Cruz e Sousa
Obra Completa
Volume 1
POESIA
O Livro Derradeiro
[ANDA-ME A ALMA]
Anda-me a alma inteira de tal sorte,
Quando eu partir, que eterna e que infinita
Obra Completa
Volume 1
POESIA
O Livro Derradeiro
Primeiros Escritos
Cambiantes
Outros Sonetos Campesinas
Dispersas
Julieta dos Santos
OUTROS SONETOS
[ANDA-ME A ALMA]
Anda-me a alma inteira de tal sorte,
Meus gozos, meu pesar, nos dela unidos
Que os dela são também os meus sentidos,
Que o meu é também dela o mesmo norte.
Unidos corpo a corpo – um elo forte
Unidos corpo a corpo – um elo forte
Nos prende eternamente – e nos ouvidos
Sentimos sons iguais. Vemos floridos
Os sons do porvir, em azul coorte...
O mesmo diapasão musicaliza
O mesmo diapasão musicaliza
Os seres de nós dois – um sol irisa
Os nossos corações – dá luz, constela...
Anda esta vida, espiritualizada
Anda esta vida, espiritualizada
Por este amor – anda-me assim – ligada
A minha sombra com a sombra dela.
QUANDO EU PARTIR
Quando eu partir, que eterna e que infinita
Há de crescer-me a dor de tu ficares;
Quanto pesar e mesmo que pesares,
Que comoção dentro desta alma aflita.
Por nossa vida toda sol, bonita,
Por nossa vida toda sol, bonita,
Que sentimento, grande como os mares,
Que sombra e luto pelos teus olhares
Onde o carinho mais feliz palpita...
Nesse teu rosto da maior bondade
Nesse teu rosto da maior bondade
Quanta saudade mais, que atroz saudade...
Quanta tristeza por nós ambos, quanta,
Quando eu tiver já de uma vez partido,
Quando eu tiver já de uma vez partido,
Ó meu amor, ó meu muito querido
Amor, meu bem, meu tudo, ó minha santa!
SEMPRE E... SEMPRE A M. B.
Augusto Varela
Sempre se amando, sempre se querendo.
(Oliveira Paiva)
De longe ou perto, juntas, separadas,
De longe ou perto, juntas, separadas,
Olhando sempre os mesmos horizontes,
Presas, unidas nossas duas frontes
Gêmeas, ardentes, novas, inspiradas;
Vendo cair as lágrimas prateadas,
Vendo cair as lágrimas prateadas,
Sentindo o coro harmônico das fontes,
Sempre fitando a cúspide dos montes
E o rosicler das frescas alvoradas;
Sempre embebendo os límpidos olhares
Sempre embebendo os límpidos olhares
Na claridão dos humildes luares,
No loiro sol das crenças se embebendo,
Vão nossas almas brancas e floridas
Vão nossas almas brancas e floridas
Pelo futuro azul das nossas vidas,
Sempre se amando, sempre se querendo.
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Sousa, Cruz e, 1861-1898 Obra completa : poesia / João da Cruz e Sousa ; organização e estudo por Lauro Junkes. – Jaraguá do Sul : Avenida ; 2008. v. 1 (612 p.)
Edição comemorativa dos 110 anos de falecimento e do traslado dos restos mortais de Cruz e Sousa para Santa Catarina.
O diferencial mais arrojado desta organização reside na opção por buscar maior aproximação ao evoluir poético do instaurador do Simbolismo no Brasil. Seus poemas inéditos, na absoluta maioria anteriores à sua fase simbolista, foram aos poucos sendo recolhidos e publicados sob o título O Livro Derradeiro, que muitas vezes tem provocado interpretações errôneas. Se o livro foi o derradeiro na sua organização, os poemas não pertencem à última fase do poeta e não representam a madureza do pensamento e da arte poética do autor. Optamos, então, por colocar esse livro em primeiro lugar, antes da sua trilogia de livros simbolistas, que, estes sim, representam a arte madura do poeta.
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Leia também:
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos I
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos II
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos III
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos IV
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos V
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos VI
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Sousa, Cruz e, 1861-1898 Obra completa : poesia / João da Cruz e Sousa ; organização e estudo por Lauro Junkes. – Jaraguá do Sul : Avenida ; 2008. v. 1 (612 p.)
Edição comemorativa dos 110 anos de falecimento e do traslado dos restos mortais de Cruz e Sousa para Santa Catarina.
O diferencial mais arrojado desta organização reside na opção por buscar maior aproximação ao evoluir poético do instaurador do Simbolismo no Brasil. Seus poemas inéditos, na absoluta maioria anteriores à sua fase simbolista, foram aos poucos sendo recolhidos e publicados sob o título O Livro Derradeiro, que muitas vezes tem provocado interpretações errôneas. Se o livro foi o derradeiro na sua organização, os poemas não pertencem à última fase do poeta e não representam a madureza do pensamento e da arte poética do autor. Optamos, então, por colocar esse livro em primeiro lugar, antes da sua trilogia de livros simbolistas, que, estes sim, representam a arte madura do poeta.
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Leia também:
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos I
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos II
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos III
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos IV
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos V
Cruz e Sousa - Poesias Completas: Outros Sonetos VI
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