Victor Hugo - Os Miseráveis
Segunda Parte - Cosette
Livro Sétimo — Parêntesis
I - O convento considerado como ideia abstrata
Este livro é um drama cujo primeiro personagem é o infinito.
O segundo é o homem.
Sendo assim, visto depararmos com um convento no nosso caminho, era nosso dever
penetrar nele. Porquê? Porque o convento que tão próprio é do oriente como do
ocidente, da antiguidade como dos tempos modernos, tanto do paganismo, do budismo,
do maometismo como do cristianismo, é um dos aparelhos de óptica aplicados pelo
homem ao infinito.
Não é este o lugar para desenvolver certas ideias além dos limites devidos; todavia,
devemos dizê-lo, conservando absolutamente nossas reservas, restrições e até mesmo
indignações, todas as vezes que no homem encontramos o infinito, bem ou mal
compreendido, sentimo-nos tomados de respeito. Há na sinagoga, na mesquita, no
pagode, no wigwam, um aspecto medonho que execramos e um aspecto sublime que
adoramos. Que fonte de contemplação para o espírito, que manancial de cogitações sem
fundo! O reflexo de Deus nas paredes da humanidade.
continua na página 388...
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Victor-Marie Hugo (1802—1885) foi um novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.
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Segunda Parte
Os Miseráveis: Cosette, Livro Sétimo - I - O convento considerado como ideia abstrata
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Victor Hugo
OS MISERÁVEIS
Título original: Les Misérables (1862)
OS MISERÁVEIS
Título original: Les Misérables (1862)
Tradução: Francisco Ferreira da Silva Vieira
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