sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Um livro escrito por um homem que não existiu

Fernando Pessoa - Livro do Desassossego




O "Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa, livro fragmentário assinado pelo semi-heterônimo Bernardo Soares, em documentário completo produzido, realizado e difundido pela Rádio Televisão Portuguesa (RTP2), integrando a série "Grandes Livros" (2009).

"Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer." ( Bernardo Soares)

"O «Livro do Desassossego» resulta da junção de textos avulsos encontrados no espólio de Fernando Pessoa. Bernardo Soares é o autor - embora algumas edições atribuam a co-autoria do livro a Vicente Guedes, um outro "eu" de Pessoa. A organização desses escritos, fragmentados em folhas soltas - muitas delas incluindo as iniciais L. do D. -, deu origem a edições distintas do «Livro do Desassossego», que variam consoante os critérios utilizados pelo editor. A primeira data de 1982 - quase 50 anos após a morte de Pessoa. Alguns autores defendem a publicação - "ideal" - do «Livro do Desassossego» em versão folhas soltas, sem encadernação, o que, segundo os mesmos, permitiria manter a ideia original de Pessoa, deixando a cargo do leitor o encadeamento da leitura.

O «Livro do Desassossego» assemelha-se a um diário, a um blogue. Baseia-se em anotações fruto das vivências, interrogações ou reflexões. Esta característica torna o livro singular, já que não tem uma narrativa definida, com princípio, meio e fim. Esse facto não diminui a obra de Pessoa, antes pelo contrário. Imprime-lhe, reconhecidamente, um fulgor, apenas ao alcance dos grandes mestres da escrita". (in Grandes Livros)

Fernando Pessoa:

"Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa. Nove anos da sua infância foram passados em Durban (África do Sul), onde o seu padrasto era cônsul Português - Pessoa perdera o pai, vítima de tuberculose, aos cinco anos.

Aos 17 voltou a Lisboa para ingressar no Curso Superior de Letras. Após o precoce abandono da universidade, passou a ser um assíduo frequentador da Biblioteca Nacional, pois aí tinha acesso a uma vasta variedade de livros e autores, o que lhe permitiu adicionar novos conhecimentos à educação tradicional inglesa, que recebera na África do Sul.

Publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912, o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do «Livro do Desassossego») em 1913 e os primeiros poemas em 1914. Pessoa sustentava-se fazendo traduções ocasionais e redigindo cartas em inglês e francês para empresas portuguesas com negócios além-fronteiras.

Em 1920, após a morte do padrasto, a família de Pessoa deixa a África do Sul e regressa a Lisboa. Esteve na fundação de várias revistas, nas quais publicava textos da sua autoria. Porém, só após a sua morte foi reconhecida toda a genialidade da sua escrita.

Ao longo da vida, foi enchendo uma arca com folhas manuscritas e dactilografadas, fruto da sua produção literária. O conteúdo desse báu "sem fundo" - que hoje constitui o Espólio de Pessoa na Biblioteca Nacional de Lisboa - compreende mais de 25 mil folhas com poesia, peças de teatro, contos, filosofia, crítica literária, traduções, teoria linguística, textos políticos, horóscopos e outros textos variados.

Através da sua obra, Pessoa deu vida a inúmeros heterónimos - outros "eus" do poeta - num complexo exercício de criatividade e de génio literário. Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos destacam-se dessa longa lista. O autor do «Livro do Desassossego», Bernardo Soares é considerado um semi--heterónimo, já que está mais próximo da escrita original de Pessoa. A par de Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, foi um dos nomes maiores do modernismo literário português". (in Grandes Livros)

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O texto acima foi retirado daqui

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