quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Thomas Mann - A Montanha Mágica: O grande tédio - [b]

Thomas Mann

A Montanha Mágica
 
Capítulo VII
O grande tédio

...
     O funcionário deslocado adquirira no curso dos seus estudos a convicção de que as provas com que a ciência queria demonstrar a impossibilidade dessa construção não eram sólidas, e que por esta razão é que a bondosa providência o distanciara do mundo dos vivos, lá de baixo, e o transportara até aquelas alturas, sendo ele, Paravant, escolhido para arrancar o objetivo sublime da esfera do transcendente e para colocá-lo no terreno firme da solução exata. E assim chegara a traçar círculos, a calcular onde quer que se encontrasse. Cobria imensas quantidades de papel com figuras, letras, algarismos, símbolos algébricos. Seu rosto bronzeado, aparentemente o rosto de um homem de perfeita saúde, mostrava a expressão visionária, obstinada, de um maníaco. Sua conversa referia-se exclusivamente, com pavorosa monotonia, ao fator pi, essa fração desesperante, que o gênio inferior de um calculador chamado Zacharias Dase calculara um dia até duzentas decimais, e isso por um capricho gratuito, já que nem duas mil decimais aumentariam de modo apreciável as possibilidades de nos aproximarmos da precisão inatingível. Não havia quem não procurasse escapar do pensador atormentado, pois todos os que ele conseguia agarrar pela manga do casaco tinham de suportar torrentes de palavras fervorosas, destinadas a lhes despertar a sensibilidade humana, para que percebessem a vergonha com que a irracionalidade irremediável dessa proporção mística poluía o espírito do homem. O promotor executava inúmeras multiplicações do diâmetro do círculo e do quadrado do raio por pi, na intenção de encontrar respectivamente a circunferência e a área, e a inutilidade de todos esses esforços levava-o a alguns acessos de dúvida. Perguntava-se então se a humanidade, desde os dias de Arquimedes, não complicara desnecessariamente a solução do problema, e se esta solução não era, em realidade, incrivelmente fácil. Ora, por que não seria possível retificar o contorno de um círculo e por conseguinte curvar uma reta a ponto de fazê-la assumir a forma circular? Às vezes, Paravant pensava estar na iminência de uma revelação. Era visto frequentemente, altas horas da noite, na sala de refeições vazia e mal iluminada, onde permanecia sentado à sua mesa, sobre cuja superfície nua dispunha cuidadosamente em forma de círculo um pedaço de barbante, ao qual bruscamente, como que para surpreendê-lo, dava a forma de quadrado. Em seguida, costumava apoiar a cabeça na mão e entregar-se a sombrias meditações. O conselheiro acudia-lhe de vez em quando nessas brincadeiras melancólicas e animava-o a persistir na sua mania. Acontecia também dirigir-se o coitado a Hans Castorp para desabafar a sua querida mágoa, e isso se repetia, já que encontrava compreensão amistosa e bastante simpatia pelo mistério do círculo. O promotor explicava ao jovem a desgraça de pi, exibindo um desenho sumamente exato, onde com extremo esmero a circunferência de um círculo estava traçada entre dois polígonos de inúmeros lados minúsculos, um inscrito e outro circunscrito, desenho que representava o máximo de aproximação a que o homem pode chegar. O resto, porém, a curva que de um modo etéreo espiritual se esquivava à racionalização por parte das retas que a comprimiam, este resto – dizia Paravant com a maxila inferior a tremer – este resto era pi! Hans Castorp, apesar da sua índole receptiva, mostrava-se menos irritado com pi do que o seu interlocutor. Dizia que aquilo não passava de uma quimera; aconselhava o Sr. Paravant a que não se inflamasse em excesso com aquela busca ilusória; falava dos pontos de inflexão, sem extensão alguma, de que se compunha o círculo, desde o seu início inexistente até o seu fim, que também não existia, bem como da soberba melancolia que se manifestava nessa eternidade, a qual, sem nunca guardar um rumo constante, sempre voltava ao ponto de partida. Suas palavras revelavam tanta religiosidade sossegada que produziam passageiramente um efeito tranquilizador sobre o Sr. Paravant.
     Em consequência do seu caráter complacente, o bom Hans Castorp estava predestinado a receber as confidencias de vários dos seus companheiros que se achavam possuídos de alguma ideia fixa e sofriam por não encontrar na maioria leviana dos pensionistas pessoas que os quisessem ouvir. Um antigo escultor, natural de uma província da Áustria, homem de certa idade, com um bigode branco, nariz adunco e olhos azuis, concebera um projeto político-financeiro, que caligrafara, sublinhando os trechos decisivos com pinceladas de tinta nanquim. Esse projeto tinha o seguinte objetivo: cada assinante de jornal deveria ser obrigado a entregar no primeiro dia de cada mês uma quantidade de papel de jornal velho que correspondesse a quarenta gramas por dia. Isso importaria anualmente em cerca de mil e quatrocentos gramas, e em vinte anos em nada menos de duzentos e oitenta e oito quilos, os quais, à base de um preço de vinte Pfennige por quilo, representariam um valor de cinquenta e sete marcos e sessenta Pfennige. Cinco milhões de assinantes – assim prosseguia o memorando – entregariam, portanto, em vinte anos, a soma formidável de duzentos e oitenta e oito milhões de marcos, dois terços da qual poderiam ser deduzidos das assinaturas, ao passo que o resto, aproximadamente cem milhões de marcos, seriam aproveitados para fins humanitários, como, por exemplo, o financiamento de sanatórios populares para tísicos, subvenções para talentos, pobres, etc. O plano estava elaborado em todos os pormenores. Inclusive uma coluna que permitia ao funcionário encarregado de recolher mensalmente o papel verificar o valor do mesmo pela altura da pilha. Havia formulários perfurados para servir de recibo. Era um projeto sólido e fundado sob todos os aspectos. O gesto insensato e a destruição de papel de jornal, que gente mal avisada ainda desperdiçava em cloacas ou fogões, constituía alta traição às nossas florestas e um golpe contra a economia nacional. Poupar papel, economizar papel, significaria poupar e economizar celulose, florestas e o material humano usado na fabricação da celulose e do papel – material humano e capital. Acrescia a isso o fato de o papel de jornal velho adquirir facilmente o quádruplo valor pela transformação em papel de embrulho ou em papelão, de maneira que seria capaz de se converter num fator econômico de vasta importância e em fundamento de rendosos impostos estaduais ou municipais, ao passo que os leitores de jornais veriam as suas contribuições aliviadas. Numa palavra, o projeto era bom, era, em realidade, inatacável, e se no entanto tinha algo de sinistra ociosidade e mesmo de obscura tolice, era somente por causa do fanatismo excêntrico com que o ex-artista defendia e apregoava uma ideia econômica, exclusivamente esta e mais nenhuma, apesar de levá-la, evidentemente, tão pouco a sério que não fazia a menor tentativa para realizá-la... Sacudindo a cabeça obliquamente inclinada, Hans Castorp escutava as exposições do homem, cada vez que este, com palavras febrilmente exaltadas, propagava a sua ideia de salvação. Ao mesmo tempo o jovem analisava a natureza do desdém e da repulsa que o impediam de tomar o partido do inventor contra a indolência do mundo.
     Alguns pensionistas do Berghof estudavam esperanto e compraziam-se em conversar à mesa nessa geringonça artificial. Hans Castorp observava-os de cenho franzido, se bem que opinasse de si para si que eles não eram os piores. Desde algum tempo encontrava-se por ali um grupo de ingleses que haviam introduzido um jogo de salão que consistia apenas no seguinte: formavam um círculo e um dos participantes dirigia ao vizinho a pergunta: “Did you ever see the devil with a night-cap on?” O assim interrogado devia responder: “No! I never saw the devil with a night-cap on”, e em seguida passar adiante a pergunta, que sem cessar percorria a roda. Era espantoso! Mas o pobre Hans Castorp assustava-se ainda mais diante dos companheiros que jogavam paciência, e que se podiam ver a qualquer hora e em todo lugar. A mania dessa distração alastrara-se nos últimos tempos a tal ponto que não é exagerado dizer que transformara o Berghof num antro de vício. Hans Castorp tinha motivos para experimentar diante disso uma sensação de horror, tanto mais que ele mesmo temporariamente fizera parte das vítimas da epidemia, sendo talvez o caso mais grave de todos. Entusiasmara-se pela paciência dos “onze”; nesse jogo, usa-se o baralho completo; dispõem-se na mesa três filas de três cartas cada uma; duas cartas vizinhas cuja soma for onze ou três figuras que se encontrarem numa fila, podem ser substituídas por outras cartas, até a paciência, bafejada pela sorte, dar certo. Parece incrível que de um procedimento tão simples possa resultar uma verdadeira fascinação. Entretanto Hans Castorp, tal e qual muitos outros, deparava com essa possibilidade; fazia-o com uma expressão carrancuda, visto o excesso jamais levar à alegria. Sentia-se dominado pelos caprichos do demônio das cartas, encantado pelos fantásticos e volúveis favores da Fortuna. Às vezes, esta, num gracioso gesto de simpatia, acumulava logo de início as parelhas de onze pontos e de grupos de valete-dama-rei, de modo que o jogo estava ganho ainda antes do começo da terceira mão – triunfo fugaz que apenas estimulava os nervos para novas tentativas. Outras vezes, não oferecia até a nona e última carta nenhuma oportunidade para retirar parelhas ou grupos, ou ainda contrariava, numa reviravolta brusca, no último momento, o êxito que já parecera garantido. E Hans Castorp tirava paciências a toda hora, onde quer que se achasse; tirava-as tanto de noite, à luz das estrelas, como pela manhã, ainda de pijama, à mesa e mesmo durante os seus sonhos. Horrorizava-se diante dessa mania, mas continuava a fazê-lo. Sucedeu, assim, que um belo dia, por ocasião de uma visita, o Sr. Settembrini o encontrou jogando, e logo o “importunou”, conforme a missão que lhe coubera desde o começo das suas relações. 

Accidente! – disse o humanista. – O senhor tira a sorte, engenheiro? 
– Não é precisamente essa a minha intenção – respondeu Hans Castorp. – Jogo apenas paciência, estou desafiando o acaso inconstante. Suas extravagâncias me intrigam, sua obsequiosidade que se reveza com uma obstinação incrível. Esta manhã, quando me levantei, a paciência deu certo três vezes seguidas, uma vez até em duas mãos apenas, o que representa um recorde. Acredita o senhor que hoje de tarde já fiz trinta e duas tentativas, sem que nenhuma vez chegasse apenas à metade do baralho?

     O Sr. Settembrini mirou-o com uma expressão triste dos olhos negros, como tantas vezes fizera no decorrer dos anos. 

– Em todo caso, o senhor me parece atarefado – disse. – Não tenho a impressão de que encontrarei na sua companhia consolo para as minhas preocupações e bálsamo para aliviar o conflito interior que me atormenta. 
– Conflito? – repetiu Hans Castorp, e tirou uma carta. 
– A situação mundial me deixa perturbado – suspirou o maçom. – A Liga Balcânica está a ponto de se realizar. Todas as minhas informações confirmam isso. A Rússia trabalha assiduamente nesse sentido, e a ponta da combinação dirige-se contra a monarquia austro húngara, sem a destruição da qual nenhuma parte do programa russo pode se tornar realidade. O senhor compreende o meu dilema? Odeio Viena de todo o coração, como o senhor sabe. Mas será esse um motivo para que a minha alma dê apoio ao despotismo sármata, que está prestes a lançar a tocha incendiaria contra o nosso nobre continente? Por outro lado, uma colaboração diplomática entre o meu país e a Áustria, por mais passageira que fosse, não deixaria de me ferir como uma ofensa. Esses são os escrúpulos de consciência que... 
– Sete e quatro – disse Hans Castorp. – Oito e três. Valete, dama, rei. Já vai melhor. O senhor me traz sorte, Sr. Settembrini.

     O italiano emudeceu. Hans Castorp sentiu como os olhos negros, o olhar cheio de razão e de moral, pousavam sobre a sua pessoa, profundamente entristecidos. Mesmo assim prosseguiu por algum tempo ainda tirando cartas, antes de firmar o queixo na mão, com aquela fisionomia teimosa de fingida inocência que as crianças arteiras exibem. Ergueu então o olhar para o mentor, que estava de pé à sua frente. 

– Seus olhos – disse este – procuram em vão dissimular que o senhor sabe muito bem aonde chegou. 
Placet experiri – foi a petulante resposta de Hans Castorp, em virtude da qual o Sr. Settembrini o abandonou. Verdade é que o jovem deixado sozinho permaneceu por muito tempo diante da sua mesa, no meio do quarto branco, sem tirar cartas; com a cabeça apoiada na mão, cismava e, no seu íntimo, sentia-se tomado de horror em face do estado macabro e inseguro em que se lhe apresentava tudo; espantava-o a careta cinicamente risonha do demônio, do deus macaco, sob cujo domínio insensato e desenfreado se achava o mundo, e que se chamava o “Grande Tédio”.
  
     Um nome mau, apocalíptico, próprio para inspirar uma secreta angústia. Hans Castorp, continuando sentado, esfregou com as mãos a fronte e a zona do coração. Tinha medo. Parecia lhe que “tudo aquilo” não podia acabar bem, que uma catástrofe devia ser o seu fim lógico, uma revolta da natureza paciente, um temporal, um tufão que varresse o mundo, desfazendo o feitiço que o paralisava, arrancando a vida do “ponto morto” e dando cabo da “época das vacas magras” num terrível dia do juízo. Não lhe faltava, como já dissemos, vontade de fugir. Ainda bem que as autoridades “velavam sem cessar”, sabiam interpretar a sua fisionomia e se esforçavam por diverti-lo mediante novas e fecundas hipóteses!
     No linguajar característico dos acadêmicos universitários, as autoridades haviam declarado que se achavam na pista das verdadeiras causas da temperatura irregular de Hans Castorp, causas que, segundo a sua afirmação científica, seria tão fácil remediar que a cura, a alta efetiva e o regresso à planície pareciam de súbito iminentes. O coração do jovem batia mais depressa, assaltado pelas mais diversas emoções, enquanto estendia o braço para a sangria. Levemente pálido, com os olhos piscos, admirava a maravilhosa cor de rubi da sua seiva vital, que, subindo aos poucos, enchia o receptáculo transparente. O conselheiro em pessoa, assistido pelo Dr. Krokowski e por uma enfermeira, efetuou a pequena operação cujas consequências podiam ser grandes. Depois se escoou uma série de dias que Hans Castorp passou curioso por saber que papel faria o sangue dado, fora de seu corpo, perante os olhos da ciência.
     No começo, o conselheiro dizia que o tempo não era suficiente para que alguma coisa pudesse germinar. Depois, dizia que infelizmente não germinara ainda nada. Mas chegou a manhã em que, na hora do café, se aproximou da mesa de Hans Castorp, o qual a essa época tinha o seu lugar entre os “russos distintos”, na extremidade superior, lá onde outrora seu grande amigo costumara sentar-se. Entre felicitações temperadas de floreios, o médico lhe comunicou que numa das culturas por ele preparadas tinha sido descoberta, de modo inegável, a presença de estreptococos. Era um problema de cálculo de probabilidades saber se os fenômenos de intoxicação tinham a sua origem na tuberculosezinha que em todo caso ainda persistia, ou nos “estreptos”, cuja proporção também não era mais que modesta. Era preciso examinar o material mais detida e mais cuidadosamente. A cultura ainda não estava completamente desenvolvida. No laboratório, mostrou-a a Hans Castorp. Era uma geleia vermelha, de sangue, no meio da qual se distinguiam uns pontinhos cinzentos. Aquilo eram os cocos. (Qualquer burro tinha cocos, da mesma forma que tubérculos, e não houvesse os sintomas, a descoberta não teria muito valor.)
     Fora do corpo de Hans Castorp, e sob os olhos da ciência, o sangue coagulado do seu coração continuava a desempenhar o seu papel. E raiou a manhã em que o conselheiro, servindo-se de palavras emocionadas, cheias de locuções pitorescas, o informou do seguinte: não somente numa única cultura, mas também em todas as demais, acabavam de desenvolver-se cocos, e em grandes quantidades. Era difícil dizer se todos eles eram estreptococos, mas parecia agora sumamente provável que os fenômenos de intoxicação fossem causados por eles, posto que não se pudesse dizer até que ponto contribuía para esses fenômenos a tuberculose que indiscutivelmente existira e ainda não se dera por totalmente vencida. Que conclusão se devia tirar de tudo isso? Um tratamento de estreptovacina! O prognóstico? Extraordinariamente favorável, e além disso não haveria o menor risco em fazer uma tentativa que de forma alguma prejudicaria o paciente. Uma vez que o soro seria tirado do próprio sangue de Hans Castorp, a injeção não introduziria no corpo nenhum elemento de enfermidade que já não se encontrasse nele. Na pior das hipóteses seria inútil, sem nenhum efeito. Mas era essa hipótese realmente tão má assim, dado o fato de que Hans Castorp de qualquer jeito teria de ficar ali?
     Hans Castorp não queria ir tão longe a ponto de afirmar o contrário. Submeteu-se ao tratamento, embora o achasse ridículo e desonroso. Essas vacinas com a sua própria substância afiguravam-se-lhe como uma diversão terrivelmente desagradável, um horroroso incesto do eu com o eu, de natureza estéril e desprovida de esperança. Assim o fazia julgar a sua ignorância hipocondríaca, que tinha razão somente no que se referia à esterilidade do processo, a qual se manifestou completa. A diversão prolongou-se através de várias semanas. Às vezes parecia prejudicá-lo, o que não podia ser outra coisa que um engano; outras dava a impressão de lhe trazer proveito, o que também se revelou ilusório. O resultado foi zero, sem que isso fosse proclamado expressamente. A experiência morreu um belo dia de morte natural, e Hans Castorp continuou a jogar paciência, cara a cara com o demônio, cujo reinado descomedido estava – o jovem sentia-o claramente – fadado a um fim horroroso.

continua pág 415...
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Leia também:

Capítulo I
A Chegada
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
O grande tédio - [b]
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.

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