu muito tempo até que Florentino Ariza percebesse que a influência de Lotário Thugut naquele lugar de prazer se devia ao fato de que ele terminara dono do estabelecimento, além de empresário das pássaras do porto. Fizera a compra pouco a pouco, com as economias de muitos anos, mas seu testa-de-ferro era um homenzinho magro e torto, de cabelo aparado rente e de coração tão manso que ninguém compreendia como podia ser tão bom gerente. Mas era. Pelo menos, assim pareceu a Florentino Ariza quando o gerente lhe disse, sem que ele tivesse pedido, que podia dispor de um quarto permanente no hotel, não só para resolver os problemas do baixo-ventre, quando se decidisse a tê-los, como também para contar com um lugar mais tranquilo para suas leituras e suas cartas de amor. Por isso, enquanto transcorriam os longos meses que faltavam para a formalização do compromisso, passou mais tempo ali do que no escritório ou em casa, e houve épocas em que Trânsito Ariza só o via quando ia trocar de roupa.
     A leitura se tornou para ele um vício insaciável. Desde que o ensinara a ler, sua mãe lhe comprava os livros ilustrados dos autores nórdicos, vendidos como histórias infantis mas que na realidade eram os contos mais cruéis e perversos que alguém pudesse ler em qualquer idade. Florentino Ariza os recitava de cor aos cinco anos, tanto nas aulas como nas festas da escola, mas a familiaridade com eles não aliviava o terror que lhe infundiam. Ao contrário, tornava-o mais aguçado. Passar dali para a poesia foi um repouso. Já na puberdade consumira por ordem de publicação todos os volumes da Biblioteca Popular que Trânsito Ariza comprava nos livreiros de ocasião do Portal dos Escrivães, e nos quais havia de tudo, de Homero ao menos meritório dos poetas locais. Mas ele não fazia distinção: lia o volume que chegasse, como uma ordem da fatalidade, e todos os seus anos de leitura não foram suficientes para que soubesse o que era bom e o que não prestava no muito que tinha lido. A única coisa que sabia com clareza era que entre a prosa e os versos preferia os versos, e entre estes preferia os de amor, que decorava mesmo sem querer a partir da segunda leitura, o que lhe era ainda mais fácil quanto mais se tratasse de versos bem rimados, bem medidos, bem desesperados.
     Esta foi a fonte original das primeiras cartas a Fermina Daza, nas quais apareciam montões de parágrafos tomados sem qualquer cozimento aos românticos espanhóis, e continuou sendo até que a vida real o obrigou a se ocupar de assuntos mais terrenos do que as penas do coração. Nessas alturas dera um passo adiante rumo aos folhetins chorosos e outras prosas ainda mais profanas do seu tempo. Aprendera a chorar com a mãe lendo os poetas locais que se vendiam em praças e portas de loja em folhetos de dois centavos. Mas ao mesmo tempo era capaz de recitar de cor a poesia castelhana mais seleta do Século de Ouro. Em geral lia tudo que lhe caísse nas mãos, e na ordem em que caía, até o extremo de que mesmo depois daqueles duros anos do seu primeiro amor, quando já não era moço, punha se a ler da primeira à última página os vinte volumes do Tesouro da Juventude, o catálogo completo de clássicos dos irmãos Garnier, traduzidos, e as obras mais fáceis que publicava Vicente Blasco Ibánez, na coleção Prometeu.
      Em todo caso, seus jovens anos no hotel suspeito não se reduziram à leitura e à redação de cartas febris, pois também o iniciaram nos segredos do amor sem amor. A vida da casa começava depois do meio-dia, quando suas amigas as pássaras se levantavam como suas mães as pariram, de modo que quando Florentino Ariza chegava do emprego se encontrava num palácio povoado de ninfas em pêlo, que comentavam aos gritos os segredos da cidade, conhecidos pelas indiscrições dos próprios protagonistas. Muitas exibiam em suas nudezas as pegadas do passado: cicatrizes de punhaladas no ventre, estrelas de balaços, sulcos de facadas de amor, costuras de cesarianas de açougueiros. Algumas recebiam durante o dia os filhos menores, frutos desventurados de desenganos ou descuidos juvenis, e tratavam de despi-los logo que chegavam para que não se sentissem diferentes no paraíso da nudez. Cada uma cozinhava o que comia, e ninguém comia melhor do que Florentino Ariza quando o convidavam, porque escolhia o melhor de cada uma. Era uma festa diária que durava até o entardecer, quando as desnudas desfilavam cantando para os banheiros, pedindo uma a outra o sabonete emprestado, a escova de dentes, a tesoura, cortavam-se o cabelo umas às outras, se vestiam permutando roupas, se besuntavam de pintura como palhaças lúgubres, e saíam a caçar as primeiras presas da noite. A partir daí a vida da casa se tornava impessoal, desumanizada, e era impossível compartilhar dela sem pagar.
      Em nenhum outro lugar Florentino Ariza se sentia melhor desde que conhecera Fermina Daza, porque era o único onde não se sentia só. E mais: acabou por ser o único onde se sentia com ela. Era talvez pelos mesmos motivos que vivia ali uma mulher mais velha, elegante, de formosa cabeça prateada, que não participava da vida natural das desnudas, e por quem estas professavam um respeito sacramentai. Um noivo prematuro a havia levado lá quando jovem, e depois de desfrutá-la um tempo a abandonou à sua sorte. Contudo, apesar do seu estigma, conseguiu bom casamento. Já bem mais velha, quando ficou só, dois filhos e três filhas disputaram entre si o prazer de levá-la a viver com eles, mas a ela não ocorreu lugar mais digno para viver do que aquele hotel de ternas perdulárias. Seu quarto permanente era sua única casa, e isto a identificou de pronto com Florentino Ariza, de quem dizia que chegaria a ser um sábio conhecido no mundo inteiro, por ser capaz de enriquecer a alma com a leitura no paraíso da salacidade. Florentino Ariza, de sua parte, chegou a nutrir por ela tanta afeição que a ajudava nas compras do mercado, e costumava passar tardes conversando com ela. Achava que era uma mulher sábia no amor, pois lhe deu muitas luzes sobre o seu, sem que ele precisasse revelar-lhe seu segredo.
      Se antes de conhecer o amor de Fermina Daza não caíra em tantas tentações ao alcance da mão, muito menos o faria quando já tinha sua prometida oficial. Por isso Florentino Ariza convivia com as moças, compartilhava seus gozos e suas misérias, mas nem a ele nem a elas ocorreria ir mais longe. Um fato imprevisto demonstrou a severidade de sua determinação. Certo dia às seis da tarde, quando as moças se vestiam para receber os clientes da noite, entrou no seu quarto a encarregada da limpeza no andar: uma mulher jovem mas envelhecida e macilenta, como uma penitente vestida em meio à glória das desnudas. Ele a via todos os dias sem se sentir visto: andava pelos quartos com as vassouras, um balde para o lixo e um trapo especial para recolher do chão os preservativos usados. Entrou no cubículo em que Florentino Ariza lia, como sempre, e como sempre varreu com um cuidado extremo, para não perturbá-lo. De repente chegou perto da cama, e ele sentiu a mão quente e macia na cruz do seu ventre, a buscá-lo, sentiu que o achava, sentiu-a que ia desabotoando os botões e que a respiração dela ia ocupando o quarto inteiro. Ele fingiu ler até que não aguentou mais, e teve que esquivar o corpo.
     Ela se assustou, pois a primeira advertência que lhe haviam feito para que obtivesse o emprego de varredora foi o de não tentar ir para a cama com os clientes. Não precisavam dizê-lo, pois ela era das que achavam que prostituição não era entregar-se por dinheiro e sim entregar-se a desconhecidos. Tinha dois filhos, cada um de um marido diferente, e não porque fossem aventuras casuais e sim porque não conseguira amar ninguém que voltasse depois da terceira vez. Tinha sido até então uma mulher sem ardores, preparada pela natureza para esperar sem desesperar, mas a vida daquela casa era mais forte que suas virtudes. Chegava para trabalhar às seis da tarde, e passava a noite inteira de quarto em quarto, varrendo os com quatro vassouradas, recolhendo os preservativos, mudando os lençóis. Não era fácil imaginar a quantidade de coisas que os homens deixavam depois do amor. Deixavam vômitos e lágrimas, o que parecia compreensível, mas deixavam também muitos enigmas da intimidade: poças de sangue, panos com excremento, olhos de vidro, relógios de ouro, dentaduras postiças, relicários com cabelo louro, cartas de amor, de negócios, de pêsames: cartas de tudo. Alguns vinham buscar suas coisas perdidas, mas a maioria delas ali ficava, e Lotário Thugut as guardava debaixo de chave, pensando que mais cedo ou mais tarde aquele palácio caído em desgraça, com os milhares de objetos pessoais esquecidos, seria um museu do amor.
      O trabalho era duro e mal pago, mas ela o fazia bem. O que não conseguia suportar eram os soluços, os lamentos, o ranger das molas das camas que iam se depositando em seu sangue com tanto ardor e dor que ao amanhecer não aguentava a necessidade de se entregar ao primeiro mendigo que encontrasse na rua, ou a algum bêbado sem rumo que lhe fizesse o favor sem luxos nem perguntas. A aparição de um homem sem mulher como Florentino Ariza, moço e limpo, foi para ela um presente do céu, porque a partir do primeiro momento percebeu que era igual a ela: um carente de amor. Mas ele foi insensível ao seu cerco. Mantivera-se virgem para Fermina Daza, e não havia força nem razão neste mundo que pudesse desviá-lo do caminho.

continua na página 062...
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O Amor nos Tempos de Cólera: Em agosto desse ano
O Amor nos Tempos de Cólera: Essa era sua vida
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O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA. Gabriel García Márquez
Tradução Antônio Callado
Título original El amor en los tiempos del cólera. Record Rio de Janeiro. 1985.

"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."

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