sexta-feira, 13 de junho de 2025

Victor Hugo - Os Miseráveis: Cosette, Livro Sétimo - Parêntesis / I - O convento considerado como ideia abstrata

Victor Hugo - Os Miseráveis


Segunda Parte - Cosette

Livro Sétimo — Parêntesis

I - O convento considerado como ideia abstrata
     
     Este livro é um drama cujo primeiro personagem é o infinito.
     O segundo é o homem.
     Sendo assim, visto depararmos com um convento no nosso caminho, era nosso dever penetrar nele. Porquê? Porque o convento que tão próprio é do oriente como do ocidente, da antiguidade como dos tempos modernos, tanto do paganismo, do budismo, do maometismo como do cristianismo, é um dos aparelhos de óptica aplicados pelo homem ao infinito.
    Não é este o lugar para desenvolver certas ideias além dos limites devidos; todavia, devemos dizê-lo, conservando absolutamente nossas reservas, restrições e até mesmo indignações, todas as vezes que no homem encontramos o infinito, bem ou mal compreendido, sentimo-nos tomados de respeito. Há na sinagoga, na mesquita, no pagode, no wigwam, um aspecto medonho que execramos e um aspecto sublime que adoramos. Que fonte de contemplação para o espírito, que manancial de cogitações sem fundo! O reflexo de Deus nas paredes da humanidade.

continua na página 388...
______________

Victor-Marie Hugo (1802—1885) foi um novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.
_________________________


Segunda Parte
Os Miseráveis: Cosette, Livro Sétimo - I - O convento considerado como ideia abstrata
_______________________
  
Victor Hugo
OS MISERÁVEIS 
Título original: Les Misérables (1862)
Tradução: Francisco Ferreira da Silva Vieira 

Nenhum comentário:

Postar um comentário