domingo, 22 de outubro de 2017

17. O Guardador de Rebanhos - XVII - No meu prato - Alberto Caeiro

Fernando Pessoa





XVII - No meu Prato




No meu prato que mistura de Natureza!
As minhas irmãs as plantas, As 
companheiras das fontes, as santas A 
quem ninguém reza...

E cortam-as e vêm à nossa mesa
E nos hotéis os hóspedes ruidosos,
Que chegam com correias tendo mantas
Pedem "Salada", descuidosos...,
Sem pensar que exigem à Terra-Mãe
A sua frescura e os seus filhos primeiros,
As primeiras verdes palavras que ela tem,
As primeiras cousas vivas e irisantes
Que Noé viu
Quando as águas desceram e o cimo dos montes
Verde e alagado surgiu
E no ar por onde a pomba apareceu 
O arco-íris se esbateu...





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O Guardador de Rebanhos
Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)
(Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/guardador.htm)


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Leia também:

15. O Guardador de Rebanhos - XV - As Quatro Canções - Alberto Caeiro




18. O Guardador de Rebanhos - XVIII - Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada - Alberto Caeiro

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