sábado, 6 de dezembro de 2025

Thomas Mann - A Montanha Mágica: Mynheer Peeperkorn (Fim) - [a]

Thomas Mann

A Montanha Mágica
 
Capítulo VII
Mynheer Peeperkorn
(Fim)
...
     Uma cascata não deixa de ser objetivo atraente para excursões, e dificilmente se explica por que Hans Castorp, apesar de sentir inclinação particular pelas quedas-d’água, ainda não visitara o pitoresco salto situado na floresta do vale de Fluela. Essa omissão talvez fosse perdoável durante o tempo em que convivera com Joachim; o rigoroso senso do dever, peculiar ao primo, que não viera para divertir-se, e nunca perdia de vista a finalidade da sua estadia, havia limitado o horizonte de ambos aos arredores próximos do Sanatório Berghof. E depois do decesso de Joachim – sim, também depois dele, as relações entre Hans Castorp e a paisagem alpina haviam guardado, abstraindo os passeios de esqui, o caráter de conservadora monotonia, que contrastava fortemente com o vasto alcance das suas experiências interiores e dos seus afazeres de “regente”. Esse contraste exercia sobre o jovem um encanto que ele, em certo sentido, saboreava com plena consciência. Mesmo assim aprovou vivamente um projeto de excursão de coche até aquele lugar famoso, projeto que um dia foi ventilado no pequeno círculo dos seus amigos, entre as referidas sete pessoas (inclusive ele próprio).
     Nesse ínterim chegara o mês de maio, mês das delícias, segundo as ingênuas cantilenas da planície. Aqui em cima, o ar de maio costumava ser bastante frio e não muito convidativo; mas ao menos podia-se dizer que o degelo estava terminado. Verdade é que diversas vezes no decorrer dos últimos dias haviam caído grossos flocos, mas a neve derretia-se logo, deixando atrás apenas um pouco de umidade. As massas compactas do inverno acabavam de fundir-se, de esvair-se, de desaparecer, com exceção de alguns restos isolados, e o verdor do mundo novamente transitável constituía um convite a todo espírito empreendedor.
     No curso das semanas passadas, as atividades sociais do grupo tinham sido influenciadas pela indisposição do seu chefe supremo, o majestoso Pieter Peeperkorn, cuja febre maligna, lembrança dos trópicos, não queria ceder nem aos efeitos de um clima excepcional, nem aos antídotos de um médico tão competente como era o Conselheiro Behrens. O holandês passara muito tempo na cama, e não somente nos dias em que a quarta reivindicava cruelmente os seus direitos. O baço e o fígado davam-lhe muito trabalho, conforme o médico explicava em particular aos amigos mais chegados do enfermo. Também o estômago não se achava em estado perfeito, e Behrens não se esqueceu de indicar o perigo de um enfraquecimento progressivo, a que estava exposta, sob essas circunstâncias, até mesmo uma constituição tão robusta como a de Peeperkorn.
     Durante todas essas semanas, Mynheer não presidira senão um único festim noturno, e também os passeios em comum tinham sido cancelados, exceção feita de um só, de pouca extensão. Por outra parte – contamos isso aqui entre nós – Hans Castorp experimentava uma espécie de alívio graças a esse afrouxamento dos laços que ligavam o grupo; pois a nova fraternidade com o companheiro de viagem de Mme. Chauchat causava-lhe dificuldades. Nas conversas que ele mantinha com Peeperkorn em presença de terceiros voltavam a aparecer aquela “atitude forçada”, aquela “evitação” e “esquivança”, que o holandês percebera na sua conduta para com Clávdia, e que pareciam ter a sua origem numa obrigação de partilhar a filipina. Hans Castorp servia-se de estranhos circunlóquios para não empregar o tratamento direto, nos casos em que este se impunha. Era o mesmo dilema, ou talvez o dilema inverso, que pesava sobre as palavras que ele trocava com Clávdia na frente de outras pessoas ou apenas do próprio Peeperkorn. Devido à satisfação que este lhe havia dado, esse dilema colocava o jovem entre Cila e Caribdes.
     Mas agora estava na ordem do dia o projeto da excursão à cascata. Peeperkorn em pessoa fixara o itinerário e sentia-se disposto a tentar a empresa. Era o terceiro dia depois de um ataque de quarta, e Mynheer comunicou que tinha a intenção de aproveitá-lo. Não almoçara no refeitório; como nesses últimos tempos acontecia frequentemente, tomara as primeiras refeições no salão do seu apartamento, em companhia de Mme. Chauchat. Mas já na hora do café da manhã Hans Castorp recebera, por intermédio do porteiro coxo, a ordem de se aprontar para um passeio de coche, uma hora depois do almoço, de transmitir essa ordem aos senhores Ferge e Wehsal, e finalmente de comunicar a Settembrini e Naphta que o carro passaria pela sua casa para buscá-los. Além disso devia Hans Castorp arranjar dois landôs para as três da tarde.
     A essa hora encontraram-se diante do portão do Sanatório Berghof. Enquanto Hans Castorp, Ferge e Wehsal esperavam ali os donos do apartamento principesco, distraíram-se acariciando os cavalos, que com os grossos e úmidos beiços pretos lhes tiravam das palmas da mão pedaços de açúcar. Com um pequeno atraso apenas os companheiros de viagem surgiram na escadaria. Peeperkorn, cuja cabeça de rei parecia mais magra, e que trajava um sobretudo comprido, um pouco gasto, deteve-se no patamar, ao lado de Clávdia, tirando o chapéu redondo e macio, e seus lábios articularam um ‘Bom-dia!” inaudível. A seguir apertou as mãos de cada um dos três senhores, que haviam ido ao encontro do casal, até o pé da escada. 

– Meu caro jovem! – disse então dirigindo-se a Hans Castorp e pondo-lhe a mão esquerda sobre o ombro. – Como vais, meu filho? 
– Vou indo aqui muito bem. Obrigado. E desse lado aí, como vão as coisas? – respondeu o jovem.

     O sol brilhava. Era um dia lindo, sem nuvens. Mesmo assim tinham agido com acerto vestindo casacões de meia-estação, porque era provável que durante o passeio o frio se tornasse sensível. Também Mme. Chauchat trajava um sobretudo quente, cinturado, de uma fazenda felpuda, com grandes quadrados de xadrez, e com uma gola de pele que lhe cobria os ombros. No chapéu de feltro trazia um véu cor de azeitona, atado por baixo do queixo, e que dobrava as abas em torno do rosto. Ficava tão encantadora com esse chapéu que literalmente fazia sofrer a maioria dos cavalheiros presentes, exceção feita de Ferge, o único que não estava apaixonado por ela. Foram distribuídos os lugares, provisoriamente, já que mais tarde os externos se reuniriam ao grupo, e a indiferença de Ferge teve por conseqüência caber-lhe o assento de costas, no primeiro landô, na frente de Mynheer e de madame, ao passo que Hans Castorp embarcou junto com Wehsal no segundo carro, não sem ter apanhado um sorriso irônico de Clávdia. O vulto frágil do criado malaio também participava da excursão. Com um volumoso cesto, sob cuja tampa apontavam os gargalos de duas garrafas de vinho, e que foi depositado debaixo de um dos assentos de costas do primeiro landô, o homenzinho aparecera atrás dos seus amos, e quando se achava instalado na boleia, com os braços cruzados, deu-se aos cavalos o sinal de partida. Com os freios apertados, os carros começaram a descer pela curva da rampa.
     Também Wehsal notara o sorriso de Mme. Chauchat. Mostrando os dentes cariados, fez comentários acerca dele para Hans Castorp. 

– Viu – perguntou – como ela se riu do senhor, porque tem de ir sozinho comigo? Primeiro o dano, depois o escárnio. Não acha o senhor irritante e repulsivo estar assim a meu lado? 
– Controle-se, Wehsal, e deixe de falar desse jeito miserável – repreendeu-o Hans Castorp. – As mulheres sorriem a qualquer instante, pelo prazer de sorrir. Não vale a pena refletir sobre todos os seus sorrisos. Por que insiste o senhor em rebaixar-se deste modo? Como nós todos, o senhor tem suas qualidades e seus defeitos. Por exemplo, toca bastante bem o Sonho de uma noite de verão, coisa que nem todos sabem fazer. O senhor deveria tocá-lo novamente qualquer dia destes.
– Pois sim! – respondeu o pobre-diabo. – O senhor me fala com muita condescendência e nem sequer percebe o desaforo que está contido no seu consolo e que somente me humilha ainda mais. Para o senhor é fácil dizer essas coisas e reconfortar a gente do alto dos seus tamancos; pois, se hoje se encontra numa situação um tanto ridícula, pelo menos teve a sua vez, Santo Deus, e esteve no sétimo céu! Sentiu os braços dela em torno do pescoço, e tudo aquilo, Santo Deus! me queima a garganta e o fundo do coração quando me volta à memória. E o senhor, com plena consciência do que gozou, pode contemplar desdenhosamente os meus tormentos de mendigo... 
– Não é bonita essa sua maneira de expressar-se, Wehsal. É até sumamente repugnante. Não acho necessário ocultar-lhe esta minha opinião, uma vez que o senhor me tachou de desaforado. E tenho a impressão de que o senhor fala de propósito dessa forma repulsiva. Faz tudo para parecer asqueroso e avilta-se a cada momento. Sua paixão por ela é realmente violenta? 
– É terrível – replicou Wehsal, meneando a cabeça. – São indescritíveis as torturas que sofro pela sede e pela cobiça de possuí-la. Quem me dera dizer que isso será a minha morte! Mas num estado desses não se pode nem viver nem morrer. Enquanto ela estava ausente, comecei a me sentir melhor. Aos poucos consegui me preocupar menos. Mas desde que voltou e a vejo todos os dias, a minha paixão me faz morder o braço e agarrar miragens. Já não sei o que fazer. Uma coisa assim não deveria existir. Mas não é possível desejar que desapareça. Quem sofre de tal paixão não pode ter esse desejo, porque seria o mesmo que desejar que desaparecesse a própria vida, que se amalgamou com a paixão; é coisa que não se pode... Que adiantaria morrer? Depois, sim; com prazer! Nos braços dela; com a maior satisfação! Mas antes, seria absurdo; pois a vida é o desejo, e o desejo é a vida e não pode voltar-se contra si próprio; nisso é que consiste o maldito dilema. E quando digo “maldito”, isto não passa de uma maneira de falar. É como se um terceiro falasse, porque eu mesmo absolutamente não posso ter essa opinião. Há muitos tipos de tormentos, Castorp, e quem está sendo torturado quer se ver livre, quer simplesmente, incondicionalmente, que o soltem. Eis o que é o seu único objetivo. Mas quando se trata da tortura da cobiça carnal, não se pode desejar a libertação, a não ser pelo caminho e sob a condição de a ver saciada. Não há outro meio, por preço algum! Assim são as coisas, e quem não sofre disso não perde tempo com reflexões desse gênero, mas quem sofre chega a ver estrelas e a compreender o Senhor dos Passos. Deus do Céu! Que instituição curiosa é essa de a carne cobiçar tão violentamente uma outra carne, só porque esta não é a própria, mas pertence à alma de outrem! Como é singular esse desejo, e para bem dizer, como é modesto, na sua bondade pudica! É o caso de dizer: se a carne deseja apenas isso, vá lá, que o tenha! Afinal de contas, que é que eu quero, Castorp? Quero, acaso, matá-la? Quero derramar o sangue dela? Quero apenas é acariciá-la! Castorp, meu caro Castorp, desculpe que me lamente dessa forma, mas, afinal, ela poderia muito bem entregar-se a mim! Haveria nisso algo de sublime, Castorp! Eu não sou nenhum animal; à minha maneira, também sou um ser humano! O desejo da carne espalha-se em todas as direções; não tem limites e não se fixa, e por isso o chamamos bestial. Mas quando se concentra numa única criatura, com um rosto humano, então os nossos lábios começam a falar de amor. Mas o que eu desejo não é apenas o torso dela, o manequim de carne que é o seu corpo; pois, se no seu rosto uma coisinha de nada tivesse uma forma diferente, talvez deixasse eu de cobiçar todo o resto do corpo. Assim se vê claramente: o que eu amo é a sua alma e a amo com a alma. Pois o amor ao rosto é o amor da alma ... 
– Mas que é que o senhor tem, Wehsal? Parece fora de si e nem sabe em que tom está falando... 
– Mas, precisamente isso, precisamente isso é a desgraça – prosseguiu o coitado –, a desgraça é ter ela uma alma, ser ela uma criatura humana, dotada de corpo e alma! Ora, a sua alma nada quer saber da minha, e o seu corpo nada do meu. Que miséria, que grandíssima miséria! Daí acontece que o meu desejo está condenado à vergonha, e meu corpo tem de se retorcer eternamente! Por que ela não quer saber de mim, Castorp, nem com o corpo nem com a alma? Por que lhe causa horror o meu desejo? Porventura não sou homem? Um homem repugnante não é homem? Sou homem no mais alto grau; juro que ultrapassaria tudo que já se viu, se ela me abrisse o paraíso dos seus braços, que são tão formosos porque pertencem ao rosto da sua alma! Eu seria capaz de lhe dar todas as volúpias do mundo, Castorp, se se tratasse apenas dos corpos e não das almas também; se não existisse a maldita alma dela, que nada quer saber de mim, mas sem a qual eu não lhe cobiçaria o corpo. E neste nojento dilema dos diabos debato-me eternamente! 
– Psiu, Wehsal! Fale mais baixo! O cocheiro entende o que está dizendo. De propósito não volta a cabeça, mas vejo pelas costas dele que escuta. 
– Ele me entende e escuta; aí está, Castorp! Aí temos novamente aquela coisa, aquela instituição com a sua particularidade e seus característicos. Se eu falasse de palingenesia ou... ou de hidrostática, ele não entenderia patavina; não saberia de que se trata, não escutaria e não mostraria o menor interesse. Pois esses assuntos não são populares. Mas a coisa mais sublime, a mais extrema e a mais secreta, num sentido sinistro, o assunto da carne e da alma, olhe, essa coisa é ao mesmo tempo a mais popular. Todos a entendem, todos podem zombar de quem sofre dela e a quem ela transforma os dias em torturas voluptuosas, e as noites num inferno ignominioso! Castorp, meu caro Castorp, deixe que eu me lamente um pouco; pois que noites são estas que eu tenho! Noite após noite sonho com ela; ah, com quanta coisa dela não sonhei! A garganta e o estômago me queimam, quando recordo. E todos os sonhos terminam assim: ela me esbofeteia, me bate em pleno rosto e às vezes me cospe na cara, me cospe na cara, com o rosto da sua alma crispado de asco, e então acordo, coberto de suor e de vergonha e de volúpia... 
– Muito bem, Wehsal, e agora vamos fazer uma pequena pausa e tomar a decisão de calar a boca até que cheguemos à casa do merceeiro e alguém venha nos fazer companhia. É da minha parte uma sugestão e uma ordem. Não quero ofendê-lo e admito que o senhor se encontra em graves apuros. Mas lá em casa contavam a história de um indivíduo que tinha recebido o seguinte castigo: quando falava, saíam-lhe da boca serpentes e sapos, a cada palavra uma serpente ou um sapo. O livro não rezava o que aquela personagem fazia diante disso, mas sempre fui de opinião que ela deve ter calado a boca. 
– Mas falar é uma necessidade humana, meu caro Castorp – tornou Wehsal melancolicamente –, uma necessidade humana. É preciso desabafar, quando se está em tais apuros. 
– É até um direito que o homem tem, Wehsal, se assim quiser. Mas, a meu ver, existem direitos que sob certas circunstâncias não convém usar. 

     Assim guardaram silêncio, conforme a ordem de Hans Castorp. Ademais, o coche não tardou a alcançar a casinha coberta de vinhas do merceeiro, onde não os deixaram esperar nem um instante. Naphta e Settembrini já se achavam na rua; o humanista trajava aquela jaqueta puída, forrada de peles, e o jesuíta, um sobretudo amarelo-esbranquiçado, de meia estação, pespontado em toda parte, e que lhe dava aparência de janota. Acenaram uns aos outros. Trocaram cumprimentos, enquanto os carros faziam meia-volta, e os dois senhores embarcaram também. Naphta ocupou o quarto assento do primeiro landô, ao lado de Ferge, ao passo que Settembrini., de humor radiante, transbordando de piadas esplêndidas, se associou a Hans Castorp e Wehsal. Este lhe cedeu o seu lugar no fundo do carro, onde o Sr. Settembrini se instalou com a mais elegante displicência, na atitude de quem costuma passear em corsos.
     E celebrou o prazer de andar de carro, quando o corpo se encontra em confortável estado de repouso e todavia é transportado através de um cenário que sempre se modifica. Demonstrou a Hans Castorp sentimentos de complacência paternal, e até acariciou com palmadinhas a face do pobre Wehsal, enquanto o convidava a esquecer-se do seu próprio eu antipático e de abandonar-se à admiração desse mundo luminoso, que lhe designava num amplo gesto da mão direita, revestida com uma surrada luva de couro.

continua pág 406...
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Leia também:

Capítulo I
A Chegada
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Mynheer Peeperkorn (Fim) - [a]
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A Montanha Mágica (Der Zauberberg, no original alemão) é um romance de Thomas Mann que foi publicado em 1924. É considerado o romance mais importante de seu autor e um clássico da literatura de língua alemã do século XX que foi traduzido para inúmeros idiomas, sendo de domínio público em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, entre outros.
Thomas Mann começou a escrever o romance em 1912, após uma visita à sua esposa no Wald Sanatorium em Davos, onde ela foi hospitalizada. Ele inicialmente o concebeu como um romance curto, mas o projeto cresceu ao longo do tempo para se tornar um trabalho muito maior. A obra narra a permanência de seu personagem principal, o jovem Hans Castorp, em um sanatório nos Alpes suíços, onde inicialmente vinha apenas como visitante. A obra tem sido descrita como um romance filosófico, pois, embora se enquadre no molde genérico do Bildungsroman ou romance de aprendizagem, introduz reflexões sobre os mais variados temas, tanto pelo narrador quanto pelos personagens (especialmente Nafta e Settembrini, aqueles encarregados da educação do protagonista). Entre esses temas, o do "tempo" ocupa um lugar preponderante, a ponto de o próprio autor o descrever como um "romance do tempo" (Zeitroman), mas muitas páginas também são dedicadas a discutir a doença, a morte, a estética ou a política.
O romance tem sido visto como um vasto afresco do modo de vida decadente da burguesia europeia nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.

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